sábado, 19 de agosto de 2017

DO FUNDO DO BAÚ: PETECA



 
Hoje é sábado, dia da série “DO FUNDO DO BAÚ”. E de lá saem estas 3 fotos com o tema de hoje: a PETECA.
A primeira foto, em Ipanema em 1948, é do acervo do Silva, disponibilizada pelo Francisco Patricio.
Desconheço a autoria da segunda, em Copacabana em 1931,  tirada, segundo o Decourt, bem da esquina da Rua Xavier da Silveira. A casa com varandas aparentemente em estrutura metálica, que aparece parcialmente na extrema esquerda da foto, é onde fica o prédio onde o Brizola morou. A quarta casa, sempre partindo da esquerda, é onde hoje fica o edifício Embaixador, um dos marcos da arquitetura Decô carioca e que seria construído apenas 4 anos após essa foto ser tirada. A construção que aparece bem a direita da foto é dos edifícios Lellis e São Paulo, na esquina com a Rua Barão de Ipanema.
Nestas duas fotos vemos os comentaristas mais antigos do “Saudades do Rio”.
Na terceira foto, de Jean Manzon, de 1950, podemos ver atuais comentaristas deste espaço, em animado jogo de peteca na Praia de Copacabana. Eram todos sócios da S.E.M.P.R.E. (Sociedade Etílico-Marítima de Peteca Recreativa e Esportiva), com sede no Bar Alcazar, na esquina da Av. Atlântica com a Rua Almirante Gonçalves. Seus sócios faziam demonstrações por toda Praia de Copacabana (os rapazes exibindo seus corpos atléticos e as moças a sua beleza).
Toda a moda para trajes de banho, lançada a partir dos anos 50, era exibida em desfile nos salões do Copacabana Palace e, a seguir, era feito um jogo de exibição na areia, como pode se ver na foto acima.
Segundo o General Miranda, um dos fundadores da S.E.M.P.R.E., adepto e praticante diário deste esporte, a peteca ideal deve ter, na base, o diâmetro de 0,050m a 0,052m. Ter 0,20m de altura, incluindo as penas. De peso, de 40 a 42 gramas aproximadamente. As penas devem ser brancas, em número de 04 (quatro), formando um diâmetro de 0,04 a 0,05m. O material da base deve ser de borracha, em camadas sobrepostas.
Se você não for um profissional como o nosso saudoso General, pode fazer uma peteca com palhas secas de milho e algumas penas de galinha, como é habitual entre os tijucanos: rasgue as primeiras palhas em tiras estreitas que se vão dobrando e enrolando, alterando o sentido de cada uma. Quando esse "miolo" atinge a forma de uma almofada com mais ou menos dois dedos de tamanho, envolva-o com tiras mais largas, que se cruzam em diversas direções, cujas pontas ficam seguras na mão esquerda. Torce-se e amarra-se uma tira estreitinha formando-se um anel sobre o qual se passam, dobrando-as ao meio, um número de palhas suficiente para cobrir-lhe a circunferência. Aplica-se em seguida esse anel ao fundo da peteca juntando-se as pontas ao maço formado anteriormente. Já depois de colocado, aperfeiçoa-se o trabalho guarnecendo-se ainda mais o anel, de modo a recobrir completamente o volume todo. Ajusta-se bem o conjunto e amarra-se fortemente a base do maço de pontas, estando pronta a peteca.
Há diversas modalidades de jogo de peteca na praia, entre elas: com rede, como no vôlei: 3 contra 3, com o campo marcado no chão com fitas para delimitar os espaços onde a peteca deve cair; 3 contra 3 sem campo marcado no chão e onde a força predomina; 1 com 1, somente como diversão.

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

PROTESTOS NA CINELANDIA





 
As cinco fotos de hoje mostram o conturbado ano de 1968. Vemos a região da Cinelândia sendo palco de uma batalha entre a PM e os estudantes.
No seu clássico “1968 – O ano que não terminou”, Zuenir Ventura discorreu sobre aquele período dizendo em certo momento: “O cheiro de gás lacrimogêneo e o coro de “abaixo a ditadura’’ pareciam incorporados à paisagem urbana daqueles tempos”.
Em 1968 aconteceu a famosa “Passeata dos 100 mil” e, também, a edição do AI-5. Lembro, também, de uma noite terrível na Igreja da Candelária, onde meus amigos e ex-professores, os jesuítas Padre Angelim e Padre Guy, concelebraram com outros corajosos padres uma missa. À saída, todos foram surpreendidos por uma carga de cavalaria da PM. Os padres que celebraram a missa tomaram partido do povo e deram-se os braços, formando um cordão de isolamento entre a truculência da polícia e a população indefesa. Coisa insana.
Como podemos ver acima, os fotógrafos, mesmo no meio de tanto drama, conseguiam captar ângulos incríveis, juntando títulos dos filmes aos acontecimentos do dia.
Fotos: Acervo Correio da Manhã e Evandro Teixeira.

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

AVENIDA ATLÂNTICA



Hoje temos três fotos, todas da década de 60, mostrando o tráfego na Avenida Atlântica ainda em mão-dupla. Somente a partir de 1969 haveria a duplicação das pistas.
A Avenida Atlântica foi construída a partir do Decreto Municipal nº 561, do Prefeito Pereira Passos, em 1905. Era, no início, apenas uma rua de serviço, para pedestres. A "Gazeta de Notícias", de 30/10/1905 assim comentava sobre o fato: "Do Leme à igrejinha, na extensão de 4 quilômetros, estabeleceu que o alinhamento dos prédios ficaria situado a cinquenta metros da orla oceânica. Além da igrejinha seria projetada outra Avenida, continuando o litoral até o Leblon. Feliz cidade, que a par das cercanias de beleza inigualável, encontra um administrador que a trata com gosto e carinho". Pelos planos de Pereira Passos, a casa do deputado federal Francisco Bressane de Azevedo, representante de Minas Gerais, serviria de baliza para a Av. Atlântica. 
Esta avenida foi ampliada em 1911 por Bento Ribeiro. Já em 1919 recebeu melhorias na administração de Paulo de Frontin. O Governador Negrão de Lima, por sugestão de Lucio Costa e com projeto do Engenheiro Raimundo Paula Soares, fez a sua duplicação entre 1969 e 1971, quando foi construído, sob suas pistas, o Interceptor Oceânico da Zona Sul, a maior obra de construção de esgotos no Rio, até então.
No Instituto Vasco da Gama, em Lisboa, havia (não sei se ainda está lá) a maquete dessa obra gigantesca. Era um estudo detalhado que incluía variação de marés, de correntes, movimentação de areia, etc. Um trabalho muito bem feito.

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

FRESCOBOL


 
Você sabia que o frescobol já foi incluído no AI-5?
Hoje temos dois flagrantes de apreensão pela PM de raquetes de frescobol na praia na década de 60, uma em Copacabana e a outra em Ipanema (Arpoador). Esta tropa da PM, por conta de seus uniformes, era conhecida como “azulões”.
Segundo reportagens do início dos anos 60 o frescobol só poderia ser praticado depois da 14h e os que descumprissem esta ordem seriam “autuados por desrespeito à Lei e levados à Justiça”. Depois de algum tempo a proibição foi aumentada, proibindo o jogo durante todo o fim de semana. Os membros da PM que apreendessem mais raquetes receberiam um prêmio. A maior queixa dos PMs era com relação ao “sabe com quem está falando?”, chave de galão que levavam dos praticantes.
O “Correio da Manhã” de 16/01/1968 noticiou que a Secretaria de Segurança expediu duas notas enquadrando as punições para aqueles que não cumprirem a determinação. A primeira alerta do perigo que o esporte representa à integridade física dos banhistas, principalmente das crianças. A segunda dizia respeito ao tipo de infração em que incorriam e as consequências da desobediência.”
Naquela época a PM era muito rígida em aplicar esta lei e todos que jogávamos frescobol tínhamos que manter um olho na bola e outro na eventual presença dos policiais militares. Ao vê-los todos corriam para o mar ou tentavam esconder as raquetes sob a areia ou sob toalhas. Houve muita confusão por conta disto, durante algum tempo. E chegou a ser criada a profissão de “olheiro do frescobol” – por alguns trocados tinha gente que ficava vigiando a chegada dos PMs.
Ainda o “Correio da Manhã” de janeiro de 1968 noticiou que o coronel Elias de Morais, comandante do 2º Batalhão da PMEG, afirma ter “um plano secreto para combater o frescobol nas praias”. Também o tenente Romulo Rodrigues treinou a equipe de “azulões” em judô, para enfrentar a turma “barra pesada” que afrontava a polícia.
O pior veio em 1969, conforme conta o “Correio da Manhã” de 18/01/69: todos os presos por jogar frescobol irão para a Ilha Grande, enquadrados no AI-5.
Foi uma “guerra” que durou anos e ocupou páginas e páginas dos jornais.
Com o passar do tempo a fiscalização foi afrouxando e, atualmente há algumas regras, limitando o horário e local para esta prática, embora as transgressões ainda sejam frequentes.

terça-feira, 15 de agosto de 2017

PRAÇA CARDEAL ARCOVERDE



 
As duas primeiras fotos de hoje já foram publicadas no antigo “Saudades do Rio”. São de Uriel Malta e mostram aspectos da Praça Cardeal Arcoverde. Como o Nickolas fez mais uma estupenda colorização resolvi postar novamente. A terceira foto é coloboração da embaixadora plenipotenciária da Urca, a tia Milu.
Os comentários abaixo foram feitos com a colaboração de vários dos comentaristas do “Saudades do Rio” e alguns se reconhecerão.
A urbanização desta praça foi projetada pelo arquiteto da Prefeitura do Distrito Federal, Azevedo Neto. Antiga Praça Sacopenapã, foi aberta pela Empresa de Construções Civis e aceita em 26/07/1894. O Cardeal Arcoverde (Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti) tornou-se cardeal do Rio de Janeiro em 1905 (foi o primeiro cardeal brasileiro e sul-americano).
Na construção "déco" que vemos em primeiro plano na segunda foto funcionou o quartel da Polícia Especial de Vargas. Depois, com redemocratização do país, após a Segunda Guerra, o prédio se transformou na escola Dom Aquino Correia. No final dos anos 50 a Escola Dom Aquino Correia foi desmembrada de seu auditório, sendo este transformado no Teatro da Praça, que depois recebeu o nome de Teatro Gláucio Gil (esta alteração deu-se em meados dos anos 60 quando o apresentador da TV Globo Glaucio Gil, apresentando "ao vivo" o programa "Show da Noite", sentiu-se mal e faleceu no sofá do programa vítima de infarto. Foi uma comoção no Rio). A seguir uma nova escola foi construída ao lado: a Escola Alencastro Guimarães.
Vemos também o aspecto da Ladeira do Leme, nome dado em 1917 e que já se chamou Rua Coelho Cintra de 1949 a 1951, quando voltou ao nome original. Esta ladeira constitui um dos acessos mais antigos à Praia de Copacabana. Recebeu esta denominação por ali se instalar o antigo "Reduto do Leme", no tempo do vice-reinado do Marquês de Lavradio. Os arcos no topo da Ladeira do Leme seriam os restos de uma fortificação. Há por ali também uma Vila Militar atualmente além do Parque Estadual da Chacrinha, no final da Rua Guimarães Natal, entre a Ladeira do Leme e a Rua Assis Brasil. Junto ao final da ladeira sobrevive um dos últimos postos de gasolina de Copacabana, fora os da orla marítima (e ali há uma padaria com pães de excelente qualidade, coisa rara no Rio de hoje).
Em 1878, no dia primeiro de dezembro, aconteceu o início do serviço de diligências entre o final da Praia de Botafogo e Copacabana, pela Ladeira do Leme, por iniciativa do doutor Francisco Bento Alexandre de Figueiredo de Magalhães, Conde de Figueiredo Magalhães, que possuía em Copacabana uma casa de saúde com hotel anexo. No dia 20 de maio de 18979, o jornal O Repórter informava que, na noite anterior, a Diligência de Copacabana havia sido agredida por malfeitores, que foram afastados em função dos disparos de revólver do Dr. Figueiredo Magalhães.
À esquerda, conforme já contou a tia Nalu sobre a segunda foto, fora do quadro, havia uma loja chamada Bolos de Lisboa, com os melhores e tradicionais doces portugueses, a cargo da fantástica D. Margarida, que depois veio a abrir um restaurante na Visconde de Caravelas.
Atualmente existe nesta praça uma estação do metrô, a Cardeal Arcoverde.
 
 

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

MANSÃO PARANAGUÁ



 
Hoje temos duas fotos da região do antigo Posto 5, em Copacabana. Vemos a Mansão Paranaguá, na esquina da Rua Barão de Ipanema com Avenida Atlântica.

Na primeira foto, do acervo do Correio da Manhã, da década de 50, vemos além da mansão, que era uma das maiores da orla de Copacabana, uma das “línguas negras” que existiam naquela época. Eram uma mistura de esgoto com água da chuva.

Observem que uma das crianças tenta fazer uma “ponte” até o outro lado da água mal cheirosa e contaminada.

A outra foto, do acervo de Sergio Coimbra, foi enviada pela tia Lu e já foi publicada no “Saudades do Rio”. Vemos um grupo de banhistas, nos anos 20, ainda desfrutando de uma areia limpíssima, em frente à Mansão Paranaguá.

O Tumminelli, no “Carioca da Gema”, fez uma série interessantíssima sobre a Mansão Paranaguá, mas não a encontrei mais.

domingo, 13 de agosto de 2017

DIA DOS PAIS

 
Feliz “DIA DOS PAIS” para todos os comentaristas e visitantes.
A foto é na Rua Barata Ribeiro e a rua ao fundo é a Dias da Rocha.
Bons tempos!