Vemos a Rua
Gustavo Sampaio com poucas casas, mas já com um bonde ao fundo. A estação de
bondes do Leme foi inaugurada em abril de 1900, recebendo o bonde que vinha da
Praça Coronel Malvino Reis (atual Serzedelo Correia). A sociedade musical “Flor
de Botafogo”, para honrar o acontecimento, tocou, no local, as melhores peças
do seu repertório. À noite, conta Dunlop, houve iluminação elétrica, um grande
baile popular ao ar livre e vistosos fogos de artifício para comemorar a chegada do bonde ao terminal do Leme.
Neste postal da coleção do amigo Klemar Wanderley vemos a Rua Gustavo
Sampaio, antiga Rua Bernardo de Vasconcelos, aberta em 1881 por Duvivier
& Cia., de acordo com o loteamento oferecido em 1874 por Alexandre Wagner. A
Duvivier e Cia. não era nada mais nada menos que um dos braços da Cia. de
Construções Civis dona de grande parte do Leme e Postos II, III e VI, de
propriedade de Otto Simon, Alexandre Wagner e Theodoro Duvivier. Inicialmente
com o nome de Rua Bernardo de Vasconcelos, cedeu parte de sua extensão para
constituir o início da Av. N. S. de Copacabana e outra parte para constituir a
atual Rua Gustavo Sampaio. O postal deve ser da primeira década do século XX.
Esta
simpática fotografia mostra a Rua Gustavo Sampaio, no Leme, nos anos 10 do
século XX, quando ali passava o bonde elétrico. A transversal em primeiro plano
talvez seja a Rua Antonio Vieira. Curiosamente, nessa época, muitos palacetes
davam frente para a Gustavo Sampaio e não para a Avenida Atlântica. A
explicação seria que a Avenida Atlântica não existia e as pessoas evitavam o
mar. Quando finalmente foi aberta foi espremida entre as casas e a areia e por
isso acabou ficando tão estreita, enquanto que Ipanema e Leblon já foram
urbanizados com avenidas litorâneas largas.
Naquela
época, quem estivesse no centro da cidade, pegava o bonde na Galeria Cruzeiro e
seguia pela Rua São José, Largo da Carioca, Senador Dantas, Passeio, Largo e
Rua da Lapa, Glória, Catete, até o Largo do Machado, onde havia a estação de
bondes da Companhia Jardim Botânico. Às vezes havia uma pequena parada para
engatar um reboque e seguia-se pela Marquês de Abrantes, Praia de Botafogo, Rua
da Passagem e Lauro Sodré. Atingia-se o túnel Novo, então um só, e saía-se na
Rua Salvador Correa e virava-se na Gustavo Sampaio até fazer a volta na Praça
Almirante Julio Noronha.
Conta o Andre
Decourt que Copacabana foi um dos primeiros bairros de arrabalde, junto com
Ipanema, a ganhar iluminação elétrica nas ruas, juntamente com os seus vizinhos
mais populosos Botafogo e Flamengo, todos incluídos no "III Distrito de
Iluminação Pública". Nessa foto vemos já um poste com luminária de arco
voltaico mais atrás e, em primeiro plano, um poste francês a gás, ainda com seu
lampião. Pouco tempo depois os postes ganharam no seu topo algo parecido com um
sifão, ficando assim em alguns lugares por quase 10 anos.
A rua também se
mostra pavimentada, com macadame (reparem a textura) e esse pavimento foi
colocado nas vias principais do bairro entre 1910 e 1912. Já a quantidade de
construções era normal, pois a Gustavo Sampaio era uma das ruas mais ocupadas, a
partir de 1906, pela proximidade direta com o Centro e a a infraestrutura do
Bar da Brahma e alguns hotéis restaurantes e estalagens. No resto do bairro
essa ocupação era ainda mais dispersa.
Outro indicador para datar a foto é que
nos anos 20 já apareceria algum automóvel e nesta foto não há nenhum. Desde
1906 o sistema de esgotos de Copacabana e boa parte de Ipanema já estava sendo
implantado. A elevatória da City na Rua Raul Pompéia começou a operar por volta
de 1909/1910, e outras elevatórias menores foram sendo implantadas no bairro,
funcionando muito bem até a especulação dos anos 50, quando este sistema entrou
em colapso por falta de investimentos e ampliações. Água já havia desde o
século XIX em bicas públicas e em 1904 os imóveis já recebiam nas vias
principais água encanada, que ia sendo fornecida conforme as ruas iam sendo
ocupadas e urbanizadas.