sexta-feira, 1 de outubro de 2021

BONDE 13


Recebi do Joel Almeida o seguinte email: “Estou encaminhando para o seu arquivo uma foto do bonde 13 circulando na Rua General Polidoro entre Setembro de 1962 e Março de 1963. Como é sabido, esse trajeto alternativo foi adotado no período citado em razão da implantação dos Trolley-buses para Copacabana que circulariam no Túnel Novo. Como esse assunto causou em passado recente uma certa polêmica já esclarecida no SDR, essa é mais uma evidência daquela realidade. 

Cordialmente”

Lembrei-me que a foto já tinha sido publicada no “Saudades do Rio”, no tempo do Terra, em 23/11/2011. E vale a pena ser postada novamente.

Vemos o bonde 13 fora do seu trajeto original, como apontado pelo Joel, passando em frente ao portão principal do Cemitério de São João Batista. Destaca-se o anúncio dos cigarros Mistura Fina. Aparentemente já está instalada a rede para os ônibus elétricos.

Tenho um amigo que diz que o primeiro sinal de decadência de uma empresa é ver persianas em mau estado - se esta hipótese for verdadeira as janelas da sala de administração do cemitério previam um futuro muito ruim.

Na Rua General Polidoro, que nesta época tinha mão dupla como suas paralelas Voluntários da Pátria e São Clemente, o trânsito para Copacabana estava todo engarrafado. Junto à entrada um solitário Dauphine (pelo sol que estava fazendo o proprietário vai ser fritado quando sair do enterro). Na rua um Morris Oxford e, talvez, um Fusca. Característica daqueles tempos, na falta de ar-condicionado, o vidro aberto e o braço para fora do carro. No outro sentido o bonde segue tranquilamente para a "cidade".

Segundo o Helio Ribeiro a foto é do dia 28/02/1963. No dia seguinte a linha Ipanema foi desativada. Como disse a tya Alcyone a foto é perfeita para o último dia da linha do bonde 13. Na porta do cemitério.

quinta-feira, 30 de setembro de 2021

VELHOS TORCEDORES





Houve um tempo em havia muito menos violência e um futebol de melhor qualidade no Rio. As torcidas dos principais clubes da cidade eram comandadas por verdadeiros torcedores e não como estes de hoje, com interesses escusos e uma violência tremenda.

Tínhamos a famosa "Charanga do Jaime de Carvalho" (Flamengo), a torcida do Botafogo comandada pelo Tarzan, a do Vasco da Gama pela Dulce Rosalina e o Ramalho, com seu talo de mamão, além do folclórico Careca, com seu "pó de arroz" à frente da torcida do Fluminense.

Observe-se que naquela época, o símbolo do Flamengo ainda era o Popeye, o do Botafogo era o Pato Donald, o do Vasco, o tradicional almirante português, o do Fluminense, a figura de fraque e cartola, o do América, o diabo.

A “Charanga do Jaime” começou em 1942 com uma bandinha e a faixa “Avante, Flamengo”. Era proibido gritar ofensas e palavrões contra os jogadores – só valia torcer a favor. Esta charanga no “Samba Rubro-Negro”, de Wilson Batista, aquele que, depois de dizer “Flamengo joga amanhã, eu vou pra lá / Vai haver mais um baile no Maracanã”, também decretava: “Pode chover, pode o sol me queimar / Eu vou pra ver a Charanga do Jaime tocar”.

Otacílio Batista do Nascimento, o “Tarzan”, foi um chefe de torcida do Botafogo, do Rio de Janeiro, nos tempos gloriosos do clube da estrela solitária. Nasceu em Minas Gerais em 1927 e faleceu no Rio

Dulce Rosalina, que em 1956 tornou-se a primeira mulher a ser líder de uma torcida organizada no Brasil. Aos 22 anos, ela assumiu a presidência da "Torcida Organizada do Vasco", mais conhecida como TOV, e fez história. Na gerência da agremiação, introduziu a bateria e o papel picado nas festas nos estádios do país.

Guilhermino Destez Santos, funcionário público estadual e corretor de imóveis era o Careca, o "Careca do Talco", um personagem lendário da torcida tricolor.

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

LEME

Do sempre atencioso e ilustre colaborador do “Saudades do Rio”, Maximiliano Zierer, recebi o e-mail abaixo, juntamente com as fotos que ora reproduzo. São estupendas. Essas fotos familiares nos permitem viajar no tempo.

 “Boa Tarde Dr. Darcy,

 Creio que vale a pena divulgar no SDR:

O David Groisman recebeu essas fotos inéditas de um palacete no Leme e divulgou no seu próprio Facebook, no álbum “Leme Antigo”. Quem enviou as fotos foi o bisneto do proprietário. Há inclusive algumas fotos internas, o que é raro. Eu acrescentei para o álbum do David Groisman mais 3 fotos do Augusto Malta com o mesmo casarão.

Casarão na Av. Atlântica esquina com a Rua Aurelino Leal, no Leme. Pertencia à família Nina Ribeiro. O casarão foi construído por Emilio Malcher Nina Ribeiro (falecido em 1926), bisavô do rapaz que cedeu essas fotos. A casa foi construída em 1918 e demolida em 1946. No local foi construído o Edifício Terramarear, número 514 (antigo Av. Atlântica 70). As fotos são do final da década de 1910. 

Das fotos do Augusto Malta, há uma com o casarão em final de construção (lado esquerdo) em 1918, e podemos ver que no segundo pavimento, no lado esquerdo, havia dois operários trabalhando sobre os andaimes, junto ao telhado. Outra foto mostra os estragos da ressaca do ano de 1919 na Av. Atlântica, com o casarão à direita. A terceira foto foi tomada pelo Malta do alto do morro do Leme e eu destaquei com um círculo vermelho a posição do casarão na orla do Leme, foto de 1918-19.

Na foto recente (google street view, 2019), o  Edifício Terramarear está no centro da imagem, e no seu térreo há o Boteco Belmonte.

Informação relevante: o engenheiro que projetou esse casarão, o Heitor da Silva Costa, foi o mesmo da estátua do Cristo Redentor! O Cristo Redentor foi concebido pelo Heitor S. Costa e construído em colaboração com mais dois franceses, o escultor Paul Landowski e com o engenheiro Albert Caquot.

Há braços”











A residência tinha frente para a Rua Gustavo Sampaio, lado para a Rua Aurelino Leal e fundos para a Avenida Atlântica. Construída em 1918 pelo arquiteto Heitor da Silva e pelo Mestre-Engenheiro Mignani, foi demolida em 1946. Em estilo neo-florentino tinha uma abertura central, um “solarium” descoberto, cercado de jardins e colunas de mármore.

terça-feira, 28 de setembro de 2021

TIJUCA

Hoje temos fotos familiares (daquelas encontradas em gavetas ou álbuns esquecidos) da Tijuca, enviadas pelo Sergio Baena. Nesta primeira vemos a Praça Saenz Peña. A partir de 1911, o antigo Largo da Fábrica das Chitas foi rebatizado como Praça Sáenz Peña, em homenagem a um presidente argentino. O novo logradouro foi inaugurado pelo prefeito do então Distrito Federal, Bento Ribeiro, tendo a praça ganho, à época, o seu primeiro projeto paisagístico, de inspiração francesa.



O menino que aparece nas fotos é um primo do Sergio Baena. Brinca no balanço. Ao fundo vemos o Cinema Olinda, na Praça Saenz Peña nº 51. Chegou a ter 3500 lugares. Foi o maior cinema do Rio ao longo de cem anos de exibição cinematográfica.


Outro aspecto da Praça Saenz Peña, ponto de encontro dos moradores do bairro. Vários cinemas, comércio, a maior concentração do mundo de consultórios de ginecologistas por metro quadrado, tinha pontos comerciais que eram lendários, como o Café Palheta.

Um dos tradicionais cartazes do Rotary Club, que ficavam espalhados por vários bairros do Rio. Nas mãos do menino um exemplar da Revista do Esporte, com um craque vascaíno na capa.


As ingênuas comemorações na Praça Saenz Peña pela conquista da primeira Copa do Mundo pelo Brasil, ao vencer a Suécia por 5 x 2, em Estocolmo, em junho de 1958. Em qual cinema passava o filme "SOS Noronha", uma produção francesa do diretor Georges Rouquier, estrelada por Jean Marais, Daniel Ivernel, Yves Massard, Vanja Orico, José Lewgoy e Ruy Guerra.? No Carioca? Provavelmente os mergulhadores se machucaram ao cair neste laguinho.


 Nesta foto podemos ver, se procurarmos bem, nosso comentarista Menezes comemorando com o tio a vitória do Brasil. Ao fundo uma loja Ducal. Pergunta para obiscoitomolhado: o Chevrolet com pneus banda branca poderia ser um táxi? Esta era a pista em direção ao Centro. A Ducal ficava quase ao lado do cinema Olinda que hoje é o Shopping 45. O paredão à direita seria a empena do Cinema Olinda.

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

PELÉ NO RIO

Pelé era figura fácil no Rio nos anos 60, principalmente. O Santos tinha o Maracanã como sua segunda casa e era um prazer ver as exibições daquele timaço e também dos jogos de Pelé pela seleção brasileira.

Este é um dos cartazes da Secretaria de Turismo do Estado da Guanabara, produzido para divulgar o IV Centenário da Cidade, em 1965. Apresenta um jovem Pelé, com a antiga camisa da seleção brasileira (então bicampeã mundial), com o escudo da CBD (Confederação Brasileira de Desportos) e com uma bola G-18 (sonho de consumo de todos os "peladeiros"). À esquerda, na parte de baixo, o logotipo do IV Centenário. 


Presente a um jogo entre as seleções da Guanabara e de São Paulo, realizado durante uma sua visita ao Brasil em 1968, a Rainha Elizabeth II da Inglaterra, entrega a taça a Pelé, capitão do time paulista que venceu por a partida por 3 x 1, sob o olhar de Negrão de Lima.

Era comum o time do Santos se concentrar em Copacabana. Nesta foto vemos Pelé, tendo à direita o ponta-esquerda Pepe e, à esquerda, de perfil, o goleiro Gilmar. A foto é perto da Rua Princesa Isabel, no início dos anos 60. Talvez estivessem no Hotel Plaza, um dos hotéis que mais recebia delegações de futebol.

Vemos foto de Alberto Ferreira imortalizando o gol de bicicleta de Pelé em 1965 no Maracanã, em jogo contra a Bélgica. Também aparece o centro-avante Flávio, do Internacional, Corinthians e Fluminense, e que tinha o apelido de “Minuano”. A Shell, para propaganda, fez um daqueles plásticos que se colavam no para-brisa dos automóveis nos anos 60 com a reprodução desta foto. Não encontrei um deles na internet.


Pelé nos anos 60 olhando uma “pelada” no Aterro do Flamengo. Certamente o Santos estava concentrado no Hotel Novo Mundo, outro hotel preferido das delegações dos clubes que vinham jogar no Rio.


 Pelé com Ursula Andress em um baile de carnaval. A fama tem vantagens.

domingo, 26 de setembro de 2021

A ARTE DO NICKOLAS

Esta foto é histórica, pois foi a primeira do Nickolas publicada no “Saudades do Rio” em março de 2010. Veio acompanhada do seguinte bilhete:

"Olá, sou um frequentador assíduo dos fotologs do Rio antigo e como tenho bastante interesse no tema passei a colorir fotos como passatempo. Gostaria de compartilhar o meu "trabalho" com todos vocês. Não quero fazer concorrência com o Conde di Lido, não, longe disso Enfim, espero que gostem!".

Vemos na foto acima o belo aspecto da Cinelandia, com destaque para o Teatro Municipal.

Com o tempo o Nickolas foi se aperfeiçoando e hoje tem um estoque estupendo de lindas fotos colorizadas do Rio, que podem ser observadas, além de nos “blogs”, no Facebook “Passado a Cor” (algumas delas reproduzidas abaixo).