sábado, 11 de fevereiro de 2017

DO FUNDO DO BAÚ: PERGUNTE AO JOÃO


Hoje é sábado, dia da série "DO FUNDO DO BAÚ". E do M.E.R.D.A. - Museu Eraldo de Relíquias, Descobertas e Alfarrábios saem os dois primeiros volumes (1962 e 1963) do “Pergunte ao João”, que se definia como “Um curioso a serviço dos curiosos”. Editados pela Conquista, tinham ilustrações de Renato Silva, cuja esposa, D. Julieta, era amiga da família da avó do Eraldo.
 
Ele enviou também o obituário de João Evangelista Alves de Souza, que foi uma espécie de Google da época, respondendo às perguntas dos ouvintes sobre todos os assuntos. “O Pergunte ao João”, da JB AM, tinha a participação da locutora Anita Taranto, que lia as perguntas para o João, o locutor Majestade.
 
Havia um número enorme de almanaques antigamente, como o do Licor de Cacau Xavier, o Capivarol, o Bayer, o Silva Araújo, o do Colírio Moura Brasil, o do Biotônico Fontoura, o "Almanach" “Eu Sei Tudo” (o Hachette brasileiro), entre outros.  Eram mananciais de cultura, útil e inútil, com piadas, histórias e informações como "você sabia que as unhas das mãos crescem cinco vezes mais depressa que as dos pés?". Continham também charadas, datas importantes, curiosidades em geral, além de muita propaganda dos remédios dos laboratórios que os patrocinavam.

Hoje podem parecer estranhos, mas naquela época, sem o Google e similares, nos supriam de informações de forma ligeira, tal como as que vinham nas "Seleções do Reader´s Digest". Para maior conteúdo tínhamos as enciclopédias, como a Britânica ou a Barsa, a coleção "Thesouros da Juventude", etc.

"Do fundo do baú", também, é relembrar o estilo conta-gotas de informações quando se sintonizava a Rádio Relógio: "Cada minuto que passa é um milagre que não se repete. Depois do sol, quem ilumina seu lar é a Galeria Silvestre, a galeria da luz. Você sabia? A formiga pode carregar 70 vezes o seu peso. A luz do sol demora aproximadamente 8 minutos e meio para chegar à Terra; o prezado ouvinte sabia?" Quando cessou o patrocínio da Galeria Silvestre na Rádio Relógio, passaram a usar o bordão: "Cada segundo é um milagre que jamais se repete". Outro anúncio muito repetido na Rádio Relógio era "Lenços só Paramount. Os melhores lenços do Brasil, agora também perfumados". A Rádio Relógio Federal, ficava na Av. Presidente Vargas, 417 – Centro.

Cada segundo era marcado por um som de fundo e a hora certa era informada a cada minuto: "dez horas, vinte e dois minutos, zero segundo", com o som mudando para três toques mais agudos. A Rádio Relógio ficava no prédio do Cineac Trianon e pertencia ao empresário Benjamim Rangel.

Velhos tempos!

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

CASTELINHO


Hoje temos duas fotos do início dos anos 70 mostrando a Praia de Ipanema no seu trecho do Castelinho.
 
Os mais novos talvez já não saibam onde era o Castelinho, como também desconhecem onde ficava a Montenegro e a Esplanada.
 
A foto superior mostra o panorama durante o dia, com muito sol, pouca gente e uma tranqüilidade total.
 
A foto inferior mostra o mesmo local à noite, já então utilizado como estacionamento para as famosas “corridas de submarinos”.
 
Quantos fusquinhas dos antigos comentaristas não tinham vaga cativa aí? Alguns felizardos estacionavam um Aero-Willys, que era um 5 estrelas, no caso.
 
No Alto da Boa Vista havia as “corridas dos satélites”. Outros pontos famosos eram o Arpoador, o Mirante do Leblon, em frente ao Country, ao lado do Piraquê, no Joá, na Joatinga e pelas desertas praias da Barra.
 
Histórias e histórias rolaram atrás dos vidros embaçados, bem como eventuais achaques da Polícia e um ou outro episódio de briga de “turmas de rua”. Tudo muito diferente de hoje em dia quando é impossível até ficar dentro do carro quando estacionado.
 
Os "drive-in" também quebravam o maior galho. Motel era muito caro para a maioria. Dia de festa grande era quando se juntava uma grana para ir ao Havaí. Uns tempos depois no Mayflower. O Playboy tinha estacionamento coletivo, o que gerava algumas “saias-justas”. Muito mais tarde o Dunas ou o Kings, para ocasiões especiais.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

ZONA SUL - 1969/1970




O Nickolas descobriu um filme no YouTube sobre o Rio do final dos anos 60, estrelado pelo Lex Barker (que foi também intérprete de filmes de Tarzan): https://www.youtube.com/watch?v=bWhriKVQehA
 
Há cenas de uma perseguição meio fora da realidade, pois os veículos e personagens aparecem em pontos diferentes da Praia de Ipanema, depois a Francisco Otaviano vira o Morro da Viúva, depois volta para Copacabana, etc.
 
Eu já tinha copiado alguns fotogramas e o Hélcio Fraga teve a mesma idéia. Assim, aqui vão alguns deles:
 
1) O casal no trecho da Praia de Ipanema entre as ruas Teixeira de Melo e Farme de Amoedo.
 
2) A Avenida Princesa Isabel quase na entrada do Túnel Novo. Naquele Posto Atlantic, à direita, funcionava a grande oficina mecânica do Baiano. Este tornou-se grande amigo de meu pai e o convidou para padrinho da filha dele. Ela, mais de 50 anos depois, ainda visita minha mãe.
 
3) Na outra boca do Túnel Novo, do lado da igreja de Santa Terezinha, vemos o terreno do Solar da Fossa. Do outro lado da Lauro Sodré temos o prédio onde funcionava o DASP.
 
4) Aspecto da Avenida Atlântica possivelmente na esquina com a Rua Francisco Sá. Fiquei em dúvida se seria a esquina da Sá Ferreira, mas acho que é mesmo a Francisco Sá.
 
 
 

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

AEROMODELISMO EM MANGUINHOS


A foto inferior mostra, em primeiro plano, o sorveteiro da Kibon que trabalhava junto à pista de aeromodelismo do Aeródromo de Manguinhos. A foto é de 1961 e a menina chama-se Sue Linda. Na foto superior vemos Wally, Pedro e Jeff, todos alunos da Escola Americana, com seu aeromodelo.
 
Este aeródromo funcionou às margens da Avenida Brasil de 1911 a 1961. Na década de 40 foi criado o Departamento de Aeromodelismo, que em 1949 foi transformado na Associação Carioca de Aeromodelismo (ACA). 
 
Como já contou o Docastelo, “a modalidade de aeromodelismo conhecida com "u-control" ou VCC (Voo Circular Controlado), muito divulgada em vários países, tornou-se popular entre os jovens, inclusive no Brasil. Aqui havia até um ramo do escotismo especializado nesse "hobby" (Escoteiros do Ar).
 
Para os que desconhecem o sistema, os modelos mais comuns têm como propulsor um motor de dois tempos, movido a mistura de álcool metílico e óleo de rícino, como lubrificante (são chamados “glow”), e os do tipo diesel usam querosene, éter e óleo de rícino.
 
Voam no sentido contrário do relógio, preso por dois finos cabos de aço, que podem ser do tipo trançado. O condutor movimenta o aparelho por um manete, que transmite seus movimentos para um balancim que aciona os comandos.
 
As modalidades que mais empolgam o eventual público são:
Combate (os pilotos tentam cortar um pedaço de papel crepom (1,50m) amarrado na cauda do adversário.
Acrobacia: os pilotos fazem manobras ousadas, dentro dos regulamentos: Team Racer: corrida em conjunto - é a Fórmula Indy do aeromodelismo.
Existem outras modalidades como os modelos em escala, voadores ou não. O que mais chama atenção é o jato Panther, cujo o original atuou na Guerra da Coréia. Seu propulsor era um turbina tipo pulso jato, igual às da B-1 (alemães) que fazia um barulho ensurdecedor e consumia combustível muito rápido.”
 
Há que se lembrar também das associações de aeromodelismo radiocontrolado, no Fundão e no Campo dos Afonsos.  
 
Para os que ainda ficaram em dúvida, o JBAN, do antigo “Voando para o Rio”, explica que "glow-plug" se referia à vela de ignição que, ao invés de produzir centelha, tinha um filamento que se incandescia por força de uma bateria de 1,5 V (usava-se aquelas pilhas de telefone enormes da Eveready). Com o calor da primeira explosão o filamento continuava aceso e a bateria podia se desacoplada.
 
Os aviões que utilizam o cabo hoje em dia são pouco utilizados. Normalmente quem os utiliza são os iniciantes e mesmo assim são raros. Com as novas tecnologias os aviões melhoraram muito em vários aspectos. Atualmente existem duas modalidades; aviões a combustão e os elétricos, estes últimos muito mais em conta do que os movidos a combustível.
 
O Gustavo Lemos, que foi Escoteiro do Ar do Grupo 121GB General Léo Borges Fortes, q chefiado pelo tio dele André Pereira Leite, poderá dar mais informações, assim como outros comentaristas adeptos deste “hobby”.

Esta é a antiga caixa de ferramentas para a prática do aeromodelismo de competição do Docastelo. “Trata-se de modelo desenvolvido nos anos '50 pela Casa Aerobrás, tradicional loja localizada em São Paulo, Capital, e comercializada no Rio pela Hobbylândia. Foi adquirida no final de 1959 e me acompanha até hoje como lembrança de algumas competições inclusive campeonatos em que tive a honra de integrar uma das equipes de aeromodelismo do Botafogo de Futebol e Regatas que se sagrou campeã  em 1962. A modalidade em que mais atuei foi a chamada team racer AMA, o estilo norteamericano, ou corrida em conjunto, a Formula Indy desse hobby. A equipe padrão era composta de piloto (eu), mecânico e o abastecedor. No sistema europeu (FAI) só havia o piloto e o mecânico/abastecedor.  A foto mostra alguns componentes básicos como a carretilha para armazenar o cabo, tipo liso (o trançado era então um luxo para poucos), a manete (em vermelho), uma bateria de 1.5 volts, peça muito cobiçada à época e um tubo de neoprene usado como duto do combustível.”


terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

CENTRAL DO BRASIL

Nesta foto vemos os novos prédios da Estrada de Ferro e do Ministério da Guerra em construção, convivendo ainda com os respectivos antigos prédios.


Hoje temos duas fotos da área da Central do Brasil, onde vemos a coexistência da antiga estação com o novo prédio sendo construído.
 
OBS: A foto inferior está dividida em duas: vemos, à direita, o novo edifício da estação principal da Estrada de Ferro Central do Brasil, inaugurado em 1943, e, à esquerda, a antiga estação do século XIX à frente do novo edifício, ainda sem o relógio.
 
Inaugurada em 1858, a linha Estrada de Ferro Central do Brasil tinha estação final a “Estação do Campo”. Teve seu nome alterado para Estação da Corte e após Estação Dom Pedro II.
 
A antiga construção foi reformada no início do século XX e todos achavam que pararia por ali, nada seria mudado. Entretanto para haver a expansão do sistema ferroviário, bem como a passagem da Avenida Presidente Vargas
 
A antiga estação ficou de pé até o término da construção do novo prédio. Ela já não conseguia atender as exigências do desenvolvimento da cidade, ainda mais quando o transporte ferroviário estava no auge.
 
Quando foi inaugurado no governo de Getúlio Vargas, o novo prédio em estilo art-déco era o mais alto da América do Sul, com 135 metros de altura e a maior construção de concreto armado do mundo e passou a abrigar um relógio maior que o famoso Big Bem, da Elizabeth Tower, em Londres.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

LAGOA - 1967


As duas fotografias de hoje mostram a região vizinha à entrada do Túnel Rebouças, em 1967.
 
Foram tiradas por mim, a partir do terraço do edifício de nº 75 da Rua Baronesa de Poconé, onde residia um grande amigo, um dos mais renomados cardiologistas do Rio e colega de turma desde o Primário.
 
A Rua Baronesa de Poconé é a rua que começa na Rua Fonte da Saudade, exatamente atrás da Igreja de Santa Margarida Maria.
 
Nesta época já estava construído o primeiro dos edifícios que iriam obstruir esta bela visão da Lagoa.
 
Na esquina da Baronesa de Poconé com Fonte da Saudade havia duas belas mansões em estilo colonial. Uma, cor-de-rosa, era da família Magalhães Castro. A outra, descaracterizada, acho que ainda sobrevive.
 
Bem atrás da igreja funcionou, na Fonte da Saudade, o colégio Juca & Chico.
 
Podemos observar ainda o trecho da Av. Borges de Medeiros ainda sem o acesso para o Túnel Rebouças (era preciso fazer o retorno pela naquela agulha em frente ao posto de gasolina na esquina da Rua Fonte da Saudade com a Avenida Epitácio Pessoa).
 
Aliás, na época da inauguração o Túnel Rebouças funcionava de maneira bastante precária: sem iluminação e com apenas uma pista em cada sentido.  E ainda sem os ventiladores para exaustão.
 
 

domingo, 5 de fevereiro de 2017

HOTEL GLÓRIA E ED. IPU

Em 17/03/2008 o Andre Decourt fez um “post” sobre o hotel Glória que dizia o seguinte: “O hotel, embora hoje muito modificado por uma reforma feita no final dos anos 40, era arquitetonicamente muito parecido com o Copacabana Palace, pois além de dividirem a época de construção, ambos feitos para as Expo de 22, embora só o Glória tivesse ficado pronto para o evento, também compartilhavam o mesmo arquiteto Joseph Gire.
Eike Batista pretende ocupar em torno de 20% do prédio com os escritórios de sua empresa a EBX e o resto com um hotel de primeira categoria a fim de rivalizar com o Copacabana Palace, tal como o Glória rivalizava nas décadas passadas.
O mais importante para a cidade, além de Eike Batista estar focando seus investimentos e commodites como mineração, mercado financeiro e energia na cidade, setores de serviço que podem trazer os negócios do Rio para o cenário nacional, ele pretende restaurar a fachada do hotel ao modelo de 1922, por meio de fotos antigas.
Irá ser uma operação difícil, principalmente nos últimos andares, onde o telhado de ardósia foi substituído por mais um pavimento total e outro parcial nos anos 40, e um anexo à piscina que corre lateralmente ao muro de contenção ao longo da Rua do Russel até a Ladeira da Glória, que teria que ser removido ou pensado para ele uma solução bem criativa.
Eike ainda fala que usará escritórios de arquitetura do Rio e técnicos idem, esperamos que seja um passo importante para a revitalização da região da Glória, que está abandonada não obstante sua localização mais que estratégica".

Meu comentário na ocasião foi o seguinte: “3/17/08 1:05 PM …O Eike está cheio de planos: o Glória, a despoluição da Lagoa, etc. Será que algum se completará?”

Na foto, de 1971, vemos, à direita, o edifício Edifício Ipu, de 1935, um projeto de Ari Leon Rey e Floriano Brilhante. Implantado em terreno de forma irregular e construído em duas etapas, o edifício supera essas dificuldades apresentando uma solução de surpreendente unidade. A inspiração náutica é evidente nas superfícies planas, na progressão sinuosa das varandas e volumes salientes, nos guarda-corpos em tubos dos balcões e terraços, e na explícita citação das janelas em forma de escotilha.
 
E, em primeiro plano, uma carrocinha do GENEAL, o cachorro-quente que fazia muito sucesso na orla e no Maracanã.