quinta-feira, 30 de novembro de 2023

BABÁS

Nestes tempos de polarização, politicamente correto, de se ver chifre em cabeça de cavalo, até as babás são motivo de discussão por conta do uso de uniforme.

Cinco argumentos sobre o assunto pinçados da Internet:

Qual o problema de usar uma roupa branca? Isso não me faz pior do que ninguém. Pelo contrário, ganho melhor que muita gente que trabalha em escritório com ar-condicionado.

O uniforme é uma forma dos patrões usarem os funcionários como objeto de ostentação e poder. É como se ele estivesse dizendo para as outras pessoas: “Olhem, eu posso pagar uma funcionária e mandar nela”.

Desde o momento que a gente trabalha e tem uniforme, a gente tem de usar. Tem casas que não pedem, outras precisam. Eu acho até melhor porque preserva mais as nossas roupas. E tudo eles que dão. Eles dão sapato, calça, bermuda, blusa.

O dia em que uma criança filha de rico sonhar em ser babá ou empregada doméstica, a gente conversa sobre se é um emprego como qualquer outro.

Existe um 'dress code' para diversas profissões: médico, enfermeiro, porteiro, dentista, policial, bombeiro, advogados etc. E por qual razão as babás, com sua profissão regulamentada, não podem usar branco, traduzindo paz e assepsia ao cuidar de uma criança? Este argumento de discriminação é inaceitável e preconceituoso.


FOTO 1: Eu tive uma babá e gostava muito dela. Chegou lá em casa dois anos antes de mim. Queridíssima por todos, ficou junto de minha mãe por mais de 60 anos, nos últimos tempos como duas amigas.

Acompanhou-me a vida toda, a meus irmãos e amigos. Sempre fui Luiz para ela, mas meus amigos, quando se formaram, passaram a ser chamados de “doutor” por ela. 

Adorava meus filhos. Quando minha filha se casou não quis ir ao casamento porque disse que ficaria muito emocionada, mas fez questão de ser ela quem colocasse o vestido na noiva. 

No final da vida, resolveu morar com a sobrinha. Mantivemos uma ajuda de custo mensal para ajudá-la.

Uma figura humana inesquecível.

FOTO 2Foto de 1945. Vemos meu irmão com uma babá que não conheci. Ao fundo está o Edifício Guarujá, na Rua Constante Ramos. Esta semana aquela senhora sob a barraca fará 101 anos. Parabéns!


FOTO 3Esta foto é do acervo do amigo Roberto, o rockrj. Vemos a irmã dele com a babá na Praia de Copacabana, perto da Rua Xavier da Silveira, em 1946.

Curiosamente, achei as babás parecidas.

FOTO 4Babás e crianças nos brinquedos da praça. Curioso observar como havia poucos aparelhos de ar condicionado nos prédios ao fundo. Que praça é esta? Acho que é a Antero de Quental no Leblon.


FOTO 5Um monte de babás e crianças na Praça Edmundo Bittencourt, no Bairro Peixoto. Era um lugar muito tranquilo, tendo naquela época, em seu entorno, casas construídas na década de 40 e prédios com apartamentos no térreo, sem elevador, na década de 50. Mais adiante, no final desta década, os prédios com pilotis no térreo, com revestimento como pastilhas e painéis em mosaico na portaria.

Era uma pracinha típica da época, onde as crianças brincavam livremente nos brinquedos (rema-rema, gangorra, balanço e escorrega), compravam sorvete na carrocinha da Kibon, pipoca e algodão doce. Buracos eram cavados no chão de terra para o jogo de bola de gude. A “pelada” de futebol, com todos os pequenos correndo desesperadamente atrás da bola, sem nenhum senso tático, era obrigatória.

Havia muitos grupos de bambus espalhados pela praça, onde era possível se esconder nas brincadeiras de “mocinhos” contra índios e bandidos.

Houve uma época que no lado da Rua Anita Garibaldi havia cavalos para alugar, além de charrete e carrinhos puxados por bodes. Era tão tranquilo que não havia perigo em dar uma volta na praça ou mesmo fazer um passeio longo a cavalo, subindo pela Rua Decio Vilares e descendo pela Rua Maestro Francisco Braga. 

Tempos depois, onde anteriormente ficavam os cavalos, existiu o ponto final de uma linha de ônibus elétrico.


FOTO 6A foto é da Praça General Osório, em Ipanema. Babás, crianças e fotógrafos lambe-lambe perto do Chafariz das Saracuras. Este chafariz foi para esta praça por volta de 1914. Obra de Mestre Valentim da Fonseca e Silva (1745-1813), foi instalado em 1791 no pátio interno do Convento da Ajuda, no Centro, e dali removido quando da demolição do dito convento em outubro de 1911.

Durante as últimas décadas o chafariz foi vandalizado muitas vezes, sendo reparado e recolocado no lugar.  As saracuras, tal como os óculos de Drummond, vão e voltam ao sabor dos vândalos.


FOTO 7A foto, do Arquivo Nacional, mostra a região do Posto 6 em 1959. Estas árvores na areia chamam a atenção, pois não estão nos seus melhores dias. Até quando sobreviveram?

Vendo a foto fico com a impressão que esta babá devia ser rigorosíssima.

Outro dia li uma reportagem sobre a diferença da educação francesa para a educação americana.

Na francesa as crianças seriam tratadas como crianças, sendo educadas de uma forma mais rígida, tal como ensinadas a serem educadas, a comer na mesa a mesma comida dos adultos, sem tantos privilégios. De forma resumida, os pais manteriam o próprio modo de vida.

No modo de educar baseado na experiência americana, copiado por aqui, as crianças teriam todas as vontades atendidas, com comida especial para elas, não podendo ser contrariadas. Seriam os "reizinhos" e "rainhazinhas" da casa, quase que transformando os pais em escravos da vontade delas. Seriam mal-educadas, cheias de direitos e rebeldes à boa educação.

Não seriam os atuais pais brasileiros por demasiado complacentes com as exigências dos filhos?


segunda-feira, 27 de novembro de 2023

CORPO DE BOMBEIROS


FOTO 1: Como conta Dunlop, até 1856 não havia no Rio serviço organizado de combate ao fogo. Os incêndios eram extintos da maneira mais rudimentar possível, com voluntários em fila, baldes de água passando de mão em mão, toscas escadas para retirar moradores de prédios mais altos.

No ano de 1856 foi criado o Corpo Provisório de Bombeiros da Corte.

Os avisos de incêndio eram dados por três tiros de peça de artilharia de grosso calibre, disparados do alto do Morro do Castelo, com intervalos de cinco minutos.

Para indicar a Freguesia onde lavrava o fogo, o sino grande da igreja de São Francisco de Paula dava badaladas convencionais: um toque (Sacramento), dois toques (São José), três toques (Candelária), quatro toques (Santa Rita), cinco toques (Santana), seis toques (Engenho Velho), sete toques (Santo Antonio), oito toques (Glória), nove toques (Lagoa). Também o sino maior da freguesia onde havia o fogo repetia o toque de incêndio de minuto em minuto.

FOTO 2: Postal da coleção de Klerman W. Lopes.Vemos a torre de exercícios do Quartel Central do Corpo de Bombeiros, na Praça da República.

O lema do Corpo de Bombeiros é "Vidas alheias e riquezas salvar”.

FOTO 3: Postal da coleção de Klerman W. Lopes. A fachada posterior do quartel dá para a Rua do Senado.


FOTO 4: Postal da coleção de Klerman W. Lopes. Foto de Malta.

A instituição, que viria a ser o 1º Corpo de Bombeiros do Brasil, foi criada pelo Imperador Dom Pedro II, através do Decreto nº1775, de 02 de julho de 1856, ainda na época do Brasil Império.



FOTO 5Foto de Malta, do início do século XX, mostrando o quarteirão da Praça da República onde fica o Quartel Central do Corpo de Bombeiros. O bonde "Barcas", com seu reboque, passa tranquilamente pela Rua Visconde de Rio Branco em direção à Praça XV. 

Renovado, melhorado e ampliado, o quartel foi inaugurado pelo Presidente da República, Dr. Afonso Augusto Moreira Pena, que foi recebido pelo Coronel-Comandante Feliciano Benjamin de Souza Aguiar. 

Podemos observar no centro da foto o prédio da antiga Beneficência Italiana, que ainda permanece de pé, ao lado existia um prédio em estilo colonial, muito bonito que foi demolido no início dos anos 60 (61 ou 62), onde hoje funciona um estacionamento do CBERJ. 

É bem interessante visitar o Quartel Central, não só pela bela construção em si, como pelo acervo, com fotos, história e carros de socorro da época.

FOTO 6Quartel de Bombeiros do Humaitá em 1910. Esta bela foto, enviada pelo Francisco Patricio, mostra uma região que ainda mantém muito de suas características de décadas passadas. Este quartel não mudou praticamente nada e é tombado. Acho que aquela casa lá em cima do morro também existe até hoje.

Já imaginaram, mesmo com o esforço de Lulu&Dudu, o quanto devia demorar até essas carroças chegarem ao local do incêndio?

Consta que a residência no alto do morro que se vê ao fundo é o Castelinho, antiga residência da família Barcelos. Dona Odete Barcelos a proprietária, era pintora e mantinha um atelier na parte baixa da encosta, na subida pela Rua Maria Eugênia ( em frente onde hoje é a entrada principal da Casa de Espanha). A este estúdio acorriam os escultores e pintores da época, estudantes interessados no convívio com os mestres e amigos. 

O espaço também era destinado ao incentivo de outras artes, como o balé, por exemplo. Era chamado de "Escolinha da Dona Odete". Anos depois, já nas mãos dos herdeiros de Dona Odete, o espaço continuou a exercer sua função cultural, alí eram dadas aulas de Tae Kwon Do na década de 90, entre outras atividades.

FOTO 7O Quartel da Tijuca, em foto enviada pelo Carlos Paiva. A esquina ao fundo é da Rua José Higino, quase esquina com Avenida Maracanã. À esquerda, fora da foto, junto ao muro, ficava a antiga 19ª Delegacia Policial (o Joel poderá confirmar).

FOTO 8Vemos uma imagem do hoje desaparecido quartel da Primeira Zona do Corpo de Bombeiros, no Cais do Porto.

Construída conjuntamente com as obras do Porto do Rio ela ficava instalada estrategicamente entre os dois pedaços do porto, ao lado do Gasômetro, junto aos estaleiros do Caju e defronte às pequenas ilhas da baia, que desde cedo começaram a virar depósitos de carvão e logo depois líquidos inflamáveis.

O quartel todo em estrutura metálica, técnica em voga no final do séc. XIX e primeiros anos do XX, tinha diversos elementos construtivos em comum a outras duas antigas unidades da cidade, o Quartel Central e o Quartel do Humaitá, notadamente os pilares que levantam a parte de alvenaria do local destinado as viaturas de combate à incêndio.


FOTO 9: Como esta foto deixou dúvidas, mais informações foram conseguidas através de troca de e-mails com o Sr. Abílio Afonso da Águeda, então responsável pelo Museu Histórico CBMERJ. 

Vejam a resposta do Sr. Abílio, no melhor estilo "General Miranda":

"Fico feliz pelo Museu Histórico poder ajudar na relevante contribuição das atividades dos fotologs no sentido de preservar e divulgar a memória de nossa cidade através de imagens antigas. 

Além do aspecto da memória visual, acho extremamente importante os comentários dos participantes sobre o contexto histórico e cultural dessas imagens, revelando informações, detalhes e curiosidades que muitas vezes se desdobram para além do conteúdo imagético fotografado". 


FOTO 10Seguem abaixo as referências das fontes das fotografias 8 a 10: - "cais do porto fachada" e "cais do porto 01": Manual do Bombeiro de 1930.  Revista Avante Bombeiro de julho de 1954, que aborda a maior tragédia do Corpo de Bombeiros, sobre a morte de 17 bombeiros do Quartel do Cais do Porto durante uma explosão que ocorreu na Ilha do Braço Forte em maio de 1954. 
 Abraços. 
Abílio Afonso da Águeda - Museólogo" 



FOTO 11: foto do Corpo de Bombeiros da Ilha do Governador. Área do Professor Jaime Moraes que, se aparecer por aqui, dará uma aula completa sobre este local.



FOTO 12Foto encaminhada pelo GMA.

Em 1918, D. Rosa Leopoldina Guimarães doa um terreno situado entre as antigas ruas Guimarães Caipora, atual Bolívar, e Furquim Werneck, atual Xavier da Silveira, destinando-a à construção de uma estação para o Corpo de Bombeiros.

Em 04 de março de 1920, foi inaugurado em Copacabana o Quartel do Corpo de Bombeiros, com a primeira designação de posto 11 – Copacabana, que, após, passou à denominação de Destacamento 04 – Copacabana.

 Em 1926 foi inaugurada a Praça Eugênio Jardim, situada em frente ao Quartel de Copacabana. O nome da praça é uma homenagem póstuma ao Major Bombeiro Militar Eugênio Rodrigues de Morais Jardim, ex-Comandante do Corpo de Bombeiros.

Situado na Rua Xavier da Silveira, 120 – Copacabana, os bombeiros deste quartel participaram de episódios relevantes tais como: “Os 18 do Forte”, em 1922, incêndio do prédio da Boate Vogue, em 1955, deslizamentos e desabamentos provocados pela enchente de 1966, incêndio no Centro de Convenções do Hotel Nacional, em 1977, deslizamentos no Morro do Pavão-Pavãozinho em 1983.

Ao longo destes anos, a arquitetura do quartel se mantém preservada em suas características. 

FOTO 13Nesta foto da Escola de Aviação Militar, de 1934, dá para ver um pedaço do "Caminho do Caniço" ainda aberto. É anterior à abertura do Corte do Cantagalo.

A seta vermelha assinala o prédio do Corpo de Bombeiros de Copacabana. 


FOTO 14: Em foto de 1966 vemos o prédio do Corpo de Bombeiros de Copacabana.

Se a tia Lu aparecer por aqui ela poderá explicar o que aconteceu quando estacionou o carro na Praça Eugenio Jardim, como o fusca à direita, esqueceu de deixar engrenado e de puxar o freio de mão: adianto que, por incrível sorte, em determinado momento, o carro desceu de ré, atravessou a rua sem bater em nada e parou na calçada oposta...


FOTO 15 Vemos o Pavilhão dos Bombeiros na Expo de 1908 na Praia Vermelha.


FOTO 16  Fotografia da Praça São Salvador tomada a partir da Rua Esteves Júnior. À esquerda, o antigo prédio do Corpo de Bombeiros.


FOTO 17  Cartão Postal da Expo de 1908.

FOTOS FINAIS (CARROS ANTIGOS DE BOMBEIROS)