sábado, 13 de maio de 2017

DO FUNDO DO BAÚ: CARINHAS


Hoje é sábado, dia da série "DO FUNDO DO BAÚ". E de lá saem estas fotos típicas do século passado, quando os pais levavam os filhos a algum estúdio fotográfico para posarem para estas 7 fotos quando eram bem pequenos. A seguir a foto era emoldurada e colocada na sala de visitas.
 
Boa parte das crianças fez estas fotos, bem como “sofreram” com o carinho de suas mães.
 
Muitas tiveram um medalhão pendurado no berço, tipo "DEUS TE ACOMPANHE". E, segundo suas mães, eram acompanhadas pelo “Anjo da Guarda”:
"Santo anjo do Senhor
Meu zeloso guardador
Já que a ti me confiou a piedade divina
Sempre me rege, me governa, me guarda e ilumina"
 
Mais adiante, quando as crianças entravam na escola, voltavam ao estúdio para fotos com o uniforme escolar.
 
Eram costumes da época dar uma pulseira ou um pequeno colar para as meninas, com o nome gravado. Os meninos, às vezes, também ganhavam um cordão de ouro com a medalhinha do seu santo.
 
Após os 7 anos de idade era quase obrigatório fazer a Primeira Comunhão, os meninos num terninho de calças curtas, gravata e um acessório que não sei o nome preso no braço, tudo em branco. As meninas com vestido comprido e véu.
 
Outro “sofrimento” imposto eram as roupas para as festas de aniversário onde as queridas mamães davam vazão a seus gostos vestindo as crianças, que só queriam brincar e correr, com roupas engomadas e sapatos novos, de cromo, apertados que sempre faziam calos. Se os meninos iam de calça curta (e, suprema humilhação, de suspensórios), com cabelos tipo “cadete” ou “Príncipe Danilo”, bem fixados com Gumex, as meninas usavam vestidos bordados, tipo "casinha de abelha", e uma medalhinha de ouro.
 
Os aniversários eram em casas, com bastante espaço para se brincar, com a recomendação de que não se sujasse a roupa. Eram tradicionais os cachorros-quentes, sanduíches de queijo e presunto, os brigadeiros, olhos de sogra, cajuzinhos, beijinhos de côco e o bolo. Muitas vezes passavam-se filmes, com o Gordo e o Magro, Hopalong Cassidy, Carlitos e Cantinflas, pela "Correia Souza Filmes", com direito a gritaria e sapateado quando o "mocinho" aparecia, e com vaias quando o filme saía das carretilhas. No final, o momento esperado de ganhar uma bola de encher (que sempre estourava antes de chegar em casa), um chapéu de papel crepon, um apito e uma língua-de-sogra. E ir para casa por volta das 20 horas, pois naqueles tempos as crianças dormiam cedo.
 
E quem ganhava presentes era o aniversariante. Hoje, os convidados é que ganham presentes. Já vão para as festas imaginando o que ganharão de brinde.

Fotos: da Internet.

sexta-feira, 12 de maio de 2017

CASA MARU

 
Homenagem ao "Carioca da Gema", blog do Tumminelli:
 
"Hoje mostro a Casa Marú, um armazém que durante anos abasteceu os moradores da Aires Saldanha e redondezas. A Casa Marú existia desde o final dos anos 50 e tinha 3 proprietários.
 
João, naquela época vendia frutas numa banca na esquina da Av. Copacabana com Djalma Ulrich. A Casa Marú não vendia frutas nesta época. Um dos proprietários convenceu ao João de entrar como sócio na Casa Marú e com isso passar a vender frutas e legumes. Ele não tinha capital para entrar e foi dada a ele a opção de entrar com o pagamento de sua parte a perder de vista. João aceitou e sua antiga clientela não o abandonou.
 
A Casa Maru passou então a fornecer hortifrutigranjeiros para muitos moradores dos arredores. Com o passar dos anos João foi comprando a parte dos outros sócios e terminou sendo o único proprietário da Casa Marú.
 
Lembro da escada de madeira presa a um trilho que corria por toda a pequena loja para que o João pegasse as mercadorias nas prateleiras mais altas. Lembro do antigo lustre de metal de quatro luzes, tipo fria, que ficavam na posição vertical (igual aos lustres do Bar do Mineiro em Santa Teresa). Lembro das vassouras penduras, dos "tamancos portugueses" (esses vemos na imagem acima), do baleiro de 4 "andares".
 
No fim dos anos 80 ela fechou por causa da concorrência dos super mercados e dos "horti-frutis" que começavam a pipocar no bairro.
 
Poucos estabelecimentos como esse ainda sobrevivem em Copacabana. Um atendimento mais humano, bem diferente da frieza dos grandes mercados.
 
Um detalhe na imagem, a casa que aparece à esquerda é a parte de trás da antiga casa da Help, cujos moradores eram clientes do João, como bem lembra ele.
 
Curiosamente o número da Casa Marú era 23-C, mesmo estando na Aires Saldanha, este número era relacionado ao prédio que tinha sua entrada na Djalma Ulrich.
 
O telefone era: 255-1780 Havia três lojas neste prédio. Uma na Av. Atlântica que foi uma concessionária Dodge e anos depois foi uma loja da VASP. Hoje é o Bob's. Já na Djalma Ulrich, na esquina da Aires Saldanha, havia um açougue e a terceira era a Casa Maru (23-C).
 
Atualmente as duas últimas, o antigo açougue e a Casa Maru, se transformaram numa só. Derrubaram parede unidos ambas e fizeram um bar xexelento, ponto de encontro de uma gentalha sem limites."

quinta-feira, 11 de maio de 2017

ÔNIBUS ELÉTRICO


Em 1957, durante a gestão do Prefeito Negrão de Lima, foi autorizada a instalação da rede aérea e de subestações para o fornecimento de energia elétrica, além de permitida a compra de uma frota de 200 veículos importados da Itália, chegados ao Brasil apenas em 1962. Destes, um caiu na Baía da Guanabara na hora do desembarque. Consta que o modelo importado já era obsoleto, impróprio para nossas ruas e, pior, de difícil manutenção, pois dava muito defeito e não tínhamos peças de reposição.
 
Apesar de, em 1958, o Prefeito Sá Freire Alvim ter autorizado a instalação de diversas linhas, somente em setembro de 1962 foi inaugurado, experimentalmente, com 35 veículos, o tráfego em quatro trajetos: Erasmo Braga-Rui Barbosa, Erasmo Braga-Urca, Erasmo Braga-Leme e Erasmo Braga-Serzedelo Correia.
 
O primeiro trólebus a trafegar, repetiu o mesmo percurso inaugural dos bondes elétricos, 70 anos antes.
 
Em 1962 foi criada a CTC-Companhia de Transportes Coletivos, de economia mista, para operar o serviço. Em 1967 os trólebus deixaram de circular na Zona Sul e no Centro, sendo transferidos para a Zona Norte. Oficialmente este serviço terminou em abril de 1971.
 
Os ônibus elétricos foram um salto de qualidade no transporte da época. Eram padronizados, novos e só trafegavam com as portas fechadas, parando somente nos pontos - uma raridade na época, onde os demais ônibus e lotações paravam em qualquer lugar e pareciam cair aos pedaços. O motorista e o cobrador trabalhavam uniformizados, com camisa de manga comprida e gravata. Poucos anos depois  começaram a ter problemas nos freios, que emitiam um ruído alto ao serem acionados. E os "chifres" a toda hora saíam do lugar, causando atrasos e engarrafamentos. Foi o começo do fim. Acabaram com os bondes e não conseguiram que os trólebus os substituíssem a contento.
 
Tirar os bondes das ruas do Rio foi antes de mais nada um ato político de Carlos Lacerda. Se eles realmente atravancavam as ruas do Centro e Zona Sul, por sua vez ainda prestavam ótimos serviços na Zona Norte e subúrbios. Dizem que o Lacerda mandou reunir todos os vículos na Ponta do Cajú, mandou jogar querozese e tacou fogo em tudo. Uma meia dúzia de bondes foram vendidos aos Estados Unidos, onde lá são tratados como verdadeiras jóias nos museus deles.

quarta-feira, 10 de maio de 2017

IGREJA N. S. DO BRASIL


Por iniciativa dos sócios da Sociedade Anônima Empresa da Urca, representada por seu diretor, doutor Oscar de Almeida Gama, foi doado um terreno localizado na Av. Portugal para a construção de uma capela dedicada a Santa Teresinha do Menino Jesus, porque, segundo consta, havia dela conseguido um milagre.

Coincidentemente, nessa época, o Cardeal Dom Joaquim Arcoverde, também desejava construir pelos lados de Botafogo, uma igreja Matriz em honra de Santa Teresinha do Menino Jesus. Como o terreno da Urca era pequeno, determinou, então, o Cardeal que nele se construísse um templo dedicado a Nossa Senhora do Brasil, piedosa invocação da Santíssima Virgem, originada na cidade de Nápoles, e, em terreno comprado ao Asilo Santa Maria, na entrada do Túnel Novo, a Matriz de Santa Teresinha.

Assim, a igreja de Nossa Senhora do Brasil passaria a ser a Matriz da nova paróquia, incluindo os bairros da Urca e da Praia Vermelha. Diante dos fatos apresentados, o doutor Oscar de Almeida Gama aceitou a decisão das autoridades eclesiásticas.

O projeto arquitetônico da igreja é de autoria do arquiteto Frederico Darrigue de Faro Filho. A construção, em estilo neocolonial hispânico, foi planejada em três pavimentos. No andar térreo, conforme previsto, foi projetada uma cripta dedicada a Santa Teresinha e, no segundo pavimento, visível apenas na elevação sobre a Rua Marechal Cantuária, foi construída a residência paroquial.

Em primeiro de janeiro de 1930, foi lançada a pedra fundamental da futura igreja paroquial, sendo, em seguida, celebrada uma missa campal. A primeira missa no interior da igreja foi celebrada às 9 horas do dia de Natal de 1931, na cripta, que, naquela ocasião, já apresentava os requisitos mínimos para a celebração. Em primeiro de dezembro de 1933, inaugurou-se solenemente o altar de Santa Teresinha do Menino Jesus.

A inauguração da igreja ocorreu duas semanas depois, no dia 17 de dezembro de 1933. Finalmente, por decreto do senhor Cardeal Dom Sebastião Leme da Silveira Cintra foi criada, a 8 de setembro de 1934, a paróquia de Nossa Senhora do Brasil.

Fonte: Paróquia N.S. do Brasil

terça-feira, 9 de maio de 2017

RUA BARATA RIBEIRO






Ontem o Andre Decourt me surpreendeu ao enviar a foto 1, em preto e branco. Na legenda constava que era a casa de meu avô, na Rua Barata Ribeiro. Perguntava ele se eu cheguei a conhecer esta casa.

Cheguei a conhecer, mas numa época em que ela já tinha sido vendida.

Meus avós moraram nesta casa desde o casamento, em 1920. Tinha o nº 593, quase na esquina da Rua Dias da Rocha. Esta casa, cor-de-rosa, sobreviveu até o final dos anos 50. Nos últimos tempos se transformou em uma pensão, como muitas que existiam no Rio naquela época. Além de alugar quartos (lembro de muitos caixeiros-viajantes chegando com suas malas de papelão), servia almoço e jantar. Da varanda de casa era possível observar todo o movimento nesta casa vizinha.

Por volta de 1940, neste lote à esquerda, o nº 589 da Barata Ribeiro, meu avô resolveu construir o que seria a “nova casa”. A firma construtora foi a H.C. Cordeiro Guerra, salvo engano. Alugou e depois vendeu a casa original, a do nº 593.

Inicialmente, como podemos ver na foto 2, colorizada pelo Conde di Lido, esta nova casa tinha dois andares. No térreo, além das salas de visitas e de jantar, as dependências de serviço. No segundo andar havia 4 quartos, um banheiro junto do corredor interno e a varanda da frente.

Em 1942, com a proximidade do casamento de mamãe, ficou resolvido que seria construído o 3º andar para onde se mudariam meus avós, ficando o 2º para os meus pais.

Quando do casamento, em 1943, a cerimônia civil foi realizada na nova casa.

A Copacabana da minha infância ainda tinha muitas casas e parecia um pequeno bairro onde todos se conheciam. Frequentávamos muito a casa da família Falcão, do conhecido advogado Joaquim Falcão. Moravam numa casa grande, com um pátio interno, onde havia, para nossa inveja, uma mesa de ping-pong oficial.

Na esquina da Dias da Rocha morava o Oduvaldo Cozzi. Sua filha Márcia era amiga de minha irmã, assim como Yara e Jussara, netas do Juscelino, que moravam em frente.

Lembro da Letícia e de sua mãe D. Dulce, que faziam bolos maravilhosos. E como não lembrar dos avós dos amigos Falcão, o Dr. Horácio, que morava onde é hoje o Banco Itaú, no nº 573. E do Cosme, o popular Cocó, motorista da família deles, a bordo de um Chevrolet Bel Air 57, azul e branco, nos levando para o colégio. E nesta casa, nos aniversários dos netos, era obrigatório os filmes da Correia Souza Filmes, em especial os de Hopalong Cassidy.

Na esquina da Raimundo Correa o Bar dos Inocentes, a banca de jornal do “seu” Soares, o “Nair Cabeleiros” frequentado pela ala feminina da família e o barbeiro “seu” Agostinho, que passava máquina 2 na ala masculina. Por onde andará o Helinho, amigo que morava naquele edifício de 3 andares na esquina da Raimundo Correa e que está lá até hoje?

No nº 587, a família Cotrim e o Dr. Simão, com aquela maleta de médico para cima e para baixo. E bem na esquina da Dias da Rocha, o edifício da Isa Pessoa, mãe do Arnaldinho e filha do João Pessoa.
Bem em frente de nossa casa, no nº 590, a residência de D. Georgette Pecego. Na mesma calçada, a casa do Dr. Waldir Tostes e sua esposa Gabriela. A de D. Luizete Correa de Araújo, bem pertinho.

Logo ali os Araújo Pena, da carinhosa D. Maria Francisca, cujos filhos eram nossos colegas de colégio. Os Gomes de Amorim (Dr. André, grande médico). O delegado Jarbas Barbosa, amigão de meu pai e cujas histórias já foram contadas por aqui.

Bons tempos!
 



segunda-feira, 8 de maio de 2017

CENTRO


O desafio de hoje para os comentaristas do “Saudades do Rio” é identificar as construções que aparecem nesta foto.
 
Uma delas é projeto dos arquitetos Bosísio e Ballarini: foi a do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, que se situava onde é hoje o anexo da Assembléia Legislativa, na Praça XV. Originalmente destinado a sediar a repartição Geral dos Correios, teve sua pedra fundamental lançada em 1871, sendo as obras concluídas em 1875. Foi construída durante a gestão de Pereira Passos, futuro prefeito, enquanto engenheiro do Ministério do Império. O elegante prédio tinha forma quadrangular e três pavimentos, quatro pavilhões salientes, um corpo central e,nas suas laterais, jardins protegidos por grades de ferro. Visto do alto, tinha a forma de um H maiúsculo. O local passou posteriormente a sediar o Ministério da Viação e Obras Públicas, tendo como ilustre funcionário ninguém menos que o escritor Machado de Assis.
 
Essa antiga construção foi bem aceita pela população, e o edifício era tido como dos mais belos da cidade, o que, contudo, não impediu seu desaparecimento tempos depois.
 
Vejam o “post” do Decourt em http://www.rioquepassou.com.br/2012/04/13/anexo-da-alerj-a-nova-enganacao/