sábado, 4 de março de 2017

DO FUNDO DO BAÚ: BOLA DE GUDE


Hoje é sábado, dia da série “DO FUNDO DO BAÚ”. E de lá sai esta foto que muito intrigaria a novíssima geração, acostumada aos iPads. O que seria isto? E o que imaginariam ao ouvir um “Marraio, feridô sou rei”?
 
Pois nada mais é do que o jogo do triângulo, com bolinhas de gude. Colocavam-se as bolas dentro do triângulo e cada jogador tinha que tirar as bolas dos adversários. O jogo se iniciava a partir de uma distância de uns 3 metros do triângulo.
 
As bolinhas de gude fizeram muito sucesso na infância de muitos dos comentaristas. O “Saudades do Rio” tem a honra de ter entre eles um com doutorado no assunto, o Lino Coelho.
 
Existiam vários jogos como “mata-mata”, “búlica”, “triângulo”, “tabela”, que podiam ser “à vera”, valendo dinheiro ou bolinhas, ou “à brinca”, quando ao final do jogo todos mantinham suas bolinhas.
 
Segundo o Lino havia bolas “normais” (de uma só cor), os “olhinhos” (menores que as “normais” e com as cores de times de futebol), as “bilhas” (de rolamento), as “carambolas” (de vidro transparente tendo no interior um formato de carambola), os “bolões” (bolas “normais” com tamanho maior, em torno de 2,5cm), as “macetas” (bolas de massa branca).
 
Curiosidades:
Dando uma olhada no que significaria “Marraio, feridô sou rei” encontrei um registro do Docastelo que dizia: “Marraio, filho do senhor Rei". O "príncipe", ainda que bastardo, tem prioridade. Quanto à expressão "campanha" seria "acompanho" o pedido. São interpretações controversas mas divertidas e curiosas. Outros dizem que seria “My right fellow, I´ll do so ray”, expressão usada por filhos de ingleses que se instalaram no Rio de Janeiro para trabalhar em fábricas. Percebe-se em comum a semelhança de sons entre as duas expressões, mas não fica claro em qual contexto as crianças falavam esta frase.
 
2) Dando uma olhada no Google encontrei uma tese feita na UFSJ – Universidade Federal de São João del-Rei (Jogo de bolinhas de gude: conflitos e desafios na negociação de regras) onde nosso amigo Derani é citado por conta de um “fundo do baú” sobre bolinhas de gude em seu fotolog do Terra.

Enfim, eram outros tempos, sem muita eletrônica, mas com muita diversão fora de casa junto aos amigos.

36 comentários:

  1. Bom dia! Há tempos que não vejo alguém jogando.

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    1. Hoje está tudo encimentado, não temos mais chão de terra batida. Os campinhos do bairro também sumiram. Esse é o preço que pagamos pelo "progresso"

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  2. Bom dia. Agradecendo à menção, de fato essa versão me foi relatada por pesquisadores do tempo da extinta Fundação Nacional Promemória, assim como a origem e correto significado do termo "carioca" que causou rebuliço quando comentei no antigo fotolog. Apesar de ter experimentado quase todos os folguedos infantis nos tempos do subúrbio nunca fui muito bom na prática. Tinha a impressão de que os outros meninos não faziam outra coisa na vida a não ser jogar bola de gude, soltar pião, usar atiradeiras e até na hora de soltar ou construir pipas eu não passava do razoável. Mas na hora da pelada a coisa melhorava um pouco. E quando se tratava de coleção de gibis o meu prestígio era visível entre a garotada que transformava a minha casa em ambiente de leitura. E logo virava uma boa desculpa para uma divertida partida de futebol de botões na varanda encerada a escovão e cera Parquetina.

    Agora uma dúvida que me persegue por tempos. Como se chamava um jogo em que a meninada armava umas ripas de madeira e depois usava outra para bater em uma pedra e derrubar a armação? Parecia uma espécie de cricket ou basebol primitivo. Um dia um amigo, que também morou no subúrbio, disse o nome mas com o tempo esqueci. Alguém saberia dizer?

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    1. DoCastelo, onde morava este jogo se chamava de Base.

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    2. Obrigado, Lino, realmente não me lembraria. Se não me engano meu amigo mencionou um nome que parecia em outro idioma mas não estou certo.

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    3. Na Ilha do Governador chamávamos de TACO essa brincadeira e a cabana (armação) era feita de três partes de folhagem comum na região. Jogávamos com bola de tenis e não pedra. Eram duas duplas de jogadores por time/lado.

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    4. "Bats" que no inglês pode ser tanto morcego quanto bastão ou taco

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  3. Joguei muita bola de gude. Comprava nas Lojas Brasileiras e vinham num saquinho branco de filó. Era bom de teco. Mas também não vejo mais ninguém jogando até porque já quase não se brinca nas praças e não há terreno com terra pois está tudo cimentado.

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  4. Adorava jogar bolas de gude e, modéstia à parte, era craque, ou, como dizíamos na época, era "mirolha". Enchi um latão de óleo de bolinhas que eu ganhei nos jogos de triângulo, a qual era um transtorno para a minha mãe arrumar um lugar pra guardar. Além das bolinhas de vidro, de diversos tamanhos e desenhos, eu tinha algumas "bilhas" de aço e "macetas" de gesso com cimento branco. Às vezes jogava até com as bolinhas do laço de "maria chiquinha" da minha irmã, a qual não era recomendável para o jogo de triângulo, pois era muito leve e não arrastava bola, mas para jogos de mata-mata não tinha melhor.

    Sempre apreciei jogos com "mira", talvez por isso quando adulto tenha me apaixonado por sinuca. Teve uma época, há uns vinte anos atrás, que eu estava simplesmente viciado; até que furtaram o meu Opala. Minha tristeza maior não foi nem pelo furto do carro, mas mais por também terem levado o meu taco desmontável (perfeito, com 120 g) e o giz americano, que eu guardava na mala.

    Infelizmente acabaram com vários salões de sinuca na cidade, principalmente nos subúrbios...

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  5. Bom dia a todos. Um fundo do baú, dos bons tempos onde as brincadeiras simples se destacavam entre a criançada da época. A bola de gude era uma dessas brincadeiras, que na minha época fazia a alegria da criançada, até aparecer um garoto mais velho e dar uma apaga a luz, levando as bolinhas de todos os jogadores. Ainda em relação ao jogo de triângulo e bulica, a ordem de prioridade dos jogadores era feita, riscando-se uma linha de 3 a 5 M de distância e todos os jogadores lançavam a sua bola de teco em direção a linha, a ordem se formava através dos que mais se aproximassem desta linha, o último colocado tinha a vantagem de se ele ao jogar a bola em direção ao triângulo, arrancasse uma das bolas do triângulo, tinha o direito de continuar a jogar. No jogo de bulica, as 3 bulicas eram feitas a uma distância de 3 a 5 metros de distancia entre elas, para fazê-las molhávamos a terra, quando a terra não estava úmida, e então com o calcanhar forçavamos a terra e girávamos o corpo em torno do calcanhar para arredondá-la. As bulicas tinham nomes, primeira, segunda e terceira, que cada jogador teria que colocar nesta ordem a sua bola de teco dentro, na volta a segunda passava a se chamar segunda de papa e a primeira de papa, quando você se tornava Papa, você adquiria o direito de eliminar o seu adversário ao tecar a bola dele e receber a quantidade de bolas apostadas na partida, vencia aquele que eliminasse todos os adversários.

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  6. Interessante relato sobre os jogos com bolas de gude,eu preferia a búlica havia também o losango. Quanto ao jogo que o mencionado pelo Castelo que eu me lembre chamava-se Beti uma espacie de baseball tupiniquim. Hoje nenhum garoto sabe o que é isso,são outros tempos.

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    1. Pois é, mayc, o Lino fez a gentileza de tentar esclarecer o nome mas lendo o seu registro me pareceu algo mais parecido com o nome dito pelo meu amigo. Mas, como disse antes, não tenho certeza. De todo o modo agradeço seu interesse.

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  7. Bom dia ! Marraio,nunca soube o seu significado, mas ferindo sou o rei,que a garotada dizia feridô so rei, era quando na hora de tirar o ponto quem conseguisse acertar a bola do adversário que estivesse mais próxima da linha do ponto,era o rei,ou seja passava a liderar a competição lhe dando o direito de pedir limpa e ir direto ao zepe ou ao triangulo e tirar com tecos todas as bolas dos adversários livrando a cara só de quem estivesse de "truta" com ele no jogo.

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  8. Bom dia a todos!
    Docastelo, também já vi este jogo: duas "pirâmides" feitas com três pauzinhos, mais ou menos distantes, um arremessador e um rebatedor em cada time, uma bola do tamanho de uma de frescobol. Quando a bola era rebatida e ia longe, os rebatedores corriam para o centro do campo, batiam os tacos (ou tábuas, ou o mais próximo possível) e trocavam de lado. Parece que o objetivo era derrubar a pirâmide com a bola, na tacada ou com a mão (?). E o nome do jogo era "taco"!
    Um jogo de bola de gude usava uma elipse (ou quase) riscada no chão e chamada "zepe" (???). Alguém tem mais detalhes!
    E tinha também o "palmo".

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    1. Fala "Lobo"! Para você ver que os colegas deram cada um sua versão para o nome do tal jogo e agora foi a sua. Pelo jeito esse jogo tinha vários nomes e regulamentos, dependendo do bairro do Rio onde era praticado. Nada incomum, considerando as variadas "patotas" que praticavam esses folguedos. Se isso acontecia em uma única cidade imagine a quantidade de denominações por esses "Brasis". Um bom exemplo é a bela composição de Armando Cavalcanti (colega de farda do também compositor J.Junior, tio do Candeias) "Pandorga, Papagaio, Pipa", na voz de Silvio Cesar.

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  9. Não me lembro do jogo de "taco" com esta pirâmide, a gente utilizava lata.

    E o palmo no jogo de bolinhas de gude não podia ser "estendido", pois aí o caboclo estava dando "ganso"...

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  10. Joguei poucas vezes a bola de gude.Ficava mais na observação,pois não tinha muita afinidade com a prática.Tinha um jogo chamado papão?
    Se positivo era neste que

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  11. Comentário anterior truncado.Salvo engano no papão e que tinha melhor rendimento.Tinha a bola chamada " gudera"?

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  12. Esta construção coletiva com cada um lembrando de um aspecto é das coisas que mais gosto no "Saudades do Rio". Fatos que se complementam e moldam um quadro real de como era o Rio de antigamente. "Show!".
    Obrigado pela colaboração de todos.

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  13. Joguei bola de gude poucas vezes, mas a descrição do Lino me fez lembrar bem dos detalhes dessa brincadeira. Gostava mais do futebol, de campo e de botão. Na escola primária jogávamos muito ping-pong, e até no chão, se não tivesse vaga na mesa, de tão "fominhas". Não sei dizer se o jogo de taco, detalhado pelo Eraldo tem a ver com o que o Docastelo citou, mas é uma das mais divertidas brincadeiras de rua. Realmente a "casa" a ser derrubada foi evoluindo e passou de 3 gravetos montados para lata de óleo de soja e a última vez que vi já era garrafa PET de refrigerante. A dupla sem o taco é que tem que derrubar uma das 2 "casas", uma em cada lado do "campo", usando somente a bola e desde que o taco do oponente não esteja apoiado no chão. E os que estão com o taco tentam rebater a bola e lançar a mesma o mais longe possível para dar tempo de marcar os pontos atravessando o "campo" de uma "casa" à outra, antes que o adversário volte com a bola. Podem jogar a bola de longe, mas correm o risco de ficar mais fácil a rebatida do oponente.

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    1. Mais uma contribuição. Agora uma curiosidade. Fiquei surpreso. Por uma coincidência o meu amigo que mencionou o nome desse jogo é seu xará. Ou melhor, era, pois faleceu. Daí a surpresa. Advogado, o nome dele era Paulo Roberto Cunha dos Santos, morava no Lins mas era de família do Méier/Cachambi. Valeu, Paulo Roberto.

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  14. Se não me engano, no jogo de búlica as profundidades dos buracos eram diferentes. O primeiro era mais raso, o segundo um pouco mais fundo e o terceiro mais ainda. Havia uma briga danada sobre a distância do lançamento da bola. Media-se um palmo da bola a ser lançada e colocava-se a mão adiante, mas muitos achavam que o palmo era a distância máxima.

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  15. Meninos jogavam bola de gude e as meninas pulavam amarelinho.

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  16. Hoje em dia é inimaginável ver garotos jogando bola de gude em espaços "de terra". Os interesses são outro bem diversos, as mentes infantis são mais exigidas com brinquedos e jogos mais complexos e que desafiam a inteligencia. Crianças com quatro ou cinco anos já dominam celulares e tablets. Os "custos" da vida moderna são muito mais elevados. A vida simplória de um passado recente nos faz pensar se tanta evolução e tecnologia valeram a pena. Eram objetos de desejo os "olhinhos" coloridos e que valiam mais do que as simples bolinhas azuis ou verdes. Lembro-me bem de uma "casa de comércio", um casarão que existia na esquina da rua São Francisco Xavier com Conde de Bonfim, no Largo da Segunda Feira. Exibia enormes vidros que continham centenas de bolas de gude de todas as cores, e aquilo me fascinava. Eu devia ter uns quatro ou cinco anos e ficava observando a vitrine enquanto ficávamos esperando o bonde do Alto da Boa Vista cujo ponto era ali. Atualmente essa esquina possui um prédio de apartamentos com diversas lojas embaixo. Bem próximo dali, na rua Haddock Lobo, quase esquina de Martins Pena, ainda existe incrivelmente um "comércio" semelhante que ainda guarda as características dos anos 1910! Não sei se ainda vende "bolas de gude", mas com certeza é farta em quinquilharias e miudezas.

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  17. Pelo comentário do Gustavo cheguei a conclusão que o que conheci como papão era o jogo também chamado bulica.Um espanto!!!!

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  18. http://www.anos80.net/brinquedos-e-brincadeiras/jogo-de-taco/
    Aí está o jogo que todos falaram. Nesse site as explicações e os diversos nomes.

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  19. Nunca tinha ouvido falar desse jogo do taco. Aprendi mais uma por aqui.

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  20. Boa noite a todos.

    Quase 24 horas sem luz ninguém merece... Mas deixa para lá.

    Joguei muita bola de gude. Na escola (nos tempos vagos) ou perto de casa. Nunca joguei "à vera", mas tinha um garoto em particular que não gostava quando o jogo não era "à vera" e usava uma bilha grande para quebrar as bolas dos outros garotos. Tive bolas de vários tipos, como os detalhados pelo Dr. D' no texto.

    Cheguei a ver esse jogo de taco, mas nunca me animei a jogar.

    Outra coisa que eu fazia era corrida com chapinha, algumas com cera (ou parafina de vela) para ficar mais pesada. Os "circuitos" eram desenhados a giz no chão de cimento, marcados na terra ou feitos com ripas de madeira.

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  21. Minha paixão... Bolinha de Gude, gostava de triângulo e bulica, ganhava muitas Gudes, enchia latas de Nescau, tinha mira boa, e quebrava muita bola Eu tive infância...

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  22. tinha o lance de dar palmo, na hora de mirar teco ou no triangulo, ou na bola do adversário............ a galera mau-caráter, kkkkkkk, dava um GANSO, que era além do palmo esticar a mão para a frente, e diminuindo a distancia da bola adversária, o que era maior probabilidade de acertar.

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  23. Havia a manobra do TECO PARADO e eu jogava em piso de cimento mesmo, as linhas fazía com os colegas riscando com alguma coisa, tinha hora que zoneava pq as linhas se apagavam, aí se não rsicasse de novo, ficava triângulo indefiido. Búrica era o nome do jogo, assim grafado, referente a buracos, ou no português concavidade, cavidade, escavação, caverna, recôncavo, gruta, fossa, já que se jogava a bola de gude entre concavidades feitas no chão. Esse jogo eu jogava menos por causa dos pisos de cimento, mas jogava quando ia a algum terreno baldio na zona norte ou suburbana do Rio de Janeiro, boa época, quando eu tinha amigos até de comunidades, que são as antigas favelas, naquele tempo anos 70 ainda era possível frequentar os locais, hoje não dá mais, meus colegas de favela não eram ligados ao tráfico, e nem usavam drogas.

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  24. E bola de gude para vender, hoje em dia, é pela internet, por exemplo no Mercado Livre tem montão de gente que vende, e se esses produtos são expostos é porque ainda tem gente que compra.

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  25. Quem gritava primeiro “Marraio...” tinha o privilégio de jogar por último.

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  26. Comprava minhas "Gudes" nas casas de Macumba.
    Tinha mira boa e era minha brincadeira preferida...
    Adora as "Gudes olho de gato".

    Sou dessa época!
    Marraio Feridô sou Rei...

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  27. Acabei de doar umas 3.000 bolas de gude para minha filha , tenho apenas uma maceta . Poucas pessoas conhecem

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