terça-feira, 7 de novembro de 2017

PANAIR




 
Um dos casos mais polêmicos do direito empresarial foi o do fechamento da PANAIR DO BRASIL, companhia aérea que dominou o setor de aviação nacional entre as décadas de 1940 e 1960 e teve a licença de operar retirada pelo regime militar sem aviso prévio, sendo, em seguida, liquidada judicialmente.
A falência da PANAIR foi decretada em 15/02/1965 em decisão “sem precedentes do Forum do Rio”, segundo meios jurídicos, ao transformar o pedido de concordata preventiva em falência. Os jornais relatam que houve enorme pressão do Banco do Brasil e do BNDE sobre o juiz.
Em abril de 1969 parte do acervo da extinta PANAIR DO BRASIL - a primeira empresa latino-americana que voou para a Europa após a Segunda Guerra, foi a leilão para ser vendida ao correr do martelo: dois Constellations L-49, um Caravelle e um Douglas DC-7C.
A PANAIR, fundada em 29/10/1929, teve suas atividades cassadas pelo presidente Castelo Branco em 1965, alegando "sua irrecuperável situação financeira que iria refletir na segurança do material de voo, pela impossibilidade de aquisição de peças sobressalentes necessária à manutenção das aeronaves". 
Quando foi fechada a PANAIR tinha 10 Caravelles, 4 Constellations, 3 DC-8, 3 DC-7, 7 PBJ, Catalinas, que faziam a rota da Amazônia, pousando na água. Materiais no valor de 80 milhões de dólares ficaram abandonados até 1969 e nesse tempo os funcionários passaram privações.
Nas fotos da Getty Images e do acervo do Correio da Manhã podemos ver o hangar da PANAIR, a assembleia de funcionários bem como grupo de aeromoças que acamparam no Palácio das Laranjeiras, sem nada conseguir, apesar de terem, após negociações, conseguido entrar no palácio, mas não foram recebidas pelo presidente.
Várias soluções foram pensadas na ocasião, tais como: transformá-la em fundação administrada pelos empregados; em intervenção do Governo; na concordata de 60% das dívidas; na VASP assumir o passivo: nada adiantou.
Contam que os “interesses” da ocasião favoreceram a VARIG...

35 comentários:

  1. Bom dia. Não vivi a intensidade dos acontecimentos do fim da Panair pois era jovem demais o tanto quanto vivi os últimos dias dramáticos da TV Tupi no Rio de Janeiro. As cenas parecem que se repetem com a desesperada tentativa dos funcionários dessas empresas que simbolizavam o empreendedorismo Brasileiro. Na sequencia dos acontecimentos similares o fechamento da Varig também teve momentos de grande apelo. Nessa empresa vivi meus melhores dias como engenheiro e posso avaliar o quanto nesses outros casos sofreram seus dedicados e competentes funcionários. Hoje a Panair é representada por um pálido prédio na Ilha do Governador junto ao antigo Galeão. Diz a história que quase todo final dessas empresas foram parecidos. Depois vieram outros mas sem o Glamour dos primeiros: Vasp, Transbrasil e por aí vai.

    ResponderExcluir
  2. Há uma gama de informações sobre a extinção da Panair,pelo que eu sei sobre o assunto a empresa foi fechada por motivos políticos e por lobby praticado pelo Rubem Berta,junto aos generais que mandavam na época. A Varig sempre dependeu dos militares que emprestavam dinheiro para aquisição de novas aeronaves através de empréstimos do Banco do Brasil.
    Segundo relato de funcionários da empresa muitos ainda não receberam as indenizações trabalhistas devidas ,cinco mil funcionários ficaram sem emprego da noite pro dia. Anos depois a Varig falida e devendo bilhões foi fechada pelo Lula que entregou de bandeja a Varig para a Gol e Tam e o maior centro de manutenção da America do Sul, para a Tap .
    Lembrando que o mesmo caso aconteceu com Rede Globo que era financiada pelo grupo Time/Life em detrimento das outras emissoras que não podiam competir com ela, mas com a ajuda do governo militar,que tinha interesse em propaganda do jornal e da TV permitiram que Roberto Marinho continuasse com o consorcio americano.

    ResponderExcluir
  3. Sempre causou estranheza a falência da Panair do Brasil. "Interesses ocultos"? É possível, como tudo no Brasil. Transbrasil, Sadia, Cruzeiro do Sul, e Vasp, são exemplos de companhias aéreas extintas no Brasil. Em Abril de 1965 começou a operar no Rio de Janeiro a TV Globo e "segundo informações correntes" foi graças às isenções do imposto de importação devido referente aos equipamentos necessários ao funcionamento da emissora. Dizem que foi pelo "apoio precioso" de Roberto Marinho ao movimento de 31 de Março do ano anterior. Seria o real motivo da "falência" da Panair a "falta de apoio ao movimento revolucionário? Ou apenas para eliminar a concorrência da Varig? O fato é que os primeiros anos da ditadura militar foram marcados por "agradecimentos" a diversos órgãos e empresas pelo apoio ao movimento. Esses "agradecimentos" favoreceram "muita gente boa", que acabou ficando milionária...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Tudo tem o seu lado bom e seu lado mau ou "os fins justificam os meios". Essas "troca de gentilezas" não foram atos elogiáveis mas foram necessárias em um momento da história. Pelo menos retardaram a realidade em que o Brasil vive atualmente e da qual dificilmente se verá livre {pelo menos pacificamente}.

      Excluir
    2. Com relação à TV Globo, Joel viajou. A concessão foi no governo JK e a emissora só entrou no ar graças ao acordo com o grupo Time-Life, que era ilegal, e foi denunciado com estardalhaço pelo Assis Chateaubriand. A Globo rompeu o acordo e quase faliu.

      Excluir
    3. A suspensão das linhas da Panair foi uma armação do governo militar com a Varig. No dia em que isso foi feito a empresa gaúcha já tinha aviões e tripulações prontas para assumir as linhas da Panair. Uma vingança dos militares contra o empresário Mário Wallace Simonsen, que apoiava João Goulart e criticava os militares na sua TV Excelsior.

      Excluir
    4. Gustavo Lemos, a concessão eu sei, mas a Globo só foi inaugurada em 65 e graças às isenções fiscais graciosamente ofertadas por Castelo Branco.

      Excluir
  4. O fim da Pan Air aconteceu um mês após o retorno do Brigadeiro Eduardo Gomes ao comando do Ministério da Aeronáutica.
    Os meninos na terceira foto estavam apaixonados, cada um escolhendo qual eles iriam "namorar". Tudo normal, desde que elas não ficassem sabendo disso.

    ResponderExcluir
  5. Até livros foram publicados tempos depois sobre isto. Já os jornais da época falaram pouco pois estavam submetidos à censura.
    Este é um bom exemplo para mostrar que os militares não são esta Brastemp toda. E olha que o Castelo foi o melhor deles.
    Pelo menos hoje a Imprensa e a Internet permitem que se saiba parte maior do que acontece.

    ResponderExcluir
  6. FF: quanto à postagem sobre “Madureira” recebi a informação de que a última foto mostra o bairro de Ramos, aproximadamente da altura do viaduto Cosme e Damião. A rua em frente é a Leopoldina Rego e vemos ao centro, à direita da ferrovia, as cúpulas da igreja de Nossa Senhora das Mercês. E à esquerda a fachada do cinema Rosário.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1.   Como Ramos está degradado! A cidade está virando uma enorme favela.

        Bem que achei que as montanhas à direita eram do maciço da Tijuca.

       No print do GSV vemos a Igreja à direita, talvez à esquerda era onde ficava o posto de gasolina.

          https://goo.gl/maps/JF2GrTW7i3R2


      Excluir
    2. Na verdade bem à direita do citado print está o Cine Rosário, o posto está bem antes na foto postada pelo SDR.
      Ainda falta informação sobra a terceira foto, também indicada como sendo Madureira, e cheia de linhas de ônibus (928, 721, 742 e outras). Tinha até interestadual. Possibilidade de ter sido um desvio provisório, de tão engarrafado.

      Excluir
    3. Paulo, o cine Rosário está atrás do gari.
      Procurei, mas não consegui encontrar o posto "Atlantic". Nem antes e nem depos.
        

      Excluir
    4. Provavelmente o posto de gasolina estava onde hoje ficam os acessos aos viadutos Cosme e Damião.

      Excluir
    5. Paulo, exatamente isto. O posto Atlantic e aquele terreno vazio do lado estão hoje na descida do viaduto.
      Dá para ver a lateral do cinema na foto moderna:

      https://goo.gl/maps/r29ne1QQ2782

      e na antiga:

      https://tinyurl.com/yautqrzr

      Excluir
  7. Também não tenho muitas lembranças do fechamento da Panair,mas pelas histórias que ouvi posteriormente a coisa interessava a outros e o Governo meteu o bedelho onde não devia e também não deveria ter conhecimento para este propósito.Mais uma carta fora do baralho e depois vieram as outras,como Varig, Transbrasil etc.Muito boa postagem e ótimas fotos.Não me recordava de nada da aula de hoje,ou mesmo não tinha conhecimento.Em tempo: Ceará,individuo,não é Catalina mas também pousa na agua...Um espanto!!!!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Pastorzinho de terceira. Catalina para mim são aqueles famosos maiôs das Miss, mas que equipa a sacola de praia do Thor da Praia do Canto. Vixi Maria!

      Excluir
  8. Duas matérias recentes, uma pela revista Veja e o documentário reproduzido pelo canal Globo News, demonstram cabalmente que o registro do comentarista Plínio está coberto de razão. No referido documentário sobre a saga da PANAIR há toda sorte de depoimentos que demonstram a saúde perfeita em que se encontrava a empresa. Proprietária de empresa (CELMA) com oficinas e laboratórios de manutenção de aeronaves, com várias empresas estrangeiras como clientes, e até a VARIG, montou e era proprietária de aeroportos. Sem contar os interesses nos negócios da comunicação por meio da TV Excelcior. Portanto sem problemas econômicos/financeiros. Ao contrário da VARIG, que faliu por pura incompetência administrativa, processo ao qual tive a chance de acompanhar até o pedido final de falência. Talvez nesse caso possa ser aplicado o princípio popular do "aqui se faz, aqui se paga."

    Quando nesse momento do país a opinião de radicais se volta para um possível retorno a um superado regime de força os fatos pretéritos que envolveram essa empresa deveriam servir de exemplo para as consequências de se apoiar governos discricionários, independente de suas diretrizes ideológicas.

    ResponderExcluir
  9. Em vista do cartaz mostrado na foto onde a expressão "ajudenos" está escrita com essa grafia, os funcionários da Panair não mereciam só a demissão mas também a prisão!

    ResponderExcluir
  10. Bom dia a todos.

    A Varig, anos depois, provaria do mesmo veneno...

    Acho que a Sadia deu origem à Transbrasil (ou outra companhia).

    Sobre a última foto de anteontem, bem que aquela 24 de Maio estava estranha...

    ResponderExcluir
  11. O encerramento da Panair foi um ato puramente politico!
    E tem gente que anseia pelo retorno das botas...

    ResponderExcluir
  12. Bom dia ! Que eu me lembre e de acordo com o site "Aviação Comercial.net", a frota da Panair, por ocasião de seu fechamento, era a seguinte: 3 Caravelle VIR, 5 Catalinas, 2 DC-7C, 3 DC-8-33 e 10 Constellations.
    Acho que houve uma inversão entre o número de Caravelles e de Constellations, no texto descritivo, do Dr.D.. O número total de Caravelles recebidos foi de 4, porém ela perdeu um em um acidente.

    ResponderExcluir
  13. A Globonews apresentou, neste fim de semana, um excelente documentário sobre o fim da Panair. Segundo a reportagem, a empresa não tinha nenhuma dificuldade econômica. Era lucrativa. Tratou-se de uma perseguição aos controladores, entre eles os Simonsen, e dos interesses sujos da Varig. Vale a pena assistir.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Grande Marcio, prazer enorme em revê-lo por aqui.

      Excluir
    2. Foi exatamente sobre esse documentário que fiz menção no meu registro.

      Excluir
  14. As viúvas de antanho são mesmo do outro mundo.Se tinha uma coisa absolutamente melhor naquela época do que hoje em dia eram as aeromoças.Verdadeiras deusas eram escolhidas a dedo e davam a qualquer vôo para Xapuri um grande charme e um toque sensual as áreas de turbulência.Muito diferente de hoje onde o politicamente correto me impede de falar um pouco mais até porque agora são chamadas comissárias e abertas a todo tipo de gênero.Pelo menos neste quesito o ontem era muito melhor que hoje mas preferem falar de Castelo Branco.Sou Do Contra e só a favor das memoráveis aeromoças-grande feitiche.

    ResponderExcluir
  15. Gostaria de saber dos professores: tem uma musica do Milton Nascimento que faz alusão a Panair ou eu tô confuso além de curioso?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não sou professor mas sou músico. De fato Fernando Brant(letra) e Milton Nascimento(música) compuseram um tema chamado "Conversando no bar" em cuja letra há trechos em que se repete o bordão "nas asas da Panair". A composição ficou conhecida na voz de Elis Regina. https://www.youtube.com/watch?v=H1mK_tWH4Ig

      Excluir
  16. Boa tarde a todos.
    A hipocrisia é venal.
    Depois reclama-se de que não se deve comentar qualquer coisa por aqui, de que se deve moderar, mas adoram provocações.
    De 1500 até 2017, sempre foi assim.
    Independe de Governo.
    Se os militares fizeram ou não de acabar com uma Empresa que estava bem de saúde, hoje em dia também acontece todo tipo de pilantragem. Sempre houve e sempre haverá, pois faz parte do cardápio "Terra Brasilis".
    Muita gente se esquece mas logo assim que assumiu o comando do país em 2003, o Lula injetou dinheiro na GLOBO para salvá-la de uma possível falência que estaria por vir. Sim, muito estranho isso em salvar uma emissora que sempre meteu o pau no PT e depois virou muito amigo deles. Aí, em 2006, quando a Regina Duarte veio a público falar mal do PT, a Globo deu uma punição a ela de três anos como castigo, deixando-a fora das câmeras.
    Em 2011 já no Governo Dilma, mas ainda no Governo petista, o Sílvio Santos veio com aquela estória de que estava falido e o PT injetou dinheiro para salvar da Empresa do judeu e não deixar falir.
    Ou seja, relações entre Governo e a classe empresarial sempre houve, seja para o bem e para o mal.
    Até porque, quem financia campanhas ou tomadas ao poder, seja nos regimes autoritários ou "democráticos", é grana do Empresário, incluindo até estrangeiro.
    Agora, vale ressaltar de que em pleno Governo Geisel, o seu Ministro da Fazenda era certa pessoa oriundo da família do Wallace Simonsen o dono da já extinta PANAIR, ou seja, o Ministro era Mário Henrique Simonsen.
    Moral da estória é que quem sempre paga por isso são os trabalhadores.
    Esses sim é que se ferram no final de verde e amarelo!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Tem algo para refletir nessas comparações: pelo que ficamos sabendo o caso da Panair foi a destruição de uma empresa, o que provocou desemprego. Os casos citados das redes de TV nos governos petistas, do jeito como foi comentado, entendo que salvou empresas e, consequentemente, empregos. Se quebrou o galho de Marinhos e Abravanel em primeiro lugar...é o que se tem a revelar.
      Aliás dizem que o Palocci teria muito a contar sobre esse socorro à Globo, mas que a Justiça considera que essa parte da delação "não vem ao caso".

      Excluir
    2. Que eu saiba, o piti da Regina Duarte foi em 2002...

      Excluir
    3. Wolf, favor não confundir o excesso ou a preferência de comentários sobre determinados temas como, p. ex., a violência no cotidiano, que qualquer jornaleco ou publicação medíocre pode informar, com fatos históricos ligados à nostalgia, alvo precípuo deste blog. E assim como outros você tem dúvidas quanto aos dados e/ou informações históricas e necessita deles para saciar sua curiosidade natural.

      Excluir
  17. Tudo já da foi dito e escrito e a historia não volta atras.
    Caso encerrado,infelizmente,agora é esperar para as aéreas estrangeiras tomarem conta de tudo. United, Delta ,Air France ,
    American e por aí vai.

    ResponderExcluir
  18. Lembrei que vi um documentário sobre a Panair no cinema. Como não vi esse que passou na Globonews, será que não é o mesmo? No final aparecia, salvo engano, o Milton Nascimento cantando a música citada anteriormente.

    ResponderExcluir