Como complemento da série
sobre o Passeio Público temos hoje fotos do Theatro Casino e Casino Beira Mar.
Jane Santucci escreveu um
ótimo livro chamado “Os Pavilhões do Passeio Público – Theatro Casino e Casino
Beira-Mar”.
Os pavilhões ficavam na Av.
Beira Mar s/nº, mais tarde nº 926, Centro. Funcionou de 25/03/1927 a
09/04/1933. Ocupava o Pavilhão Apolo do antigo conjunto erguido nos fundos do
Passeio Público para a Exposição do Centenário (seria o Teatro da Exposição);
ganhou o nome Casino por ocasião da inauguração em 18/06/1926.
Segundo a Jane, os
prédios ficaram fechados até 1937, quando o prefeito Henrique Dodsworth logo
após assumir o cargo fez um decreto reincorporando ao município a posse,
justificado pela fragilidade da construção e pela necessidade de alargamento da
via.
Na realidade a
fragilidade alegada não foi constatada, tanto que foi necessária uma grande
quantidade de dinamite para derrubá-lo. Houve algum protesto, mas calado logo
em seguida.
A determinação de
Dodsworth em demolir edifícios da Esplanada do Passeio foi baseada na
necessidade de resolver os principais problemas da região, entre eles o congestionamento
no tráfego de bondes, que demandava o alargamento das vias do entorno do
Passeio Público.
Na ocasião delimitou-se a
mudança do traçado da linha de bondes neste trecho, transferindo a linha de
bondes da Rua do Passeio, trecho em frente ao Passeio Público, para a rua
lateral, Luís de Vasconcelos. O trajeto de ligação entre esta rua e a Av.
Augusto Severo se fez, no seu terraço, onde se localizavam o Theatro Casino e o
Casino Beira-Mar, transformando uma parte do Passeio Público em uma via para
circulação de bondes.
A Rua do Passeio e a Rua
Teixeira de Freitas foram alargadas, avançando pela área verde do jardim.
A demolição dos prédios
foi polêmica. Alguns defendiam a manutenção dos prédios, outros como o
memorialista José Mariano Filho consideravam os prédios “abomináveis”. Isto porque ele atribuía a esta obra a
descaracterização do espaço que os cariocas chamavam de terraço e que havia
sido idealizado por Mestre Valentim, entre 1779/1783.
No governo de Carlos
Sampaio foi erguido o cassino, ocupando o lugar que o Mestre Valentim havia
destinado àqueles que gostam de apreciar uma bela paisagem. De fato, o belo
belvedere todo revestido de mármore policromo e que até a construção da avenida
Beira-Mar (1906) ficava sobre a baía de Guanabara, possuía parapeitos espessos
que permitiram ao seu idealizador a construção de uma série de sofás de
alvenaria, revestidos de azulejos policromos, próprios para que os namorados
usufruíssem a bela vista. Nas suas extremidades existiam dois pavilhões
quadrangulares dedicados a Apolo e a Mercúrio, com linda decoração interna,
portas de vidro voltadas para o jardim e para o mar.
Pois foi esse o local
escolhido para instalar o cassino, inaugurado em 1926, com a estreia da peça “A
sorte grande”, de Manuel Bastos Tigre, e que teve vida curta.
Sua demolição, em 1937,
foi saudada pelo jornal "A Noite", mais uma voz a somar-se aos descontentes com a
localização do edifício que, segundo seus detratores, emparedava o Passeio
Público.
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