OS POUCO FAMOSOS (Segunda parte), por Helio Ribeiro
(Essa postagem é uma
continuação daquela do sábado passado).
FRANCISCO CARLOS (05/04/1928 – 19/08/2003)
Embora
fosse carioca, passou a infância em Recife, retornando para cá aos 11 anos de
idade. Graduou-se pela Escola Nacional de Belas Artes. Ainda estudante,
apresentou-se no “Programa Casé”, da Rádio Mayrink Veiga. Em 1946 foi contratado
como cantor profissional pela Rádio Tamoio e depois transferiu-se para a Rádio
Globo.
Um
de seus primeiros discos, gravado em 1950, trazia a marcha carnavalesca “Meu
brotinho”, de grande sucesso, e o samba “Me deixa em paz”, ambos de Humberto
Teixeira e Luiz Gonzaga.
Em
1953 foi escolhido pelos ouvintes da Rádio Nacional como o melhor cantor do
ano, superando Francisco Alves, falecido no ano anterior. Em 1958 foi eleito
“Rei do Rádio” e recebeu o apelido de El
Broto. Posteriormente foi considerado “O cantor enamorado do Brasil”. Em
1962, no auge da carreira, abandonou a vida artística após uma excursão pela
Europa e passou a se dedicar exclusivamente à pintura.
No
início dos anos 1980 tentou voltar à vida artística, não logrando sucesso e
abandonando de vez essa pretensão.
Morreu
após complicações provocadas por um linfoma.
ÁUREA MARTINS (13/06/1940)
Nascida
Áldima Pereira dos Santos, em Campo Grande, pertencia a uma família de músicos:
o pai tocava violão, a avó banjo, a mãe era cantora amadora e dois de seus
tios tocavam clarinete e saxofone.
Participou quando criança do coral da igreja de Nossa Senhora do Desterro.
Recebeu
o nome de Áurea Martins dado por Paulo Gracindo, quando cantava em programas de
auditório da Rádio Nacional na década de 1960. Em 1969 ganhou o primeiro lugar
no programa “A Grande Chance”, de Flávio Cavalcanti. Com o dinheiro recebido
bancou seu primeiro LP, de nome “O Amor em Paz”, em 1972, com arranjos de Luiz
Eça.
Após
essa evidência inicial passou a atuar apenas no circuito boêmio do Rio. Em 2008
voltou à cena musical, com o LP “Até sangrar”, ganhando como melhor cantora o
Prêmio da Música Brasileira, em 2009, sendo Marisa Monte uma das concorrentes.
No mesmo ano foi lançado um curta metragem mostrando uma jornada de trabalho da
cantora na noite carioca, tendo esse curta recebido mais de 20 prêmios desde
seu lançamento.
Em
2012 lançou seu primeiro DVD.
TRIO NAGÔ (1950 – início da década de 1960)
Tudo
começou com Mário Alves, um alfaiate cearense que cantava enquanto costurava em
sua pequena loja. Pelas manhãs ele recebia dois amigos, Evaldo Gouveia e
Epaminondas de Souza, que o acompanhavam na cantoria: Evaldo com voz e
Epaminondas ao violão. Tudo não passava de brincadeira.
Ao
final do expediente, Mário ia para casa e os outros dois esticavam a cantoria
em bares de Fortaleza. Um dia alguém os ouviu cantando e os indicou para
audição numa rádio local. De rádio em rádio, acabaram sendo convidados para representar
o Ceará no programa César de Alencar, na Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Essa
apresentação resultou num contrato com a Rádio Jornal do Brasil, formando-se
então o Trio Nagô.
Dois
anos depois já tinham feito apresentações em várias casas do Rio e São Paulo e
foram contratados pela Rádio Record. Lançaram diversos discos de 78rpm e
iniciaram turnês nacionais.
Ganharam
programa próprio na TV Record e faziam muito sucesso, com fã-clubes femininos
suspirando pelo Evaldo e Epaminondas, os galãs do trio. Fizeram turnês por
vários países das Américas e da Europa, com grande sucesso em Paris. Na volta,
foram condecorados por autoridades por divulgarem a cultura brasileira. Apesar
disso, Mário Alves continuava desenhando e costurando para o trio.
Em
fins dos anos 1950 o trio se separou, tentando retornar no início da década de
1960, agora com repertório e harmonia da bossa nova. Mas não tiveram sucesso.
Evaldo
Gouveia continuou carreira, agora como compositor, junto com Jair Amorim. De
Mário e Epaminondas não se teve mais notícia.
ELLEN DE LIMA (24/03/1938)
Baiana,
foi para o Rio de Janeiro aos dois anos de idade. Aos oito anos apresentou-se
no programa “Papel Carbono”, de Renato Murce, imitando a cantora Heleninha
Costa, sendo a vencedora da noite. Mas sua carreira começou mesmo quando se
apresentou no programa de calouros de César de Alencar, na Rádio Nacional, e no
“Alvorada dos novos”, da Rádio Mayrink Veiga, onde foi contratada em 1954 para
apresentar-se no Rio e em São Paulo.
Foi
uma das primeiras contratadas da Columbia (depois CBS e atual Sony-BMG),
lançando seu primeiro disco, a convite do maestro Renato de Oliveira, com o
samba-canção “Até você” e o slow-fox “Melancolia”.
Em
1957 gravou seu primeiro LP, com o bolero “Vício”, de Fernando César, fazendo
muito sucesso. Mas foi na década de 1960 que Ellen de Lima se tornou conhecida com
a “Canção das Misses”, tema do concurso Miss Brasil.
Nos
anos seguintes, embora sem fazer muito sucesso, gravou alguns LP’s, participou
de telenovelas e de shows e festivais, inclusive com várias temporadas no
Cassino Estoril, de Portugal. Recebeu algumas homenagens, participou do grupo “Cantoras
do Rádio”, foi eleita madrinha da Polícia Rodoviária Federal. Até hoje tem vida
musical ativa.
Suas
últimas apresentações documentadas na Internet foram em 2017, no sábado e na
segunda-feira de Carnaval, no Baile da Cinelândia.
LUCIENE FRANCO (03/01/1939)
Iniciou
a carreira artística em 1957, lançando pela Copacabana seu primeiro disco,
assinando apenas “Luciene”, com o bolero “Tarde morena de Espanha”, de Luis
Bonfá, e o samba-canção “Ave Maria”, de Vicente Paiva.
Em
1958 foi eleita pela revista Radiolândia como “Cantora revelação do ano
na TV”.
Ao
longo da década de 1960 gravou várias composições de Luis Bonfá e de Ary Barroso,
do qual era a cantora favorita. Fez várias turnês por países das Américas e
Europa.
Na
TV, atuou nos principais programas: Flávio Cavalcanti, Chacrinha, J. Silvestre,
Jair de Taumaturgo, Sílvio Santos, Blota Jr, Aerton Perlingeiro, Airton
Rodrigues e Murilo Nery.
Sua
última apresentação documentada na Internet foi em 2017, na sexta-feira de
Carnaval no Baile da Cinelândia.
MARCOS MORAN (1938)
OBS:
Não consegui obter a data de nascimento dele.
Nascido
Ananias Marques de Oliveira, em Alegre (ES), em 1959 juntou-se com alguns
amigos – entre eles Wilson Simonal - para a criação do grupo Dry Boy’s.
Obtiveram relativo sucesso, mas se separaram. Moran cantou então na boate
Arpège e no Copacabana Palace, sendo visto pela gravadora RCA, onde lançou seu
primeiro compacto em 1965.
Na
década de 1960 sua voz era comparada à de Simonal, de quem era grande amigo. Ao
longo dessa década sofreu influência do rock e do soul music, misturando com
samba e músicas carnavalescas.
Obteve
sucesso no Carnaval de 1968 com a marcha “Até quarta-feira”. Em 1970 virou
intérprete de sambas-enredo, a convite de Carlos Imperial. Cantou para a
Portela, Império Serrano e de 1979 a 1984, para a Vila Isabel, tendo deixado a
escola após desentendimento com um diretor de harmonia durante desfile na
Sapucaí.
Depois
disso, foi puxador de samba para as escolas Acadêmicos de Santa Cruz, Unidos de
Lucas e terminou sua carreira em 2017, pela Acadêmicos de Pilares.
Como
compositor, teve parceria com Roberto Carlos e compôs músicas para Elza Soares,
Cauby Peixoto e Altemar Dutra.
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POSTAGEM ------------