POT-POURRI
DE ANTIGUIDADES, por Helio Ribeiro
Essa
postagem resgata vários itens do passado, sem preocupação com a categoria
deles. É um apanhado geral, naturalmente incompleto, mas suficiente para nos
levar de volta a algumas décadas. Alguns dos itens resistiram ao tempo e ainda
podem ser encontrados, mesmo que um tanto diferentes do original. Os itens
escolhidos são os de uso popular. Para os visitantes mais sofisticados deste
blog, muitos itens serão totalmente desconhecidos.
1) AÇÚCAR PÉROLA
Quem
não se lembra do famoso bordão "Saco azul, cinta encarnada"? O saco
era de papel, na época da foto. A fábrica era em frente à estação ferroviária
da Leopoldina. A chaminé espalhava uma fumaça branca, com cheiro de açúcar.
Quem se lembra?
Luiz: um amigo era chefe do Depto. Médico desta empresa e me convidou a visitá-la.
2) SABONETES
Tanto
a embalagem do Cinta Azul quanto a do Palmolive era de um papel corrugado. O
fabricante do Cinta Azul era Carlos Pereira Indústrias Químicas S.A., situada
na Rua Doutor Rodrigues de Santana, número 31, no bairro de Benfica. Essa rua
liga a São Luiz Gonzaga à General Gustavo Cordeiro de Farias. No local,
atualmente, existe um grande edifício, com o número 53. Se ele foi construído
no local da fábrica, esta era bem grande.
A
fabricante do Eucalol era a Perfumaria Myrta, que durante algum tempo
patrocinou o programa "Balança-mas-não-cai", da Rádio Nacional.
Quando o sabonete foi lançado, o público o rejeitou em virtude de sua cor
verde, incomum numa época em que os sabonetes ou eram brancos ou rosa. Depois
de algumas tentativas infrutíferas de alavancar as vendas, em 1930 o fabricante
teve a ideia de lançar as Estampas Eucalol, seguindo uma moda de sucesso na
Europa. Daí em diante foi um sucesso estrondoso. As estampas foram impressas entre
1930 e 1957 e até hoje são itens colecionáveis muito valiosos. Foram lançadas
54 séries, num total de 2.400 estampas.
O
Vale Quanto Pesa já havia saído da minha memória. Foi uma surpresa
redescobri-lo durante a confecção desta postagem.
Luiz: lembranças antigas são o sabonete Lux e o Phebo que, naqueles tempos, só tinham na cor preta. Hoje há em várias cores.
Usei
muito o Spree, cujo nome é o de um rio que banha Berlim. O Solis, nem me
lembrava mais dele. Redescobri-o ao preparar esta postagem.
3) TV's
À
esquerda uma Invictus e à direita uma Admiral. A Invictus, fundada pelo
ucraniano Bernardo Kokubej, foi a primeira fabricante de TVs em nosso país. Em
1951, ano seguinte ao início das transmissões de TV pela Tupi do Rio de Janeiro,
já havia um televisor da marca Invictus no mercado. A Admiral era a marca da TV
fabricada pela Springer Admiral, mais conhecida como fabricante de aparelhos de
ar condicionado e recentemente comprada pela chinesa Midea.
A primeira TV da minha família foi uma Philips de 17 polegadas.
Infelizmente não encontrei fotos desse modelo na Internet, mas ela se parecia
bastante com a Invictus acima.
Luiz: e os mais jovens nem sabem o que é seletor de canal, botões de horizontal e vertical, acertar o posicionamento da antena para o Sumaré, etc, etc.
Dois
televisores Philco: à esquerda o modelo Predilecta, de 1958, e à direita o 3D.
Do Predilecta eu me lembro, mas o 3D para mim é novidade. A Philco dominou o
mercado de TV durante décadas. Hoje a banda toca para a Samsung e LG. O resto é
o resto.
Luiz: este modelo da esquerda teve vida longa lá em casa.
Acima
temos uma Emerson e uma Colorado RQ "colorida". Quanto àquele papel
celofane pregado no cinescópio, quem não se lembra desse estratagema pueril, mas
que fazia a alegria da garotada?
Quando
eu era criança nosso vizinho tinha uma Emerson, mas não era o modelo da foto.
De vez em quando meu irmão e eu íamos, junto com o filho desse vizinho, ver TV
na sala deles.
A
Colorado surgiu em 1970. RQ era a abreviação de Reserva de Qualidade,
teoricamente um atestado de qualidade do produto. Dizem que o Baú da Felicidade
aos poucos foi comprando toda a produção da Colorado, fazendo com que ela
paulatinamente deixasse de vender para o varejo. Um dia o Sílvio Santos fez uma
proposta de compra da Colorado, o que não foi aceito. Então o Baú deixou de
comprar a TV, e como esta havia se afastado totalmente do mercado varejista, a
fábrica faliu no início dos anos 1980. Não sei se é verdade essa história.
4)
GELADEIRAS KELVINATOR e CROSLEY SHELVADOR
Minha tia possuía uma Kelvinator, mas o modelo não era o da foto. Já lá em casa tínhamos uma Crosley Shelvador exatamente igual à da foto, só que de cor branca, posteriormente repintada em azul. Essa geladeira foi comprada de segunda mão pela minha tia, vendida por um chefe dela, em meados dos anos 1950. Ficou conosco até meados da década de 1980, só tendo dado problema uma única vez.
Luiz: de geladeiras antigas só me lembro de uma GE.
5) GRAVADOR DE ROLO AKAI 4000 DS
Famosíssimo
na sua época. Qualidade de gravação e reprodução muito boa, segundo constava. O
advento das fitas cassette pela Philips "matou" os gravadores de
rolo. Porém até certo ponto o tiro saiu pela culatra. O mercado consumidor e
industrial se dedicou de corpo e alma às cassette. Um dia, alguns consumidores
mais exigentes começaram a se queixar de que a qualidade do som das fitas
cassette não era nem perto das de rolo. Só que havia um impedimento técnico
para igualar ambos: a largura da fita, que era patenteada pela Philips. Os
fabricantes tentaram melhorar a qualidade do som alterando a formulação do
material das fitas: originalmente de óxido de ferro, eles tentaram ferricromo,
dióxido de cromo e ferro puro. Mas nunca conseguiram igualar a qualidade à das fitas
de rolo. O advento dos CD's "matou" as cassette.
Luiz: tinha inveja de meu irmão mais velho que ganhou um gravador de rolo, não lembro se Philco ou Phillips, e raramente deixava eu usar...
6) SABÕES EM PÓ RINSO e MINERVA
A
propaganda do Rinso dizia "Rinso lava mais branco". A briga entre as
duas marcas era ferrenha. A Rinso saiu do mercado, mas a Minerva acho que
continua até hoje. Atualmente, a OMO domina o segmento, mas outras marcas
surgiram, como Tixan, Minuano, Urca, Brilhante, etc.
7) CIGARROS
Eu
nunca fumei. Meu tio costumava fumar Elmo, Luiz XV e Continental. As marcas
mostradas nas fotos eram as mais populares.
Luiz: também sou não fumante.
8) LEITES CCPL e VIGOR
Quantas
histórias sobre essas garrafas de leite deixadas pelo padeiro na porta de casa,
pela manhã cedinho! Antes disso, lá na rua passava um caminhãozinho bem velho,
com um tipo de tonel na carroceria e com uma buzina imitando o mugido de uma
vaca. Era chamado de vaca leiteira. Quando as pessoas ouviam o mugido saíam de
suas casas com recipientes para comprar o leite. O tonel possuía uma torneira
através da qual saía o leite. Era batizado? Provavelmente.
O
Ronaldo, no seu excelente livro "Portão da Casa Rosa", cita algo
muito parecido que ocorria lá em Irajá. Só que ao invés de um caminhãozinho o
leiteiro usava uma carroça puxada por burro. Se não me falha a memória.
Agora
vou divagar: em 1983 eu estava viajando de carro pelo interior da Nova
Zelândia. Cheguei num fim de dia a uma cidadezinha chamada Kurow, na ilha do
Sul. Tentei acampar num caravan park na entrada da cidade, mas não havia
ninguém na recepção. Desci então ao longo da estrada/rua principal e me deparei
com um motel. Parei lá e me dirigi à recepção, que era também a residência do
dono do motel. Ele me alugou um quarto, bateu um papo comigo e disse que na
manhã seguinte deixaria uma garrafa de leite na porta, pois ele era o motorista
do ônibus escolar e sairia bem cedo. Esse ônibus estava estacionado numa rua
lateral ao motel.
Dito
e feito: na manhã seguinte, abrimos a porta e encontramos uma garrafa de leite
de 600 ml.
E
não deixa de ser interessante o fato de o dono do motel, teoricamente alguém de
posses, ser ao mesmo tempo o motorista do ônibus escolar da cidadezinha.
Para
quem for curioso, o motel ainda está lá, porém bem diferente da época em que
ali me hospedei. O link é https://tinyurl.com/5n7kkdfn. A casa que servia
também de recepção está aqui no link https://tinyurl.com/yftw32x6.
Luiz: gostava de ver aquela carrocinha com múltiplos compartimentos, azul e branca, que o leiteiro puxava como os burros sem rabo.
9) DESODORANTES
Marcas
de desodorantes era o que não faltava. Ainda hoje, a profusão é imensa. Algumas
das marcas mostradas nas fotos abaixo sobreviveram até hoje.
Ao
longo da minha vida usei vários deles.
10) ELETROLA
Dispensa
explicações. Havia muitos modelos diferentes. Os rádios costumavam ter três
faixas de onda: longas, médias e curtas.
Luiz: saudade dos arrasta-pés de sábados à noite, que acabavam na hora em que hoje a garotada ainda está no aquecimento para sair.
11) RÁDIOS DE PILHA
Quem
não se lembra desse famosíssimo rádio de pilha? Acho que foi o primeiro a
surgir aqui no Brasil. Minha tia comprou um e quando íamos à praia o levávamos
a tiracolo.
Luiz: grande presente que ganhei. E ainda vinha com uma caixinha de couro, presa na alça, com um único "egoísta". Nada de um para cada ouvido. Era um só e pronto.
Posteriormente
minha tia comprou exatamente esse modelo da Kobe Kogyo. Sem tirar nem por. Ele
também nos acompanhou muito à praia.
Já
minha esposa teve esse modelo acima, só que na cor vermelha.
12) BANHAS
Nos
bons tempos em que a espada de Dâmocles do colesterol e triglicerídeos não
estava sobre nossas cabeças, esses produtos eram usados na cozinha.
Luiz: esta lata de gordura de côco Carioca era um ícone nos armários da cozinha.
13) FERROS DE PASSAR ROUPA
Minha mãe usou muito esses dois modelos de ferro de passar roupa. O primeiro era a carvão e volta e meia ela o levava até a janela e soprava, não sei bem para quê. O segundo tinha a resistência de mica, e esta volta e meia queimava. Era preciso abrir o ferro para trocá-la. A fiação era de pano e de vez em quando dava problema no contato da tomada com o ferro. O modelo da foto me parece menor do que o usado por minha mãe.
14) CERA E ESCOVÃO
Esse
era o terror de meu irmão e de mim. Toda sexta-feira minha mãe ia à feira-livre
e nos incumbia de encerar a casa toda. Eram duas salas, três quartos e um longo
corredor. Meu irmão e eu passávamos a cera e depois dávamos lustre usando
escovões. Um deles era idêntico ao da foto.
Luiz: escovão era sinônimo de férias em Petrópolis.
Tempos
depois foi comprada uma enceradeira Arno idêntica à da foto acima, para nossa
alegria. Mas continuávamos tendo de passar a cera. O problema é que depois de
algum tempo a enceradeira passou a nos dar choque. Aí foi comprado um modelo
parecido, porém mais atualizado.
Para
lustrar o chão encerado havia um feltro que era encaixado na escova da
enceradeira. Só que esse feltro pulava fora com o giro da escova, obrigando-nos
a toda hora desligar a enceradeira e recolocar o feltro. Ô, saco!
Abaixo,
foto do feltro.
Na
postagem do dia 18/01 deste ano, no meu comentário das 13:52h, citei um
telefone antigo existente na casa de uma tia-avó. Se não era igual, era muito
parecido com o primeiro da foto acima. Não me lembro se havia dial para discar
os números ou se era a magneto. Pela época em que o via, meados da década de
1950, talvez tivesse dial e assim seria parecido com o da segunda foto.
Esses
tipos de telefone foram usados durante décadas. O primeiro deles era de parede
e foi o que instalaram lá em casa, na Tijuca, em meados da década de 1950. O
número era 58-8514, posteriormente 258-8514. Quando nos mudamos para o Engenho
Novo, em 1973, o número permaneceu o mesmo, porém já era telefone de mesa
(igual ao da segunda foto). Em meados de 1975 o número mudou para 201-1718 e
assim ficou até fins de 1998, quando minha mãe se mudou para a Tijuca e
cancelou o número.
Luiz: meu número era 57-9489, Copacabana.
17) MOEDOR DE CARNE E RALADOR DE CÔCO/QUEIJO PARMESÃO
O
moedor era muito comum nas casas; o ralador, nem tanto. Quantas vezes eu moí
carne no nosso amigo aí de cima. Já o segundo lá em casa era mais usado para
ralar queijo parmesão. Poucas vezes o usamos para ralar côco.
Luiz: como me lembro de minha avó usando o moedor de carne. O segundo acho que é mais recente.
-------------------- FIM
DA POSTAGEM ---------------
Aproveitando
o tema. tomo a liberdade, em homenagem ao Conde di Lido, colocar a imagem de um frasco do perfume
Lancaster. Quem sabe das histórias deste perfume é o comentarista
Menezes.