As fotos de hoje são do famoso e saudoso “Postinho”, um posto de
gasolina da Esso que ficava na esquina da Av. Vieira Souto com Av. Epitácio
Pessoa, no Jardim de Alá. Os antigos moradores da Zona Sul certamente têm muita
saudade dele. O nosso prezado Conde di Lido chegará às lágrimas.
O posto mereceu um “post” do Decourt, que replicou uma crônica do Jason
Vogel que, resumidamente, descrevo a seguir:
“O Postinho, na esquina de Vieira Souto com Jardim de Alah, começou a se
tornar ponto de encontro da turma que gostava de carros no começo dos 50. Na
época, o Circuito da Gávea (corrida pelas ruas do Leblon e da Rocinha) ainda
era uma prova do automobilismo internacional e a área era muito menos
movimentada do que hoje. Pois uma turma se reunia no posto – que sempre teve
bandeira da Esso – e daí saía pra medir forças. Muitas vezes, usavam o próprio
percurso do Circuito da Gávea para avaliar a preparação dos motores ou apenas
correr por um pouco de adrenalina.
(...)
O pessoal se reunia no canteiro do Jardim de Alá, bem na
frente do Posto – não era raro juntarem-se aos carros muitas motos. Em tempos
de plena liberdade sexual, havia moças que ficavam sentadas no muro, doidas por
um passeio de moto que invariavelmente terminava no Motel Tokio, o mais barato
da Barrinha.
(...)
O velho Postinho já com sua arquitetura da década de 40
descaracterizada, resistiu bravamente à especulação imobiliária, mas como não
foi tombado, foi demolido para a construção de um prédio de apartamentos de
luxo, na primeira década deste século.
Anúncio do Postinho, cujo endereço era Av. Epitácio Pessoa nº 6.
A fotografia foi publicada n´O Globo e mostra o aspecto do posto em 1952. Terá sido o prezado obiscoitomolhado frequentador deste posto?
Outro “post” do Decourt: “Vemos como o posto era interessante, tinha
estilo neo-colonial muito em voga naquela época, e o mais interessante é quase
um irmão gêmeo dos prédios mais antigos do clube Caiçaras, essa foto deve ser
entre 1946 e 1953, primeiro porque há uma geladeira de Coca-Cola e ela só
começou a ser vendida aqui maciçamente após a guerra sendo meu avô um dos
primeiros químicos industriais da empresa no Brasil, e no máximo em 1953, pois
bem no extremo esquerdo da foto vemos um pedaço de um poste de iluminação
pública, ainda pintado de preto e temos aqui no arquivo de família várias fotos
do Jardim de Alá, a partir de 1953, onde os postes já são pintados de
cinza-claro.
Post do
Decourt: "Foto de 1968 enviada por Francisco Muniz. Foto tomada do pátio do posto em direção À Av. Vieira Souto e, logo
após o canal, a Delfim Moreira. Podemos ver o velho urbanismo da orla de Ipanema
e Leblon, canteiros centrais baixos, com calçadas e jardins. Entre o fusca branco e o frentista da esquerda, com esforço, se pode ver o marco da inauguração das duas avenidas da praia. O frentista da direita abastece um Aero-Willys.
O Conde di Lido conta: “Guardo na lembrança momentos incríveis
vividos no Postinho no início da década de 60. Ficávamos horas fazendo ou vendo
os amigos fazerem a “curva do postinho” que era entrar no Jardim de Alá vindo
da Vieira Souto. Era um tempo de fartura e, não raro, a gente gastava um jogo
de Pirelli Cinturatto por mês nos nossos Fuscas, DKW, Karmann Ghias etc…
Onde andarão os meus amigos daquela época? Marcio Cambalhota, Tartaruga, Hélio e Décio Mazza,
Paulo Cesar Simas, Mariozinho Kroeff, Dadinho Marcondes Ferraz, Caio Mauro, Emanuel
da auto eletro, Norman Casari, Márcio Braga, Fidelis Amaral, Claudio Lins,
Arditti , Theodoro Duvivier… Sei que alguns morreram, porém nem todos
conseguiram."
Transcrevo, também, resposta do Gustavo Lemos a este
comentário: "Conde, conheço quase todas as pessoas que vc citou e ainda
tem mais: Amaury Mesquita, Roberto Ebert, Abelardo Milanez, Castrinho, Jorge
Mourão, Biju, Mário Maluco, Neville Larica, Fernando Tavares e muitos outros. O
Dadinho era meu primo e faleceu há três anos. O Arditti a que vc se refere é o
cardiologista Jacques Arditti".
Eu também conheço alguns. O Arditti foi meu colega de turma na faculdade.
Vários comentaristas do "Saudades do Rio" frequentaram o Postinho. Um dos mais assíduos era o saudoso Richard, que contava ter feito muitos pegas, com seu Ford 51, saindo desse box. Os mais novos devem entender que não havia quase movimento
nas ruas e os pegas eram feitos à noite. Tinha um percurso que saía do
Postinho, pegava o Jardim de Alá, para a direita na Lagoa, passava (onde
alguns “viravam vaca”) na Curva do Calombo, Jardim Botânico, Visconde de
Albuquerque, Delfim Moreira e chegava-se ali novamente.
Já o Candeias tem uma história do Mario Xerife, que talvez ele conte hoje.
O Postinho, de dia, era passagem obrigatória para muitos cariocas, como
esta menina tendo o pneu de sua bicicleta sendo calibrado.
Logo ao lado do "Postinho" ficava o Bar e Restaurante Alpino, na
Av. Epitácio Pessoa nº 12, outro local muito simpático que desapareceu há muito.
O dono, um alemão ou austríaco, tudo vigiava encostado na porta de vidro que
separava a parte interna da grande varanda junto à calçada. Além dos “belisquetes”,
o “kassler” e o “filé à Rossini”, eram atrações da casa.