A foto acima foi enviada pelo Gugu. Mostra a seleção de futebol de
praia do Estado da Guanabara, que conquistou o campeonato brasileiro de 1965,
disputado no Rio Grande do Sul. Na foto aparecem: em pé: Rubinho (Lá Vai Bola),
Paulo Roberto (Guaíba), Jonas (Lagoa), Tonico (Lá Vai Bola), Potoca (Lá Vai
Bola) e Cicarino (Dínamo);agachados: Gugu (Lagoa), Geraldo (Real Constant),
Horácio (Guaíba), Tuca (Real Constant) e Lula (Lagoa).
Passei a acompanhar o futebol de praia, não este tal “beach soccer”, a
partir do final dos anos 50, tempo do Lá Vai Bola do Marechal (Posto 6),
Pracinha do “Vasquinho”, ou era “Russo”? (Posto 5), Maravilha do Jaime “Pafúncio”
e Dínamo do Tião (perto da Constante Ramos), Ouro Preto (perto da Siqueira
Campos), Real Constant do Paulistinha e do Brandão, Copaleme do delegado Luis
Mariano, Juventus do Tião, Radar do Eurico (Posto 2), do Guaíba do Leoni (na
Urca), do Tatuís e do Lagoa (Ipanema), Grêmio, do Columbia do Edu (no Leblon), entre
outros. Havia o Columbia de Copacabana (República do Peru), mais modesto.
Foi a época de ouro, que durou até o final dos anos 60 (inclusive a TV
RIO transmitia, ao vivo, aos sábados, com o Luiz Mendes irradiando). A direção do
futebol de praia era do Major Torres Homem.
O futebol de praia gerou muitos craques para o futebol profissional.
Lembro do goleiro Renato, que era do Lá Vai Bola, e chegou à nossa seleção
principal. Mais tarde o Junior, que jogava no Juventus. O Paulo Cesar (Columbia),
ainda garoto jogava peladas comigo e o filho do Bria numa quadra de salão no
Flamengo. Só o chamávamos de Pelé. O Fred, irmão dele, era outro bom de bola.
Lidio, um promissor goleiro do Flamengo, começou no Lá Vai Bola. O Lula foi
para o Botafogo, mas não deu certo. O Lelé, goleiro do Dínamo, jogou no São
Cristóvão e, acho, no Botafogo. E o Marco Aurelio, do Dínamo, também foi para o
Botafogo, com mais sucesso. Outro que foi do Columbia para o futebol de campo
foi o Rocha, para o Botafogo.
Craques não faltaram na praia: o Jerson, goleiro do Guaíba, Canolongo e
Pelicano do Copaleme, Kolinos e Tatinha do Lagoa. Brucutu (Lagoa), Marconi, que
começou com o Jaime no Maravilha (quantos não tiveram que subir na casa de
máquina dos elevadores da Constante Ramos para poder jogar no Maravilha?), o
Rony, goleiro do Dínamo do Tião. Os gêmeos Dica e Mano, canhotinhos da Farme. Tuca do Tatuís? Difícil dizer quem foram os melhores das diversas épocas, mas entre eles certamente estariam Paulo Tovar, Gugu e Geraldo Mãozinha.
Gugu, ex-aluno do Santo Inácio foi um senhor meio-de-campo. A família
era de craques (Paulinho, Joninhas, Dadica, Marcelinho). Tovar também foi aluno do Santo Inácio e brilhante médico ortopedista.
Quem lembra do Torneio Interpraias no final dos anos 50? Patrocinado pelo Jornal
dos Sports e pela Coca-Cola era um grande sucesso. Na primeira edição, se não
me engano, jogavam Copaleme, Radar, Ouro Preto, Pracinha e Dínamo (de
Copacabana), Tatuís, Lagoa, IAPETEC, Milionários e Grêmio (de Ipanema e
Leblon), Cobras (onde na época jogava o Tovar) e Guaíba (da Urca). O Lagoa foi
campeão, seguido do Cobras, Grêmio, Radar e Ouro Preto.
No ano seguinte, no Torneio Interpraias, o campeão foi o grande
Pracinha, do qual eu era torcedor. Jogaram também o Arsenal e o Gatos, da Urca. Jogavam pelo Pracinha:
Castilho (João Luís), Eurico, Santoro, Brandão e Paulinho. Danilo e Nelito.
Paulo Portugal, Ivan Portugal, Áureo e Nando Portugal. Quando esta geração
acabou o time ficou mais fraco, embora tivesse Boneco, Flavinho, Huguinho, Nelito.
O III Interpraias teve o seguinte resultado: Radar, Tatuís, Guaíba,
Grêmio, Copaleme, Lagoa, Dínamo, Pracinha, Nacional, Arsenal, Gatos e Paredão.
Não sei a razão do Maravilha não participar.
O “clássico” Pracinha x Radar era um acontecimento nos anos 60. Radar
em que jogaram o Rafael Almeida Magalhães e o Eurico “Louro”. O outro Eurico, o
Lyra, era dono do time e beque do time “aspirante”.
Muita gente pode ser citada. No Dínamo, por exemplo, jogaram Chiquinho,
Samuca, Claudio, Cicarini, Bene, Flavio, Renatinho, Pavane, Marquinhos, João
Carlos Barroso, Baba, Neném, Mengalvio, Fefeu, Marco Aurelio tatu, Marconi,
Pará, Potoca, Murilo, Gago, Rubinho, Arnaldo, Jorginho, Ivan, Baby, Franklin.
As camisas eram entregues pelo
Tião sempre fedidas e secadas ao sol. Para irritar o Tião era só assobiar o
hino do Flamengo...
No Lagoa do Teo jogaram Gugu, Paulinho, Rui, Pepa, Manoel, Lula. No
Arsenal jogaram Pitomba, Ivano, Almir, Silvinho, Miguel, Nelson e Nelsinho.
Jogar no final do Leblon e na Urca era quase certeza de ter briga no
final (estes campos eram considerados os mais difíceis). Pior era ser juiz
desses jogos na praia: frequentemente o árbitro tinha que sair correndo e fugir
a nado para evitar apanhar. Entre eles o Arnaldo (o Armando Marques foi técnico
do Lagoa), o Margarida, o Xuxu e o “Filho do Sol”, cujo nome já não lembro.
Além dos times já mencionados, em
épocas diferentes havia ainda: Areia e Fiorentina (Leme), Botafogo (Siqueira
Campos), Chelsea (Constante Ramos), Montenegro (Ipanema), Cobrinhas e Colúmbia
(Leblon). O Juventus era da Figueiredo Magalhães (Edifício Camões). Alguém
lembra do Alvorada, do técnico Alcides?
O Gugu disse que jogou mais de 10 anos no primeiro time do Lagoa e nunca teve briga na Urca ou no Leblon. Mas teve uma
enorme no campo do Juventus e outra grande briga num jogo Lagoa x Radar, em
1960, no Lido. O problema da Urca era que o acesso à praia se dava por duas
escadas apenas. Assim, quando havia uma briga, a saída mais rápida era pelo mar
mesmo.
Muito conhecidos foram o Paulada (Columbia), o Ligeireza (Gremio -
Leblon), o Finn (Columbia). E o Esquerdinha, o Tubarão, o Motorzinho, o Canário.
Américo e Pará jogaram no Lá Vai Bola no final dos anos 60, época depois que o
Candeias esteve por lá. Wadinho no Radar. Zé Brito no Lagoa.
No Real Constant jogaram o Denio (Baiano), o Geraldo Mãozinha, Renato
(goleiro do Fla e da sel. brasileira), Tuca que veio do Tatuis, Sérginho
Cachaça idem, o Aru, Carlinhos, Nandoca, Dica (irmão do Mano de Ipanema, da
Farme).
O Paulista conta que durante um jogo Columbia x Real Constant o Geraldo
Mãozinha deu um lençol no Bosco e começou a gozação. Aí o Bosco grita para o
Paulista: “Joga muito, não é? Agora pede para ele cobrar um lateral!”. O
Geraldo se atracou com o Bosco e os dois foram expulsos.
Outros craques ainda não citados: Nandoca, Rigoni, Ronald Paraíba,
Rodrigo Tovar, Armandão, Siggia, Lauro, Sergio Cachaça.
Este “post” é uma homenagem a várias gerações do verdadeiro futebol de
praia do Rio.
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