O “post” de hoje foi enviado pelo
prezado Maximiliano Zierer, a quem o “Saudades do Rio” agradece.
“Prezado Dr. Luiz D´,
Uma pequena colaboração para o
SDR. Seguem em anexo duas fotos das casas dos Guinle na Av. Atlântica,
esquina com a Rua Figueiredo Magalhães. A primeira foto, apenas com o
castelinho normando da esquina, postei hoje nos grupos do Rio Antigo no
Facebook. A segunda foto (inédita) ainda não postei e ela mostra as duas casas
dos Guinle (o castelinho normando e a Vila Normanda) lado a lado.
Ambas são fotos da Revista Fon
Fon. A primeira foi publicada na revista na edição de 22-12-1928
e a segunda, com as duas casas, é anterior, garimpei na edição de 15-7-1922.
Há braços,
Maximiliano”
Castelinho
normando dos Guinle em 1928 - Av. Atlântica esquina com a rua Figueiredo
Magalhães
O
castelinho em estilo normando da matriarca da família Guinle, D. Guilhermina
Guinle, era uma das maiores casas da orla de Copacabana, e ficava na esquina da
Av. Atlântica com a Rua Figueiredo Magalhães, ocupando o centro de um grande
terreno que ia até a Rua Domingos Ferreira.
Provavelmente
esse castelinho foi construído no início da década de 10 do século passado. Era
uma casa de veraneio dos Guinle e possuía um belo jardim frontal de frente para
a Praia de Copacabana.
De
personalidade forte, D. Guilhermina era dada a excentricidades que só a riqueza
descomunal lhe permitia. A mansão possuía, nos fundos do terreno, uma grande
piscina de água salgada, uma raridade em casas da época. Para tomar banho de
mar sem sair de sua mansão de veraneio e se expor na Praia de Copacabana, D.
Guilhermina mandou construir uma tubulação que captava água salgada diretamente
do mar de Copacabana, a qual, depois de passar sob o asfalto da Av. Atlântica,
desembocava na sua piscina particular.
As
extravagâncias dos Guinle não se restringiram apenas às cifras monumentais
despejadas em palacetes, mas também ao campo dos costumes. No livro “Os Guinle”
(editora Intrínseca, 1ª edição, 2015), o historiador Clóvis Bulcão relata, por
exemplo, o pitoresco arranjo familiar em que viviam o patriarca Eduardo, sua
mulher, Guilhermina, e o sócio Cândido Gafrée, todos moradores de uma suntuosa
mansão no bairro de Botafogo. Segundo o autor, além dos negócios, os empresários
dividiam o leito com Guilhermina. E mais: dos sete herdeiros do casal, três
deles (Carlos, Arnaldo e Celina) seriam filhos de Gafrée.
Infelizmente,
esse magnífico castelinho dos Guinle foi demolido nos final dos anos 40, sendo
substituído pelo enorme edifício Camões, construído em 1952, talvez o primeiro
grande prédio em volume da Av. Atlântica, popularizando o endereço com
apartamentos de várias tipologias, mas longe do modelo de palacete até então
construído.
Na
verdade, existiam duas casas dos Guinle, uma ao lado da outra nesta área: a da
esquina, que era o castelinho normando, objeto da atual postagem, e a casa
vizinha, no seu lado direito, a Vila Normanda, a qual pertencia à irmã de
Otávio, Celina Guinle de Paula Machado.
Celina
morava no Palacete Guinle, que ainda existe na rua São Clemente, esquina com Rua
Dona Mariana, e a Vila Normanda era a sua casa de veraneio, onde ela permanecia
apenas de um a dois meses por ano.
Celina
vendeu a Vila Normanda em 1927 e a casa passou a ser a residência do jornalista
e magnata Assis Chateaubriand. A Vila Normanda ganhou fama nacional como palco
de planos, golpes e armações do polêmico magnata dos Diários Associados. Com a
morte de Assis Chateaubriand em 1968, a Vila Normanda foi vendida e em seguida
demolida em 1969. No seu lugar foi erguido o edifício Vila Normanda, com a sua
fachada de mármore branco, e que manteve o nome da casa original.
Fontes:
Blog foi um RIO que passou http://www.rioquepassou.com.br/2004/02/26/1519/