sábado, 26 de agosto de 2023

DO FUNDO DO BAÚ - MICROCOMPUTADORES

             MICROCOMPUTADORES ANTIGOS, por Helio Ribeiro

Provavelmente todos vocês já usaram microcomputadores. Mas poucos talvez tenham visto ou utilizado os modelos mais antigos. O texto abaixo é extremamente reduzido, para não ocupar muitas linhas nos seus celulares, desestimulando a leitura. Apenas o primeiro computador de cada fabricante consta da postagem. Sorry.

1) O PRÉ-REQUISITO

Os micros surgiram a partir do momento em que o circuito integrado e o microprocessador foram inventados, permitindo fabricar CPU´s (Central Processing Unit) bastantes compactas, substituindo as válvulas e os transistores dos primeiros computadores.

O primeiro microprocessador foi o Intel 8080, posteriormente sucedido pelo 8800.

2) ALTAIR - O PRIMEIRO MICRO

O primeiro micro foi o ALTAIR, produzido em 1975 pela MITS (Micro Instrumentation Telemetry Systems). Ele era vendido na forma de kit através da revista Popular Electronics e sua aceitação surpreendeu os projetistas. O nome foi escolhido pela filha de um dos projetistas, com base no nome da estrela à qual se dirigia a nave da série Jornada nas Estrelas. A história desse micro é muito interessante, cheia de altos e baixos e engraçada, e pode ser lida em https://pt.wikipedia.org/wiki/Altair_8800.

Abaixo, foto do ALTAIR 8800.


3) TRS-80 - O SEGUNDO MICRO

Em 1977 foi lançado o TRS-80 Modelo I, abreviação dos nomes da fabricante Tandy Corporation e de sua distribuidora Radio Shack, e que usava o microprocessador Z80. O micro possuía um teclado e um monitor e custava na época US$ 600. Em 1979 ele tinha a maior seleção de softwares do mercado.


4) COMMODORE PET

PET é a abreviação de Personal Electronic Transactor e foi o primeiro modelo lançado pela empresa Commodore, em 1977. Não fez sucesso entre o público, sendo mais usado com fins educacionais no Canadá, EUA e Reino Unido, mas foi a base para futuros modelos de sucesso da Commodore, como o VIC-20 e o 64.

Abaixo, o Commodore PET. Notem que ele tem um compartimento para fita cassette.


5) APPLE II

Foi lançado em 10 de junho de 1977. Tinha compartimentos para duas fitas cassette de áudio e saída NTSC para um monitor ou para televisão através de um modulador RF. O preço variava de US$ 1,298 para a versão com 16kB de memória a US$ 2,638 para a versão com 48kB de memória.


6) ATARI 400

Lançado em 1979, destinava-se a crianças. Possuía um compartimento para cartucho, uma saída para TV, um gravador de cassette e um drive de disquete externo.


 
7) IBM PC

Lançado em 12 de agosto de 1981. Internamente na IBM tinha o código IBM 5150, mas popularizou-se com o nome IBM PC, de Personal Computer. Ele iniciou a temporada de usar componentes fabricados por outras empresas, modelo adotado até hoje por todos os fabricantes de micros. O preço inicial era US$ 1,565.

Tinha placa de vídeo CGA para que se usasse TV como monitor. A memória máxima era 256kB. Usava como dispositivo de armazenamento fitas cassette.

Foi um fracasso para uso doméstico. Porém, usando um clone da planilha eletrônica VisiCalc, sob o nome Lotus 1-2-3, fez enorme sucesso entre os gerentes de empresas que tinham de lidar com cálculos. Muitos compraram o micro com dinheiro do próprio bolso.


8) MACINTOSH

Lançado em 24 de janeiro de 1984, era muito caro: US$ 2,495. Tinha 128kB de memória. A interface era totalmente gráfica, o que não permitia o uso dos programas então disponíveis no mercado, que funcionavam por linha de comando. Eles tiveram de ser adaptados, motivo da pouca disponibilidade de programas para o Macintosh no início.

O nome deriva de McIntosh, um tipo de maçã apreciado por Jef Raskin, que iniciou o projeto do citado computador e criou sua interface gráfica.

9) COMPAQ DESKPRO 386

Lançado em 9 de setembro de 1986. Foi o primeiro a usar o microprocessador Intel 80386. Custava incríveis US$ 6,499.


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Encerramos por aqui a lista de computadores de mesa. Agora vamos apresentar os primeiros modelos de laptops.

 1) IBM 5100

Lançado em setembro de 1975. Tinha um teclado, um monitor de 5 polegadas e uma unidade de fita cassette. Era do tamanho de uma valise pequena, pesando em torno de 25 kg e podia ser transportado numa caixa com rodízios, daí o apelido "portátil".

Embora o IBM 5100 pareça grande para os padrões de hoje, em 1975 era uma incrível realização técnica colocar um computador completo, com uma grande quantidade de memória ROM e RAM, monitor e uma unidade de fita numa embalagem tão pequena.


2) OSBORNE 1

Lançado em 10 de abril de 1981, foi o primeiro computador portátil a fazer sucesso. Custava US$ 1,795. Pesava 12 kg e tinha uma tela de 5 polegadas. Foi o primeiro computador a ser vendido com softwares: editor de textos WordStar, planilha SuperCalc e linguagens CBASIC e MBASIC.

Abaixo uma foto mostrando o computador aberto e fechado sendo transportado.


3) EPSON HX-20

Lançado em 1982, visava vendedores e pesquisadores, não sendo adequado para o uso corporativo. Tinha uma tela LCD, um compartimento para gravador cassette, uma pequena impressora e podia usar um gravador de microcassette embutido na lateral do computador. Era alimentado a bateria e pesava menos de 2 kg.


4) GRID COMPASS

Lançado em 1982, chegou a ser usado no ônibus espacial Discovery, em 1985. Não consegui obter maiores informações sobre o computador.


5) GAVILAN SC

Lançado em 1983, é considerado o primeiro computador portátil comercializado como laptop. Tinha uma tela, um compartimento para disco flexível e uma impressora podia ser acoplada na traseira. Nas fotos abaixo, ele aberto e fechado.



-----------  FIM  DA  POSTAGEM  -----------

Agradeço ao Helio Ribeiro mais esta colaboração para o "Saudades do Rio".





sexta-feira, 25 de agosto de 2023

ONDE É?


 FOTO 1


FOTO 2 
(fácil para quem já acertou outra da mesma área)


 FOTO 3


 FOTO 4
(enviada pelo Nickolas. Local frequentado pelo Conde)

ATENÇÃO
Abaixo temos a capa do livro "Estação de Irajá - Arraial da Encruzilhada 1600-2000", obra do Ronaldo Luiz Martins, editada para o Instituto Histórico e Geográfico Baixada de Irajá - IHGBI. 

Todos os que queiram receber graciosamente esta edição e-book devem enviar e-mail para rlmartins2010@gmail.com ou para ihgbiraja@gmail.com 



quinta-feira, 24 de agosto de 2023

UM PASSEIO POR IPANEMA NOS ANOS 70

Se o húngaro Gyorgy Szendrodi esteve no Rio nos anos de 1970 e 1971 e nos deixou um legado enorme de fotos coloridas, amplamente divulgadas no blogs do Rio antigo, o polonês Piotr Ilowieck, poucos anos depois, ainda na década de 70, também fez fotos históricas do dia a dia carioca. Hoje vamos fazer um passeio por Ipanema com algumas fotos dele.

Aqui o vemos sentado no meio da rua, provavelmente a Alberto de Campos (ou seria a Nascimento Silva?), numa Ipanema de carros na calçada e de pouco movimento.


Há décadas a feira-livre no entorno da Praça N.S. da Paz tem muito apreciadores. Ocupando as ruas Maria Quitéria, Barão da Torre (hoje em espaço menor) e parte da Joana Angélica, ainda faz sucesso.


A feira de sexta-feira já não interdita a Barão da Torre como naquela época. E os carrinhos de rolimã desapareceram.


Esta é a antiga banca de jornal na esquina da Rua Montenegro (em 1980 virou Vinicius de Moraes) com a Rua Barão da Torre, cheia de revistas, coisa que já não vemos. Ao fundo, temos a casa onde funcionou o "Pizzaiolo", famoso por suas pizzas e por sua "calçada da fama", onde ipanemenses históricos e outros importantes nomes colocaram suas mãos. Hoje é onde fica o "Papa-Fina".

Atrás do fotógrafo ficava a Mercearia Nelson, um ícone dos anos 60 a 80 em Ipanema. Nesse meio tempo o "velho Nelson" abriu uma loja para seu filho em parte de seu estabelecimento, surgindo a "Sorveteria Alex". Hoje dois restaurantes ficam entre a esquina da Barão da Torre e a loja "Honorio".

Em frente ao "Pizzaiolo" ficava a concorridíssima loja de fotografias "Honorio", onde o próprio atendia a clientela. Poucos sabem que esta loja, que está lá até hoje, começou nesta mesma calçada, mas quase na esquina da Nascimento Silva.

Nesta foto vemos a esquina da Montenegro com a Barão da Torre, com a Visconde de Pirajá lá no fundo. Carros e mais carros sobre a calçada. Sob aquele edifício funcionou durante muitos anos a "Toca do Vinícius", que tentava manter viva a memória da Ipanema do século passado. Vendia discos, livros, memorabilia ipanemense, apresentava shows musicais na calçada, mas não resistiu. Há poucos anos foi substituída por diversas lojas, como uma de bicicletas, restaurantes japoneses, etc.


Aqui estamos na esquina da Visconde de Pirajá com Montenegro. À direita, onde havia um bar/restaurante, fica o Superprix que complica o trânsito o dia inteiro com carga e descarga. À esquerda, pena que não aparece na foto, na outra esquina, ficava a "Casa Futurista" que vendia "lingerie" há décadas e que fechou ano passado para dar lugar a mais uma farmácia Venancio, que já tinha uma loja ao lado do Superprix...


Estamos agora na esquina da Nascimento Silva com Farme de Amoedo. À esquerda, a Padaria Santa Marta, que sobrevive bravamente até os dias de hoje. Lá no último trecho da Nascimento Silva fica a quase centenária casa de meu amigo Sanson. A favela aumentou muito nos últimos anos.


As ruas internas de Ipanema, paralelas à Lagoa, continuam com sua exuberante vegetação. Vemos o trecho da Alberto de Campos entre Montenegro e Farme de Amoedo. À direita, nessa altura, há uma simpaticíssima vila com várias casas, também quase centenárias. Logo à esquerda fica a Rua Gorceix. O Wilson Simonal alugava uma casa nessa rua e era sempre muito simpático com todos que o saudavam.


Se formos até a Lagoa não encontraremos a atual ciclovia, apenas uma pequena calçada para caminhar. Há que se reconhecer que pelo menos isto melhorou muito. É possível andar de bicicleta, correr e caminhar por este trecho, com segurança e um belíssimo visual. 


Caminhando até a Praça General Osório vamos encontrar as desaparecidas baianas vendendo seus quitutes. Na época da foto, aos domingos, havia a Feira Hippie original, muito mais interessante que a atual.

A Ipanema dos anos 70 estava vivendo seus últimos momentos de glória.

As fotos do Piotr mantêm uma excelente qualidade. Em algumas, segundo ele, foi usado filme Orwo.

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

PRAIA DA SAUDADE E FLUMINENSE YACHTING CLUB


Foto de Juan Gutierrez, de 1892, mostrando a Praia da Saudade, que ficava onde hoje é o Iate Clube do Rio de Janeiro, na Avenida Pasteur.  Anteriormente, o antigo Porto de Martim Afonso de Souza já foi chamado de Praia do Suzano e Praia de Santa Cecília. Teria recebido o nome de Praia da Saudade em 1868, por proposta do vereador Bittencourt da Silva, conta Claudia Gaspar em "Orla Carioca". Alguns alegam que o nome se deve a um cemitério ali existente. Finalmente, a Rua da Praia da Saudade, pelo Decreo 1843 de 27/12/1922, passou a se chamar Avenida Pasteur.

Esta mureta da Praia da Saudade foi construída por ocasião da Exposição Universal de 1908, realizada na Praia Vermelha. Esta foto é posterior a 1918, quando foi concluída a construção do prédio da Faculdade Nacional de Medicina, que vemos à esquerda.

O belo prédio foi um dos pavilhões da Exposição de 1908, o "Palácio dos Estados", e depois repassado para o Ministério de Agricultura, para ser o "Departamento Nacional de Produção Mineral". Atualmente ali funciona o Museu de Ciências da Terra.


Em 1920, a família Guinle e a família Rocha Miranda, criaram o Fluminense Yatching Club, que funcionava nas instalações do Fluminense, em Laranjeiras, transferido, logo depois, para a Praia da Saudade. Nesta nova sede, frequentemente ampliada, havia cabines de banhos de mar, antes do acesso a Copacabana ter sido facilitado. Funcionou também, durante muito tempo, um estande de tiros, neste espaço do clube. Mais tarde, as atividades esportivas abrangidas eram relacionadas a lanchas, aviação, tênis, esqui aquático, vela, pesca e pesca submarina.

A Praia da Saudade foi definitivamente aterrada em 1934/1935, quando ali foi construída uma pista de pouso de aviões, que durou até o início da 2ª Guerra Mundial.


Um projeto de ampliação para o Fluminense Yatching Cllub foi feito por Niemeyer, mas o projeto não foi seguido à risca, sendo as ampliações feitas sem um plano específico. O clube passou a se chamar Iate Clube do Brasil e, por volta da década de 1960, Iate Clube do Rio de Janeiro, denominação que tem até hoje.

Como escreveu H. Barroso: “Por meio do tráfico de influência, principalmente junto ao Prefeito do Distrito Federal (Antonio Prado Junior), o Iate Clube foi obtendo outras concessões aforadas que completaram, somadas aos acrescidos de marinha, o excepcional espaço conquistado que chega hoje a inacreditáveis 81723 metros quadrados".


Nesta foto, do acervo do desaparecido comentarista Pgomes, vemos um aspecto do aeródromo do Iate. O DAC, em decreto de outubro de 1945, pôs fim à pratica de aviação neste local. Esta pista de pouso foi construída por iniciativa do empresário Darke de Matos, que era um entusiasta da aviação, e que dá nome a um dos hangares do Iate Clube que existe até hoje. O aeroclube foi desativado em função da interferência com a pista do Santos Dumont, que provocou um acidente com muitos mortos.


Esta foto, colorizada pelo Conde di Lido, em um de seus primeiros trabalhos, mostra o avô de meu amigo Hugo Hamann e seu hidroavião em frente ao Iate.

PS: Desta forma, através de interesses políticos e, provavelmente, outros métodos menos recomendáveis, os cariocas perderam uma bela praia.

terça-feira, 22 de agosto de 2023

PRAIA DE BOTAFOGO

Não há dúvida que o Rio tem belíssimos cenários, mas um dos que mais se destaca, na minha opinião, é o da Praia de Botafogo.

Conta P. Berger que "Os franceses que aqui chegaram em 1555 com Villegaignon denominaram esta pequena baía de "Le Lac" (O Lago).

Os portugueses conheciam-na com o nome de Enseada ou Praia de Francisco Velho, antigo povoador do Rio, companheiro de Estácio de Sá na fundação da cidade.

A partir de 1641, começou a ser conhecida como Praia de Botafogo, em virtude de nela possuir vasta sesmaria o morador do Rio João Pereira de Sousa Botafogo, que chegou ao Rio quando se iniciava a construção da cidade velha, tendo, ainda, participado de combates ao gentio tamoio.


Esta fotografia da Praia de Botafogo, dos anos 60, provavelmente 1963, já mostra a substituição das grandes mansões da praia pelos arranha-céus. A legenda da foto, no livro "Rio de Janeiro", dizia: "Ultimamente, a construção de uma grande loja de departamentos e três cinemas de primeira categoria parece augurar uma nova era de prosperidade para essa zona da cidade, dotada de autopistas arborizadas e de uma praia recentemente conquistada à baía". 

A Sears já não existe mais, os cinemas Ópera, Coral e Scala também desapareceram e os novos prédios, modernosos e sem nenhum sentido de conjunto, na minha opinião, contribuíram para degradar esta região. Resta a paisagem maravilhosa, descoberta pelos ingleses no século XIX, que a ela tinham acesso pela atual Rua Marquês de Abrantes, o Caminho Novo de Botafogo ou "Caminho Verde".

Na foto vemos o Edifício Pimentel Duarte, primeiro edifício “art-déco” construído na Praia de Botafogo na década de 30 e demolido na década de 80, objeto de extenso estudo do nosso prezado Rouen, o edifício Coral em construção e à esquerda o edifício Ranih (Ópera) já pronto. O viaduto San Tiago Dantas ainda não existia, mas vê-se em frente à igreja algumas estruturas baixas que talvez fossem galpões da construção.

Foto de Marcel Gautherot.


Foto de Malta, de 1939, colorizada pelo Nickolas Nogueira, mostrando obras de "retificação da curva" na Praia de Botafogo.


Esta imagem de 1893, estupendamente colorizada pelo Nickolas, mostra a  murada quebra-mar feita para aterro e extensão da Praia de Botafogo.
Vemos a recém-inaugurada (em 1892) Igreja da Imaculada Conceição, projetada pelo Padre Clavelin.


Aqui vemos uma estupenda restauração em slide de alta resolução mostrando a enseada de Botafogo em meados dos anos 50.
Conta o Nickolas que "Esta deu um trabalhinho. IA não faz isso não...😅"

Acervo Thomas Hawk





segunda-feira, 21 de agosto de 2023

LAGOA

 

Quem diria que esta foto, uma daquelas tiradas para "acabar com o filme", 53 anos depois acabaria aparecendo na Internet?

É um flagrante de uma manhã na Lagoa, do lado de Ipanema, quase em frente ao Viaduto Augusto Frederico Schmidt. Um antigo ônibus 157, Estrada de Ferro - Ipanema, um dos poucos que passavam pela Lagoa, dirige-se para o viaduto. 

Aquele retorno para quem vem do Corte ou de Botafogo ainda tinha seu traçado original, em ângulo mais agudo do que atualmente. Foi um dos erros do projeto de duplicação da Av. Epitácio Pessoa e da construção do viaduto. O outro foi a curva quase em frente à pedreira, para quem vinha pelo Corte do Cantagalo e fazia a curva para passar sobre o viaduto.

Ambos tiveram que ser corrigidos.

Não havia, nesta época, nenhum sinal de trânsito no entorno da Lagoa, muito menos os atuais e costumeiros engarrafamentos. A fiação aérea começava a ser substituída pela subterrânea e já se veem os novos postes e luminárias.

Observem que a antiga faixa que dividia a Av. Epitácio Pessoa em mão e contramão, ainda é visível.


Outra foto da mesma época, num dia de invasão de fuscas.


Este "slide" digitalizado mostra o retorno já remodelado, com umas baias para estacionamento ao lado, e as pistas de Av. Epitácio Pessoa já com as faixas novas. Era uma época em que ainda se permitia estacionamento com duas rodas sobre a calçada dos prédios.


Mais ou menos da mesma época da foto anterior. O carro branco com teto preto, que obiscoitomolhado irá identificar, novamente chama a atenção. 

A iluminação da Lagoa também permaneceu com esses postes e luminárias até 1980/81 quando os atuais postes de 20 metros no canteiro central foram instalados, dando muita celeuma, pois na área do “drive-in” eles ofuscavam a tela e na região do Jardim Botânico, onde as pistas da Lagoa são mais estreitas, a luz entrava direto dentro da casa das pessoas.

A solução foi a adoção de acrílico branco fosco no lugar do transparente na cúpula destas novas luminárias (na região do “drive-in” elas eram todas de acrílico opaco e, em outros lugares, apenas a parte lateral era assim feita.

O curioso é que as pessoas se acostumaram tanto a serem agredidas pelo excesso de luz, que quando a nova geração de luminárias foi instalada nesses mesmos postes nos anos 90 ninguém reclamou, mesmo elas sendo bem mais fortes.


 
O filme não terminava... Para acabá-lo, outra foto com segundos de diferença.

Morar na Lagoa nesta época era maravilhoso, sem dúvida: pouco trânsito (alguns anos antes, então, trânsito quase nulo), silêncio, uma bela vista. Mas havia o outro lado: telefone era dificílimo conseguir, não havia nenhum comércio (só em Ipanema), não havia estas facilidades de entrega em casa como hoje, as mortandades de peixes eram frequentes (e liberavam um gás que enegrecia todos os objetos de prata, além do cheiro insuportável), havia muitas moscas, a condução era muito escassa (após as 20 horas quase não passavam ônibus ou lotações).



Esta foto, com um ângulo um pouco diferente, é de autoria de meu vizinho e amigo Jaymelac. Mostra as obras para a construção da saída do metrô Ipanema, em extensão desde a Praça General Osório até a Lagoa. Deve ter custado uma fortuna a escavação para, na minha opinião, pouquíssimo uso.

PS: Ontem almocei com o desaparecido Professor Pintáfona, que gentilmente mandou umas linhas para os frequentadores do “Saudades do Rio”.

“Lagunar e Sublime Pontífice de nossa Sebastiana Urbe, Renomado e Afamado Esculápio Montenegrino, Grão-Mestre do Saber Cidadão, Curador Incansável da Iconografia Guanabarina, Mantenedor Incansável da Cultura e da Ciência, Intrigante, Revigorante, Elegante, Galante, Caminhante e Pedalante Dr. D´,

Como o filho pródigo retornado à casa paterna e prostrado aos pés do sacrossanto luminar Ipanemense, humildemente rogo vênia ao culto exegeta por meu longo desaparecimento do seu famigerado sitio internético de convívio virtual, fórum de notáveis que em júbilo agregam-se em torno da luz do conhecimento emanada pelo douto confrade para debater os mais elevados temas de nosso cotidiano viver Carioca.

Uma série de infortúnios e um período de retiro espiritual privaram-me da prazerosa e educativa companhia de seus incontáveis seguidores, acólitos, discípulos, pupilos, aprendizes, visitantes, afilhados, agregados, afeiçoados, apaixonados, frequentadores furtivos, lascivos, incorpóreos e extemporâneos que abrilhantam este Templo do Saber com seus sagazes e oportunos comentários. A todos saúdo com a alegria de quem retorna ao seio da família D´.

Magnânimo amigo, primeiramente meu avançado equipamento computacional apresentou diversos distúrbios internos que me vedaram o acesso ao grande éter informático. Ora meu écran electróníco teimava em não acender, ora o armazenador de informações perdia o que lhe era entregue. Chamamos um francês que trabalha na Compagnie du Gaz no Aterrado e que afirmava que dominava as técnicas eléctricas e electrónicas, mas tudo o que conseguiu foi apenas agravar a caótica situação. Quando nada mais dava jeito àquela mixórdia, muito a contragosto e somente por insistência de minha supersticiosa assistente, a ocultista Mme. Simmons, chamamos Donana, uma velha benzedeira que vive em uma tapera nas matas da Tijuca e que dizem que opera milagres com maquinário importado.

Pois bem, mal a velha senhora chegou com seu cachimbo à boca e uma panela de barro onde punha umas ervas malcheirosas e de onde saia uma fumaça nauseabunda, começou a murmurar as suas rezas. Em um átimo, meu equipamento computacional voltou a trabalhar como novo. Totalmente apalermado diante de tal feito, dei a ela dois tostões e um rolo de fumo para picar e lá se foi a bruxa a manquitolar pela Rua da Pedreira da Candelária a oferecer as suas rezas para a vizinhança. Ainda hei de entender o que houve por aqui...

Passada a inaudita experiência, profundamente abalado em minhas convicções recolhi-me ao claustro do Mosteiro de São Bento por um mês para reconciliar-me com Deus e a Ciência. Após este tempo de repouso, orações e missas em canto gregoriano, passei uma temporada na Serrana Urbe de Pedro, aproveitando os ares frescos proporcionados pela altitude àquele belo recanto Imperial.

Em minha estada fiz-me acompanhar de meus diletos e caros confrades, o denso e rotundo Conde di Lido, com seu novo amigo o Conde de Villegagnon, o mordaz, desaparecido e iconoclasta Barão de Santa Tereza, o meridional e anglo-saxão Barão de São Luiz, o culto e polêmico Visconde de Cambuquira, aliado do santo Cardeal Eugênio. Entretivemo-nos por semanas em tertúlias literário-científica-teológicas, sempre acompanhados de um bom vinho, café da Mantiqueira, salgados vindos da Colombo no trem diário e da magnífica e maviosa voz de rouxinol de minha melódica assistente, a cantarolante Mme Simmons. Novamente recuperei meu vigor, reiniciei minha gymnástica calistênica diária, interrompida há decênios e retomei com fervor minha incansável luta pela Cultura, pelo Saber e pela Ciência.

Sábio e Insigne Luminar, sou convocado ao meu gabinete para mais uma sessão de leituras de Química Inorgânica, Genética, Astrofísica e Geomorfologia, leituras leves mais afeitas ao período noturno.

Após os estudos passo à Sala de Refeições onde uma bela sopa de pescado com arroz e um mingau de tapioca com leite me esperam para o jantar. Um cálice de licor de jenipapo e estou pronto para ir ao catre encontrar-me com Mme Pintáfona em meus sonhos.

Antes de despedir-me, envio profalças aos novos comentaristas do “Saudades do Rio”, os quais espero conhecer pessoalmente em futuro ágape.

Despeço-me Ensolarado, Estacionado e Ajardinado.

Seu Criado,

Dr. Hermelindo Pintáfona”