Hoje vamos falar do Mirante Dona Marta.
E fica a pergunta aos comentaristas: Todos já foram aos principais pontos turísticos do Rio?
O local do mirante fica em terras que foram do Padre Clemente que, segundo texto do Sindegtur, ficou rico o suficiente para adquirir há alguns séculos a Sesmaria de Botafogo, cujas terras tinham como limite a Enseada de Botafogo, a “Lagoa de Sacopenapã” (rebatizada em 1703 para Rodrigo de Freitas, seu dono), bem como os morros que depois se chamarão de São João e Santa Marta.
Fundou Clemente a “Fazenda do
Vigário Geral”, ou de “São Clemente”, numa imodesta homenagem ao seu santo
onomástico. Não satisfeito, ergueu em suas terras uma capela dedicada a São
Clemente, que existiu até o princípio do século XX no final da Rua Viúva
Lacerda. Como se fosse pouco, abriu Clemente um caminho da enseada de Botafogo
até sua capela, caminho batizado de São Clemente!
Em homenagem à sua veneranda
mãe, que morreu no Rio de Janeiro em 1698 aos 92 anos (idade excepcional para a
época), Clemente batizou o morro circundante de suas posses como “Morro Dona
Marta”. Nome que ficou até época recente. Em 1980, os favelados da “Favela Dona
Marta”, surgida em 1930 e hoje uma das mais conhecidas na cidade, em comum
acordo, rebatizaram o morro para “Santa Marta”, o que deve muito ter agradado o
Padre Clemente, esteja ele onde estiver.
Vemos o estacionamento do Mirante de Dona Marta. Foi construído a partir da administração Dodsworth, segundo Brasil Gerson, quando por um caminho precário, ainda de saibro, que vinha do Silvestre, se alcançava o alto do Morro de Dona Marta.
Segundo a Secretaria de Turismo, de carro, o acesso é feito pelo Cosme Velho. Siga a Ladeira dos Guararapes, na direção do Corcovado, até avistar uma placa indicando o Mirante. O acesso é fácil e há estacionamento no local.
A pé, o acesso é feito pelo
Morro Dona Marta: suba até o topo da favela (é possível subir de elevador) e
siga pela trilha que leva de 30 a 50 minutos. Íngreme, tem grau de dificuldade
que pode variar de médio a alto. Contrate um guia especializado.
Nosso amigo Zé Rodrigo recomenda muito ir até lá de moto, pela Estrada das Paineiras. O desaparecido Rouen batia ponto com frequência no Mirante e garantia que era seguro ir até lá devido ao grande número de turistas e ao policiamento.
Atualmente há também por lá um heliponto.
Segundo outro desaparecido, o Rafael Netto, houve um projeto para construir um
ramal da ferrovia até o Mirante, aproveitando os antigos trens aposentados em
1979. Mas ficou na intenção.
Durante meus tempos de aluno do Colégio Santo Inácio, todas as férias fazíamos
uma caminhada saindo do Colégio de manhã bem cedo: passávamos pelo topo da
então tranquila Favela Dona Marta, parávamos no Mirante para um lanche e
seguíamos até o Corcovado. Descíamos de trenzinho, pois ninguém é de ferro...
Esta foto foi enviada, para o Decourt, em priscas eras, pelo
sumidíssimo Carlos Paiva, colaborador notável de vários blogs do Rio antigo,
como o “Saudades do Rio”.
Na época o mestre Andre Decourt assim a descreveu: “Nesta
foto do meio dos anos 60 vemos a chegada ao Mirante D. Marta, talvez um dos
mais belos mirantes da cidade.
Seu acesso foi em muito facilitado para o grande público nos anos 50, com a construção da “Variante Paineiras”, na realidade o caminho onde hoje chegamos, partindo da Rua Almirante Alexandrino, ao Hotel das Paineiras, que vinha substituir a primitiva via aberta na época de Passos.
Com a construção da variante, o DER-DF, na gestão de Negrão de Lima como prefeito, começou a abrir um novo ramal, com as mesmas técnicas construtivas até o topo do Morro Dona Marta de onde se descortinava uma maravilhosa vista da Zona Sul.
No governo Lacerda o mirante ganhou suas primeiras obras de urbanização, já que o acesso estava feito, obras que foram complementadas no governo Negrão, agora governador da Guanabara.
Vemos o piso em placas de concreto armado e a cerca em gradil metálico tão típicas das obras de engenharia dessa época em nossa cidade. O mirante ficou com essa arquitetura básica durante décadas, foi ficando abandonado e perigoso nos anos 80. No início da década de 90 houve novas obras no local, mas o perigo de se frequentar o local, pelo menos de dia só diminuiu em muito com a instalação de um heliponto turístico no local.”
Foto publicada no "Saudades do Rio - O
Clone", com a seguinte legenda: "Mostra, no morro em primeiro plano, uma vertente da Rua Mundo Novo
praticamente vazia. Nota-se o ziguezague das ruas Jagua e Juçanã e, no fim
dele, o pequeno mirante . Havia uma dúvida sobre a estrada que segue em
destaque para o pé da foto. Parece que se trata da Rua Oswaldo Seabra."
O local tem uma vista tão bonita que era utilizado para propagandas de automóveis. Segunto obiscoitomolhado a foto foi publicada na revista "Quatro Rodas". Vemos um Karmann Ghia, talvez 63 ou 64.
Um antigo comentarista, fã de automóveis, apontou deficiências
básicas no Karmann-Ghia: Motorização "anêmica" com seu propulsor
inicial de 1200cc., mais tarde adotando melhorias e adaptações, até com
motorização Porsche (Dacon). A inclinação lateral em razão do projeto obrigava
ao fechamento dos vidros quando chovia, causando embaçamento pela ausência de
ventilação forçada.
Os especialistas concordam com esta opinião?
Outra foto de propaganda, esta garimpada pelo M. Lobo. Vemos a foto de um anúncio da FNM - Fábrica Nacional de Motores, com um “JK” fabricado a partir de 1960, sob licença da Alfa Romeo.
Esta foi garimpada pelo Augusto. Um casal foi comemorar o "Dia dos Namorados" no Mirante Dona Marta. Fonte: Arquivo Nacional.
Muitas autoridades eram levadas ao Mirante Dona Marta para ver o Rio desde o alto. Principalmente quando o Corcovado estava encoberto.
Vemos o Rei Juan Carlos, da Espanha, em visita ao Rio no início dos anos 80. Veio acompanhado da Rainha Sofia. Na época não havia como prever o escândalo em que se envolveria neste século, que o obrigou a abdicar em favor de seu filho Felipe VI.
Tia Milu garimpou esta foto e a publicou em seu "fotolog". Trata-se de um projeto de
restaurante para o Mirante Dona Marta. Autoria do arquiteto Flávio Marinho Rêgo
para a Secretaria de Turismo do Estado da Guanabara.
Solução circular com pilares ao centro, em vários níveis, livrando obstáculos
que possam impedir a vista panorâmica.
Marcelo M. Rego, filho do arquiteto confirmou que o
projeto se destinava ao que hoje é o heliponto de helicópteros turísticos, no
acesso ao Cristo Redentor, via Cosme Velho. O projeto é de 1968, condizente com
sua época e com a finalidade a qual ele se destinaria. Fica acima do Morro Dona
Marta.
Tratou-se de solução semelhante que deu Oscar
Niemeyer, com quem Flávio trabalhou na decada de 50, ao fantástico projeto do
MAC em Niteroi.
Vemos a planta do empreendimento feito para a Secretaria de Turismo do Estado da Guanabara. Um bar-restaurante no Mirante Dona Marta.
O arquiteto Flávio Marinho Rêgo, segundo seu filho, além da reforma de 1997 da Praça
XV e da revitalização da orla do Centro e de pontos turísticos como o Pão de
Açúcar e do Cristo, contribuiu enormemente para a beleza do Rio, que ele tanto
amava.
Este projeto, se fosse realizado hoje, seria
atualíssimo e em pouco tempo seria incorporado à cidade como mais um funcional
ponto de contemplação.