sábado, 25 de março de 2023

DO FUNDO DO BAÚ: CIRCO BOMBRIL - CAREQUINHA

 

O "Do fundo do baú" de hoje traz a lembrança do Circo Bombril e do palhaço Carequinha, programa de enorme sucesso nas décadas de 50 e 60 na TV Tupi do Rio de Janeiro.

Alegre e ingênuo, Carequinha era um ídolo da garotada da época.

O grande parceiro do Carequinha era o palhaço Fred, que funcionava como "escada". A grande atração era mesmo o Carequinha, famoso por dar uma cambalhota sem colocar as mãos no chão.

Durante o programa havia um concurso para a garotada, que tentava imitar o ídolo, na maioria das vezes sem sucesso.


O grupo tinha, além do Carequinha e do Fred, o Oscar Polidoro como apresentador do circo, com sua cartola e seu chicote. O comediante Zumbi e o anão Meio-Quilo eram outros personagens habituais.


Era uma época mais ingênua, inocente, com o Carequinha se apresentando em programas de TV, de rádio, em festas de aniversário e de final de ano das empresas. Eu assisti uma dessas, para os funcionários da Imprensa Nacional, em festa realizada, salvo engano, no Teatro Ginástico.

Cantando com Carequinha está a Angela Maria.


Carequinha e Fred com uma aniversariante. Certamente cantaram uma das músicas mais famosas do Carequinha:

O bom menino não faz xixi na cama.

O bom menino não faz pipi na cama

O bom menino não faz malcriação

O bom menino vai sempre à escola

E na escola aprende sempre a lição

O bom menino respeita os mais velhos

O bom menino não bate na irmãzinha

Papai do céu protege o bom menino

Que obedece sempre, sempre, a mamãezinha

Por isso peço a todas as crianças

Muita atenção para o conselho que eu vou dar:

olha aqui: Carequinha não é amigo de criança que passa

de noite da sua cama pra cama da mamãe.

E também não é amigo de criança que rói unha e chupa

chupeta.

Tá certo ou não tá?

Tá!

Eu obedeço sempre a mamãezinha,

Então aceite os parabéns do Carequinha.

O bom menino não faz pipi na cama

O bom menino não faz malcriação

O bom menino vai sempre a escola

E na escola aprende sempre a lição

Por isso peço a todas as crianças

Muita atenção para o conselho que eu vou dar:

Olha aqui: Carequinha só gosta de criança que respeita

mamãe, papai, titia e vovó e seja amigo dos seus

amiguinhos

E também que coma na hora certa, e durma na hora que a

mamãe mandar.

Tá certo ou não tá?

Tá!

Eu obedeço sempre a mamãezinha,

Então aceite os parabéns do Carequinha.

Viva o bom menino!


A concorrencia do Carequinha durante um periodo foi com o palhaço Arrelia, da TV Rio.

Naquela época os programas infantis não tinham esta violência que vemos hoje nas séries e filmes.  Era a época da "Gladys e seus bichinhos", onde ela contava histórias desenhando magistralmente a história em si num grande cartaz branco, ou até a Virginia Lane, como o "Coelhinho Teco-Teco".

Carequinha foi um gênio a seu tempo, bem diferente das atrações atuais com videogames que só disparam a adrenalina com tiros e mortes, resultando numa  criançada cada vez mais emburrecida, violenta e alienada. 



sexta-feira, 24 de março de 2023

quinta-feira, 23 de março de 2023

HOMENAGEM A AGUINALDO SILVA

Aguinaldo Silva, o notável escritor e telenovelista, é um apaixonado pelo Rio Antigo. Participava com frequência como comentarista dos FRA-Fotologs do Rio Antigo, quando estavam no provedor Terra.

Ele tem um dos maiores acervos fotográficos do Rio de antigamente. Certa vez perguntei a ele a razão de não publicar um livro com suas fotos. Respondeu que era um assunto “complicado”.

Recebemos do próprio Aguinaldo, ou através de seu braço-direito o gentilíssimo Francisco Patricio, muitas fotos para publicação no “Saudades do Rio”, no “Rio de Fotos” do Derani, no “Carioca da Gema” do Tumminelli ou no “Foi um Rio que passou” do Decourt.

Aqui faço mais um agradecimento à dupla (ou seria tripla, já que Fidelino Leitão de Menezes também enviava fotos?).

O “post” de hoje é uma reprodução de uma postagem feita pelo Aguinaldo Silva no Facebook.

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 “ESSE CARA SOU EU”. Sujeito, ligeiramente fora dos padrões convencionais de beleza, mas de autoconfiança invejável, posa para a posteridade. Seja nas areias e no calçadão da “Praia mais querida do mundo” (frequentador assíduo do trecho entre dotrecho entre os antigos postos 3 e 4, na frente da Siqueira Campos e Figueiredo de Magalhães), seja na Urca (dando um sambarilove na menina), o nosso herói está de bem com a vida!

“...de manhã ele acorda feliz, num sorriso que diz, esse cara sou eu!”

A altura da calça, quase nas axilas, é um espanto, mas isso não o atrapalha!

Ele já chega, chegando! Se tem complexos, substitui por charme, singularidade, talvez um papo superinteressante, vá lá saber!

Se vivo estiver (pouco provável) está com um século de existência.

Local: Praia de Copacabana e Praia Vermelha. 

Data: 1948-1950

Acervo Aguinaldo Silva.


O "fortão" de Copacabana.


Na Praia Vermelha


"Na estica", com amigos. Ao fundo a casa de James Darcy


"Pegando uma cor em Copacabana"


Seria a turma da peteca?

quarta-feira, 22 de março de 2023

SÃO CRISTÓVÃO - ESCOLA DE MENORES ABANDONADOS


Esta foto de Malta mostra o belíssimo prédio da Escola de Menores Abandonados, onde tempos depois veio a funcionar o 4º Batalhão da Polícia Militar, na Rua Francisco Eugenio, em São Cristóvão.

Cheio de boas intenções, o intuito da Escola de Menores Abandonados era “melhorar, pela educação moral e physica, ministrando o ensino primario, trabalhos domesticos e exercicios de gymnastica, as condições dos menores desamparados, evitando, pelo trabalho e bons exemplos, a pequena criminalidade e consequente reincidencia.”

Mas o serviço não se desenrolou como previsto e já no início do século XX os jornais noticiavam: “O que de vergonhas denuncia esta peça official seria de sobejo para que os poderes publicos resolvessem immediatamente dirimir o delicado problema.”

E, desde há mais de cem anos, o serviço segue capenga.

Todas as construções do lado esquerdo foram demolidas, talvez no governo Carlos Lacerda. O antigo SAM ocupava todo o prédio, desde a Rua São Cristóvão / Francisco Eugênio até a Rua Eduardo Prado (pequeno trecho desta).  Atrás delas passa o último trecho do Rio Maracanã antes dele desembocar no Canal do Mangue. Foram demolidas para a construção do atual canal (rio Joana), que passava junto ao muro da linha férrea, onde existia a estação Francisco Sá.

Para atender aos Menores já existiu o SAM (Serviço de Assistência ao Menor) que tinha como missão amparar, socialmente, os menores carentes, abandonados e infratores, centralizando a execução de uma política de atendimento, de caráter corretivo-repressivo assistencial em todo o território nacional.

Depois, em 1964 veio a Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor – FUNABEM, em substituição ao SAM. À FUNABEM competia formular e implantar a Política Nacional do Bem-Estar do Menor em todo o território nacional. A partir daí, criaram-se as Fundações Estaduais do Bem-Estar do Menor, com responsabilidade de observarem a política estabelecida e de executarem, nos Estados, as ações pertinentes a essa política.

Em 1967 surgiu a Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor - FEBEM, vinculada à Secretaria de Estado e Serviço Social, destinada a prestar assistência ao menor, na faixa etária entre zero e 18 anos de idade, no Estado da Guanabara. A FEBEM passou a ter, então, por finalidade: "formular e implantar programas de atendimento a menores em situação irregular, prevenindo-lhes a marginalização e oferecendo-lhes oportunidades de promoção social."

Em 1975 apareceu a Fundação Estadual de Educação do Menor - FEEM, resultante da fusão da FEBEM (Guanabara) e da FLUBEM (Rio de Janeiro), vinculada à Secretaria de Estado de Educação. Em 1983, passou a ser vinculada à Secretaria de Estado de Promoção Social e, em 1987, passou à Secretaria de Estado de Trabalho e Ação Social.

Em 1990, no intuito de adaptar os Estatutos da FEEM à nova Lei Federal - Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, a FEEM virou Fundação Recanto.

Em 1995, virou a Fundação para a Infância e Adolescência - FIA/RJ. de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos.

A verdade é que a assistência aos Menores desde sempre é um tema mal resolvido.

Imagem do Google Maps mostra o local atualmente.

Foto enviada pelo Joel Almeida mostranda a região em 1930.


Foto enviada pelo Joel Almeida mostranda a região em 1958.

terça-feira, 21 de março de 2023

MARECHAL MASCARENHAS DE MORAIS/TONELERO

Hoje vemos a Rua Marechal Mascarenhas de Morais, em Copacabana, no trecho perto da esquina da Rua Tonelero. Segundo Paulo Berger, ela começa na Rua Inhangá e termina 376 metros depois da Rua Conrado Niemeyer. Já teve os nomes de Rua Otto Simon e Rua Tibiriçá.

Foi aberta por Duvivier&Cia., em 1881, de acordo com o loteamento oferecido em 1874 por Alexandre Wagner. Recebeu, então, o nome de Rua Tibiriçá, em homenagem ao indígena que muito ajudou os colonos, ao lado de Anchieta e Nóbrega, a fundarem a cidade de São Paulo.

Mais tarde recebeu a denominação de Rua Otto Simon, que foi diretor da Empresa de Construções Civis e ao qual se deve a abertura da maior parte das ruas de Copacabana.

Alemão, em 1851, veio para o Brasil, casando-se com D. Elvira Wagner, filha do já citado Alexandre Wagner. Em 1891, mudou-se para Copacabana, para a rua por ele aberta e que depois receberia seu nome.

Um dado muito curioso é que a rua sofreu uma mutilação no seu início, cedendo um trecho para formar a Rua Fernando Mendes (em 1923) e, por outro lado, foi prolongada além da Rua Conrado Niemeyer (em 1942). Mas, dirão nossos atentos leitores, a Fernando Mendes não se comunica com a atual Mascarenhas de Morais. Acho que consideravam como certo derrubar todo o morrete do Inhangá, o que tornaria a rua uma só, desde a praia até o morro.

Esta casa era do avô de meu saudoso e grande amigo Plinio. Ficava na esquina da Rua Tonelero tendo,  à direita, Rua Mascarenhas de Moraes.

A foto é de 1961, feita pelo Plinio, meu colega de turma desde o início dos anos 50 no "Curso Infantil", da D. Eva, que ficava na Travessa Santa Leocádia.No final da década de 50 fomos para o Colégio Santo Inácio onde estudamos muitos anos juntos. O Plinio, filho dos simpaticíssimos Dr. Mauro e D. Nancy, morava no edifício de nº 43 da Rua Tonelero, em frente a esta casa, que pertencia ao avô dele, o Sr. Fidelis Botelho Junqueira.

Durante muitos anos a frequentamos, explorando seus diversos andares, brincando à vontade, e, mais tarde, desfrutando de uma ótima mesa de bilhar. E, na época, "explorávamos" a quase deserta Mascarenhas de Morais morro acima.

O avô do Plinio, Sr. Fidelis Botelho Junqueira, tinha também a fazenda Arapoca, perto de Além Paraíba, onde passávamos ótimas férias, andando a cavalo, pedalando bicicleta pelas estradas de terra, tomando banho de rio,jogando futebol,  mergulhando no rio (que era desviado na fazenda para encher uma piscina), atirando com espingarda de chumbinho, enfim, aquela maravilha que todas as crianças gostam. 

No lugar da casa, há muitos anos, existe um enorme prédio de apartamentos.


Esta casa, também do lado par da Rua Tonelero como a anterior, fica na mesma esquina da Mascarenhas de Morais. Por incrível que pareça, embora descaracterizada, sobreviveu. Aí funciona o restaurante Peixe Vivo, cuja foto veremos abaixo. 


Esta imagem de uns anos atrás mostra o prédio do restaurante Peixe Vivo, na esquina da Mascarenhas de Morais com Tonelero. A segunda casa, subindo a Mascarenhas de Morais, colada no Peixe Vivo, também sobreviveu. Ali funciona o Café Empório 76.


Esta foto, publicada pelo Tumminelli, é do acervo da família de Antonio Carlos de Oliva Maya. É dos anos 40 e mostra a Rua Mascarenhas de Morais no trecho entre Tonelero e o morro.  O carro, um Ford 1939, versão Standard de quatro portas, era da família de Antonio Carlos e o menino no estribo é seu irmão, José Carlos.


A casa da foto era a residência do Min. Jacques Singery, construída na segunda metade dos anos 30, com projeto do arquiteto Robert Prentice. Observem a suave ladeira deste trecho, que se acentua depois da Conrado Niemeyer.

Essa região contava com um grande número de casas modernistas que, se tivessem sido preservadas, formariam um conjunto homogêneo, como os quarteirões decô do Lido. Mas a especulação imobiliária dos anos 60 e 70 destruiu praticamente todas. 

PS: acho que o Conde di Lido, se aparecer por aqui, vai falar do maravilhoso apartamento de cobertura, com piscina, que ele quase comprou neste trecho da Mascarenhas de Morais.

 





segunda-feira, 20 de março de 2023

JACAREPAGUÁ - MESQUITA


Em 2011, no antigo provedor Terra, publiquei esta foto da construção da Mesquita de Jacarepaguá. Naquela época havia pouca informação disponível sobre ela. O Lino Coelho conhecia o local, na Estrada de Jacarepaguá. A foto volta hoje com mais informações e aberta a novos comentários.

Segundo o “Jornal do Brasil” esta mesquita foi inaugurada em janeiro de 1983, pelo Prícipe Muhamed Bem Tallal Al Haxemita, irmão do Rei Hussein, da Jordância. O endereço era na Estrada Velha de Jacarepaguá nº 1930. A mesquita, em estilo oriental, com minarete, toda branca em concreto armado e dois andares.

Foi construída pelo Cônsul Honorário da Jordânia Ahmad Mukhtar Zein que doou também o terreno.

Teria sido desativada em meados dos anos 1990, sendo um dos motivos a distância entre o local onde foi construída e a moradia dos seus frequentadores.


Encontrei esta foto na Internet, publicada por Gisele Soares.

Por ocasião da antiga postagem o Helio Ribeiro comentou:

"Teoricamente, todo muçulmano deve fazer suas orações voltados para Meca. Mas qual é a direção de Meca? É fácil: no link http://www.al-habib.info/qibla-pointer/ você diz o nome da cidade onde está e a bússola ao lado da página dará o ângulo da direção de Meca.

Esse ângulo é chamado Qibla (ou Qiblah, ou Kibla, ou Qiblih) e deve ser do conhecimento de todo muçulmano, de acordo com a cidade onde ele se encontra. Em toda mesquita existe um local indicando a direção de Meca, baseado no ângulo Qibla.

O cálculo desse ângulo é feito segundo fórmulas matemáticas baseadas nas coordenadas geográficas da cidade onde está o muçulmano e naquelas de Meca (na verdade, da Kaaba em Meca).

No caso da cidade do Rio de Janeiro, tomando como ponto de referência o meio da avenida Francisco Bicalho, o ângulo Qibla é de 67,63º ou 67º40' aproximadamente. Corresponde à pessoa, naquela posição, olhar na direção paralela à avenida Rodrigues Alves, sentido do centro da cidade. Fazendo isso, você estará voltado para Meca."

Alguém tem mais informações?