sábado, 8 de maio de 2021

DO FUNDO DO BAÚ - CARTEIRINHAS DE SÓCIO

Carteira de sócio do Botafogo Football Club do pai da Cristina Pedroso. Nesta época ainda não havia acontecido a fusão do Botafogo Football Club com o  Club de Regatas Botafogo, o que viria a ocorrer em 1942. Podemos ver que o pai da Cristina era sócio desde 1938 e que tinha o comprovante de pagamento da mensalidade de outubro de 1941, no valor de 5$000. O escudo do Botafogo Football Club foi desenhado a nanquim por um de seus fundadores, Basílio Viana Júnior. Era um escudo no estilo suíço, tendo todo o seu contorno em preto. Sobre um fundo branco havia o monograma B.F.C. 

Carteira de sócio-atleta do Fluminense Football Club na década de 70. Fernando é um craque no voleibol e até hoje disputa campeonatos de "seniors", sendo inclusive campeão mundial pelo Brasil nesta categoria. 

Vemos a carteira de sócio do pai da Cristina, emitida em 03 de janeiro de 1946, pelo Club de Regatas Guanabara, que foi fundado em 05 de julho de 1899 . O uniforme deste clube é camisa azul com escudo preto e azul no peito. 


Minha primeira carteira de sócio do Flamengo. Depois desta fui sócio-patrimonial, sócio-proprietário e, atualmentem, sócio-remido.

Podemos observar que os modelos de carteira de sócio eram muito semelhantes, com a fotografia presa por um ilhós. Na época o pagamento da mensalidade, para os que o faziam, era precaríssimo, com um cobrador do clube vindo todo mês, de porta em porta, para receber o dinheiro e dar o canhoto que servia de recibo. 

PS: se alguém tiver uma carteirinha destas do Vasco da Gama favor enviar para publicação.

sexta-feira, 7 de maio de 2021

A FONTE DA SAUDADE

 





Há algum tempo uma emissora de televisão fez uma reportagem sobre a região da Fonte da Saudade. Dizia que “quem anda pela Rua Fonte da Saudade muitas vezes nem imagina que a fonte que teria dado nome ao bairro ainda existe e está muito próxima. No processo de urbanização do bairro ela acabou ficando no terreno de um edifício, ao lado da portaria. Simples, revestida por ladrilhos azuis e com uma bonita história de quase 200 anos.”

A reportagem estava completamente errada.

Conta Brasil Gerson que “as primeiras referências à fonte de uma água potável perto da Praia da Piaçaba vêm do início do século 19, quando mulheres que serviam aos nobres moradores de Botafogo lavavam roupas na fonte cantando fados de saudade de Portugal. Daí a primeira denominação da fonte: Fonte das Lavadeiras Portuguesas Saudosas. Que foi pintada por Maria Graham”

Mas a fonte da qual falava a emissora de TV não era esta pintada por Maria Graham.

Meu amigo Hugo Hamann me colocou em contato com sua prima Maria Luiza Hamann que contou a verdadeira história desta “fonte da saudade” que existe atualmente dentro do tal prédio. “Fiquei muito surpresa com a exibição da fonte da casa de meu avô Christiano Hamann como sendo a bica das lavadeiras, o que realmente não procede. Até onde sei foi o nome da rua que inspirou meu avô a batizar sua fonte e não o contrário. Feita sob encomenda a "Fonte da Saudade" da Rua Fonte da Saudade nº 111 teve sua base oriunda da França e seus azulejos de Portugal, tendo sido lá colocada em meados de 1925 quando as obras da casa foram concluídas e a família lá se instalou. Ouví uns poucos comentários sobre a bica das lavadeiras, mas sempre vagos, abordando o tema como lenda ou folclore. Esta fonte é diferente da pintada por Maria Graham.”

Nesta foto, à frente da Fonte da Saudade, segundo a Maria Luiza, vemos da esquerda para a direita, membros da família Hamann:

1-) sentado, meu pai Hermann Hamann; 2-) em pé, meu tio Francisco Negrão de Lima; 3-) sentada, minha avó Eugenia Hamann; 4-) junto dela está o neto caçula Sergio Leonardos Hamann; 5-) também sentada, minha tia Emma Hamann Negrão de Lima; 6-) abraçado a ela Hugo Chistiano Leonardos Hamann, o neto mais velho de meus avós (pai do seu amigo Hugo, e meu primo) 7-) e finalmente em pé, meu avô Christiano Hejn Hamann - o idealizador da Fonte da Saudade da Rua Fonte da Saudade nº 111.



Aspectos da obra de construção da casa da família Hamann por volta de 1925. Típico exemplar de casa neo-colonial, tão em moda no Rio dos anos 20 até o início dos 40. Na região da Fonte da Saudade ainda existem algumas sobreviventes nesse estilo.


Aspectos da obra de construção da casa da família Hamann por volta de 1925. Hoje o prédio que fica no lugar dessa casa é elevado em relação a rua. Há uma aba do Morro da Saudade nesse trecho, que certamente em tempos idos deveria ir até a Praia da Piaçaba, que ocupava esta região da Lagoa, num pequeno recôncavo, hoje totalmente aterrado.

Identificadas pela Maria Luiza vemos 1) Emma Hamann Negrão de Lima, 2) Selda Dutra Hesse, sobrinha de Eugenia Dutra Hamann (minha avó), 3) Agmar Murgel Dutra, irmã de Eugenia Dutra Hamann e 4) Nancy Dutra Hesse, também sobrinha de Eugenia Hamann e irmã de Selda.

Conta a Maria Luiza que "com a morte de minha avó em 1969 seus filhos aguardaram o vencimento do contrato de locação com o colégio Juca e Chico e em 1972 venderam a casa para a Guarantã, uma construtora de São Paulo que acabou preservando uma parte da Fonte da Saudade dos meus avós e instalando-a na entrada do edifício. Entretanto, atualmente, está quase invisível da rua face a modificações feitas no prédio."



Foto de uma festa na casa dos Hamann na Rua Fonte da Saudade. 

quinta-feira, 6 de maio de 2021

JOCKEY CLUB BRASILEIRO



Hoje temos duas fotografias mostrando a sede do Jockey Club Brasileiro, inaugurado na década de 20.

As fotografias foram tiradas praticamente do mesmo ângulo e, provavelmente, pouco período de tempo as separava. 

Na primeira foto podemos observar, em primeiro plano, a entrada da Tribuna Social e, mais além, a Praça Santos Dumont, na Gávea. Ao fundo, as torres da Igreja de N. S. da Conceição, no início da Rua Marquês de São Vicente. Como fica diferente o entorno da praça sem edifícios, só com construções baixas. 

Nasegunda foto 1/2 com mais detalhe o início da Rua Marquês de São Vicente.

quarta-feira, 5 de maio de 2021

HUMAITÁ

 


Bela foto da Rua Humaitá, do ano de 1959, editada pela empresa Mica que produz cartões postais. O posto Esso já não existe há alguns anos, pois foi incorporado à Casa de Saúde São José, mas do outro lado da rua, nas vizinhanças do quartel do Corpo de Bombeiros, ainda sobrevivem muitos imóveis da metade do século passado. O Posto Esso vendia um pão francês semipronto, congelado, que era um pecado. Bastava colocar no forno e, minutos depois, era só partir para o ataque.

À esquerda, toda de branco, provavelmente uma enfermeira da Casa de Saúde São José, e uma carrocinha que vendia frutas, na calçada em frente ao anúncio da Coca-Cola que indicava "Viva São João". Junto ao meio-fio, já na rua, um "burro sem rabo" e, logo após o poste, um automóvel estacionado com duas rodas sobre a calçada. O bonde, com reboque, passa em frente ao imóvel onde funcionou anos depois aquela casa de samba do Sargentelli, Oba-Oba, dos anos 60 aos anos 90.

O prédio onde funciona hoje uma pizzaria, na outra esquina da Rua Viúva Lacerda, aparentemente estava em remodelação. A seguir, o quartel do Corpo de Bombeiros que está lá até hoje. Nesta época e até os primeiros anos da década de 60, tanto a Rua São Clemente como a Rua Voluntários da Pátria tinham mão dupla, o que explica o cruzamento na parte de baixo da foto.

Após o fechamento do Oba-Oba neste lugar funcionou até o início de 2005 a casa de shows The Ballroom. Foi o palco obrigatório das bandas de rock independentes e iniciantes entre os anos 1990 e 2000, chegando inclusive a receber artistas renomados algumas vezes. Nos últimos anos, também abrigava concorridas noites de forró. E chegou a funcionar como restaurante a quilo na hora do almoço. Enfim, um lugar eclético.

O The Ballroom foi um dos símbolos do "baixo Humaitá", "point" nascido nos anos 90, cujo centro é a Cobal, com seus bares e a locadora Cavídeo. E em frente a ele tornou-se célebre o cachorro-quente do Oliveira. Com o fim do Ballroom, as bandas novas ficaram um tempo "órfãs" e surgiram novos palcos pequenos-médios na cidade, como o Teatro Odisséia na Lapa. Depois de muito tempo fechado o Ballroom foi finalmente demolido em novembro de 2005.



Nesta foto, em ângulo invertido, vemos o bonde 26 - Voluntários, na parada de bonde imediatamente antes do quartel do Corpo de Bombeiros, Peço ajuda do Helio, pois não consegui descobrir o itinerário desta linha 26.

terça-feira, 4 de maio de 2021

LOTAÇÕES

Hoje é aniversário de 80 anos de um dos mais antigos comentaristas do “Saudades do Rio”. O prezado Mauroxará, que faz parte de nosso convívio diário com muitos comentários interessantes e que tive o prazer de conhecer pessoalmente na noite de premiação do Concurso Sherlock Holmes, no qual foi um dos ganhadores. Parabéns e muita saúde para ele. 


Esta fotografia do ponto final do lotação Lins-Lagoa, enviada no original pelo Helio Ribeiro, foi colorizada pelo prezado Conde di Lido. Localizado em plena pista da Avenida Epitácio Pessoa, em frente à garagem de barcos do Botafogo, era a condução ideal para ir ao Maracanã. No para-brisas do lotação está escrito:  28 de Setembro, Estádio, Estrada de Ferro, Carioca, Avenida Rio Branco, São Clemente.

Como conta o Mauroxará, no início dos anos 60 a linha LINS-LAGOA possuía lotações MERCEDES-BENZ torpedo com carroceria METROPOLITANA, bem mais bacanas que estes bravos, porém rústicos, CHEVROLET 'Sapo' da foto.  Em geral, tinham apenas uma porta para entrada e saída, e a cobrança era feita pelo próprio motorista. Até o início dos anos 60, não era necessário ser empresário para atuar no ramo, bastava ter apenas uma lotação e obter licença para atuar numa das linhas. 


Vemos a pista da Av. Epitácio Pessoa, ainda não duplicada nos anos 60, em frente à curva da Rua Gastão Bahiana, com um ônibus e um lotação das poucas linhas que serviam à Lagoa. Nesta época, de pouco movimento na Lagoa, neste trecho só passavam três linhas de ônibus: uma era a Rocinha-Mourisco, via Corte; outra a Ipanema-Estrada de Ferro, também via Corte; e a Jacaré-Ipanema, que fazia ponto final na Praça Corumbá, mas não cruzava o Corte. Ia e voltava por Ipanema. Quanto aos lotações, somente duas linhas: a Largo do Machado-Ipanema, circular, e a Estrada de Ferro-Ipanema. 


Vemos um lotação na Av. N.S. de Copacabana em frente ao cinema Roxy. Cada lotação tinha um número na carroceira. Não havia número para a linha naquele tempo. Os proprietários e seus motoristas se referiam aos carros por este número. A passagem era paga ao próprio motorista, que entregava uma ficha colorida ao passageiro, conforme o percurso pago. A ficha, quando não era roubada pelo passageiro, era depositada numa caixa coletora na hora de descer. 


O lotação (sempre me referi como palavra masculina, embora veja em alguns textos  escrito como “a lotação”). Está em frente à PUC, na Rua Marquês de São Vicente, na Gávea, em 1968. Eram tempos mais tranquilos quando o lotação trafegava sem problemas pela Rocinha, como se pode ver no itinerário escrito no vidro (Rua Dois).

Vemos o interior de um lotação. Os avisos são: "É proibido conversar com o motorista", "Preço Único $ 5,00" e "Lotação 19 Passag.". O trajeto, escrito no vidro dianteiro, indicava: "Copacabana", "Túnel Novo", "Barata Ribeiro", "Ipanema", o que indicava que a linha era, provavelmente, a "Estrada de Ferro - Leblon". Em primeiro plano vemos a caixa coletora. Aquele assento ao lado do motorista propiciava grandes emoções.


segunda-feira, 3 de maio de 2021

REAL GABINETE PORTUGUÊS DE LEITURA

Em 14 de Maio de 1837, um grupo de 43 emigrantes portugueses do Rio de Janeiro reuniu-se na casa do Dr. António José Coelho Lousada, na antiga Rua Direita (hoje Rua Primeiro de Março), nº 20, e resolveu criar uma biblioteca para ampliar os conhecimentos de seus sócios e dar oportunidade aos portugueses residentes na então capital do Império de ilustrar o seu espírito.

O Gabinete Português de Leitura teve a sua primeira sede no sobrado do nº 83 da Rua de São Pedro e, em 1842, se transferiu para a Rua da Quitanda, onde ocupou um prédio de três pavimentos, de fachada azulejada e beiral de telhas de canal esmaltadas em Alcobaça.

No entanto, o espaço necessário para guardar os numerosos livros que possuía tornou-se exíguo e, em 1850, a diretoria viu-se obrigada a procurar novo abrigo, na Rua dos Beneditinos.

Como a biblioteca não parasse de aumentar, este edifício acabou por deixar de atender às exigências da associação, sendo então adquirido em 1876 um terreno na Rua da Lampadosa, atual Rua Luís de Camões para a construção de nova sede, onde funciona até hoje.

Reparem que não havia o "Real" no título do frontão. O título "Real" só foi outorgado pelo Rei de Portugal em 1906. O interessante é que Portugal tornou-se república em 1910, mas o título ficou. O Real Gabinete é a maior biblioteca de autores portugueses fora de Portugal.

Foto de Marc Ferrez, de 1895, colorizada pelo mestre Reinaldo Elias.


Em 10 de Junho de 1880, tricentenário da morte de Luis de Camões, com a presença do imperador D. Pedro II, do ministro do Império Barão Homem de Mello e do Presidente da Câmara Municipal Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, é lançada a primeira pedra para a construção da nova sede do Gabinete Português de Leitura. O projeto escolhido foi o do arquiteto português Rafael da Silva Castro, com seu traço neomanuelino a evocar a epopeia camoniana.

O edifício, primeira construção no Brasil com estrutura em ferro , importado da Europa, tem toda a sua fachada erigida em pedra de lioz vinda de Portugal, com estátuas de Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, do Infante D. Henrique e de Luís de Camões sobre as mísulas da fachada. Foi inaugurado em 10 de Setembro de 1887, com a presença da Princesa Isabel e do Conde D’Eu. Os trabalhos de construção tinham sido dirigidos pelo arquiteto Frederico José Branco e as pinturas e decorações em relevo estiveram a cargo do artista Frederico Steckel. O RGPL funciona como Museu, Biblioteca totalmente informatizada, com um acervo de 350.000 publicações, Centro de Estudos Multimídia, Centro Cultural e Polo de Pesquisas.


O belíssimo Real Gabinete Português de Leitura é um prédio estilo neo-manoelino, que se caracteriza pela exuberância plástica, o naturalismo, a robustez, a dinâmica de curvas e o recurso a motivos inspirados na flora marítima e na náutica da época dos Descobrimentos. Visitar suas suntuosas instalações é um ótimo programa no Rio de Janeiro.


O prédio está bem conservado, tanto em suas fachadas quanto em seu interior. 


Um aspecto do interior do Real Gabinete Português de Leitura, local que a maioria dos cariocas não conhece. 

domingo, 2 de maio de 2021

PRAÇAS

Este menino, um grande amigo já falecido, monta a cavalo, por volta de 1935, em plena Praça Serzedelo Correia, em Copacabana. O bairro era muito tranquilo e esta cena, hoje imaginável, era comum nos domingos do bairro.

Poucos anos depois havia cavalos na Praça do Lido. Eu peguei o tempo, lá pelos anos 50, quando os passeios a cavalo se davam na Praça Edmundo Bittencourt, no Bairro Peixoto. A volta pequena era em torno da própria praça e a volta grande era subindo a Décio Vilares e a descendo pela Maestro Francisco Braga até chegar de novo na praça.


Mas os cavalos mais “famosos” da Zona Sul eram os do Jardim de Alá, que ali ficaram até o início da década de 60.