sábado, 6 de julho de 2024

 

OS POUCO FAMOSOS (Segunda parte), por Helio Ribeiro

(Essa postagem é uma continuação daquela do sábado passado).

 

FRANCISCO CARLOS (05/04/1928 – 19/08/2003)


Embora fosse carioca, passou a infância em Recife, retornando para cá aos 11 anos de idade. Graduou-se pela Escola Nacional de Belas Artes. Ainda estudante, apresentou-se no “Programa Casé”, da Rádio Mayrink Veiga. Em 1946 foi contratado como cantor profissional pela Rádio Tamoio e depois transferiu-se para a Rádio Globo.

Um de seus primeiros discos, gravado em 1950, trazia a marcha carnavalesca “Meu brotinho”, de grande sucesso, e o samba “Me deixa em paz”, ambos de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga.

Em 1953 foi escolhido pelos ouvintes da Rádio Nacional como o melhor cantor do ano, superando Francisco Alves, falecido no ano anterior. Em 1958 foi eleito “Rei do Rádio” e recebeu o apelido de El Broto. Posteriormente foi considerado “O cantor enamorado do Brasil”. Em 1962, no auge da carreira, abandonou a vida artística após uma excursão pela Europa e passou a se dedicar exclusivamente à pintura.

No início dos anos 1980 tentou voltar à vida artística, não logrando sucesso e abandonando de vez essa pretensão.

Morreu após complicações provocadas por um linfoma.

 

ÁUREA MARTINS (13/06/1940)


Nascida Áldima Pereira dos Santos, em Campo Grande, pertencia a uma família de músicos: o pai tocava violão, a avó banjo, a mãe era cantora amadora e dois de seus tios  tocavam clarinete e saxofone. Participou quando criança do coral da igreja de Nossa Senhora do Desterro.

Recebeu o nome de Áurea Martins dado por Paulo Gracindo, quando cantava em programas de auditório da Rádio Nacional na década de 1960. Em 1969 ganhou o primeiro lugar no programa “A Grande Chance”, de Flávio Cavalcanti. Com o dinheiro recebido bancou seu primeiro LP, de nome “O Amor em Paz”, em 1972, com arranjos de Luiz Eça.

Após essa evidência inicial passou a atuar apenas no circuito boêmio do Rio. Em 2008 voltou à cena musical, com o LP “Até sangrar”, ganhando como melhor cantora o Prêmio da Música Brasileira, em 2009, sendo Marisa Monte uma das concorrentes. No mesmo ano foi lançado um curta metragem mostrando uma jornada de trabalho da cantora na noite carioca, tendo esse curta recebido mais de 20 prêmios desde seu lançamento.

Em 2012 lançou seu primeiro DVD.

 

TRIO NAGÔ (1950 – início da década de 1960)


Tudo começou com Mário Alves, um alfaiate cearense que cantava enquanto costurava em sua pequena loja. Pelas manhãs ele recebia dois amigos, Evaldo Gouveia e Epaminondas de Souza, que o acompanhavam na cantoria: Evaldo com voz e Epaminondas ao violão. Tudo não passava de brincadeira.

Ao final do expediente, Mário ia para casa e os outros dois esticavam a cantoria em bares de Fortaleza. Um dia alguém os ouviu cantando e os indicou para audição numa rádio local. De rádio em rádio, acabaram sendo convidados para representar o Ceará no programa César de Alencar, na Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Essa apresentação resultou num contrato com a Rádio Jornal do Brasil, formando-se então o Trio Nagô.

Dois anos depois já tinham feito apresentações em várias casas do Rio e São Paulo e foram contratados pela Rádio Record. Lançaram diversos discos de 78rpm e iniciaram turnês nacionais.

Ganharam programa próprio na TV Record e faziam muito sucesso, com fã-clubes femininos suspirando pelo Evaldo e Epaminondas, os galãs do trio. Fizeram turnês por vários países das Américas e da Europa, com grande sucesso em Paris. Na volta, foram condecorados por autoridades por divulgarem a cultura brasileira. Apesar disso, Mário Alves continuava desenhando e costurando para o trio.

Em fins dos anos 1950 o trio se separou, tentando retornar no início da década de 1960, agora com repertório e harmonia da bossa nova. Mas não tiveram sucesso.

Evaldo Gouveia continuou carreira, agora como compositor, junto com Jair Amorim. De Mário e Epaminondas não se teve mais notícia.

 

ELLEN DE LIMA (24/03/1938)


Baiana, foi para o Rio de Janeiro aos dois anos de idade. Aos oito anos apresentou-se no programa “Papel Carbono”, de Renato Murce, imitando a cantora Heleninha Costa, sendo a vencedora da noite. Mas sua carreira começou mesmo quando se apresentou no programa de calouros de César de Alencar, na Rádio Nacional, e no “Alvorada dos novos”, da Rádio Mayrink Veiga, onde foi contratada em 1954 para apresentar-se no Rio e em São Paulo.

Foi uma das primeiras contratadas da Columbia (depois CBS e atual Sony-BMG), lançando seu primeiro disco, a convite do maestro Renato de Oliveira, com o samba-canção “Até você” e o slow-fox “Melancolia”.

Em 1957 gravou seu primeiro LP, com o bolero “Vício”, de Fernando César, fazendo muito sucesso. Mas foi na década de 1960 que Ellen de Lima se tornou conhecida com a “Canção das Misses”, tema do concurso Miss Brasil.

Nos anos seguintes, embora sem fazer muito sucesso, gravou alguns LP’s, participou de telenovelas e de shows e festivais, inclusive com várias temporadas no Cassino Estoril, de Portugal. Recebeu algumas homenagens, participou do grupo “Cantoras do Rádio”, foi eleita madrinha da Polícia Rodoviária Federal. Até hoje tem vida musical ativa.

Suas últimas apresentações documentadas na Internet foram em 2017, no sábado e na segunda-feira de Carnaval, no Baile da Cinelândia.

 

LUCIENE FRANCO (03/01/1939)


Iniciou a carreira artística em 1957, lançando pela Copacabana seu primeiro disco, assinando apenas “Luciene”, com o bolero “Tarde morena de Espanha”, de Luis Bonfá, e o samba-canção “Ave Maria”, de Vicente Paiva.

Em 1958 foi eleita pela revista Radiolândia como “Cantora revelação do ano na TV”.

Ao longo da década de 1960 gravou várias composições de Luis Bonfá e de Ary Barroso, do qual era a cantora favorita. Fez várias turnês por países das Américas e Europa.

Na TV, atuou nos principais programas: Flávio Cavalcanti, Chacrinha, J. Silvestre, Jair de Taumaturgo, Sílvio Santos, Blota Jr, Aerton Perlingeiro, Airton Rodrigues e Murilo Nery.

Sua última apresentação documentada na Internet foi em 2017, na sexta-feira de Carnaval no Baile da Cinelândia.

 

MARCOS MORAN (1938)


OBS: Não consegui obter a data de nascimento dele.

Nascido Ananias Marques de Oliveira, em Alegre (ES), em 1959 juntou-se com alguns amigos – entre eles Wilson Simonal - para a criação do grupo Dry Boy’s. Obtiveram relativo sucesso, mas se separaram. Moran cantou então na boate Arpège e no Copacabana Palace, sendo visto pela gravadora RCA, onde lançou seu primeiro compacto em 1965.

Na década de 1960 sua voz era comparada à de Simonal, de quem era grande amigo. Ao longo dessa década sofreu influência do rock e do soul music, misturando com samba e músicas carnavalescas.

Obteve sucesso no Carnaval de 1968 com a marcha “Até quarta-feira”. Em 1970 virou intérprete de sambas-enredo, a convite de Carlos Imperial. Cantou para a Portela, Império Serrano e de 1979 a 1984, para a Vila Isabel, tendo deixado a escola após desentendimento com um diretor de harmonia durante desfile na Sapucaí.

Depois disso, foi puxador de samba para as escolas Acadêmicos de Santa Cruz, Unidos de Lucas e terminou sua carreira em 2017, pela Acadêmicos de Pilares.

Como compositor, teve parceria com Roberto Carlos e compôs músicas para Elza Soares, Cauby Peixoto e Altemar Dutra.

 

------------  FIM  DA  POSTAGEM  ------------

 O "Saudades do Rio" mais uma vez agradece a colaboração do Helio Ribeiro.

 

sexta-feira, 5 de julho de 2024

BONDE


 Helio,

o que está acontecendo?

Qual a data da foto, o nome do fotógrafo, o itinerário deste bonde, qual a linha, o modelo, o nome do motorneiro, do condutor e do fiscal?


quarta-feira, 3 de julho de 2024

AV. PRESIDENTE ANTONIO CARLOS

As fotos de hoje são da Av. Presidente Antonio Carlos, no Centro, antigamente chamada de Av. Aparício Borges e Av. Santos Dumont. 


Esta foto dos anos 50, garimpada pelo Nickolas, já teve os automóveis identificados pelo Obiscoitomolhado: Um Ford Prefect, já de faróis embutidos, de 48 a 51. Atrás dele um Morris Oxford, dos mesmos anos.


As escolas de samba desfilaram na Praça Onze até 1941, quando o local foi destruído para que desse passagem à Av. Presidente Vargas, para onde os desfiles foram transferidos (trecho perto da Candelária). 

Em fins dos anos 50, os desfiles passaram a ser na Av. Rio Branco. Em 1963, já com arquibancadas, voltou para a Av. Presidente Vargas. 

Em 1975 o desfile realizou-se na Av. Presidente Antonio Carlos, como vemos na foto acima. 

Fotografia da Exposição Virtual 'Estampas do Rio'. Vemos a Praça do Expedicionário, criada em 8/5/1947. Anteriormente conhecida como Praça do Castelo, situa-se na avenida Presidente Antônio Carlos, em frente às avenidas Nilo Peçanha e Almirante Barroso.  

Com a palavra o mestre Andre Decourt: "Uma visão do Castelo e do bairro da Misericórdia, certamente nos primeiros anos da década de 50.

À esquerda vemos as construções do bairro da Misericórdia, um bairro que não existe mais, sepultado pelo prédio do Fórum, a via onde as pequenas construções dão frente é a Rua da Misericórdia, em seu antigo traçado que serpenteava pelas fraldas do morro do Castelo. Nestaa foto podemos perceber onde ele terminava. 

As ruas internas eram das mais velhas da cidade como os becos do Cotovelo, Boa Morte, da Música e Travessa do Guindaste.

Também ali ficava o Hotel Bom Jardim, cujo letreiro pode ser lido na foto "em alta".

Ao fundo vemos os torreões do Mercado Municipal destruído sem muito sentido para a construção do viaduto da Av. Perimetral.

O prédio grande e com cúpula é o antigo Ministério da Agricultura, derrubado junto com o Monroe no governo Geisel como forma de desmoralizar e enfraquecer o Rio de Janeiro, privando-o dos símbolos da velha capital.

Na extrema direita aparece um pedacinho da Santa Casa .

No meio da foto aparece com destaque a Praça dos Expedicionários, um dos lugares que tinha tudo para ser um dos mais aprazíveis do Centro, principalmente pelo belo lago e chafariz.

O edifício do Jockey ainda não existe, sendo seu terreno usado como estacionamento, essa foto deve ter sido tirada num dia não útil, pois há poucos carros estacionados. 

Há também um pequeno monumento num dos lugares mais improváveis na cidade de hoje, na confluência das movimentadíssimas Av. Presidente Antonio Carlos e Almirante Barroso. Este pequeno monumento comemorativo do arruamento do Castelo foi removido quando houve o desfile das escolas de Samba na Pres. Antônio Carlos, em 1975, por causa das obras do metrô na Pres. Vargas.

Uma curiosidade sobre a Praça dos Expedicionários é que em seu subsolo se encontra o único grande abrigo antiaéreo do Rio de Janeiro, construído na época da 2ª Guerra Mundial. Era o primeiro de outros que seriam construídos, mas a guerra acabou e os aviões e navios do Eixo nunca apareceram... 

Existem outros abrigos pela cidade, mas todos em prédios privados, muitos em Copacabana, onde inclusive existem prédios com lajes blindadas por chapas de aço. Este abrigo é usado como estacionamento do Tribunal de Justiça.

Esta foto possivelmente foi tomada dos prédios da Rua Debret."

Engarrafamento em 1979 na Avenida Presidente Antonio Carlos. Vemos o posto de gasolina da Esso que por décadas funcionou ali perto do Ministério do Trabalho.

segunda-feira, 1 de julho de 2024

HOTEL GÁVEA

 

Com esta polêmica foto publicada na "Manchete" e que provoca intensas discussões sobre se está espelhada ou não, voltamos ao tema do Gávea Tourist Hotel por conta de uma mensagem que a tia Milu me enviou.


Na década de 1960 a Companhia Califórnia de Investimentos 

lançou o Gávea Tourist Hotel com o "slogan" ...e o sonho se 

realizou entre o mar e a montanha.

Entretanto, o sonho virou um pesadelo. As obras foram 

paralisadas há mais de 60 anos devido à falência da 

incorporadora. 

O prédio de 11 andares, projetado para ter 40 apartamentos de 

23 metros quadrados cada um, ocupa uma área de quase 22 mil 

metros quadrados na Estrada da Canoa nº 2041.

Começou a ser construído em 1953 pelo arquiteto Decio da Silva 

Pacheco.


O hotel fica num local privilegiado, com belíssima vista para o 

mar, encravado no meio de luxuriante floresta. Durante alguns 

anos, na década de 60, chegou a funcionar ali o Sky Terrade Bar,

um bar-boate.

Muitos investidores, como meu "velho", perderam dinheiro ao 

comprar cotas deste empreendimento. Foram vendidas 1520 

cotas, que davam direito a ali se hospedar durante parte do ano.



Por volta de 1960, com parte do prédio construído, passaram a acender vários quartos, formando as letras ""GTH". Os banheiros já estavam com peças hidráulicas instaladas e pelo menos um dos elevadores foi posto em operação para levar o público ao Sky Terrace.



Aparentemente o empreendimento foi vitimado por excesso de esperteza. Muito mais cotas do que o volume autorizado foi vendido de forma que a soma dos valores das cotas ultrapassava o possível valor futuro do imóvel ou da empresa operadora.

A construção ficou totalmente abandonada por esses anos todos e foi parcialmente invadida por desocupados.


A administração da cidade ou eventuais proprietários pouco fizeram neste século para acabar com este esqueleto horroroso. A cidade mudou, a legislação para construções é alterada a todo momento, a violência se instalou e a viabilidade de aproveitamento do local ficou no ar.


A vista do local, apesar da construção dos arranha-céus de São Conrado, continua linda.


Eis então que surge a notícia enviada pela tia Milu:
A empresa Valeria Gontijo Arquitetos comunica que "Faremos o projeto do novo Hotel da Gávea no Rio de Janeiro!!!!!

No coração da Floresta da Tijuca, uma edificação em concreto rasgando o verde da mata, com vista para a praia de São Conrado. Com projeto original do arquiteto Décio da Silva Pacheco, que em 1953 desenhou o edifício quando a arquitetura moderna brasileira ganhava prestígio internacional, com nomes como Lucio Costa, Affonso Reidy e Oscar Niemeyer.

Um hotel que adota os princípios da arquitetura moderna, como planta sobre pilotis, pavimento livre, terraço-jardim e janela em fita. Os pilotis com colunas em “V”, sob um prisma vertical de 15 pavimentos, com rígida ortogonalidade.

O edifício é vizinho à Casa das Canoas, residência projetada em 51 por Oscar Niemeyer, e onde ele mesmo morou por muitos anos.

A volta desse empreendimento icônico foi anunciada algumas vezes, mas agora, finalmente, vai sair do papel. Estamos muito felizes de compartilhar com vocês que seremos responsáveis pela arquitetura desse projeto.

We will design the new Hotel da Gávea in Rio de Janeiro!!!!!

In the heart of the Tijuca Forest, a concrete building through the lush greenery, offering views of São Conrado beach. The original project was designed by architect Décio da Silva Pacheco in 1953, a time when Brazilian modern architecture was gaining international prestige, with names like Lucio Costa, Affonso Reidy, and Oscar Niemeyer.

The hotel embraces the principles of modern architecture, such as pilotis, an open floor plan, rooftop gardens, and ribbon windows. The pilotis will feature V-shaped columns beneath a vertical prism of 15 floors, with strict orthogonality.

The building is also adjacent to Casa das Canoas, a residence designed by Oscar Niemeyer in 1951, where he lived for many years."

Não deixa de ser uma ótima notícia para o Rio, mas vamos esperar para ver.