Segundo o Helio Ribeiro,
o condutor era encarregado de efetuar a cobrança da passagem e registrar este
pagamento no relógio do bonde. Outra de suas funções era avisar ao motorneiro o
momento em que o bonde podia dar partida, após todos os passageiros haverem
embarcado ou desembarcado.
Acrescento eu que também
avisava aos que estavam nos estribos com o famoso “Olha à direita!!!”, quando o
bonde iria passar raspando em algum obstáculo.
Os condutores tinham uma
folha que era verificada pelo fiscal, para ver se tinham haviam registrado
corretamente as passagens pagas. Essa folha era carimbada pelo fiscal que,
olhando a marcação anterior, marcava o número atual e via a diferença. A
propósito dessa marcação, o espírito gozador do carioca apareceu numa marchinha
de carnaval.
"Seu condutor! All
right
Você assim, Vai acabar
sócio da Light
Seu motorneiro
Toca o bonde! Toca o
bonde!
O meu amor está esperando
por mim
Senão eu canto a canção
do condutor
Que é sempre assim:
Um prá Light
Um prá Light
E dois prá mim."
Maldade. Se fosse
verdade os condutores não levariam a vida modesta que sempre levaram.
O condutor e o motorneiro, acompanhados por dois PMs, numa das inúmeras greves do setor de transportes do Rio de antigamente.
Como único passageiro, com seu inseparável guarda-chuva, José Ferreira, escriturário do Banco do Brasil, voltava de um dia cansativo de trabalho.
Colorização do Nickolas.
Outra colorização
do Nickolas Nogueira. Vemos Severino Nonato, o "Preguinho", com seu
quepe com a inscrição "conductor 2412" da Light, satisfeitíssimo,
contando a féria da viagem.
"Preguinho"
tinha o hábito de dobrar as notas e mantê-las entre o polegar e o indicador,
diferentemente da maioria de seus colegas que as mantinham entre os dedos
indicador, médio e anular.
Manoel
"Bacurau", obrigado a acordar cedo para ir ao dentista, aproveita
para um último cochilo com sua blusa abotoada no pescoço, como exigia Dona
Lindaura, sua mãe.
Antenor Flores, com seu
bigode bem aparado de torcedor do América, leva o filho pequeno para o médico
perto do Tabuleiro da Baiana, no Edifício Darke, com cara de quem passou a
noite acordado com o filho no colo por conta de uma dor de ouvido.
Paulo Meira, quase fora da foto, bancário,
com o jornal na mão, fica no estribo, pois já não havia lugar no banco ocupado
por sua esposa, Dona Almira, sentada ao lado da filha Maria Clara.
Atrás de Antenor Flores, as
duas vizinhas, Dulce e Ana, observam o fotógrafo enquanto iam para a cidade
fazer compras.
O bonde estava passando
pela Rua das Laranjeiras, em frente à Eugênio Hussak (perto da Ipiranga). A
casa à esquerda, onde morava a família Derenusson, é hoje um edifício modernoso.
Vemos outro condutor
que, como Preguinho, levava as notas entre o polegar e o indicador. E este
estava acionando o registrador de passagens sob o olhar atento de Paulo Meira,
bancário, que antes de ir para o trabalho levava a filha Luzia e a amiguinha
Maria, para a escola municipal onde estudavam.