Pois
não é que preparei o “post” e depois vi que o nosso guru Decourt já havia abordado
o assunto ano passado? Fomos beber na mesma fonte: fotos de reportagem do Correio
da Manhã. Como não tive tempo de fazer outro “post”, aí vai, com uma ou outra
informação diferente.
Vemos
o Restaurante e Bar Hanseática na Praça Mauá nº 7, que funcionava junto ao
edifício “A Noite” e ao também conhecido Bar Flórida.
A
Hanseática era a cervejaria mais famosa do Rio em 1933, quando seu
proprietário, Zeferino de Oliveira, com o espanhol Angelo Fernandez Gonzalez, fundou
o Restaurante e Bar Hanseática. Além de ponto dos marujos era muito frequentado
pelos passageiros da Estação Rodoviária Mariano Procópio e também pelos
artistas da Rádio Nacional.
Além
de servir cafezinho era restaurante, confeitaria e bar, com artigos fabricados
em sua própria cozinha. Ao lado havia a Camisaria Hanseática, que vendia
artigos para homens e senhoras a preços módicos.
Fundado
em 1933 o Bar Hanseática teve sua melhor fase no pós-guerra. Getulio Vargas, Negrão
de Lima, Eurico Dutra foram políticos que frequentaram o local. Chico Alves,
Emilinha Borba e muitos outros artistas da Nacional também.
O
“filé Hanseática”, com aspargos, petit-pois e batatas fritas, era um clássico.
400 litros de chope eram vendidos diariamente. A frequência diária era de cerca
de 5 mil pessoas.
O
Bar Hanseática ainda contava com charutaria e uma pequena livraria. Tinha 40
metros de frente, com 74 mesas espalhadas. Trabalhavam ali 45 funcionários.
Nos
anos 40 a “Casa Hanseática” funcionou também como restaurante da Tribuna
Especial do Hipódromo Brasileiro.
Em
1948, como muitas vezes acontece com bares cariocas, foi fechada por 24 horas
devido às precárias condições de higiene encontradas. Uma das irregularidades
foi um dos sanitaristas ter surpreendido um empregado lavando a lata de lixo na
pia destinada ao vasilhame em que são preparados os alimentos.
Em
1967 o então proprietário, Manoel da Silva Abreu, o “Zica”, aceitou a
indenização de NCr$ 60.000 (60 milhões de cruzeiros antigos) proposta pelo
Governo para desapropriação do imóvel. Foi através do Decreto-Lei nº 160, de 10/02/1967,
que “Autoriza o Poder Executivo a abrir, ao Ministério da Indústria e do
Comércio, o crédito especial de NCr$ 107.000 para cobrir despesas com
indenizações decorrentes de sentenças judiciais (o valor se referia a NCr$
60.000 da Casa Hanseática e a NCr$ 47.000 do Bar Flórida, do mesmo dono).
Acabava
uma tradição de quase 40 anos, inscrita na história da Praça Mauá, como o amor
de marujos estrangeiros e disputas sangrentas de malandros e contrabandistas
que ali faziam seu ponto de encontro. À época o gerente era o Sr. José Vassalo.
A
tristeza que de repente tomou conta das mulheres alegres não é só pelo
fechamento do bar, mas porque “Zica” disse não ter mais idade para recomeçar em
outro lugar. Os objetos da Casa Hanseática foram a leilão, cujo anúncio vemos
acima.
Por
fim vemos o edifício sede da Companhia Hanseática, que depois seria adquirido
pela Brahma em 1941, na Rua José Higino nº 115, na Tijuca. A Brahma funcionou
ali até a década de 90 e atualmente funciona o Supermercado Extra. É um
edifício eclético, com um tramo nos dois primeiros pavimentos e o resto da
fachada em arcos romanos imitando tijolos, com mais dois pavimentos no torreão
central.
A
fábrica Hanseática era de um senhor português chamado Zeferino de Oliveira e,
entre outras, produzia a famosa cerveja Cascatinha. Parte da fábrica ainda
existe. A fachada voltada para a Rua José Higino foi preservada, assim como a
chaminé de tijolo. Já a parte voltada para a Av. Maracanã foi em grande parte
demolida para adequar a estrutura do prédio à sua atividade atual. Quando a
fábrica foi demolida foram abertos enormes rombos nas paredes para remover o
maquinário.
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