A Rádio Roquette-Pinto
tem uma história fascinante e significativa na radiodifusão brasileira. Fundada
por Edgard Roquette-Pinto, considerado o pai da radiodifusão no Brasil, a rádio
foi criada com o objetivo de difundir cultura e educação.
Edgard Roquette-Pinto,
médico, antropólogo e educador, fundou a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro em
1923. Ele acreditava no potencial do rádio para melhorar a educação no país. Em
1934, ele criou a Rádio Escola Municipal do Rio de Janeiro, uma emissora de
caráter estritamente educacional.
Para garantir que a rádio
mantivesse seu foco educacional e cultural, Roquette-Pinto doou a emissora ao
Ministério da Educação e Cultura em 1936, impondo a condição de que a rádio
transmitisse apenas programação educativa e cultural, sem proselitismo comercial,
político ou religioso.
Em 1946, a Rádio Escola
passou a se chamar Rádio Roquette-Pinto, em homenagem ao seu fundador. Desde
então, a rádio foi uma importante emissora pública, operando na frequência
94,1 MHz e sendo administrada pelo Governo do Estado.
Nos anos 40 a Rádio Roquette-Pinto funcionava no último andar do Edifício Andorinha.
A programação do dia 20/04/1946 foi:
8h – Jornal da PRD-5, com
um noticiário especializado da Prefeitura do Distrito Federal.
11h – Horário do lar.
13h - Leituras e
suplemento musical.
18h – Variações sinfônicas
de Cesar Franck.
18:30h – Recordações da
época áurea da Ópera, com Caruso, Pasquale, Amato, Amelita e Jornet.
19h – Noticiário do
Departamento de Segurança Pública.
19:15h – Noticiário da
BBC.
19:30h – D.N.I.
20h – Ano Litúrgico com o
programa Aleluia.
21h – Pianistas célebres
apresentando um recital de Alexandre Brailowsky: Liszt, Chopin e Moussorgsky.
22:15h – Ouverture,
prelúdios e intermezzos famosos.
23h: Grande diário do ar.
24h: Programa da PRD-5
para amanhã. Encerramento.
Esta foto de Malta, de
02/10/1922, mostra a estação de Radio-Telephonia no Mirante Chapéu do Sol.
Realizou-se, no dia 7 de
setembro de 1922, a primeira transmissão radiofônica oficial no Brasil, conduzida
por Roquette-Pinto a partir da Exposição Internacional, como parte das
comemorações do centenário da Independência. A Westinghouse Electric junto com
a Companhia Telefônica Brasileira instalou no alto do Corcovado, no Rio de
Janeiro, uma estação de 500W, inaugurada com um discurso do presidente Epitácio
Pessoa. Seguiram-se emissões de música lírica, conferências e concertos,
captados pelos oitenta aparelhos de rádio distribuídos pela cidade.
No Brasil o início
efetivo e regular das transmissões do rádio ocorreu somente no ano seguinte,
graças ao esforço de Roquette Pinto. Ele tentou em vão convencer o Governo a
comprar os equipamentos da Westinghouse, que permitiram a transmissão
experimental. A aquisição acabou sendo feita pela Academia Brasileira de
Ciências e assim entrou no ar, em 20 de abril de 1923, a Rádio Sociedade do Rio
de Janeiro.
Vemos a estação radiofônica da Praia Vermelha. Conta o Prof. Jaime Moraes, antigo frequentador dos "FRA-Fotologs do Rio Antigo":
"Em janeiro de 1923 era encerrada a Exposição Internacional. A Westinghouse
que havia instalado o transmissor do Corcovado, resolveu desmontar todo o
sistema e reenviar para os Estados Unidos, uma vez que já havia um comprador
para o mesmo. A Western Electric, em uma tentativa de vender o seu transmissor,
manteve o mesmo em operação. O Governo Brasileiro então o adquire, entregando-o
à Repartição dos Correios para que fosse operada como estação de telegrafia. No
entanto, alguns radioamadores conseguiram autorizações e começaram por sua
conta a utilizar o sistema no modo de Radiofonia, transmitindo boletins
meteorológicos, cotações das Bolsas de café e açúcar, algumas palestras e
transmissão de discos.
A Estação de prefixo SPE
a partir de 19 julho de 1923 começou a transmitir regularmente a previsão do
tempo, tendo no período entre 14 a 17 de julho, levado ao ar os concertos da
Filarmônica de Viena, diretamente do Teatro Municipal.
Cada vez mais
entusiasmado pela ideia de utilizar o Rádio para fins educativos, Edgard
Roquette-Pinto tenta de todas as maneiras sensibilizar o governo para que a
Estação da Praia Vermelha fosse utilizada com este propósito, não obtendo, no
entanto, o apoio que desejava.
Naquela época a lei que regulava o rádio
no Brasil ainda não tinha sido regulamentada. O rádio era considerado quase que
uma “arma secreta”, de propriedade do Governo, e a Polícia prendia os afoitos
que ousavam construir seu próprio rádio de galena para ouvir as transmissões da
Praia Vermelha, finalmente mais tarde comprada pelo Departamento de Telégrafos
à companhia Western."
A aquisição acabou sendo
feita pela Academia Brasileira de Ciências e assim entrou no ar, em 20 de abril
de 1923, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro.