sábado, 19 de maio de 2018

DO FUNDO DO BAÚ: DODGE



 
Hoje é sábado, dia da série “DO FUNDO DO BAÚ”. Num “post” de 2005 publiquei a foto do José Medeiros em P&B.
O prezado Conde di Lido assim imaginou como seria esta foto colorida: "Vejo um belo automóvel americano de chancela Dodge ano de fabricação 1948. O que mais ulula no referido daguerreotipo é a intensa coloração vermelho-escuro contrastando com o intenso azul deste lindo céu carioca. A blusa amarela da diáfana rapariga dá o toque anos 40 à cena. De se notar também o modelo da sandália que estaria no top-chic nos dias de hoje. O sorriso angelical desta bela moçoila é maliciosamente pervertido pelo batom carmin."
Tempos depois o mestre Nickolas coloriu a foto e apresentou a imagem da foto nº 2.
Pois não é que o Conde di Lido não gostou da cor do Dodge? Desta forma o Nickolas, um gentleman, alterou a cor do Dodge.
Vejam o resultado.

sexta-feira, 18 de maio de 2018

AVIAÇÃO NAVAL





 

As fotos, enviadas pelo prezado Carlos P. L. Paiva, têm como tema a Aviação Naval Brasileira, que começou em 1916 com a criação da Escola de Aviação Naval (1. Curtiss, 2.Ilha das Cobras, 3. Ilha das Enxadas, 4. Galeão, 5. Galeão).

Os apreciadores do Rio antigo nos beneficiamos do excepcional trabalho do fotógrafo Jorge Kfuri (1893 – 1965), autor das primeiras fotografias aéreas do Rio de Janeiro, feitas a partir dos aviões da Aviação Naval.

O primeiro avião adquirido foi um Curtiss de 1916, usado pelo Ten. Kfuri. A ilha das Enxadas foi a primeira Base da Força Naval.

O Galeão passou, na década seguinte, a sediar a base da Aviação Naval. Uma das fotos mostra panorama da Ponta do Galeão, praticamente virgem de construções (nesta área foi construído o aeroporto).

Em frente ao píer, está a capela de Nossa Senhora dos Navegantes. A partir de 1924 a região ganharia hangares, campos de pouso e rampas para os hidroaviões, reunindo a infraestrutura necessária para a instalação do Centro de Aviação Naval e da Escola de Aviação Naval do Rio de Janeiro.

Em 1941 surgiria a Base Aérea do Galeão, usada a partir de 1946, também como aeroporto, recebendo voos nacionais e internacionais até 1977. Neste ano foi inaugurado o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, hoje chamado Antonio Carlos Jobim.

O nome Galeão vem do século XVII, quando na ponta da ilha, num primitivo estaleiro, foi construído o enorme navio Padre Eterno, lançado ao mar no Natal de 1663. A ilha, que já fora do Gato e dos Sete Engenhos, se tornou do Governador em 1573, quando passou a ter como morador o governador Salvador Correia de Sá, dono do primeiro engenho de cana da região.

O Celsão complementa que, na quarta foto, “vemos uma parte da metade da Ilha do Governador que pertencia aos padres de São Bento (padres bentos?), os quais tinham um enorme engenho de cana logo à direita (fora da foto).

Observando no lado direito, de baixo para cima, as casas e árvores vão até um certo limite e depois é um areal semideserto, até o mar: este limite era um rio que descia do Morro de Tubiacanga e abasteceu índios, franceses e o próprio engenho durante séculos. Nunca soube o nome dele, embora conste em vários mapas antigos. Com a terraplanagem para a construção dos aeroportos, deixou de existir. A faixa de terra quase nua, do lado de lá do rio, pertencia à Fazenda de São Bento, sucessora do engenho.

O cais recebia embarcações regulares do Porto da Penha, do Cais dos Mineiros (atrás da Candelária), da Prainha (Praça Mauá), de São Cristóvão, de São Gonçalo e do Porto de Mauá. Ele ainda existe, reformado, ao lado do cartaz do Ilha Autocine, bem pertinho da Churrascaria Porcão, que estaria exatamente no canto inferior direito da foto.

A Ponta do Galeão e toda orla à direita foram expandidas em muitos quilômetros quadrados. O arquipélago à esquerda também sofreu grande aterramento, reunindo todas as ilhas em uma só, hoje denominada de Ilha do Fundão. Com a construção da Linha Vermelha, novo aterramento uniu outras ilhas à do Governador (por exemplo, na parte superior direita da foto, aquela faixa de água foi toda aterrada).

E assim, talvez se tenha perdido para sempre o inestimável tesouro que os antigos diziam estar enterrado numa daquelas três ilhotas, duas das quais ainda podem ser vistas trafegando pela via expressa em direção a Caxias.

Porém, de tudo o que foi dito e do muito mais que poderia dizer, nada supera um fato histórico que é o que torna essa foto de uma preciosidade ímpar: a imagem mostra exatamente o sítio onde se deu a grande batalha entre portugueses e franceses que consolidou a colonização lusitana no Brasil. Foi ali, na parte desabitada, que milhares morreram no combate que durou três dias e duas noites.

Os franceses, com ajuda dos índio tamoios, construíram um forte exatamente naquele areal semideserto na parte superior/direita da imagem acima (do lado "de cima" do rio), com paliçadas estendidas até a Ponta das Flecheiras, mas foram massacrados pelo ataque organizado por Mem de Sá. Antes da chegada dos franceses e tamoios, a Ilha do Governador era habitada pelos índios temiminós, que tiveram em Araribóia seu chefe mais famoso."

 

quinta-feira, 17 de maio de 2018

REAL GABINETE PORTUGUÊS DE LEITURA




 
O Reinaldo Elias, do “Colorizando o Passado”, tem feito verdadeiras obras de arte com fotos antigas como esta de hoje.

Vemos o belíssimo Real Gabinete Português de Leitura, em foto de 1895, de Marc Ferrez.

Situado na Rua Luís de Camões (antiga Rua da Lampadosa) nº 30, é um prédio estilo neo-manoelino, que se caracteriza pela exuberância plástica, o naturalismo, a robustez, a dinâmica de curvas e o recurso a motivos inspirados na flora marítima e na náutica da época dos Descobrimentos.

Visitar suas suntuosas instalações é um ótimo programa no Rio de Janeiro. Muitas vezes temos coisas interessantes na nossa cidade que desconhecemos ou não damos o devido valor. Abriga uma biblioteca das melhores do mundo, Centro Cultural, inclusive com recursos multimídia.

 
Reparem que não havia o "Real" no título do frontão. O título "Real" só foi outorgado pelo Rei de Portugal em 1906. O interessante é que Portugal tornou-se república em 1910, mas o título ficou. O Real Gabinete é a maior biblioteca de autores portugueses fora de Portugal.

 
O prédio está bem conservado, tanto em suas fachadas quanto em seu interior, mas é lastimável que o largo em frente seja ocupado por moradores de rua, principalmente durante a noite.



 

quarta-feira, 16 de maio de 2018

IPANEMA


 
Hoje temos uma foto colorida remasterizada pelo Nickolas e uma foto de Aurelino Gonçalves, mostrando a Praia de Ipanema, com a estrutura do "pier", que ficava entre as ruas Farme de Amoedo e Teixeira de Melo, em Ipanema, durante a construção do emissário submarino.
Os tubulões ocupavam largo espaço na areia (nossa rede de volei ficou desativada quase dois anos). Era a tradicional rede “Lagosta”, que teve que se mudar para um espaço entre a Farme e a Montenegro. Era uma rede formada por um pessoal do então BNDE (Celso Lacerda, Nilo Domingues, Álvaro Café) e muitos amigos como Carlos, Aldyr, J. Ghazi, Arnizaut, Ivo, Getulio Lacerda, Gonzaga, Diana, Beth, Adalberto, Alvaro, M. Jourdan, Paulo, Luiz, Dot, Sergio, Ana Maria, Fred, Flavio, Adolfo (AAA), Augusto, Renato, Bee, Verinha, M. Montera, Carmen, Luiz Augusto, Eduardo, Antonio, Teresa, Vera, Carmen, Carlinhos, Flavinho, Walter, Antenor, os dois Osvaldos, Joaquim, Gabriel Capistrano, João Batista, Joaquim, os Tebyriçá, Virginia, Regina, Asmie, Arafat, Laranja (que irradia os jogos mesmo jogando), Julio, Serginho, Michel, Minhoca, André, Antonio Maria, os coronéis Barroso e Guido, Serafim, “seu” Américo, Sandra, Gaúcho, Luís, Dominguinhos, o pessoal do 212 da VP e do 34 da Visconde, Gui, Zé Augusto, Edinho, Cesar, Luiz Carlos, Jorge, Otacílio, Berardo, de quase uma centena de outros jogadores que, num tempo ou outro, por mais de 40 anos, jogamos ali todos os fins de semana (alguns por décadas).
Naqueles anos o espaço em torno do "pier" tornou-se o ponto de encontro da vanguarda carioca, transformando-se no novo "point", desbancando o Castelinho e o trecho em frente à Rua Montenegro (hoje Rua Vinicius de Morais).
As dunas que se formaram na praia por conta da obra, abrigaram uma fauna variada, principalmente "hippies". Eram as "dunas da Gal" ou "dunas do barato": tudo ali era permitido (o curioso é que, numa época de grande repressão, a Ditadura não se envolveu com esta manifestação).
Por esta época, por motivos provavelmente de $$$$, começou a descaracterização da Praia de Ipanema, antes com o gabarito dos prédios limitado a quatro andares. Foram liberados os arranha-céus, que geraram muito dinheiro para alguns e praticamente transformaram Ipanema em Copacabana, com seu paredão à beira-mar.
Na foto P&B vemos o Panorama Palace Hotel, sobre o morro, com vista deslumbrante para a Lagoa e para a Praia de Ipanema. O hotel nunca foi concluído. No final dos anos 60 e início dos anos 70, funcionaram em suas instalações o bar Berro D´Água e a boate “On the rocks”, que fizeram muito sucesso e onde o Conde di Lido levava suas “BR”. Era um terraço enorme, debruçado sobre a Lagoa, onde se bebia e dançava. Com a construção do hotel falida, suas instalações parcialmente construídas foram cedidas para a TV Rio, quando esta saiu do Cassino Atlântico no Posto 6. Com o fim, também, da TV Rio, a estrutura foi adaptada para o funcionamento de um CIEP, idealizado por Leonel Brizola.
No morro vê-se, também, a até então razoavelmente tranquila favela do Cantagalo. Da esquerda para a direita: ao lado do edifício alto construiu-se, no lugar da casa de esquina, outro grande prédio. A casa do outro lado da Rua Farme de Amoedo está preservada, embora totalmente descaracterizada. Nos anos 70 era habitada por duas senhoras bem idosas, que cediam quartos para os salva-vidas do Posto 8 ali morarem, entre eles o famoso Bocaiúva.
Funcionou nesta esquina, após a morte das senhoras, o restaurante Alberico´s e, acho, também o  Espaço Lundgren (casa de moda feminina de alto luxo). Ao lado fica a casa onde hoje funciona o restaurante Eleven (sucessor do restaurante Vieira Souto), na casa da Dra. Silvinha. No trecho entre as ruas Farme de Amoedo e Teixeira de Melo, houve pouca modificação (ali ficava o apartamento de JK), e na casa mais escura, quase na esquina da Teixeira de Melo funciona a Casa de Cultura Laura Alvim. Na esquina da Teixeira de Melo, a casa de esquina foi substituída por um prédio de apartamentos.
Ipanema, na década de 1970, viveu seus últimos anos da época dourada.

terça-feira, 15 de maio de 2018

CENTRO ANOS 70

 
Mais uma foto remasterizada pelo Nickolas, agora mostrando a Rua São José nas imediações do Terminal Menezes Cortes nos anos 70.
Podemos observar a moda da época, com suas calças bocas de sino ou pathe d´élephant. Embora já não se vissem tantos ternos como anos antes, as pessoas ainda não usavam as famigeradas sandálias de dedo, camisas tipo regata e bermudas quando iam à “cidade”.
Naquela época pré-celular, os orelhões da Telerj ainda quebravam o galho, havendo filas nos que funcionavam.
A calça comprida para as mulheres começou a ser socialmente aceita no final dos anos 40 e, desde então, tem persistido e resistido a todas as tendências da moda, ainda que suas características e nomes fossem mudando todos os anos.
Segundo o estilista Tutu La Minelli, também dono do salão “Fleur de la Passion”, no início da década de 70, com a cintura no lugar, a calça comprida ajustava-se até o joelho para, depois do recorte, abrir-se em boca de sino à moda marinheira, que permite também bolsos grandes aplicados na frente. Encurtando até a altura dos joelhos e conservando a boca larga, surgiu o pantacourt que parece suplantar o knicker ou a bombacha. O início da moda de calças boca de sino deu-se, entretanto, na década de 60.
Para os homens, o consultor de estilo do “Saudades do Rio” recomenda cós largo, cintura alta, boca de sino com bolsos traseiros chapados, botões à vista. Brim sanforizado, de caimento impecável e excelente confecção. Alerta, porém, o Tutu, que as calças boca de sino não devem ter a aparência de palazzo-pijamas.
Quanto às lojas, nenhuma sobreviveu.

segunda-feira, 14 de maio de 2018

ANOS 70



A partir de hoje o "Saudades do Rio" volta à atividade, ainda em período de readaptação pós-férias.
 
Com duas fotos dos anos 70, remasterizadas pelo Nickolas, lembramos da Avenida Atlântica, em Copacabana, e da Avenida Vieira Souto, em Ipanema.
 
As orlas de Ipanema e Copacabana, ainda sem ciclovias, viviam os últimos tempos de um Rio mais acolhedor.
 
FF: duas semanas longe do Rio, em locais civilizados, escancaram a péssima qualidade de vida que hoje desfrutamos na outrora "cidade maravilhosa".