Hoje vemos a muito conhecida Pedreira do Inhangá. Eram três pedras: uma à beira-mar, outra, a principal parte, onde está a Sala Baden Powell
(antigo Cinema Ricamar) e a terceira no quarteirão formado pela Rua Fernando
Mendes, Av. N.S. de Copacabana, República do Peru e Av. Atlântica.
Até mesmo as
antigas linhas de bonde tinham que desviar o caminho do pedregulho. O bonde,
que seguia pela Rua Min. Viveiros de Castro, entrava na Duvivier por causa da
pedra, seguia pela Barata Ribeiro e pegava a Rua Inhangá para, finalmente
chegar à N.S. de Copacabana.
As pedras começaram a ser cortadas nos anos 10 do século XX para a
retificação da Av. Atlântica. Depois da construção do Copacabana Palace nos
anos 20 foram ainda mais recortadas para a construção da piscina do hotel e, nos anos
50, mais ainda para a construção do Edifício Chopin.
Na época do desbravamento de Copacabana as pedreiras do Inhangá constituíam
um grande obstáculo físico, separando de fato Copacabana do antigo Leme. Era a fronteira entre as duas praias. Hoje considera-se que o Leme comece na Av. Princesa Isabel. Somente no governo do Prefeito Henrique Dodsworth (1937-1945), com o aterro feito na orla próxima à Pedra do Inhangá, as duas praias passaram a ser contíguas.
Numa das fotos vemos um bonito postal colorizado com o aspecto de
Copacabana por volta da década de 30. O hotel Copacabana Palace recém
construído, em 1923, domina, imponente, toda a região.
Inhangá, nome tupi derivativo de "anhangá", corruptela de
"anhõ", só; "angá", sombra, vulto, alma. Portanto, alma só
ou alma sem corpo.
O Copacabana Palace foi inaugurado em 13 de agosto de 1923, não tendo
ficado pronto para a Exposição de 1922, conforme planejado. O projeto foi
assinado pelo arquiteto francês Joseph Gire, inspirado nos hotéis Negresco e
Carlton, na Côte D’Azur.
Em 1922 face à destruição da Av. Atlântica pelas ressacas foram feitas
grandes obras sendo que a exploração da Pedreira do Inhangá necessitou de
instalações de britador e perfuradores com motores electricos, compressores,
transmissões electricas e linha de trilhos Deauville.
O JB, em 1925, noticiava que "a grande quantidade de pedra necessária ao
serviço de reconstrução da Av. Atlântica será retirada da pedreira do Inhangá,
local onde se faz mister um grande corte, para a abertura de um trecho da Rua
Copacabana. Dessa conjugação de serviços resultará, para a Municipalidade, uma
economia de algumas centenas de contos de réis, sendo feitas as duas obras com
a verba necessária a uma delas, caso fosse feita isoladamente. Ahi estão
installados um pequeno compressor de ar, typo Ingecsol, e um britador, estando
quase concluídas as instalações accessorias necessárias aos serviços. Dado ao andamento das referidas instalações o engenheiro Dr. Hermano
Durão, espera poder inicial-as dentro de 15 dias. A Municipalidade deseja,
aproveitando a oportunidade, afastar a muralha para o lado do mar de sorte a
crear uma praça em frente ao Copacabana Hotel, melhoramento esse que, ao que
parece, está ainda dependendo de acordo com o referido hotel que, sendo
grandemente beneficiado por ella, deverá oferecer alguma compensação á
Municipalidade, pela majoração de despesas que esse melhoramento trará."
Um pedaço da Pedreira do Inhangá ainda pode ser visto no pátio da Escola Pedro Álvares
Cabral, na República do Peru.
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