Nestes tempos de polarização, politicamente correto, de se ver chifre
em cabeça de cavalo, até as babás são motivo de discussão por conta do uso de
uniforme.
Cinco argumentos sobre o
assunto pinçados da Internet:
Qual o problema de usar uma roupa branca?
Isso não me faz pior do que ninguém. Pelo contrário, ganho melhor que muita
gente que trabalha em escritório com ar-condicionado.
O uniforme é uma forma dos patrões usarem os
funcionários como objeto de ostentação e poder. É como se ele estivesse dizendo
para as outras pessoas: “Olhem, eu posso pagar uma funcionária e mandar nela”.
Desde o momento que a gente trabalha e tem
uniforme, a gente tem de usar. Tem casas que não pedem, outras precisam. Eu
acho até melhor porque preserva mais as nossas roupas. E tudo eles que dão.
Eles dão sapato, calça, bermuda, blusa.
O dia em que uma criança filha de rico sonhar
em ser babá ou empregada doméstica, a gente conversa sobre se é um emprego como
qualquer outro.
Existe um 'dress code' para diversas
profissões: médico, enfermeiro, porteiro, dentista, policial, bombeiro,
advogados etc. E por qual razão as babás, com sua profissão regulamentada, não
podem usar branco, traduzindo paz e assepsia ao cuidar de uma criança? Este
argumento de discriminação é inaceitável e preconceituoso.
FOTO 1: Eu tive uma babá e gostava muito dela. Chegou lá em casa dois anos antes de mim. Queridíssima por todos, ficou junto de minha mãe por mais de 60 anos, nos últimos tempos como duas amigas.
Acompanhou-me a vida toda, a meus irmãos e amigos. Sempre fui Luiz para ela, mas meus amigos, quando se formaram, passaram a ser chamados de “doutor” por ela.
Adorava meus filhos. Quando minha filha se casou não quis ir ao casamento porque disse que ficaria muito emocionada, mas fez questão de ser ela quem colocasse o vestido na noiva.
No final da vida, resolveu morar com a
sobrinha. Mantivemos uma ajuda de custo mensal para ajudá-la.
Uma figura humana inesquecível.
FOTO 2: Foto de 1945. Vemos meu irmão com uma babá que não conheci. Ao fundo está o Edifício Guarujá, na Rua Constante Ramos. Esta semana aquela senhora sob a barraca fará 101 anos. Parabéns!
FOTO 3: Esta foto é do acervo do
amigo Roberto, o rockrj. Vemos a irmã dele com a babá na Praia de Copacabana,
perto da Rua Xavier da Silveira, em 1946.
Curiosamente, achei as babás parecidas.
FOTO 4: Babás e crianças nos
brinquedos da praça. Curioso observar como havia poucos aparelhos de ar
condicionado nos prédios ao fundo. Que praça é esta? Acho que é a Antero de Quental
no Leblon.
FOTO 5: Um monte de babás e
crianças na Praça Edmundo Bittencourt, no Bairro Peixoto. Era um lugar muito
tranquilo, tendo naquela época, em seu entorno, casas construídas na década de
40 e prédios com apartamentos no térreo, sem elevador, na década de 50. Mais
adiante, no final desta década, os prédios com pilotis no térreo, com revestimento
como pastilhas e painéis em mosaico na portaria.
Era uma pracinha típica
da época, onde as crianças brincavam livremente nos brinquedos (rema-rema,
gangorra, balanço e escorrega), compravam sorvete na carrocinha da Kibon,
pipoca e algodão doce. Buracos eram cavados no chão de terra para o jogo de
bola de gude. A “pelada” de futebol, com todos os pequenos correndo
desesperadamente atrás da bola, sem nenhum senso tático, era obrigatória.
Havia muitos grupos de
bambus espalhados pela praça, onde era possível se esconder nas brincadeiras de
“mocinhos” contra índios e bandidos.
Houve uma época que no lado da Rua Anita Garibaldi havia cavalos para alugar, além de charrete e carrinhos puxados por bodes. Era tão tranquilo que não havia perigo em dar uma volta na praça ou mesmo fazer um passeio longo a cavalo, subindo pela Rua Decio Vilares e descendo pela Rua Maestro Francisco Braga.
Tempos depois, onde
anteriormente ficavam os cavalos, existiu o ponto final de uma linha de ônibus
elétrico.
FOTO 6: A foto é da Praça General
Osório, em Ipanema. Babás, crianças e fotógrafos lambe-lambe perto do Chafariz
das Saracuras. Este chafariz foi para esta praça por volta de 1914. Obra de
Mestre Valentim da Fonseca e Silva (1745-1813), foi instalado em 1791 no pátio
interno do Convento da Ajuda, no Centro, e dali removido quando da demolição do
dito convento em outubro de 1911.
Durante as últimas
décadas o chafariz foi vandalizado muitas vezes, sendo reparado e recolocado no
lugar. As saracuras, tal como os óculos
de Drummond, vão e voltam ao sabor dos vândalos.
FOTO 7: A foto, do Arquivo
Nacional, mostra a região do Posto 6 em 1959. Estas árvores na areia chamam a
atenção, pois não estão nos seus melhores dias. Até quando sobreviveram?
Vendo a foto fico com a
impressão que esta babá devia ser rigorosíssima.
Outro dia li uma
reportagem sobre a diferença da educação francesa para a educação americana.
Na francesa as crianças
seriam tratadas como crianças, sendo educadas de uma forma mais rígida, tal
como ensinadas a serem educadas, a comer na mesa a mesma comida dos adultos,
sem tantos privilégios. De forma resumida, os pais manteriam o próprio modo de
vida.
No modo de educar baseado
na experiência americana, copiado por aqui, as crianças teriam todas as
vontades atendidas, com comida especial para elas, não podendo ser
contrariadas. Seriam os "reizinhos" e "rainhazinhas" da
casa, quase que transformando os pais em escravos da vontade delas. Seriam
mal-educadas, cheias de direitos e rebeldes à boa educação.
Não seriam os atuais pais
brasileiros por demasiado complacentes com as exigências dos filhos?