Hoje é sábado, dia do esquecido
“Fundo do Baú”. Do Helio Ribeiro recebi a foto em P&B e o texto abaixo:
“TEMPO DOS MOCINHOS
Houve um tempo, há muitas
décadas, em que as crianças gostavam de fazer o papel de mocinho. Hoje, preferem
o papel de ladrões (vide GTA), assassinos e bandidos, supervalorizados e
homenageados em filmes, novelas e livros. Sinal da modernidade.
A foto abaixo é dessa
época muito antiga, e mostra eu (do lado esquerdo da foto) e meu irmão, posando
na rua onde morávamos, na Tijuca. Na cintura, porto um cinturão com dois
revólveres e faço cara de mau, ajudado pelo sol que batia de frente no nosso
rosto.
Esse cinturão era fake, porque embora meu sonho de consumo fosse um com dois revólveres, meus pais não tinham dinheiro para comprar isso. Então, peguei dois cinturões com um revólver cada, retirei o coldre de um deles e coloquei no outro. Ficava ao contrário do normal, mas quebrava o galho. Revólver com espoleta era uma decepção. Não funcionava direito.
Meu mocinho favorito era
o Kid Colt. Já meu irmão preferia o Kit Carson.
Minhas primeiras leituras
foram gibis de faroeste: Gene Autry, Roy Rogers, Rex Allen, Cavaleiro Negro, Hopalong
Cassidy, "Aí, mocinho!", Reis do Faroeste, e outros. Kid Colt, Ken
Maynard, Kit Carson e outros não tinham gibis próprios. Creio que Durango Kid
também não. Daniel Boone e David Crocket nunca me interessaram, embora eu não
deixasse de ler suas aventuras, já que gibi comprado tinha de ser lido até o
fim.
Nossos cavalos eram
vassouras, em cujo cabo amarrávamos um barbante a título de rédeas, e
cavalgávamos alegres na rua e, melhor ainda, no enorme quintal de terra do
nosso vizinho, com a parte de piaçava de nossos "cavalos" levantando
poeira. Era a glória!! Quando a vassoura
era de pelo, aí era o máximo, porque levantava ainda mais poeira.
Contraditoriamente, quando
me tornei adulto deixei de gostar de faroeste, e este é um tema de filmes que
nunca me interesso em ver, há décadas. Assisti a alguns clássicos, como
"Os Brutos Também Amam" ("Shane"), "Matar ou
Morrer" ("High Noon"), um ou dois do John Wayne e do Clint
Eastwood, vários da série do Trinity, e um ou outro que já me fugiram da
memória. Os do Giuliano Gemma, não assisti a nenhum. Achava uma heresia
faroeste italiano.”
Para relembrar os ídolos
do Helio consegui fotos de capas de revista daquela época: