As
fotos, garimpadas pelo Nickolas e pelo J.C. Cardoso, se relacionam com a Casa
Sucena, de J.P. de Souza & Cia, localizada na Av. Rio Branco nº 76 a nº 86.
Um dos funcionários que mais tempo trabalhou nesta loja foi Antonio Feliciano
Leão que, tendo começado entre os mais humildes, tornou-se sócio. Há várias citações
desta loja que vendia artigos religiosos, fantasias, fazendas, modas, etc. nos
jornais antigos do Rio.
Como
eu nunca ouvira falar desta loja fui fazer uma pesquisa e fiquei surpreendido:
a Casa Sucena foi fundada em 1886 pelo Visconde de Sucena, sendo o
estabelecimento comercial mais antigo da cidade em reportagem dos anos 70 do
século XX. Começou na Rua do Ouvidor, ficou muitas décadas na Av. Rio Branco e
depois mudou-se para a Rua Buenos Aires nº 96. Não sei se ainda existe.
Uma
das primeiras notícias no JB, em 1900, informa que “Na Casa Sucena está exposta
uma artística imagem de madeira representando N. S. dos Navegantes, que foi
mandada executar na cidade do Porto, nas importantes oficinas do Sr. Antonio de
Almeida Estrella, e é destacada á egreja da Candelaria. A imagem, cuja altura
total é de 1m60, está apoiada em uma nuvem, sob a qual, em um barco
desmantelado, dous náufragos andrajosos, prestes a serem devorados pelas ondas
espumantes que os cercam, implora a sua proteção. Tem a imagem a mão direita em
atitude de impor calmaria ás vagas e sustenta no braço esquerdo a imagem do
menino Jesus nú. As roupagens esculpidas são adornadas por uma cercadura
dourada em rlevo, com pedrarias de diversas cores, trabalho de muito gosto e
perfeição.”
Na Casa Sucena se podia encontrar “completo
sortimento de novidades para senhoras, homens e creanças. Calçados dos melhores
fabricantes e os mais lindos modelos. Completa secção de Camisaria e artigos
para homens. O maior e mais variado sortimento de artigos religiosos,
paramentos e alfaias para igrejas”. Também “novo sortimento de confecções para
senhoras, lãs, sedas, algodões, linhos superiores para lençóis. Artigos para
bordados. Roupas para cama e mesa e novidades para homens e creanças.”
Anúncios
do JB em 1940: “No melhor ponto da Avenida. Alugam-se para os 3 dias de
carnaval. Todo conforto. Altos da Casa Sucena”. Outros diziam “que “Profecias a
respeito da guerra” era vendido na Casa Sucena” e que seus proprietários também
“enviavam donativos à Casa do Pequeno Jornaleiro, como se pode ler em
agradecimento da Fundação Darci Vargas às seguintes firmas: Moinho Inglês,
Moinho Fluminense, Açúcar Pérola, Panificação Masson, Confeitaria Colombo,
Produtos Nestlé and Anglo-Swiss, Casa Sucena, Casa Mattos, Casa Superball, O
Cruzeiro e outras.”
Em
1941 o JB noticiava que “um reflexo da animação e riqueza do carnaval
nordestino está nas vitrines da Casa Sucena, à Av. Rio Branco, onde se vê
exposto o novo e rico estandarte do Clube Carnavalesco Mixto Prato Misterioso,
um dos mais populares do Recife.”
Um
dos anúncios mais curiosos é o do JB de 05/08/1941: “Troco - Casa Sucena: pede-se
a quem recebeu de troco na Casa Sucena uma nota de 10$000 com assinatura e
dedicatória, telefonar para 25-0467. Será gratificado”.
Em
1942 podemos ler “Acha-se em exposição nas vitrines da conceituada Casa Sucena
o quadro de formatura dos primeiros alunos diplomados em Assistência Social
pela Escola Técnica de Serviço Social. Além dos 33 diplomados o quadro apresenta
em primeiro plano a fotografia da ilustre Sra. Darci Vargas, paraninfa da
turma, do reitor da Universidade do Brasil, dos oradores, patrocinadores e
cooperadores”.
As
últimas menções que encontrei foram na década de 1980, com a Casa Sucena já na
Rua Buenos Aires reclamando das pessoas nas filas de ônibus na porta da loja
prejudicando o acesso.
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