sábado, 4 de fevereiro de 2017

DO FUNDO DO BAÚ: DIPLOMAS DE JUDÔ


Hoje é sábado, dia da série "DO FUNDO DO BAÚ".  E de lá saem estes diplomas de judocas de dois comentaristas antigos do “Saudades do Rio”: o Gustavo Lemos e o GMA.
 
O primeiro nos manda seu diploma de sócio remido da Academia Britto de Judô e as seguintes informações: "A Academia Britto de Judô originalmente ficava em um sobrado na Prudente de Morais, bem em frente à Praça General Osório, no local onde hoje funciona o Supermercado Zona Sul. No final dos anos 50 a academia foi despejada e o imóvel demolido. No seu lugar foi construído o Supermercado Disco, que durante mais de três décadas serviu a população de Ipanema.
Antes do despejo, Haroldo Britto ofereceu títulos de aluno remido, com o objetivo de captar recursos para uma nova academia, que ocupou dois andares de um prédio na Teixeira de Melo, quase esquina com Barão da Torre. A academia funcionou ali até o final dos anos 70, quando fechou definitivamente.
Pratiquei o judô entre os quatro e vinte seis anos e foi o único esporte em que fui competitivo. Costumo dizer aos amigos que o esporte deve ser praticado por todos os garotos. Disciplina e autocontrole são as principais qualidades proporcionadas pelo esporte, para não falar na descarga de energia e agressividade. Todas as diferenças entre os praticantes são resolvidas no tatame, e dentro das regras. Quem perde a cabeça, também perde a luta. Ao contrário do que muitos pensam, o judô não é violento e não machuca mais que o futebol. As técnicas são de defesa e não de ataque e os praticantes são muito doutrinados para combater a violência. Na década de 60 Arnaldo
Artilheiro, Jorginho e De Luca eram os campeões da Britto”.

Já o GMA frequentou a mesma academia que o Candeias: a Katayama. Gengo Katayama era faixa preta 9° dan (o máximo do mundo é 10º) e um dos pioneiros do judô no Brasil.
 
Conta o Candeias que a academia ficava em cima do BANERJ, na Av. N.S. de Copacabana, mas a entrada era pela Travessa Angrense. Diz ele: “Aprendi muito, não só da luta em si, mas da vida. Já entrei em treino "me achando" e fui finalizado duas vezes por um menino bem mais leve. Em compensação, aconteceu o oposto com um faixa marrom (eu era verde) vinte quilos mais pesado. Acabei exausto mas ganhei três lutas dele”.
 
Conto para vocês agora um pouco do que aconteceu, entre 1965 e 1985, no prédio da Teixeira de Melo onde o Gustavo fazia judô: Neste prédio, acho que nº 87, funcionava no térreo ou no subsolo uma lavanderia e uma loja de conserto de eletrônicos do Sérgio Cathiard. Havia um andar que por muito tempo foi ocupado pelo fisiatra Alberto Capper e onde o Hilton Gosling também teve consultório. Mais acima o local onde fiz ginástica por muito tempo: na década de 60 com o Paulo Phillips, que foi atleta campeão em "argolas". As aulas de ginástica do Paulo eram fantásticas, transformando seus alunos em grandes amigos (até hoje me reúno com gente que frequentou aquelas aulas, que eram quase uma terapia, tal a animação e o bate-papo do Paulo, enquanto fazíamos os exercícios).  Eram famosas as ordens do Paulo: "já fizemos abdominais? Não? Então, 1000. Depois 500 "jairzinhos". Para terminar "maromba"!"
 
Éramos muitos e havia um grupo que se manteve durante anos como os Meurer, os irmãos Parente, o Zen, o Lalau, o Albino Pinheiro, o Grego, o Acadêmico, o Segundo, o Miguel, o Quental, a Mulher-Maravilha, a Verinha, a Sandra, o Xavier,  o Flores, o Paulo Rodrigues e tantos outros conhecidos que passaram por lá.
Era um tempo em que as aulas eram bem diferentes das atuais, com muitas repetições para braços, pernas e abdominais. Halteres, bastões e caneleiras, sem as esteiras e as máquinas para musculação que vemos hoje nas academias badaladas.
Quando o Paulo se mudou para Jacarepaguá e levou para lá sua academia, assumiu a Lucia Guimarães, ex-mulher do Hermanny, na época casada com o Nielsen. Um andar acima funcionava a ginástica do Werner, que foi substituída, com grande sucesso, pela academia feminina da Lourdes (mais adiante, o marido dela, o Edgar "Pavão" Kniriem, passou a dar aulas também para homens).

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

CASA DE JAMES DARCY




Hoje revisitamos a casa de James Darcy, meu tio-avô, na Av. Atlântica, esquina de Rua Figueiredo Magalhães. Foi demolida em meados da década de 1950, sendo construído neste terreno o Edifício Vesper.
 
As três primeiras fotos são do acervo da família D´ e são do início dos anos 50. Mostram a vista da Avenida Atlântica, da Rua Figueiredo Magalhães e a biblioteca. A quarta foto, do acervo de Carlos Dufriche, é da década de 30 (vejam os postes no canteiro central) e já mostra a verticalização de Copacabana. Se esta verticalização tivesse sido encerrada nesta época teríamos ainda um bairro muito elegante, com prédios altos de gabarito, quase todos em estilo art-déco, casas e prédios baixos de 5 andares no máximo, que substituiriam muitas casas, mas sem a selva de pedra de hoje. Num paralelo poderíamos imaginar Copa como um grande Bairro Peixoto.
 
Sobre James Darcy, assim escreveu Gilberto Amado ("imortal" da ABL, poeta, diplomata e jornalista), por ocasião de sua morte:
"James Darcy nasceu no Rio Grande do Sul em 1876, tendo sido um notável homem público. Foi fulgurante expositor, na Federação de Porto Alegre, das idéias e programas de Júlio de Castilhos. Foi jurisconsulto, Consultor Geral da República, sucessor de Clovis Bevilaqua, colaborador de Rio Branco, que tantas missões difíceis e de alto alcance internacional e nacional lhe confiou. Foi professor universitário, administrador das Caixas Econômicas e presidente do Banco do Brasil; homem múltiplo em tantos aspectos desdobrado ao longo de uma vida de trabalho e atividade intelectual.
A sua casa, nas primeiras décadas do século XX, cheia de sua biblioteca, uma das mais completas do Brasil e certamente a mais completa do ponto de vista da bibliografia política e literária, era uma espécie de abrigo espiritual e moral onde se viviam instantes altos e simples, nobres e alegres. A mesa, certos domingos, tinha que ser encompridada, de ponta a ponta da sala de janelas abertas sobre o mar murmurante na praia deserta ainda não cortada de tanta buzina de automóvel. 
No meio de todos, James Darcy, que a todos era superior em tanta coisa, por certo que de autoridade que nele espontaneamente emanava, animava-os, guiava-os, fazia-os dar o máximo naquelas horas fugidias. James Darcy tinha conhecimentos extensíssimos não só literários como de todas as belas artes. Ouvir-lhe descrever uma visita ao Vaticano ou ao Palácio Pitti era um encantamento. Sabia do que falava e só falava do que sabia. Sua voz esplêndida, seu ar fidalgo, seus traços nobres sugeriam comparações. Pensava-se num paladino, num navegador genovês.
Sua carreira política foi breve; seu gosto por ela efêmero. Dedicou-se aos livros e aos amigos. Aqueles, enriquecendo-lhe o espírito, o tornaram a estes ainda mais querido. Sua importância foi grande. Sua presença não se apagou com sua morte no Rio Grande do Sul em 1952; durará para sempre na saudade dos que o conheceram.”
James Darcy propôs à família que se demolisse a casa e, no Edifício Vesper, todos morassem. Meu sempre sábio avô, embora adorasse sua família, achava mais prudente manter uma certa privacidade. Assim é que apenas as famílias das filhas de James Darcy foram ali morar.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

HOTEL SETE DE SETEMBRO



Hoje, experimentalmente, o “Saudades do Rio” faz um “post” com três fotografias sobre o Hotel Sete de Setembro, no Morro da Viúva.
 
Conforme conta M. H. F. Hermes numa belíssima tese sobre este hotel, que passo a transcrever em resumo, o antigo Hotel Sete de Setembro foi construído na cidade do Rio de Janeiro no contexto das comemorações do Centenário da Independência do Brasil em 1922, e pertence à Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Tombado pelo INEPAC em 1987, sua arquitetura singular lhe confere um destaque especial, não apenas pelo partido adotado ou por sua localização privilegiada às margens da baía de Guanabara e em frente ao Pão de Açúcar, mas também pelas circunstâncias especiais de sua construção à época, e por sua tipologia balneária.
 
O antigo Hotel Sete de Setembro teve uma existência efêmera na função de hotel, praticamente desconhecida. Inaugurado em 15 de julho de 1922, sábado, num chá dançante beneficente embalado pelos acordes da Orquestra do Country Club, foi fechado e teve seus prédios desmembrados em 1924 para que parte deles passasse a abrigar um hospital infantil denominado Hospital Abrigo Arthur Bernardes. Em 1926, outra parte dos prédios foi cedida e adaptada para abrigar o Internato da Escola de Enfermagem Anna Nery, que ali permaneceu até 1973.
 
De 1973 a 1995 os prédios passaram a abrigar a Casa do Estudante Universitário – CEU, nome pelo qual o conjunto arquitetônico ficou conhecido a partir de 1987, quando de seu tombamento pelo órgão de tutela estadual, INEPAC.
 
Em 1995 a UFRJ retomou a posse do imóvel e em 1997 deu início ao processo para revitalização e restauração dos prédios para novo uso, segundo o Projeto de Restauração e Uso do Hotel Sete de Setembro. Denominado Projeto RB 762, e gerenciado pela FUJB - Fundação Universitária José Bonifácio, iniciou-se o processo de captação de recursos que obteve o apoio da própria Fundação, da UFRJ, da Eletrobrás e, numa segunda etapa em 2004, pela Petrobrás. Estes recursos propiciaram a continuação dos serviços já iniciados e o desenvolvimento aos projetos executivos, além de parte das obras.
 
A construção do Hotel se deu no sopé do Morro da Viúva e, conforme afirma o Prefeito C. Sampaio, como conseqüência da extração de pedras para a muralha conjugada à questão da hospedagem na Capital durante os festejos do Centenário e também como parâmetro para a construção dos demais prédios na Avenida de Contorno, logo depois denominada Avenida Ruy Barbosa.
 
O Hotel Sete de Setembro teria quatro blocos, segundo projeto do Comendador Jannuzzi, mas só foram construídos dois. Teria 275 aposentos, além de barbeiro, salões, terraços e um restaurante. Contaria ainda com cabines de banho sob o leito da Av. do Contorno (Av. Rui Barbosa).
 
Há algum tempo não passo por ali e não sei se atualmente o local está sendo utilizado.
 

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

PRAIA DO FLAMENGO

Nessa época no Rio de dia faltava água e de noite faltava luz, o abastecimento de alimentos tinha crises e o transporte era complicado, mas é inegável que devia ser muito bom morar numa cidade com menos gente, mais limpa e com muito mais segurança.
A foto é mais uma garimpada pelo Nickolas e mostra a Praia do Flamengo com seus belos postes e famosa mureta. O trânsito, que no momento era tranquilo, ficava sempre engarrafado nas horas de ida e volta da “cidade”. E, de vez em quando, inconvenientes ressacas alagavam estas pistas. Pistas, aliás, que parecem em boas condições, ao contrário dos trabalhos de asfaltamento de hoje em dia quando o mau acabamento é a regra. O que há de desnível de bueiros e calombos junto ao meio-fio hoje em dia faz qualquer cego pensar que as ruas ainda são de terra, cheias de buracos.
Não se consegue ler o itinerário do lotação, mas talvez seja Mauá-Copacabana ou E. Ferro-Copacabana.




terça-feira, 31 de janeiro de 2017

SEARS

A foto superior, de Kurt Klagsbrunn, mostra a frente do prédio da Sears, na Praia de Botafogo, no dia de sua inauguração.
A foto inferior, do JBAN, mostra o estacionamento da Sears, em Botafogo, no segundo andar, com entrada pela Rua Muniz Barreto. Muitas e muitas vezes subi esta rampa, anos antes desta foto, no Kaiser da família D´. Minha avó era freguesa assídua e ir à SEARS era considerado um grande programa por todos nós.
A SEARS foi um choque de modernidade em nossa cidade na época da inauguração em 1949, com um conceito de loja que já existia nos EUA desde o século XIX com a Bloomingdale de NY.
Como já contou o Rafael Netto a SEARS era assim:
1º piso: vestuário, perfumaria e acessórios. Na entrada da Praia de Botafogo era moda feminina, da escada rolante para trás, seção infantil do lado da rua Alfredo Gomes e masculina no fundo da loja.
2º piso: brinquedos, seção automotiva, esportes/camping, bonbonnière, utilidades domésticas, fogões/geladeiras e cozinhas planejadas (e mais alguma coisa que eu posso estar esquecendo) A seção automotiva era no "canto" onde ficava a entrada do estacionamento. Entrando na loja a área esportiva/camping e em frente a ela a seção de brinquedos (com a parede tomada de bonecas até o alto). Em frente à escada rolante a bonbonnière (com a famosa pipoca naquela máquina que tinha uma bola de ping-pong dentro) e do outro lado utilidades domésticas. O fundo da loja (a parte virada para a Praia de Botafogo) eram as cozinhas planejadas.
3º piso: Discos, som/TV, tapetes, decoração e móveis. Nos anos 80 do outro lado ficavam os computadores (CP 500, TK 2000 e outros). Caixa central e lanchonete. A escada rolante acabava deixando um grande vão livre, a parte do fundo (na direção do estacionamento) era a enorme seção de móveis (acho que não existe nenhuma loja atual que tenha algo parecido), de um lado da escada rolante discos e som/TV, do outro decoração e tapetes. A caixa central era virada para a Praia de Botafogo, com janelas. A lanchonete ficava no caminho entre a caixa e a escada que descia até a entrada da Praia de Botafogo e fechou nessa época.
4º piso: escritórios (folha de pagamento, contabilidade, gerência geral, etc.)
5º piso: depto. pessoal, refeitório
6º piso: telefonista, dentista e outras utilidades
7º piso: estoque
8º piso: restaurante A Camponesa (fechou por volta de 1980) e estoque
P. Stilpen lembra de duas coisas interessantes: 1) uma máquina que permitia que você visse seus pés dentro de um sapato (como raios X) que desejava adquirir; 2) do show do Roy Rodgers e da Dale Evans, no estacionamento do 2º andar, com entrada, hot-dogs, pipoca e Coca-Cola grátis. Creio que em meados da década de 1950.
 O JBAN se recorda da doca de carga na fachada lateral para a Rua Alfredo Gomes. Todos os dias entravam aqueles caminhões verdes de marcha-a-ré para descarregar mercadorias, sem atrapalhar o trânsito.
O Plinio se lembra do estacionamento do segundo andar: Mal o carro parava eu já saltava correndo para abrir aquela pesada porta (pelo menos para as crianças) que dava entrada à loja, bem junto de onde se vendia pneus. Brincar na escada rolante, tomar Coca-Cola com torrada Petrópolis na lanchonete, tudo era divertido.
Cristina Coutinho fala do cheiro de pipoca, do friozinho do ar condicionado e das subidas e descidas pelas escadas rolantes que nos transportava para variados mundos, tudo isso, tão marcante, faz com que até hoje me refira à "rua da Sears", ao "shopping no lugar da Sears". Tenho uma foto com o Papai Noel da Sears. A última compra que fiz foi uma bicicletinha de presente para um filho. Comprei às vésperas de seu fechamento.
 O Richard disse: Memória olfativa  é das melhores que ficaram. Lembro-me bem do aparelho de Raio X para se ver o pé dentro do sapato. Era o máximo! Calça jeans da Sears, ferramentas Craftsman (marca própria), pipoca e milhões de outras coisas faziam essa loja ser a melhor!"
FlavioM: Alguns detalhes que pedem destaque, porque eram quase exclusividade da Sears: os equipamentos de som para carros, a seção de ferramentas, o "clube do disco" (ou coisa parecida), acumulando créditos para compra de um disco grátis a cada 10 (era isso?), os boxes para instalação dos pneus, ao lado das baias de descarga, os descontos fantásticos quando eles resolviam renovar o estoque ("Semana do Tapete", p.ex.), milk-shake ou waffles na lanchonete, uma das maiores áreas de brinquedos da cidade, e vai por aí afora...
A Milu lembra que o corredor de acesso ao estacionamento era mostruário de pneus e ao fim dele, já entrando na loja, rádios automotivos. Dobrava-se à esquerda dando de frente para a seção de brinquedos, e poucos passos adiante chegava-se ao corredor principal da loja, com os brinquedos de um lado e barracas de camping do outro. A bonbonnière e pipoqueira ficava mais a frente, na altura das escadas rolantes, do mesmo lado do camping (lado da Alfredo Gomes).
A Nalu se entrega: ficou a lembrança de que na seção de discos matávamos aula nas cabines, para onde levávamos os discos que escolhíamos e escutávamos. E claro, nunca vou esquecer do cheiro e do gosto das maravilhosas castanhas do caju quentinhas e salgadinhas que papai comprava para nós.
 
 

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

AVENIDA ATLÂNTICA

Esta foto foi garimpada pelo Nickolas na Internet, mas não sei a origem. Vemos a Praia de Copacabana ainda com a antiga Avenida Atlântica em mão e contra-mão numa só pista no ano de 1958.
Os automóveis serão identificados por nossos especialistas. Ao fundo vemos o prédio da TV Rio, canal 13, antigo Cassino Atlântico e atual Hotel Sofitel.
 
A TV Rio foi inaugurada em 1955 sendo o primeiro locutor o Luiz Mendes. Ver o nome da TV Rio faz lembrar alguns de seus programas como "Noites Cariocas" (com as inesquecíveis Carmem Verônica, Rose Rondeli, Sandra Sandré, Sandra Muller, Lady Hilda, Zelia Hoffmann e muitas mais) – era um programão para nós, adolescentes, assistir “ao vivo” este programa e depois ir tomar um chope no “Pigalle”, ali pertinho.
 
Outros programas de sucesso eram o  "TV Rio Ring" (com participação dos "eternos" Luiz Mendes (narrador) e Leo Batista (apresentador de ringue), com comentários de Téti Alfonso), "Rio Hit Parade" (apresentação de Murilo Néri), "O riso é o limite" (com Jorge "Zé Bonitinho" Loredo, Vagareza e Siwa, Walter e Ema Dávila, Nair Belo, Nancy Wanderley e tantos outros oriundos da Rádio Mayrink Veiga), o “Telejornal Pirelli” (com Leo Batista e Heron Domingues) e o famoso “Noites de Gala”, com Flavio Cavalcanti. As séries eram um espetáculo à parte, sendo uma das minhas favoritas “Peter Gunn”.
 
Neste ano de 1958 ocorreu um caso insólito com a TV Rio. A TV Tupi havia comprado por uma pequena fortuna o filme do jogo Brasil 3x0 Áustria, estréia da seleção na Copa do Mundo da Suécia. Acontece que o filme foi entregue equivocadamente na TV Rio, que o exibiu...
 
Um dos programas de maior sucesso foi o “Chico Anísio Show”, que foi revolucionário. O saudoso AG já contou por aqui uma história muito interessante sobre este programa, dirigido pelo Carlos Manga: “Fazia ele junto com Chico Anísio este programa quando, ao passar em frente a uma sala,  viu um aparelho grande, parecendo um computador da IBM.  Intrigado perguntou:
- O que é isso ?
- Isto é um VT Ampex, Manga; um vídeo-tape.
- E serve para que ?
- Para gravar os programas diários e retransmitir, se for o caso, para outras emissoras pelo Brasil.
O Manga imediatamente imaginou logo a possibilidade de montar a fita de plástico, escura, brilhante, de duas polegadas, mas foi logo desestimulado:
- Manga, isso aqui não é cinema não, meu nego. A montagem na base da gilete e fita durex é impossível. Principalmente porque o áudio está numa posição da fita muito diferente do vídeo.
Mas quem conhece a figura de José Carlos Aranha Manga, sabe que aquilo é mais teimoso do que um jumento de feira de Jaboatão. O certo é (assim diz ele) que se trancou com o operador daquela máquina das arábias e, depois de muito trabalho, muito choro, muito estresse e mistério (quem tentasse entrar na sala era expulso a pontapés) eles conseguiram o máximo dos máximos naquela época: um personagem de Chico Anísio contracenando com outro personagem de Chico Anísio.
Durante muitos tempo o mistério de como eles faziam aquilo ficou trancado a sete chaves; ou talvez oito.
Hoje, diante de tantas "mandrakagens" nas telas e nos vídeos, esse fato faz parte do "museu de história natural da televisão no Brasil". Mas que, sem dúvida é uma das coisas mais curiosas da televisão mundial.
Imagina!!!! Muito antes do advento do AVID (o software de edição mais utilizado em vídeo) Carlos Manga montava vídeo-tape numa moviola Prevost.
Coisas do Brasil!”


domingo, 29 de janeiro de 2017

DOMINGO EM COPACABANA

Em mais uma estupenda colorização do Reinaldo Elias vemos três moçoilas aproveitando o domingo para um banho de mar no Posto 6, em Copacabana.
Lembram daquela bola colorida que a banhista segura na mão? Era de plástico e se enchia soprando. O bico, depois de cheia, era escondido na própria bola.
Nesta época, consultando a seção de anúncios do Jornal do Brasil, viam-se numerosos anúncios para aluguel de pequenos apartamentos para "banho de mar" no Flamengo, Leme, Copacabana, Ipanema e Leblon: "Alugam-se duas esplêndidas salas e quarto e pensão de primeira ordem e banho de mar à porta. Preços módicos para famílias e cavalheiros de tratamento. Tel: 6-2361. Avenida Atlântica 250".
Acidentes também aconteciam, como conta o JB de 28/1/1930: "CAIU DA MURALHA DA PRAIA DO FLAMENGO - Marcellino Ambrosio,  de 15 anos,  brasileiro, residente na Rua Dous de Dezembro n. 28, quando ia tomar banho de mar, trepou-se na muralha que margeia a Avenida Beira-Mar e perdeu o equilíbrio cahindo à praia. Marcellino sofreu uma forte contusão na nuca, outra na coxa direita, foi medicado no Posto Central de Assistência e depois retirou-se para sua residência".