Hoje temos três fotos de Postos de Salvamento na Avenida Atlântica,
todas elas anteriores a 1938, quando a intervenção do Prefeito Henrique
Dodsworth acabou com os postes no meio da Av. Atlântica.
Acho esta época uma das mais bonitas da Praia de Copacabana. A Av.
Atlântica, que tem este nome por ser banhada pelo Oceano Atlântico, já se
chamou Rua Bento Amaral, no seu trecho entre o Leme e a Rua Siqueira Campos. A
Av. Atlântica foi projetada no governo do Prefeito Pereira Passos e construída
entre 1906 e 1908. Foi reconstruída em 1910, segundo novos planos, pelo
Engenheiro Luís Rodolfo Cavalcanti de Albuquerque Filho. Segundo P. Berger, em
1912 o Prefeito General Bento Ribeiro, considerando que a "Avenida
Atlântica, pelos atrativos naturais que a cercam, deve constituir logradouro
especialmente destinado a passeio, proibia o tráfego de veículos de cargas ou
mercadorias e, bem assim, o de carros fúnebres, salvo aqueles que se destinarem
a pontos nela situados". Em 1913, foi alargada. Destruída em grande parte
pelas ressacas de 1918, foi reparada pelo Prefeito Amaro Cavalcanti. Prolongada
e restaurada na administração Paulo de Frontin, sendo esta reconstrução
assinalada pelo lançamento de um marco de pedra, em 1919. Em 1921 foi novamente
melhorada e consertada num grande trecho pelo Prefeito Carlos Sampaio.
Finalmente, em 1970, na administração Negrão de Lima, foi alargada a avenida e
ampliada a praia.
A foto 1, publicada outro dia pelo M. Lobo no seu “Tempore Antiquus”, mostra
o Posto 3. A
revista "Illustração Brasileira" de abril de 1936 publicava:
"Copacabana, o lindo bairro praieiro que é um dos mais elegantes e
mais bellos balnearios do mundo, acaba de ser dotado de um novo melhoramento,
com a inauguração dos modernos postos de salvamento que, além de constituírem
um bonito ornamento local, offerecem aos que o frequentam uma garantia de
segurança pela efficiencia de sua apparelhagem. Vemos aqui um aspecto da
Avenida Atlantica com um dos novos arranha-céus que se levantam por todos os
pontos da linda praia carioca." Nesta foto podemos ver ao fundo a casa de
meu tio-avô James Darcy, na esquina da Figueiredo Magalhães (aquela casa com um
arco no segundo andar).
A foto 2, de Malta, mostra um posto de observação de salva-vidas na
praia de Copacabana, por volta de 1910. Este precário Posto de Salvamento
(Posto de Sauvatage), é de antes da construção da calçada junto à praia, que se
deu quando do alargamento de 1919. Observar que, nesta foto, há curioso
defletor na lâmpada superior do poste de luz (seria para proteger as casas da
iluminação excessiva?). O salva-vidas, então chamado de "banhista",
no topo do seu posto de observação, protegido por uma barraca e com binóculos,
vigia os que entram no mar. Uma bóia, com uma corda, além de um pequeno barco,
são instrumentos de auxílio ao salva-vidas. Andre Decourt acredita que o trecho
acima fotografado ficaria entre as ruas Figueiredo Magalhães e Siqueira Campos,
pelo tipo das casas. Entretanto, o morro que parece chegar até à praia
sugeriria o trecho perto da Rua Fernando Mendes, na altura do Inhangá, acho eu.
A foto 3, de Preising, mostra outro Posto de Salvamento, alguns anos
depois da foto 2. O mais interessante nessa foto é reparar que a calçada não é
de pedras portuguesas, mas sim de mosaico cerâmico (foi uma das experiências
feitas no período das grandes ressacas). Quanto a estes postos sempre existiam
dois salva- vidas, um no alto e outro na areia ou na calçada. Cabia ao
empoleirado observar, avisar o de baixo, que ia atender a emergência e sendo necessário,
o do alto descia também para ajudar. Não sei a razão de terem abandonado o uso da
bóia amarrada a uma corda. Este simples e eficaz equipamento salvou muitas
vidas, com os salva-vidas lançando a bóia e puxando o nadador em dificuldades.
Por fim, comparando as fotos 1 e 3, podemos ver a modificação do
desenho das ondas na calçada.
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