sábado, 10 de outubro de 2020

GUIA TURÍSTICO DO RIO - ANOS 1960/1970 (3)

Terminamos esta pequena série com mais duas fotos do guia turístico dos anos 60 e 70, além de na última foto mostrar a propaganda de um outro guia turístico mais antigo.

Das lojas de esportes me deixa muita saudade a da Superball, na Rua Xavier da Silveira, em Copacabana, onde comprava todos os equipamentos esportivos, desde a bola nº 5 até raquetes, bolas e rede de ping-pong. Os pés-de-pato e outros equipamentos aquáticos eram comprados na loja Balnéa, na esquina da Santa Clara com Domingos Ferreira.

Os magazines eram todos frequentados pela família, em especial a Sears e a Sloper. A joealheria Krause ficava no meu caminho habitual, na esquina da Santa Clara. E da L´Atelier ganhei um belíssimo chaveiro que deve estar aqui em algum lugar.


Dentre as lojas de presentes, não conheci a Galati, mas as outras eram conhecidíssimas para presentes de casamento. As Casas Pernambucanas tinha sua loja em Copacabana ao lado da loja da Kopenhagen, onde ia com muita frequência.



 Este folheto do Departamento de Turismo e Certames da Prefeitura do Distrito Federal, de meados do século XX, dirigido aos de língua castelhana, tinha os seguintes dizeres: "La ciudad de Rio de Janeiro es indescriptible. Venga personalmente a conocerla; quedará encantado y con deseo de volver, para sentirla mejor". É curioso apresentar, ao invés dos tradicionais pontos turísticos, a Avenida Presidente Vargas.

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

GUIA TURÍSTICO DO RIO - ANOS 1960-1970 (2)

Continuamos explorando o Guia Turístico do Rio, hoje com o anúncio de algumas lojas. Não sei o critério para a inclusão de cada uma. Teria sido uma escolha do redator ou teriam vendido o espaço para os interessados?

Das que aparecem nesta foto lembro apenas da "Bonita", perto do Roxy, e da "Coelhinho Branco", perto da Galeria Menescal, de artigos para crianças. Também da "Don Quixote", na esquina da Dias da Rocha, que via desde a varanda de casa e onde comprei camisas. A "Casa José Silva", quase em frente ao cinema Copacabana, era famosa. 


Sobre as boutiques nada sei. Lembro da fama dos sapatos da Spinelli, rivais dos da Motex. Entre as lojas de brinquedos citadas o destaque é para a Hobylandia, no Centro.


 Sobre as boates, só mesmo com o auxílio do Conde di Lido, frequentador destes locais. As citadas são quase todas famosas, mas conheci muito poucas. A Zum-Zum abrigou o famoso show "Vinicius e Caymmi no Zum-Zum com o Quarteto em Cy" (cujo LP e, depois CD, ouvi milhares de vezes). A On the Rocks ficava no Panorama Palace Hotel e eu só passava por ela a caminho do terraço do Berro d´Água. A Bolero contam que era a Help da época. Já a Bierklause, no Lido, fui algumas vezes. Era um bom lugar para ouvir música, dançar e beber chope. O Canecão vivia a época áurea de shows, com os grandes da música popular se revezando no palco. Chico&Betânia, Clara Nunes&Paulo Gracindo, Roberto Carlos e tantos outros, além de atrações internacionais.

Já entre os bares, nestes sim fui muitas vezes. Desde o primeiro chope no Castelinho, ainda adolescente, até o chope e o papo no Veloso (antes de virar Garota de Ipanema), o Jangadeiros ainda ao lado do cinema Ipanema na Praça General Osório, a pizza no Varanda da Praça N.S. da Paz. Ao Bar Luiz, área do mestre Lino, só fui depois. O Zepelin, fechou antes da minha época.

Amanhã acaba esta série.

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

GUIA TURÍSTICO DO RIO ANOS 1960-1970 (1)

Pouco posso falar sobre os night-clubs. Esta área é de responsabilidade do Conde di Lido, frequentador diário da noite carioca.


O restaurante Mesbla já foi tema de várias fotos por aqui. A vista era deslumbrante. O Albamar, na Praça XV, também já foi figurinha fácil por aqui e o prédio continua lá. Churrascaria Guacha é a Churrascaria Gaúcha (erro do estagiário e de revisão).


O restaurante do Ouro Verde cheguei a ir nos anos 70. Era muito bom. Au Bon Gourmet estava sempre nas colunas sociais, tal como o Le Bec Fin. O À La Cloche D´Or ficava na Constante Ramos, meu caminho para a praia em frente ao edifício Guarujá, assim como o Al Buon Gustaio, que tinha um luminoso interessante na fachada.

Curiosa a indicação de médicos. O Dr. Kós era famoso. E o Clementino Fraga Filho que conheci era uma renomado médico Clínico-Geral e não dentista.


A Baianinha era muito simpático e os proprietários eram da família Cavour. O Lamas e seu filé à francesa dispensam comentários. Era parada obrigatória. O Chalé tinha garçonetes vestidas de baianas e fazia sucesso. O Rio Gerez, que acho que se escrevia Rio Jerez, foi palco do trágico episódio com Almir Pernambuquinho.


O Grinzing era super-agradável. Lembrava o Bierklause em versão mini. O The Flag era um templo da música, onde brilhavam muitos músicos. Luiz Carlos Vinhas e seu conjunto sempre estavam por lá. Nossa antiga comentarista Beatrice Portinari era frequentadora assídua.



 O Cesare era uma boa opção na saíde de um filme no Caruso. A Cantina Sorrento era palco de muitas comemorações de formatura. No Le Mazot se podia encontrar o Gustavo Lemos. O Chalet Suisse era famoso pelo fondue. O Rincão Gaúcho fazia sucesso entre os tijucanos. As churrascarias faziam sucesso com suas maminhas fatiadas e espetos mistos, precursores do sistema de rodízio. O Sol e Mar era caro e fraco, só o panorama era deslumbrante.

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

HOSPITAL SUL AMÉRICA - HOSPITAL DA LAGOA




Vemos a área do Jardim Botânico e da Lagoa onde se situa o atual Hospital da Lagoa, visto à direita na primeira foto e em destaque na seguinte.

Vemos também o terreno da Sociedade Hípica Brasileira e a ilha onde se situa o Clube Piraquê, sede do Departamento Esportivo do Clube Naval, com uma área aterrada muito menor do que a atual.

Na primeira foto temos uma visão de Ipanema, Leblon e área do Jockey e do Flamengo.

O panorama desta região, na década de 1940, era como vemos na terceira foto. Na última vemos o belo hospital.

Outro dia encontrei um interessante artigo na Internet sobre o Hospital da Lagoa, de autoria de Elza Costeira, Mauro Santos e Ivani Brusztyn. O curioso é que uma das fotografias que ilustra o artigo é exatamente a segunda postada hoje e que foi conseguida pelos autores aqui no “Saudades do Rio” (http://fotolog.terra.com.br/luizd:380 ) e está lá com todos os créditos.

Tomo emprestado partes do texto produzido pelos ilustres professores:

"Em 1952 tem início a construção do Hospital Sul América da fundação Larragoiti, atual Hospital da Lagoa, no Rio de Janeiro. O projeto teve a concepção do arquiteto Oscar Niemeyer em parceria com o arquiteto Hélio Uchôa, jardins desenhados por Roberto Burle Marx e painéis com azulejos concebidos por Athos Bulcão e é tombado pelo INEPAC.

O Hospital da Lagoa está situado no bairro do Jardim Botânico, zona sul da cidade, no quadrilátero formado pelas Ruas Jardim Botânico, Lineu de Paula Machado, J. J. Seabra e Oliveira Rocha.

O Centro Cirúrgico foi implantado no último pavimento e os serviços de pronto atendimento e de diagnóstico por imagem nos pavimentos térreo e segundo respectivamente, configurando a implantação mais abordada para a época, na organização da complexidade e da distribuição dos serviços, e o prédio em questão é considerado um exemplo da arquitetura modernista com sua estrutura sobre pilotis e os brise-soleils presentes na fachada oeste para a proteção da incidência solar.

A primeira dificuldade foi promover a remoção de uma favela, com aproximadamente mil moradores, que ocupava o local da construção. Outro complicador da implantação do projeto foi a característica do solo local, configurado como terreno pantanoso e que exigiu cuidados na elaboração do projeto que contava, inclusive, com pavimento implantado no subsolo.

O Hospital Sul América conta, também, com uma estrutura anexa, de forma livre e escultural, para abrigar a capela do hospital, que estabelece um diálogo com a forma rígida e retilínea da lâmina principal e confere movimento ao desenho do conjunto: O projeto, cujo paisagismo de Roberto Burle Marx foi concebido com seus jardins “inspirados na forma de um embrião" .

Em 1962 o edifício foi adquirido pelo antigo Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários (IAPB). Posteriormente foi integrado à rede do extinto Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) e depois passou para a gestão do Ministério da Saúde. Mais recentemente sua administração alternou-se entre os governos municipal e federal, enfrentando todos os conhecidos problemas da área de saúde no Rio de Janeiro."

 

terça-feira, 6 de outubro de 2020

CLUBE DOS MARIMBÁS






Fundado em 05 de abril de 1932, o Clube dos Marimbás deve seu nome à uma espécie de peixe, o Marimbá (Diplodus argenteus), muito comum à época nas águas em frente à sua sede localizada à beira da praia, no Posto Seis, em Copacabana. Para conseguir o terreno teve a ajuda do Presidente Getúlio Vargas, que passou a ser seu Comodoro de Honra, por título concedido em outubro de 1941.

Foi um dos primeiros projetos de visibilidade de um jovem arquiteto chamado Lúcio Costa, que usou o art-decô antes de virar modernista. Na primeira foto de hoje publicamos o "ante-projecto  para o Club dos Marimbás", de "Warchavchik e Lucio Costa, Architectos".

Warchavchik foi a coqueluche das décadas 30/40. Trata-se de um ucraniano que emigrou para o Brasil e lançou o que chamou a "Casa Modernista". Ipanema contava com vários exemplos de seus projetos. Em Copacabana, bem perto do Colégio Sacré-Coeur  existe uma um tanto ou quanto mexida.

A filosofia do projeto é contar com materiais já existentes no mercado a preços bons. As característicss visuais são linhas simples, ausência de adornos e um telhado (sem telhas), que em caso de necessidade poderia ser adaptado para captação de águas pluviais. Também janelas em basculante. Para "temperar" as linhas retas, uma janela circular. Em lugar de grades em parapeitos, canos conectados uns aos outros.

 Nesse projeto dos Marimbás, podemos notar os canos no parapeito da varanda. O clube fincado nas areias da praia de Copacabana, junto a antiga colônia de pescadores foi construído em um local onde no séc. XIX havia casas de pescadores e hospedarias para romeiros, mas construído após a regularização da orla pelo PA da Av. Atlântica tem cara de ser mais uma daquelas seções de área pública, feitas na primeira metade do Sec. XX, pelas quais 90% dos clubes da cidade conquistaram seu pouso, com a precariedade fundiária se esvaindo pelo passar das décadas. Na realidade há o registro de doação do terreno por Pedro Ernesto por volta de 1933, proezas do tenentismo visto que estamos em plena área de Marinha.

Um dos criadores do clube foi o jornalista Roberto Marinho, que,  além de eminência parda do Brasil por décadas, era nos anos 30 um adepto do estilo “sportsman” pilotando carros de corrida, lanchas velozes, disputando provas de hipismo e praticando a novíssima caça submarina, aliás função primal do clube visto sua excelente localização. E a escolha de Lúcio Costa era muito natural visto que o arquiteto projetava uma casa para o jornalista no Cosme Velho.

O estilo náutico do prédio pode ser visto em outros elementos internos, do então pequeno prédio, como a escada em caracol que ligava os pavimentos, parecia ter sido retirada de um iate, fora os externos como a sequência de escotilhas que ventilavam os toaletes e a primeira cozinha.

A parte de baixo do prédio se destinava à guarda dos barcos e dos equipamentos dos sócios, o do  meio à vida social, com a característica varanda, bilhar, secretaria, estar e uma grande sala de ginástica.

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

COPACABANA - INHANGÁ



 A Primeira foto, garimpada pelo prezado M. Zierer, mostra a Av. N.S. de Copacabana por volta de 1940, na curva com a rua Inhangá.

A primeira rua transversal que vemos é a República do Peru. Notar que, na época, os trilhos dos bondes entravam pelo que se chamava “ramal da Inhangá”, pois os bondes que passavam pelo Túnel Novo seguiam pela Rua Barata Ribeiro até a altura da Inhangá (o Helio Ribeiro poderá confirmar a data exata) e por esta rua acessavam a N.S. de Copacabana. Isto se dava por conta dos obstáculos que existiam na Av. Princesa Isabel. O tráfego de bondes por esta rua até a N.S. de Copacabana somente foi implantado após uma série de demolições.

Ao fundo, à esquerda, vemos a torre da antiga Igreja do Bonfim, em estilo neogótico, na esquina com a Rua Hilário de Gouveia e de frente para a Praça Serzedelo Correia.

Na segunda foto, do húngaro Giorgy Szendrodi, vemos a antiga igreja de N.S. de Copacabana, na Praça Serzedelo Correa, por outro ângulo, por volta de 1970.

Certa vez houve uma discussão entre o Andre Decourt e o Gustavo Lemos, com aquele defendendo que a igreja em algum momento se chamou Igreja do Bonfim e este dizendo que sempre foi Matriz de N. S. de Copacabana.

Segundo Brasil Gerson, a paróquia de N.S. de Copacabana e Santa Rosa de Lima foi criada em 1908 por decisão do Cardeal Arcoverde. Havia no local, desde 1894, uma capelinha na Praça Malvino Reis (depois Praça Serzedelo Correa) construída por devotos da Irmandade do Senhor do Bonfim de São Cristóvão.

Em 1909 começou a construção da Matriz definitiva segundo um projeto do arquiteto Gastão Baiana. É a que aparece na segunda foto.

No início da década de 70 esta bela igreja foi demolida, levantando-se no seu lugar, junto com um edifício comercial para o financiamento de suas obras, uma outra igreja de estilo muito moderno, simples, segundo projeto do arquiteto Maurício Roberto, inaugurada em 1977. Eu acho que a antiga era bem mais bonita.

domingo, 4 de outubro de 2020

COPACABANA







 Ontem o prezado Conde di Lido mencionou a Royal Mail Steam PacketCompany, da qual eu nada sabia. Fui dar uma pesquisada e encontrei o relatado neste “post”.

A Royal Mail Steam Packet Company foi uma companhia de transporte britânica fundada em Londres, em 1839, que tinha o lema “Per Mare Ubique” (“Em todos os lugares por mar”).

Depois de bons e maus momentos, tornou-se o maior grupo de frete do mundo em 1927, quando assumiu a White Star Line. A companhia foi liquidada em 1932.

Foi fundada por James Macqueen com objetivo de realizar serviços postais para a Royal Mail, o correio britânico. Macqueen usou seus contatos no Almirantado Britânico a fim de permitir que sua empresa servisse principalmente Caribe e América do Sul, tornando-se a maior companhia de navegação no Atlântico Sul. Ela também transportava pessoas e produtos e alimentos tropicais através de uma frota de navios de passageiros e carga.

Quanto à área vizinha ao Copacabana Palace, mencionada pelo Conde di Lido, antes da construção do hotel, houve muita polêmica, desde a autorização obtida em fins do século XIX pelo Conde de Lages e seu sócio, Francisco Teixeira de Magalhães para construírem um estabelecimento balneário, um hospital, uma escola primária e secundária e até um jardim zoológico à beira-mar, mas que não deu em nada.

Mais tarde ambos firmaram sociedade com o negociante Alexandre Wagner para formar a Empresa da Copacabana, sempre em litígio com a Botanical Garden Rail Road. Wagner também participou da firma Duvivier&Cia, da qual eram sócios seus genros Otto Simon e Theodoro Duvivier.

A partir da abertura do atual Túnel Velho no final do século XIX houve, realmente, a formação do bairro, da qual participaram Alexandre Wagner, José Martins Barrozo, Figueiredo Magalhães, Theodoro Duvivier, Otto Simon, os Gardone Constante Ramos, Guimarães Caipora, Felisberto Peixoto e os Suzano, proprietários de terras na região.