O Campo de Santana tem muita história. Um espaço como este seria
muitíssimo valorizado em qualquer grande cidade. Mas no Rio...
A primeira foto, de Georges Leuzinger, do Acervo do IMS, datada de
1870, mostra o Templo da Vitória, construído no Campo de Santana em comemoração
ao final da Guerra do Paraguai.
Como já contou por aqui o Waldenir, esta foto é um documento raro, pois
além do templo em si, ainda mostra uma pequena parte de uma construção colonial
que, muito provavelmente, é a chamada Varanda da Aclamação, mostrada em
detalhes em uma gravura do Debret, onde D.Pedro I foi saudado pelo povo após o
Fico.
Tudo veio abaixo porque houve, na época, uma verdadeira febre da chamada
Arquitetura Cerimonial. Eventos importantes, como casamentos, coroações, vitórias
militares e enterros davam margem à construção de grandes estruturas
temporárias, geralmente de feição clássica, que serviam de cenário para as
mesmas. Como eram de madeira, pintada para parecer mármore e bronze, eram
demolidas pouco depois.
Exemplos não faltam por aqui. Para um dos casamentos do acima citado D.Pedro, o
arquiteto Grandjean de Montigny projetou "um obelisco egípcio, um templo
grego e um arco triunfal romano". Cada
um destes cenários servia para um "ato" do espetáculo que deve ter
sido o casamento. Estas obras foram dispostas ao longo da atual Primeiro de
Março e, após a primeira chuva forte, desapareceram.
Mais tardes, Manuel de Araújo Porto-Alegre projetou uma grande estrutura na
Praça XV, para servir à coroação de D.Pedro II, uma espécie de vestíbulo com
galerias, colunatas e troféus. Teve o mesmo destino.
Assim como este Templo da Vitória e até mesmo, quase nos dias de hoje, um arco
construído para recepcionar os pracinhas da FEB na Rio Branco.
A Rua do Ouvidor vivia, a cada visita de uma delegação estrangeira, ganhando
arcadas e portões ornamentais, que só ficaram gravadas na memória da cidade por
pinturas e fotos.
Até o prédio do Paço ganhou uma sobre-fachada para a coroação de Pedro I,
certamente tentando apagar-se o passado colonial do histórico prédio.
Recentemente tivemos algo parecido com vários pavilhões das expos de 1908, 1922
e da Feira de Amostras de 1934.
A segunda foto mostra um grande espetáculo de boxe realizado no Campo
de Santana.
E a última foto, do final do século passado, mostra um aspecto do
local.
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