JOIAS
DA PROPAGANDA (4), por Helio Ribeiro
Esta postagem é
continuação da publicada ontem. É a última da série.
DROPS DULCORA
Em 1921 Carlo Mario Gardano fundou no Brás a Chocolates Gardano, marca tradicional na época. Em 1957 a Nestlé comprou a fábrica.
Em 1958 os Gardano fundaram a Dulcora, num antigo lote colonial da família Boralli, na Via Anchieta, km 22, em São Bernardo do Campo. A empresa era tocada pelos filhos de Carlo Mario, Enzo e Paulo, e produzia balas, drops, bombons, chocolate em pó ou em tabletes e outros itens.
Já em 1961 a fábrica era considerada uma das líderes em mecanização, com destaque para a máquina que embrulhava os drops individualmente, o que não era costume na época. Daí a Dulcora criou o slogan “embrulhadinhos um a um”, extensivamente usado em sua propaganda.
Com forte atuação em campanhas, promoções e marketing, por volta de 1972 a Dulcora dominava 70% do mercado de drops vendidos no país.
Visando ampliar a capacidade produtiva da fábrica, em 1964 a Dulcora lançou-se no mercado de capitais; 1968 e 1970, reformou e ampliou significativamente a fábrica; em 1971 pediu um empréstimo junto ao BNDE. Porém não conseguiu ao longo da década de 1970 com os outros produtos o mesmo sucesso que com seus drops, e a dívida com o BNDE foi cobrada, levando à falência da empresa em março de 1980.
Como os drops Dulcora ainda tinham forte ligação com o público, a Q-Refres-Ko Indústria e Comércio, que produzia as balas Soft e os chicletes Ploc, comprou o direito de uso da marca Dulcora, relançando-a em 1985. Porém no início da década de 1990 os drops saíram definitivamente do mercado.
BRAHMA
CHOPP
Em 1888 o imigrante suíço
Joseph Villinger, que já produzia cerveja em casa para consumo próprio,
resolveu se juntar aos brasileiros Paul Fritz e Ludwig Mack e fundaram a Manufactura
de Cerveja Brahma Villinger & Companhia, no Rio de Janeiro, com fábrica na
rua Visconde de Sapucahy número 122. A marca Brahma foi registrada em 6 de
setembro de 1888.
O nome Brahma foi uma
homenagem ao britânico Joseph Bramah (1748 – 1814), inventor da válvula manual
para tirar chope em balcões de bares. Como Bramah havia fundado uma empresa com
seu nome, Villinger teve de fazer uma pequena alteração na ordem das letras
para evitar problemas.
Em 1894 a pequena
fábrica foi vendida para o alemão Georg Maschke, que tinha intenção de produzir
cerveja pelo método de baixa fermentação. Para isso foram importados
equipamentos mais modernos.
Em 1904, após fusão com
outras empresas, a razão social mudou para Companhia Cervejaria Brahma.
Em 1914 foi lançada a
cerveja Malzbier, escura, encorpada, levemente adocicada e com aroma de
caramelo, divulgada com o curioso slogan “saborosa e nutriente, recomendada especialmente
a senhoras que amamentam”. Durante muito tempo o produto foi vendido como um
tipo de cerveja nutritiva e fortificante, recomendada inclusive para crianças,
combatendo “anemia e pallidez”.
Com o advento da
Primeira Guerra Mundial, a importação de produtos e de cervejas ficou impedida,
facilitando a expansão das cervejarias nacionais.
Na década de 1920 a
Brahma passou a fabricar também vários tipos de refrigerantes, com destaque
para o Guaraná Brahma, lançado em 1927.
Durante as décadas de
1920 e 1930 houve um forte movimento nacionalista no Brasil, impulsionando ainda
mais as marcas como Brahma, Adriática, Antarctica e Companhia Cervejeira
Paulista. Marcas alemãs chegaram a mudar de nome.
Em 1934 foram
contratados os músicos Ary Barroso e Bastos Tigre para fazer o primeiro jingle
no país, destinado a divulgar o chope da Brahma, lançado em garrafas. A
composição se chamava “Chope em garrafa” e era cantada por Orlando Silva.
Dali até 1954 foram
adquiridas várias outras cervejarias, de modo que neste ano a Brahma já contava
com seis fábricas espalhadas pelo país, além do Rio de Janeiro: São Paulo,
Curitiba, Porto Alegre, Pelotas, Passo Fundo e Caxias do Sul. Além de uma
maltaria própria.
Em 1967 chegou ao
Brasil a cerveja Skol, com direito de uso para a cervejaria Rio Claro, também
fabricante da cerveja Caracu. A Brahma então adquiriu em 1980 o controle
acionário das Cervejarias Reunidas Skol-Caracu.
Em 1989 a Brahma teve
seu controle acionário assumido pelo Grupo Garantia, atuante no segmento
financeiro e pertencente ao empresário Jorge Paulo Lemann.
Em 1998 a Brahma começou
a ser exportada para a Europa, iniciando pela França. Também neste ano a Skol
passou a ser a líder do mercado no Brasil.
Em 1999 a Brahma e a
Antarctica se fundiram constituindo a AmBev (American Beverage). Como os
refrigerantes da Antarctica tinham melhor aceitação no mercado, os da Brahma
foram descontinuados.
Em 2006 a Brahma se
tornou a 5ª cerveja mais bebida no mundo.
DUCAL
Em 1950 o empresário
José Vasconcelos de Carvalho, então com 30 anos incompletos, aproveitou o que
aprendera nos cursos de administração nos EUA e a experiência profissional adquirida
nas lojas A Exposição, de seu pai Lauro
de Souza Carvalho, juntou-se aos seus primos José Cândido e José Luiz Moreira
de Souza e abriu uma fábrica de roupas, a Companhia
Brasileira de Roupas, com loja na Praça Tiradentes, no Rio de Janeiro.
A
empresa lançou as vendas a crédito em
24 vezes sem juros e a campanha “Duas calças”, em que o comprador de um paletó
e uma calça ganharia de graça outra calça, mais simples. O objetivo era usar
uma no trabalho e outra no lazer. A campanha foi um sucesso e deu origem ao
nome Ducal.
As roupas eram de boa
qualidade mas não chegavam a ser sofisticadas nem com corte impecável. Paulo
Afonso de Carvalho, irmão de José Vasconcelos, dizia que “Quem quisesse roupa
bem cortada, que procurasse um alfaiate”.
Nas campanhas
publicitárias a Ducal usou Pelé, o primeiro anunciante famoso da empresa, e
Emerson Fittipaldi, que participou de algumas campanhas.
Mas na metade dos anos
1960 a empresa começou a ter problemas em virtude de seu crediário ser em
prestações fixas, enquanto o país atravessava um período de grande inflação.
Assim, em 1966 a Ducal se associou à famosa rede mineira de eletrodomésticos Bemoreira,
dando origem à Bemoreira-Ducal.
A parceria fez sucesso
até os anos 1970, mas o sistema de crédito e a mudança no comportamento de
compra e moda do público acabou por destruir a empresa, que foi fechando loja a
loja, até a última cerrar as portas, em 1986, na cidade de Duque de Caxias.
ESSO
EXTRA
Sobre a Esso já
escrevemos ontem.
SADIA
Em 1942 um grupo de
empreiteiros fundou a S.A. Indústria e Comércio Concórdia, na cidade de
Concórdia, em Santa Catarina. A empresa compreendia, entre outros, um frigorífico
e um moinho, o Moinho Concórdia. Como os lucros não vinham, um comerciante
gaúcho foi convidado a se associar ao grupo. Seu nome era Attilio Fontana. Este
concordou e reergueu a empresa. Ao anunciar sua saída, os outros sócios lhe
pediram para permanecer. Attilio aceitou, desde que os outros lhe vendessem
parte de seu quinhão no grupo, de modo que Attilio passasse a ser o
controlador. Eles aceitaram.
Em 07 de junho de 1944 Attilio
Fontana criou então a Sadia, oriunda da abreviação do nome da antiga empresa, ao
juntar S.A. e o final da palavra Concórdia. Como primeiro passo, Attilio comprou
um maquinário para a produção da marca. Eram tempos de guerra, com dificuldades
de importação, e Attilio comprou o maquinário de um falido frigorífico da
cidade de Guaporé, no Rio Grande do Sul.
Em 1947 a Sadia, querendo
se expandir no mercado nacional, abriu uma distribuidora em São Paulo e se
tornou uma marca registrada.
Em 1952, como ainda não
existiam caminhões-frigoríficos, Attilio passou a alugar aviões para
transportar seus produtos para a região Sudeste.
Em 1955, aproveitando os
benefícios fiscais para criação de empresas aéreas, Attilio fundou a Sadia
Transportes Aéreos, que além de transportar seus produtos também levava
passageiros. Essa empresa originou em 1972 a Transbrasil, falida em 2001.
Fontana era conhecido por receber os passageiros com um tapete vermelho
estendido no solo do aeroporto, junto à escada de embarque da aeronave.
Em 1964, com a criação
da Frigobrás, a Sadia entrou no mercado de produtos semiprontos e congelados.
Logo a seguir começaram as exportações de carne.
Os anos 1970 e 1980
marcaram o apogeu da marca. Em 1971 a Sadia entrou na Bolsa de Valores. Em 1974
ela lançou seu produto mais conhecido, o peru temperado Sadia, sucesso de
vendas. Em 1975 começou a exportação para países do Oriente Médio.
Attilio morreu em 1989
e a empresa passou a ser dirigida pela terceira geração de herdeiros.
Em 1994 a principal
concorrente da Sadia, a Perdigão, estava à beira da falência e foi oferecida à
Sadia, que recusou a oferta, sendo a Perdigão adquirida pela Previ, fundo de
previdência do Banco do Brasil.
Na década de 1990 a
Sadia tinha representantes nas cidades de Milão, Tóquio e Buenos Aires. Pouco
depois, a China entrava na lista. Em 1998 a Sadia se tornou a líder no segmento
avícola e exportava para 40 países.
De 1996 a 2007 boa
parte do lucro da Sadia provinha de operações no mercado financeiro.
Em 2001 a Sadia foi
eleita a marca mais valiosa do ramo alimentício nacional. Em 2003 isso se
repetiu.
Em 2008, inaugura sua
fábrica na região Nordeste.
Com a quebra da
economia mundial em 2008, a empresa esteve à beira do fechamento, com um rombo
de 5 bilhões de dólares no mercado futuro. Depois de várias negociações,
inclusive com a intermediação do presidente Lula, o governo negou um empréstimo
do BNDES e exigiu a fusão com a Perdigão, cujo controle era da Previ, dando
origem à Brasil Foods, sigla BRF, em 2009.
Atualmente a Sadia é um
conglomerado de 20 empresas e ocupa o primeiro lugar no ramo de produção e
comercialização de carnes em geral e embutidos. Oferece cerca de 300 produtos,
possui 55 mil empregados, tem 150 mil pontos de venda e uma fábrica na Rússia.
E está presente em 140 países.
SHAMPOO
COLORAMA
A linha Colorama foi
lançada em 1976, abrangendo xampus, condicionadores e esmaltes. Originalmente era fabricada pela Revlon, fundada
em 1929 pelos irmãos Charles e Joseph Revson, juntamente com o químico Charles
Lachman, que contribuiu com a letra L no nome da empresa.
Em 2001 a marca
Colorama foi comprada pelo grupo francês L’Oréal por 64 milhões de Euros,
incluindo a fábrica em São Paulo.
O comercial abaixo é
muito conhecido. Notar a mudança na chatíssima voz da garota ao fim do vídeo.
SUKITA
No início do século XX
chegou à Bahia o imigrante italiano Giuseppe Vita, que iniciou uma produção
artesanal de aparelhos de iluminação a carbureto e gás acetileno.
Posteriormente Vita fundou em Alagoinhas uma pequena fábrica de licores, transferida
em 1920 para Salvador, sob o nome Fratelli Vita. Ali eram fabricados
refrigerantes à base de frutas, aproveitando a experiência de Giuseppe com
licores.
Durante a Primeira
Guerra Mundial surgiu a dificuldade de importação de garrafas de vidro para
refrigerantes, e a Fratelli Vita passou
a fabricá-las também. Na década de 1950 a empresa passou a fabricar também cristais,
reconhecidos internacionalmente por sua qualidade e beleza.
Posteriormente foi
aberta uma filial em Recife. Os refrigerantes Fratelli Vita dominaram o mercado
baiano e chegaram a superar a Coca-Cola. Um dos refrigerantes de sua linha era
a Sukita, à base de laranja.
Em 1962 a empresa
encerrou as atividades e dez anos depois a Companhia Cervejaria Brahma adquiriu
a marca de refrigerantes e o prédio da fábrica.
Em 1976 a Brahma relançou
a Sukita, juntamente com o Guaraná Fratelli e a Gasosa Limão.
Após a fusão da Brahma
com a Antarctica, dando origem à AmBev, a Sukita passou a ostentar o símbolo da
Antarctica.
O comercial abaixo faz
parte de uma série muito engraçada da Sukita.
TODDY
Refira-se à postagem de
ontem sobre o Toddy.
VARIG
A VARIG é por demais
conhecida e dispensa comentários.
------- FIM
DA POSTAGEM ------