sábado, 21 de janeiro de 2017

DO FUNDO DO BAÚ - SACANAGEM

Hoje é sábado, dia da série "DO FUNDO DO BAÚ". E de lá sai esta foto, típica dos anos 60, destes espetinhos de salsicha, queijo e azeitona num palito, que eram colocados em um melão ou melancia, forrados com papel alumínio, ou em uma bola de isopor. Este aperitivo era conhecido como "sacanagem". Era presença certa em todas as festinhas, acompanhado das bolinhas de queijo, croquetes e rissoles de camarão.
 
Para beber, Coca-Cola e Guaraná, Cuba Libre e Hi-Fi. Às vezes pintava um Samba em Berlim, mas era raro. Fogo Paulista e Rabo de Galo só em boteco. Uísque não era habitual, mas se houvesse era Natu Nobilis ou Passport - tempos difíceis.
 
Naquele tempo para o café da manhã fazia sucesso o Toddy. Almoço e jantar diários eram compostos de sopa, arroz, feijão, carne e batata.  Alguns usavam o tempero Aji-No-Moto (“que põe em evidência o gosto natural dos produtos”). Nos finais de semana, carne assada com molho ferrugem ou macarronada eram os pratos da reunião de família, onde não faltava a cerveja preta Black Princess. No quesito sobremesas destacava-se o mosaico de gelatina, mais bonito que gostoso. A opção eram os pavês ou pudins de Leite Moça.  Para o lanche da noite de domingo, usualmente o único dia em que era permitido refrigerante, fazia sucesso o Guaraná Caçula da Antarctica.
 
Nas idas às lanchonetes, "vaca preta", "banana split", sorvete de baunilha, queijo quente. Nos bares o sanduíche de pernil (o do Cervantes era imbatível). Além dos picolés da Kibon, os sorvetes do Morais (Sorveteria das Crianças) em Ipanema tinham fila na porta.
 
Nos restaurantes faziam sucesso o coquetel de camarão ou escargots de entrada, seguido de estrogonofe ou filé Nicola (servido naquele pote de barro escaldante) ou algo com o enjoativo arroz à piemontese. Arroz de forno também era figurinha fácil. Os mais espertos preferiam uma sopa Leão Veloso, um filé à Oswaldo Aranha ou  o labskaus". Os vinhos tomados eram Mateus Rose, Chateau Duvalier ou o Liebfraumilch, todos baratos mas...
 
E tinha gente que gostava de coisas como Caracu com ovo e de lentilhas com costela de porco. A gemada em pó da Kibon (rica em cálcio, fósforo e vitaminas) era apreciada pelos atletas.
 
PS: quais são suas lembranças desta época?

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

ATERRO DO FLAMENGO

Hoje, feriado no Rio por conta do dia de São Sebastião, vemos uma das mais belas vistas da cidade.  A foto é dos anos 60, certamente um domingo ou feriado, com os campos de futebol ocupados e estacionamento na pista em direção ao Centro. Provavelmente algum dos nossos comentaristas estaria por aí. Com poucas árvores o aspecto era quase de deserto. Podemos ver o sistema de cabos dos troleibus nas pistas da Praia do Flamengo.  Esta foto deve ter sido tirada do Hotel Glória. Não temos ainda o restaurante Rio' s nem aquele enorme edifício no Forte São João.
 
Ao fundo vemos o Pão de Açúcar: "Postado à entrada da baía, esse bastião de gnaisse, perscruta o mar para guiar indistintamente os graciosos veleiros, as pesadas barcaças de pesca e os orgulhosos transatlânticos que demandam as águas tranquilas da Baía de Guanabara”, descreveu alguém.
 
A partir da década de 50, foram feitos aterros que resultaram no Parque Brigadeiro Eduardo Gomes, o Aterro do Flamengo. Em 1961 foi formado o "Grupo de trabalho para urbanização do aterrado", com D. Lota Macedo Soares, Affonso Reidy, Jorge M. Moreira, Hélio Mamede, Bertha Leitchic, Luiz E. Mello Filho e Roberto Burle Marx. A inauguração deu-se em 1965. Um pouco antes a revista Manchete noticiava: "Hoje a Praia do Flamengo vive seus últimos verões. Não haverá mais a escadinha célebre que dá frente para a Rua Barão do Flamengo. As palmeiras que vigiam o sono dos moradores da Rua Paissandu não verão mais a passagem de banhistas por aquele trecho. O jeito é ir aproveitando os derradeiros calóricos dando um mergulho já com gosto de saudade em suas águas."
 
Segundo Teixeira, a idéia de aterrar parte da orla marítima do Rio tem mais de duzentos anos. Entre 1779 e 1783 foi feito o aterro na praia e na infecta Lagoa do Boqueirão, com material do Morro das Mangueiras, para construção do Passeio Público. No século XIX a própria Câmara Municipal autorizou vários aterros na orla, principalmente em Botafogo, para os moradores aumentarem os terrenos de suas casas. A Câmara chegava a ressarcir o custo de execução. A partir de 1870 os aterros aumentaram e passaram a ser executados por firmas especializadas. Em 1890, o engenheiro Sabino E. Pessoa propôs arrasar o Morro de Santo Antonio e aterrar a orla marítima do trecho Glória-Calabouço, formando um platô com 570 metros de largura, maior que o atual aterro, para construir um luxuoso bairro residencial. O plano megalômano empacou na crise financeira de 1891 e pouco dele saiu do papel.
 
No início do século XX, Pereira Passos e Paulo de Frontin aterraram o trecho da Praça Santa Luzia até Botafogo, conseguindo um leito urbanizável de largura uniforme de 40 metros, onde foram traçadas as duas pistas da Av. Beira-Mar. Nos anos 20 arrasou-se o Morro do Castelo para aterrar da Ponta do Calabouço ao Saco da Glória (as sobras de terra deram para fazer um aterro nas bordas do Pão de Açúcar e se criar o bairro da Urca).
 
O atual Aterro do Flamengo foi iniciado em 1948 sob a supervisão de Reidy (que, entre outras coisas, frustrou a tentativa de se erguer a nova Catedral em vez do MAM). Com o início do desmonte do Morro de Santo Antonio em 1954 as obras se aceleraram. Finalmente, com a eleição de Lacerda e tendo à frente D. Lota de Macedo Soares, o Aterro do Flamengo se transformou no que hoje conhecemos.
 
Perguntas para a tia Nalu e outros freqüentadores do parque: como está atualmente o local? Os campos agora são gramados? O tanque para nautimodelismo e a pista de aeromodelismo ainda existem e funcionam? Os relatos de assaltos na região são exagero, ocorrem só em locais específicos, se pode passear por lá em algum horário?

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

LARANJEIRAS


Com esta fotografia de Kurt Klagsbrunn, provavelmente de 1965, o “Saudades do Rio” homenageia o aniversariante do dia, o prezado Rafael Netto, o Rafito.

 

Vemos o acesso (em Laranjeiras) ao Túnel Santa Bárbara, que liga o bairro de Laranjeiras ao bairro do Catumbi. Este túnel, inaugurado no dia 29 de junho de 1963, quatro anos antes da inauguração do Túnel Rebouças, facilitou enormemente a ligação da Zona Sul com a Zona Norte. Antes de sua abertura o caminho habitual era pela Lapa ou pelo Centro/Praça XV. Durante muito tempo o Túnel Santa Bárbara teve problemas com a qualidade de ar. O Zé Rodrigo certa vez lembrou que quando o problema da poluição interna ficou feio resolveram colocar uns ventiladores. Só que é um túnel com carros andando nos dois sentidos, ou seja, não atava, nem desatava. O problema só foi resolvido quando alguém teve a idéia de que fosse feita uma divisão no meio do túnel. Assim, a poluição segue o fluxo dos carros e os ventiladores/exaustores podem funcionar corretamente.

 

Na foto aparece, na esquina da Rua das Laranjeiras, o prédio da Maternidade-Escola, então pertencente à Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil, hoje UFRJ. A ladeira, à esquerda, dava acesso ao Morro da Graça onde existiu o externato do colégio Sacré-Coeur de Jésus (de 1935 a 1969), onde depois funcionou a firma Internacional de Engenharia. Atualmente no local há prédios residenciais, acho eu. O objetivo do Sacré-Coeur era "transformar meninas em damas com forte capacidade reflexiva", baseado nos princípios da religião católica e com grande influência francesa (praticamente todas que ali fizeram todo o curso saíam falando fluentemente o francês). O lado feminino de várias gerações da família D´ estudou lá, bem como estimada comentarista  Nalu.

 

Dezoito operários que faleceram num desabamento durante os trabalhos de abertura deste túnel foram homenageados com o painel “Santa Bárbara”, concebido em 1964 pela artista plástica Djanira. Este painel ficava localizado em uma capela no forro do túnel, formada pelo desabamento do final dos anos 50. O desabamento de uma grande rocha formou uma caverna na abóbada e o Governador Carlos Lacerda resolveu homenagear os operários mortos. Só que, com a poluição, a capela ficou insalubre sendo abandonada. Nos anos 90 com a reforma do túnel, que também dividiu a galeria e possibilitou a passagem de cabos da Light (que custeou a obra) pela antiga galeria de ventilação do túnel, o painel foi retirado, restaurado e ficou à espera de um lugar para ser instalado. Os moradores dos dois lados do túnel queriam a instalação do painel em suas respectivas bocas, mas isto não aconteceu. O painel acabou sendo instalado no MNBA – Museu Nacional de Belas-Artes.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

FACULDADE NACIONAL DE MEDICINA


A foto de hoje mostra, em primeiro plano, um automóvel que facilmente será identificado por nossos especialistas. Em segundo plano, naquela área murada, depois do poste da direita, vemos o "Bandejão" da Faculdade Nacional de Medicina. No mesmo plano, à esquerda, ficava a quadra de esportes da faculdade. Havia, então, uma pequena rua sem saída entre estas duas construções e o belo prédio da FNM. Nesta rua seria a porta principal. A explicação para que a porta principal não desse para a Avenida Pasteur é que esta portaria daria frente para mais dois prédios do conjunto arquitetônico, um deles o Hospital que nunca foi erguido. No meu tempo de FNM já havia sido construída uma porta principal dando para a Av. Pasteur, mas somente era utilizada em cerimônias solenes. No dia-a-dia usávamos a entrada desta pequena rua, cujo nome nunca soube e que hoje já nem existe.
 
"A face do prédio que dava para esta pequena rua possuía 16 janelas altas, com venezianas de ferro. No meio da fachada estava a entrada, elevada em relação ao nível da rua e a ela chegava-se por uma escada com dez degraus de granito, ladeados por um corrimão, também de granito. O pé direito do primeiro andar era de seis metros. Ultrapassado o portal entrava-se no amplo saguão, onde havia a estátua de Asclépius, deus da Medicina na mitologia grega ou Esculápio na mitologia romana".
 
A faculdade foi construída em terreno perto da Praia Vermelha, com projeto feito pelo arquiteto Januzzi, a partir de plano do engenheiro Luiz de Novais, indicado e orientado por Oswaldo Cruz. O projeto previa três edifícios, mas acabou sendo construído apenas um. O lançamento da pedra inaugural foi em 22/05/1916 e o prédio foi inaugurado em 12/10/1918. O terreno ocupado pelo “Bandejão” e pela quadra de esportes ficava bem ao lado de onde hoje é a Escola de Guerra Naval, na Av. Pasteur, quase na Praça General Tibúrcio.
 
O prédio da Faculdade era octagonal, inicialmente com apenas dois andares. Na década de 40 foram iniciadas obras de ampliação através construção de novo andar que desfigurou o prédio, com salas inadequadas, com pé direito muito baixo ao contrário do existente na construção inicial. Um dos lugares mais agradáveis era o pátio interno, que tinha, como relembra o Prof. Doyle,  "árvores que davam sombra aos bancos de pedra propícios para um namoro, conversa fiada ou uma esticada para um cochilo enquanto esperava-se o começo das aulas. Quem ficava até mais tarde na Faculdade e passava pelo pátio no início da noite não pode ter se esquecido do canto de centenas de passarinhos que no fim do dia procuravam abrigo nas árvores nele existentes, entre as quais existia um loureiro, trazido de Epidaurus, por Aloysio de Castro. O espaço do pátio era octogonal, cercado em todos os lados pelo edifício da Faculdade. Em dois lados opostos havia uma larga escada de granito que levava ao segundo andar. A escada era em dois lances, o primeiro, largo, dividia-se em dois mais estreitos e divergentes. Uma das escadas ficava sobre o local onde estava o bar. A outra, na face oposta do edifício".
 
Em 22/09/1966 a FNM foi invadida por forças do Governo Militar. Foi uma ocasião rara, pois como conta o Conde di Lido, em 1968, numa nova tentativa de invasão,  “a gente se defendia de várias maneiras, seja jogando balões de borracha cheios d´água ou outros líquidos pelas clarabóias que havia entre os andares ou atirando conteúdo mantido em formol nos tanques do Departamento de Anatomia. Eu vi muito marmanjo fardado fugindo, aos gritos. Não conseguiram tomar a Escola. Foi glorioso!”
 
Em 1972, com a transferência dos cursos da Urca para o Fundão, começou a destruição do prédio da faculdade, que consumada poucos anos depois, “por motivos de Segurança Nacional”. Por cinquenta milhões de cruzeiros o prédio foi vendido à Eletrobrás, que ali construiria sua sede, o que nunca aconteceu. Foi demolido (fotos da demolição já foram publicadas no “Saudades do Rio”). Hoje em dia, salvo engano, o terreno é propriedade da Unirio.
 
A Faculdade, desaparecida fisicamente, imolada em nome da “Segurança Nacional”, viverá para sempre na memória e na ternura dos que viveram seus dias de aprendizado na Praia Vermelha.


 


terça-feira, 17 de janeiro de 2017

HUMAITÁ



Mais uma foto dos anos 70, do acervo do F. Patricio. Vemos a região do Humaitá, no trecho entre o Colégio Pedro II e o Corpo de Bombeiros.

Salvo engano, o fotógrafo teria à sua direita a Rua João Afonso em cuja esquina havia uma filial da conhecida "Casa Oliveira".

Na ilha central, que dividia a Rua Humaitá (de um lado o trânsito vinha da São Clemente e do outro ia para a Voluntários da Pátria), vemos o domínio dos veículos Volkswagen.

Mais adiante, à esquerda, fora da foto, a Rua Desembargador Burle, o posto Esso e a Casa de Saúde São José.

Nesta época já havia terminado a mão-dupla tanto da Voluntários quanto da São Clemente.

Do lado direito, vizinho do antigo e ainda sobrevivente prédio do Corpo de Bombeiros, funcionou uma churrascaria, substituída pelo Oba-Oba do Sargentelli e, depois, pelo Ballroom, perto da Viúva Lacerda.

Conta o Decourt que houve nos anos 40 um projeto para a avenida Humaitá-Glória mas que não se realizou. Isto explica o alargamento desta parte do Humaitá. Se ele passar por aqui poderia dar detalhes.




segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

ZEPPELIN

Em mais uma estupenda colorização do Reinaldo Elias vemos o Graf Zeppelin em 25 de maio de 1930, há pouco mais de 86 anos, pousado no Rio.  Foi a primeira viagem entre a Alemanha, de onde decolou de Friedrichafen no dia 18 de maio, e a América do Sul. Após pousar em Recife no dia 21, chegou ao Rio no dia 25, onde pousou no Campo dos Afonsos. Os alemães construíram o campo de pouso de 80 mil metros quadrados em Santa Cruz, onde edificaram um hangar de 270 metros de comprimento, cinquenta de altura e outros cinquenta de largura. Recebeu o nome de aeroporto Bartolomeu de Gusmão, atual Base Aérea de Santa Cruz. No local instalaram-se, ainda, uma fábrica de hidrogênio para abastecer os dirigíveis e uma linha ferroviária, ligando-o à estação D. Pedro II.
O hangar de Santa Cruz teve sua construção iniciada em 1934 e já em 1936 abrigava o Zeppelin. Tinha 213 m de comprimento, 5 motores, transportava 24 passageiros e cerca de 45 tripulantes e um volume de 105.000 m³, sendo o maior dirigível da história até a data de sua construção em 1928. Sua estrutura era baseada numa carcaça de alumínio, revestida por uma tela recoberta por lona de algodão, pintada com tinta prata, para absorver o calor. Dentro dela, existiam 60 pequenos balões inflados com gás hidrogênio, juntamente com os seus 5 motores Maybach, com 12 cilindros, desenvolvendo até 550 HP (máximo) cada, alimentados com um combustível leve, o Blau Gas e gasolina, que o mantinham no ar, a uma velocidade de até 128 km por hora. Tinha capacidade de carga para até 62 toneladas.
Quem observava de fora a silhueta elegante e inconfundível do Graf Zeppelin, não imaginava o conforto que a gôndola proporcionava para os passageiros. Possuía banheiros, sala de jantar e estar, cozinha, e salas de rádio e navegação. O Graf Zeppelin, contava ainda com 10 camarotes, com dois beliches cada um, que confirmavam a fama de "hotel voador". A passagem, na época, custava 6.590 réis. Não era permitido fumar a bordo durante toda a viagem. Era verificado no embarque se nenhum passageiro portava isqueiros ou fósforos.
 
Os números da obra para a construção do aeroporto em uma área de cerca de 80.000 m², doada pelo Ministério da Agricultura, no bairro de Santa Cruz, eram faraônicas: o hangar, assentado sobre 560 estacas de sustentação, media 270 m de comprimento e tinha 52 m de largura interna, todo ele construído com peças de aço trazidas semiprontas por navio desde a Alemanha. O vão livre central tinha 70 m. Os portões, em ambas as extremidades, eram constituídos de duas folhas. O portão principal, no setor Sul, podia ser aberto em apenas seis minutos, com o auxílio de motores elétricos. Tudo isso já estimando a sua utilização para a operação do Hindenburg D-LZ129, de dimensões ainda mais extravagantes do que as do já extraordinário Graf Zeppelin.
 
Cerca de 5.000 homens trabalharam alternadamente na construção do complexo aeroviário do hangar. Um terço da mão de obra era de origem alemã. O brasileiro Augusto Mouzinho Filho, que esteve presente desde o início das obras e durante todo o tempo em que o Zeppelin frequentou o Brasil, contava que a Luftschiffbau Zeppelin pagava um tostão para cada metro quadrado do terreno e 16 contos de réis para cada viagem que realizasse para o Rio. Uma espécie de taxa de utilização do aeroporto, estipulada de "pai para filho", e que servia para amortizar os 30.000 contos de réis que o governo havia adiantado à própria empresa, encarregada ela mesma de construir o hangar via Companhia Construtora Nacional Condor.
 As novas instalações previam ainda a construção de uma usina com capacidade de produzir 3.000 m³ de hidrogênio por dia, além de depósitos de gasolina e óleo, mastro de amarração e outras instalações. No ano seguinte, graças aos recursos financeiros liberados pelo governo brasileiro, somados à preciosa tecnologia alemã, o Aeroporto Bartolomeu de Gusmão, como seria batizado, em Santa Cruz, estava praticamente concluído. No momento do pouso, mais de uma centena de homens postavam-se disciplinadamente espalhados pelo terreno, aguardando ansiosamente pelo momento em que os cabos de bordo fossem lançados. A proa era então atracada a uma torre de amarração telescópica de até 21,5 m de altura e a popa era engatada em um carro gôndola, que trazia o dirigível para o interior do hangar, onde então os passageiros podiam desembarcar em total segurança.




domingo, 15 de janeiro de 2017

QUITANDINHA

Há décadas este era um programa obrigatório para um domingo de verão: um passeio pelo Quitandinha, perto de Petrópolis. Passear nos pedalinhos, dar uma volta pelo terreno do hotel, montar a cavalo e, depois, um bom almoço, uma caminhada e voltar para o Rio.
Em 1939, Joaquim Rolla comprou parte do terreno da antiga Fazenda Quitandinha e encomendou ao arquiteto italiano Luis Fossati um projeto para a construção do maior cassino da América Latina. A construção começou em 1940 e foi inaugurada em 1944. Pouco depois, em maio de 1946, o Governo Dutra proibiu o jogo, dando início ao processo de falência de Rolla, um dos homens mais ricos do Brasil, na ocasião.
Em 1963, o hotel se transforma num clube, o Santa Paula Quitandinha Clube mas, pouco a pouco, perdeu sua importância.
Há alguns anos o SESC comprou o Quitandinha.
Vejam só o que um folheto de propaganda da época dizia a respeito do Hotel Quitandinha: 
“Quitandinha, unique in South America, is admirably situated in the mountains near Petrópolis. Riding, boating, swimming and sports of all kinds are allied to the comforts of a luxurious modern hotel”. 
“Quitandinha, unique en Amérique du Sud, est admirablement située dans les montagnes près de Petrópolis. On y pratique tous les sports en jouissant du confort d'un hôtel de gran luxe”. 
“Quitandinha, einzigartig in Südamerika, ist wundervoll in den Bergen bei Petrópolis gelegen. Zur Gelegenheit für allerlei Sport gesellt sich dort der Komfort eines luxuriösen Hotels”.