Hoje
vemos duas fotografias de Laranjeiras, na altura das ruas Pinheiro Machado e
Laranjeiras. A primeira é de 1962 e foi estupendamente colorizada pelo Nickolas
Nogueira.
Vemos
os tapumes da obra de abertura do Túnel Catumbi-Laranjeiras, Os veículos estão
na Rua das Laranjeiras, bem perto de onde ficava o belo prédio da Embaixada da
Itália, na Rua das Laranjeiras nº 154. O Dieckmann identificará o ano do Aero-Willys.
O
Decourt chama a atenção para o poste da Expo de 1908 convertido para usar GE
Novalux. Este tipo de poste também era usado na Senador Vergueiro, na parte
baixa da Rua das Laranjeiras, na Voluntários da Pátria e na São Clemente (estas
usando o gancho com luminárias pendente) além da Av. Pasteur, no trecho entre a
Universidade do Brasil e a Praia de Botafogo.
À
esquerda está a Maternidade Escola (UFRJ), cujo prédio fica um pouco recuado. A
"estreiteza" da rua deve-se a essa esquina com o poste. Esse pedaço
acabou e também houve um bom recuo ali.
A
segunda fotografia é de Kurt Klagsbrunn, provavelmente de 1965, já com o túnel
aberto ao tráfego ligando o bairro de Laranjeiras ao bairro do Catumbi. Este
túnel, inaugurado no dia 29 de junho de 1963, quatro anos antes da inauguração
do Túnel Rebouças, facilitou enormemente a ligação da Zona Sul com a Zona
Norte. Antes de sua abertura o caminho habitual era pela Lapa ou pelo
Centro/Praça XV.
Durante
muito tempo o Túnel Santa Bárbara teve problemas com a qualidade de ar. Quando
o problema da poluição interna ficou feio resolveram colocar uns ventiladores.
Só que é um túnel com carros andando nos dois sentidos, ou seja, não atava, nem
desatava. O problema só foi resolvido quando alguém teve a idéia de que fosse
feita uma divisão no meio do túnel. Assim, a poluição segue o fluxo dos carros
e os ventiladores/exaustores podem funcionar corretamente.
Na
foto aparece, na esquina da Rua das Laranjeiras, o prédio da
Maternidade-Escola, então pertencente à Faculdade de Medicina da Universidade
do Brasil, hoje UFRJ. A ladeira, à esquerda, dava acesso ao Morro da Graça onde
existiu o externato do colégio Sacré-Coeur de Jésus (de 1935 a 1969), onde
depois funcionou a firma Internacional de Engenharia. O objetivo do Sacré-Coeur
era "transformar meninas em damas com forte capacidade reflexiva",
baseado nos princípios da religião católica e com grande influência francesa
(praticamente todas que ali fizeram todo o curso saíam falando fluentemente o
francês). O lado feminino de várias gerações da família D´ estudou lá, bem como
estimada comentarista Nalu.
Dezoito
operários que faleceram num desabamento durante os trabalhos de abertura deste
túnel foram homenageados com o painel “Santa Bárbara”, concebido em 1964 pela
artista plástica Djanira. Este painel ficava localizado em uma capela no forro
do túnel, formada pelo desabamento do final dos anos 50. O desabamento de uma
grande rocha formou uma caverna na abóbada e o Governador Carlos Lacerda
resolveu homenagear os operários mortos. Só que, com a poluição, a capela ficou
insalubre sendo abandonada. Nos anos 90 com a reforma do túnel, que também
dividiu a galeria e possibilitou a passagem de cabos da Light (que custeou a
obra) pela antiga galeria de ventilação do túnel, o painel foi retirado,
restaurado e ficou à espera de um lugar para ser instalado. Os moradores dos
dois lados do túnel queriam a instalação do painel em suas respectivas bocas,
mas isto não aconteceu. O painel acabou sendo instalado no MNBA – Museu
Nacional de Belas-Artes.
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