sábado, 2 de abril de 2022

DO FUNDO DO BAÚ - ARTISTAS


 Hoje é sábado, dia da série "DO FUNDO DO BAÚ".

E como o tempo passa: quase todos estes jovens aí de cima já morreram ou já, cheios de rugas, ultrapassaram os 80 anos.

Era uma alegria vê-los nos cinemas de rua como o Miramar, o Leblon, o Astória, o Bruni-Ipanema, o Pax, o Pirajá, o Ipanema, o Alvorada, o Caruso, o Alaska, o Royal, o Bruni-Copacabana, o Metro, o Roxy, o Rian, o Ritz, o Ricamar, o Art-Palácio, o Copacabana, o Flórida, o Paris-Palace, o Danúbio, o Ópera, o Coral, o Scala, o Bruni-Flamengo, o Botafogo, o Guanabara, o Condor (Copacabana e Largo do Machado), o Paissandu, o São Luiz, o Vitória, o Odeon e tantos outros.

Eram tempos dos lanterninhas, das bombonnières, dos bebedouros com água gelada, dos jornais cinematográficos como o "Atualidades Atlântida", o "Actualités Françaises", o "Canal 100" e dos documentários do Jean Manzon.

Eram tempos das sessões com horário de 2-4-6-8-10 ou 14 - 15,40 - 17,20 - 19 - 20,40 - 22,20.

Eram tempos em que, por ser proibido a menores de 14 anos entrar sozinhos em cinemas, tínhamos que ficar junto à bilheteria e pedir para entrar junto com algum adulto, e de termos que falsificar a idade na carteira de estudante para garantir a entrada em filmes proibidos para nossa faixa etária (era uma vergonha, que todos temiam, ser barrado pelo porteiro e ter que voltar à bilheteria para receber o dinheiro de volta...).

Era uma liturgia ir ao cinema. Esperar na fila, comprar a entrada, comprar drops "salva-vidas" (ou Dulcora), entrar rápido para escolher o melhor lugar, paquerar quem estava na sala, esperar a luz apagar (sempre com atraso), fazer shh shh shh para espantar o condor, ouvir a voz empostada do locutor dos jornais, ver os “trailers” e, finalmente, assistir ao filme tão aguardado.

Eram tempos que não voltam mais.

PS: qual era seu filme predileto com cada um desses atores? Escolha difícil, pois cada um deles fez vários filmes inesquecíveis.

Por vários motivos aqui vão meus escolhidos:

Alan Ladd – “Shane”.

Audrey Hepburn – “My fair lady”.

Burt Lancaster – “Sem lei e sem alma”.

Ava Gardner – “Sete dias de maio”.

Clark Gable - não é do meu tempo...

Brigite Bardot – “E Deus criou a mulher”.

Glenn Ford – “Gatilho relâmpago”.

Claudia Cardinale – “O Leopardo”.

Gregory Peck – “O sol é para todos”.

Grace Kelly – “Janela indiscreta”.

James Dean – “Juventude transviada”.

Kim Novak – “Um corpo que cai”.

Paul Newman – “Butch Cassidy”

Gina Lollobrigida – “Cleopatra”

William Holden – “Meu ódio será sua herança”

 Romy Schneider – “O último trem”

 

sexta-feira, 1 de abril de 2022

FONTE RAMOS PINTO

Conta o Andre Decourt: "Num distante início do século XX vemos as solenidades para a inauguração da fonte Ramos Pinto na Glória. Segundo Luis Edmundo o Brasil era um dos maiores importadores de vinho do mundo, com milhões de litros importados por ano de todas as variedades, do Porto ao mais desqualificado tinto.

Um símbolo desse lucro todo é a fonte Ramos Pinto, construída em mármore pelo famoso escultor Rodolfo Bernardelli e doada à municipalidade.

Sobre a fonte há uma história engraçada: pouco antes de sua inauguração descobriu-se que uma das figuras que ornamentam a fonte, uma ninfa, tinha suas nádegas nuas expostas bem no meio da obra de arte. Protestos de setores conservadores fez com que os escultores adaptassem uma espécie de túnica solta ao bumbum da moça.

A fonte Ramos Pinto originalmente ficou no Largo da Glória, quase na entrada da Rua do Catete, pouco depois ela foi deslocada um pouco mais junto à entrada da via e, já no final dos anos 40, devido a obras viárias no local, foi retirada e colocada entre as duas galerias do recém-duplicado Túnel Novo, onde não se destaca."

 

Neste postal do acervo do Tumminelli vemos fonte Ramos Pinto ainda no seu local original, na Glória.

É interessante notar que a legenda do postal está errada, no lugar da palavra "fonte" está impressa "ponte".

Do casario na foto nada mais existe, só a igreja, o belíssimo Outeiro da Glória, na parte superior da foto. 

Esta foto foi garimpada pelo Nickolas e publicada em 23/11/2015 no “Saudades do Rio”. De lá pincei o comentário abaixo, acho que do Francisco Patrício:

“A tão mal tratada fonte Ramos Pinto foi inaugurada na Glória (mais precisamente no Largo Visconde do Rio Branco) na presença do ótimo Presidente Rodrigues Alves.

 A Casa Ramos Pinto, de propriedade do Sr. Adriano Ramos Pinto era uma pequena empresa em Portugal de Vinho do Porto. Todavia no Brasil foi a pioneira na comercialização deste vinho fermentado com aguardente e, também, durante muitos anos a única que tinha representação no Brasil. O sucesso comercial foi extraordinário, sendo a expressão “Ramos Pinto” sinónimo de Vinho do Porto, inclusive este último termo era quase desconhecido – se pedia um “Ramos Pinto”. Espantosos e extremamente raros são seus cartazes originais no mais puro estilo art-noveau, onde aparece aquela castiça frase: “Os Quinados de Adriano Ramos Pinto são um regalo”.

Sou um fanático por vinhos do Porto como qualquer bom português, que se preze, deve ser. Asim sendo tenho, entre outras preciosidades, dois Vintages Ramos Pinto 1917 além de um cartaz original de 1900/05 que posso fotografar e enviar para que todos possam apreciar.”

Também anotei um comentário que tem todo jeito de ser de obiscoitomolhado: “Temos um Chevrolet 51-52, um Mercedes da mesma faixa e um Fusca. A mim, o óculo traseiro do fusca parece bem maior que o oval tradicional, o que jogaria o ano da foto acima de 57. não deu para distinguir o modelo exato do Mercedes, pode ser um 170S, ou uma 220. A Mercedes-Benz é uma 170S, a gasolina, produzida entre 1949 e 1951. Deu para ver as dobradiças da mala, externas e cromadas, que identificam o modelo, que não saiu a Diesel e nem com o motor 220. O Chevrolet, saia e blusa, é 1951 e o Fusca, de 57 em diante, com aqueles para-choques reforçados que foram lançados aqui. Mas parece que a linha aérea de alimentação dos bondes está lá, bem como o que parece ser um desnível dos trilhos.”

 

quarta-feira, 30 de março de 2022

FREGUESIA DA GÁVEA

Este era o aspecto da região da área da Freguesia da Gávea no final dos anos 60, vendo-se a Lagoa, Leblon e Ipanema.

A Rua Mario Ribeiro havia sido aberta separando o Jóquei Clube do Flamengo, fazendo a ligação da Lagoa com o Leblon. A favela da Praia do Pinto estava para ser removida e a Borges de Medeiros finalmente contornaria a lagoa, unindo Ipanema/Leblon ao Jardim Botânico.

A política de remoção das favelas estava a pleno vapor.



A população do Leblon ansiava, quase em sua totalidade, pela remoção da favela.



Nesta foto (todas são do acervo do Correio da Manhã) vemos a Rua Fadel Fadel em 1972, com os blocos de apartamentos já construídos, mas ainda com muito lixo na vizinhança. É a rua onde ficaria a Cobal e seriam construídas duas praças (a Claudio Coutinho e a Ministro Romeiro Neto).

A grande maioria dos prédios da Selva de Pedra foi concluída até o final de 1973, sendo que talvez o último, nesta Rua Fadel Fadel foi terminado em 1976. Foram várias as construtoras que atuaram neste local como a Gomes de Almeida, Hindi e João Fortes.

OBS: Há diversos relatos sobre a remoção da favela da Praia do Pinto, com números divergentes. Seguem alguns desses relatos que encontrei na Internet:

Conta Mario S. Brum que “com a instauração da Ditadura Civil-Militar, em abril de 1964, foi implementada uma política sistemática de erradicação das favelas. Este período pode ser caracterizado como a ‘era das remoções’, quando a política de segregação espacial da cidade tomou proporções inéditas com a remoção de favelados das áreas centrais da cidade e sua transferência para terrenos vazios na periferia, a algumas dezenas de quilômetros do centro da cidade e de seus antigos empregos. Mais do que simplesmente acabar com as favelas na Zona Sul da cidade, o programa “remocionista” estava inserido numa lógica de planejamento urbano que vinha sendo debatida desde a década de 1950. No entanto, foi a partir de 1968 que o programa “remocionista” ganhou ímpeto com a criação da CHISAM (Coordenação de Habitação de Interesse Social da Área Metropolitana) através do Decreto Federal n.º 62. 654, em 03/05/1968, vinculada ao Ministério do Interior, juntamente com o BNH, com a autarquia assumindo o controle direto de vários órgãos do governo do Estado da Guanabara.”

Janice Pearlman assim fala sobre a favela da Praia do Pinto: “Uma das mais famosas favelas da Guanabara. Situada em área do Estado, em um dos locais mais valorizados da Zona Sul, apresenta chocante contraste com as construções do bairro. Deverá ser totalmente erradicada e seus moradores irão para o Conjunto de Cordovil, Cidade de Deus e outras habitações existentes, cedendo a área para a abertura de ruas e avenidas, reservando-se os quarteirões que se formarem para a comercialização com entidades privadas, aplicando-se os recursos em novas habitações para os próprios favelados."

Todavia, os 7.000 moradores da Praia do Pinto recusaram-se, espontaneamente, a sair da favela e ser transferidos. Durante uma noite, um incêndio "acidental" alastrou-se pela favela: apesar de muitos moradores e vizinhos alarmados terem chamado os bombeiros, estes, evidentemente cumprindo ordens, não apareceram. Pela manhã, quase tudo tinha sido arrasado. Muitas famílias não conseguiram salvar nem seus parcos haveres, e os líderes da "resistência passiva" desapareceram completamente, deixando suas famílias em desespero. No local, construíram-se prédios de apartamentos.

Licio Valladares comenta que “a Praia do Pinto era uma favela bem maior, contando com cerca de 15.000 habitantes em 1969. Os preparativos de sua remoção tiveram início algumas semanas após a operação de remoção da favela da Ilha das Dragas. A resistência aí manifestada não teve a mesma forma organizada da Ilha, desde que a Associação de Moradores não assumiu, oficialmente, posição hostil à ação governamental e nenhuma palavra de ordem foi dada. Ao se iniciarem os preparativos da remoção veio o "aviso" de que não se toleraria qualquer mobilização: um incêndio, cuja origem nunca foi devidamente esclarecida, tomou de surpresa os próprios favelados, deixando perto de 5.000 ao desabrigo e destruindo 1.000 barracos de famílias que ainda esperavam a data da remoção. Esta teve que se antecipar, não seguindo o plano previsto, e as famílias foram removidas para vários conjuntos (em particular, Cidade Alta e Cidade de Deus) e, em caráter provisório, para os vários abrigos da fundação Leão XIII.


terça-feira, 29 de março de 2022

GREVES

Hoje temos uma greve programada para os ônibus no Rio. É um setor, há décadas, muito problemático, que presta um serviço sofrível. Mais uma vez a população vai ter muitas dificuldades de locomoção.


                                 Nenhum ônibus no ponto da Praça Mauá.

     Antigamente, quando havia greves, caminhões tentavam ajudar o povo.

             Os bondes circulavam com PMs para evitar a ação dos piquetes.


             Filas imensas causadas por uma greve das barcas Rio-Niterói.



Greve de ônibus e lotações deixam os bondes como opção de transporte.


        Greve de bondes causa tumulto diante da garagem dos bondes.

segunda-feira, 28 de março de 2022

COLÉGIO MILITAR

Em 1889, oito meses antes da República, foi instalado o primeiro Colégio Militar brasileiro, dedicado sobretudo à educação dos filhos dos oficiais do Exército. Em 09 de março de 1889, Sua Majestade, o Imperador Dom Pedro II, dispôs-se a assinar o importante Decreto de nº 10.202 que aprovou para o Imperial Colégio Militar o seu primeiro regulamento. Sua divulgação ocorreu em 05 de abril de 1889 por intermédio da Ordem do Dia para o Exército de nº 2251.

A ânsia do Ministro da Guerra, Thomaz Coelho, de colocar em funcionamento o Colégio, levou-o a fazer, em 07 de abril de 1889, sua primeira visita oficial ao Palacete da Baronesa de Itacurussá, cujo terreno fazia esquina com as ruas São Francisco Xavier e Barão de Mesquita, e se prestava a servir de sede do Colégio Militar.

Em 29 de abril de 1889, foi lavrada a escritura de compra e venda do Palacete da Babilônia.

Por fim, no começo de maio de 1889, dois avisos importantes do Ministério da Guerra: o do dia 02, concedia licença aos candidatos inscritos para serem matriculados e o do dia 04 determinava que a abertura das aulas se realizasse dois dias depois.


TRANSCRIÇÃO DA ESCRITURA DE COMPRA DO TERRENO DO COLÉGIO MILITAR