sábado, 30 de setembro de 2017

DO FUNDO DO BAÚ: Praça do Bairro Peixoto






Hoje é sábado, dia da série “DO FUNDO DO BAÚ”. E de lá saem estas fotografias da Praça Edmundo Bittencourt. Me trazem muito boas lembranças, pois nos anos 50, foi a “minha pracinha”, no Bairro Peixoto.

Era um lugar muito tranquilo, tendo naquela época, em seu entorno, casas construídas na década de 40 e prédios com apartamentos no térreo, sem elevador, na década de 50. Mais adiante, no final desta década, os prédios com pilotis no térreo, com revestimento como pastilhas e painéis em mosaico na portaria.

O nome da Praça Edmundo Bittencourt é em homenagem ao fundador do “Correio da Manhã” e um busto o homenageava, tendo na base a inscrição: “Paladino de todas as liberdades”.

Era uma pracinha típica da época, onde as crianças brincavam livremente nos brinquedos (rema-rema, gangorra, balanço e escorrega), compravam sorvete na carrocinha da Kibon, pipoca e algodão doce na carrocinha do pipoqueiro. Cavávamos buracos no chão de terra para o jogo de bola de gude. Ou então jogávamos pião ou improvisávamos uma “pelada” de futebol, com todos os pequenos correndo desesperadamente atrás da bola, sem nenhum senso tático.

Havia muitos grupos de bambus espalhados pela praça, onde era possível se esconder nas brincadeiras de “mocinhos” contra índios e bandidos. Às vezes íamos vestidos a caráter, com cinturão com revólveres nas cartucheiras, que davam tiros com espoletas compradas nas Lojas Brasileiras, ali na esquina da Travessa Angrense com Av. N.S. de Copacabana. Chapéus de “cowboy”, lenços no pescoço, botas, completavam a indumentária.

Houve uma época que no lado da Rua Anita Garibaldi havia cavalos para alugar, além de charrete e carrinhos puxados por bodes. Era tão tranquilo que não havia perigo em dar uma volta na praça ou mesmo fazer um passeio longo a cavalo, subindo pela Rua Decio Vilares e descendo pela Rua Maestro Francisco Braga. Improvisávamos chicotes com galhos de árvore. Tempos depois, já adolescente nos anos 60, desembarcava neste local onde ficavam os cavalos de um ônibus elétrico voltando do colégio para assistir a aulas de inglês no IBEU.

Era um lugar muito bom, também, para se andar de velocípede ou aprender a andar de bicicleta. Pela pracinha do Bairro Peixoto também circulou o meu primeiro carro, a “Baratinha 7” (vista na foto colorida) da “scuderie” D´, um “descapotável” com um habitáculo restrito (cansei de ralar o joelho ao entrar ou sair do "cockpit"). Acionada por pedais tipo "vai e vem", pelo sistema FNP (força nas pernas), que exige uma tração diferente da dos pedais dos velocípedes, que usam o RQV (roda que vai). Sua lubrificação era com óleo Veedol Top Power-40 (similar ao Ludaol G-23 e à Hemo-Kola P-21). A buzina era acionada por meio da tecnologia ABCF (aperte o botão com força). Seu friso lateral foi criado pelo famoso estilista Tutu La Minelli. As rodas usavam pneus Michelin gentilmente cedidos por M. Rouen, diretor técnico de competições do "Rally das Pracinhas da Zona Sul" (ocorriam nas praças do Lido, Eugenio Jardim, Jardim de Alá, General Osório e da Paz), supervisionado pelo Gustavo Lemos e o Dieckmann, diretores gerais. No GP do Bairro Peixoto, a “Baratinha 7”, como testemunhou o avô do nosso Decourt,  bateu o recorde de velocidade, graças à tração integral que repartia o torque em tempo real de 100:0 para 55 na frente e 45 na traseira. O modelo 302, visto na foto, era um clone, em escala menor, do Dodge 51, o que deixava o nosso João Novello, desde aquela época, babando verde (o que preocupava, sobremaneira sua babá Creusa). Como recurso de segurança, o destaque era o sistema de freios PNC+ (pés no chão +), que integrava os controles de estabilidade/tração, corrigindo qualquer derrapagem.

Eram famosas as disputas com o Conde di Lido que, pilotando um carro da Scuderie do Xá da Pérsia, assistido por mecânicos da Abissínia, era imbatível no circuito da Praça do Lido e adjacências. No GP da Praça Eugenio Jardim, onde anos mais tarde brilharia a Tia Lu (a única que concluiu a prova em marcha-a-ré), o grande adversário era o Rockrj, o rei do Corte do Cantagalo. O infante JRO não perdia uma prova e, por conta de sua admiração por estes bólidos, iniciou nesta época sua coleção de carrinhos que, hoje, conta com 7.482 modelos. Tia Milu, apesar dos esforços, não conseguiu incluir a Praça General Tibúrcio no calendário. E a Tia Nalu, sempre preocupada com os animais, vinhas das lonjuras das Laranjeiras para protege-los de atropelamentos. Até hoje o Rafael Netto nega que estas corridas tenham se realizado pois, como consta no livro do Jô e na Super-Interessante, isto somente se daria após a década de 70. Precedendo as provas havia um “show” do Carlinhos Candeias, cantando músicas infantis. Fotos dessas competições estão sendo pesquisadas pelo Derani no Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro e serão publicadas brevemente no Caderno de Automóveis d' O Globo, pelo Jason Waldvogel. Os pilotos eram abençoados pelo Bispo Rolleiflex antes da partida.

Em dias de muita chuva, com todos os circuitos com instalações impraticáveis e interditadas, o condutor da "Baratinha 7" encontrava restrições dos fiscais de pista (a babá e a arrumadeira), que davam bandeira preta caso o piloto ameaçasse dirigir dentro de casa. Isto, é claro, até que o recurso à máxima instância, ao Bernie Ecclestone daquela época, fosse interposto: "VOVÔ, posso andar com a Baratinha dentro de casa?"

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

ONDE É?



Hoje temos mais três fotos para identificar. O problema é que não sei as respostas.
Mas como nada é impossível para os comentaristas do "Saudades do Rio" vamos ver se alguém tem bons palpites sobre os lugares.
Provavelmente são todas fotos da Zona Norte.

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

ZONA SUL: ONDE?





 
Relembrando o concurso “Sherlock Holmes”:
As três fotos de hoje, do acervo do Correio da Manhã, mostram ruas da Zona Sul em meados da década de 60.
O desafio é identificá-las.

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

COPACABANA




Hoje temos quatro fotografias que mostram a esquina da Avenida Atlântica com Princesa Isabel.
A primeira, publicada numa Manchete Esportiva de 1958, mas provavelmente de uns dois ou três anos antes, mostra o aspecto da Princesa Isabel antes do alargamento entre a Av. Atlântica e Av. N.S. de Copacabana.
Dos 4 primeiros prédios que aparecem na foto só o mais à esquerda ainda está de pé, pois os dois mais à direita foram demolidos para a abertura da Princesa Isabel, e o outro era o Leão Veloso. Antes da demolição deste prédio houve uma grande batalha, pois um morador resistiu durante anos a vender seu apartamento.
A segunda, dos anos 60 e do acervo do Correio da Manhã, mostra a Avenida Atlântica ainda não duplicada, com mão e contramão, tendo em primeiro plano o terreno vazio (onde ficava o edifício Edmundo Xavier e onde anos depois seria construído o Atlântica Business Center, apelidado de “Drops de Anis”) e na esquina mais distante da Princesa Isabel o Posto Esso, onde funcionou a boate Fred´s, junto ao terreno que futuramente seria ocupado pelo Hotel Meridien (depois bandeira Windsor e Hilton).
A terceira foto é do acervo O Globo, colorizada pelo Nickolas Nogueira, e mostra as obras de ampliação da Princesa Isabel.
A quarta foto, do Acervo do Correio da Manhã, mostra este terreno, nos anos 70, já cercado pela SISAL para as obras de construção do Meridien.
Quanto aos automóveis da foto colorida meu amigo Libeck sugeriu que possam ser: na primeira fila debaixo para cima e da direita para a esquerda, temos um fusca verde dos anos 50, um Morris Minor marron anos 50-51, um Ford preto 38-39-40. O automóvel bege lembra muito um Chevy 53-54, há um Chrysler 51-52. O azul teto branco é um Cadillac 51-52-53. Atrás do Morris um fusca branco 59-60.  Ao lado do fusca um Ford Fairlane branco teto vinho. Ao lado do Ford tem uma Lambretta LD 58-59. Atrás do Ford tem dois carros que lembram Dodge, De Soto ou Plymouth anos 51. Na outra pista um Volvo 44 branco. Mas vamos esperar os comentários do Dieckmann e do Gustavo Lemos.

terça-feira, 26 de setembro de 2017

MISERICÓRDIA





Hoje temos uma série de fotos, do Acervo do Correio da Manhã, das décadas de 50 e 60, mostrando o que restou da rua, do largo e da ladeira da Misericórdia, no Centro. Caminhos fortuitos de vários passeios românticos do século XIX, artéria de movimento para o tráfego de liteiras e carroças de boi, pisada e repisada pelos mais famosos do Brasil Colonial, delas resta pouco hoje em dia após as grandes demolições do século passado.
A Ladeira da Misericórdia começava no Largo da Misericórdia e terminava na Rua do Castelo e Ladeira do Castelo. Desapareceu com o desmonte do Morro do Castelo, restando apenas um pequeno trecho do seu início, ao lado da Igreja de N. S. do Bonsucesso da Santa Casa da Misericórdia.
Esta igreja teve origem numa capelinha do século XVI, sendo fundada em 1582, por ocasião da fundação do hospital da Santa Casa da Misericórdia. Era de barro e foi reconstruída diversas vezes, nos séculos XVIII, XIX e em 1928, no século XX.
O Largo da Misericórdia, que recebeu esta denominação por ali se situar a Igreja de N. S. de Bonsucesso, fica entre as ruas da Misericórdia, Santa Luzia e o Beco da Batalha. Ao lado está o Hospital da Santa Casa de Misericórdia, no início uma pequena construção de taipa e palha. Em 1840 lançou-se a pedra fundamental do atual hospital, na Rua Santa Luzia, que foi inaugurado em 02/07/1852.
A Rua da Misericórdia, conforme conta P. Berger, começava 210 metros antes do Largo da Misericórdia e terminava no Largo da Misericórdia. Teve os nomes de Rua Direita para a Misericórdia, Rua Direita da Praia, Rua para a Igreja de Bonsucesso, Rua que vai de São José para a Misericórdia.
Para maiores informações sobre o bairro da Misericórdia vale a pena consultar a excelente série sobre o assunto publicada no “Foi um Rio que passou”, do amigo Andre Decourt.

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

IGREJA DA PENHA




 
As fotos de hoje, do acervo do “Correio da Manhã”, mostram a Igreja da Penha. A primeira ermida foi levantada neste local em 1635. Passou por diversas remodelações, entre as quais a de 1728, com a construção da escadaria de acesso, que foi duplicada em sua largura em 1913. A capela foi demolida em 1871 para a construção de uma igreja maior. A festa da N.S. da Penha se realiza todo mês de outubro.
A Igreja da Penha já foi um dos cartões postais desta cidade e era ponto de peregrinação de muitos fiéis, daqui e do resto do Brasil. A igreja, hoje, contornada pelo Complexo do Alemão, está entregue às moscas...
Esta igreja era um símbolo de uma zona suburbana que não existe mais, encravado na realidade de decadência, populismo habitacional e violência.
A Igreja da Penha nos remete às famosas festas da padroeira no mês de outubro. Era uma das festas religiosas católicas mais aguardada e celebrada no Rio até final dos anos 60. A festa fazia com que pessoas de todos os pontos da cidade se deslocassem para lá. Era uma semana de festejos, missas e procissões. Sempre impressionava as pessoas que pagavam promessas subindo de joelhos os 365 (um para cada dia do ano) degraus. Era o dia de ganhar cata-vento colorido, cavalinho de madeira e comer jujuba, picolé de coco, algodão doce (criança nem pisca os olhos vendo o algodão "surgir do nada"), do refresco no copinho em cone de papel na base de metal, da maçã-do-amor, da pipoca. As barraquinhas de prendas e os cordões de lâmpadas, os leilões (se leiloava inclusive um leitão vivo na promessa de garantir a ceia de Natal). Os namorados trocavam juras de amor e pediam músicas pelo alto-falante do arraial.
Tudo acabou. Infelizmente.

domingo, 24 de setembro de 2017

DOMINGO NA ILHA



Antigamente era possível frequentar as praias da Ilha do Governador, como as praias do Galeão e da Guanabara, que vemos nas fotos.
A Praia da Guanabara , para alguns simplesmente “ Praia da Freguesia”, já foi até motivo para cartões postais, como este que colorido acima, enviado pelo professor Jaime. Aos domingos, principalmente , cada espaço da faixa de areia era disputado pelos banhistas que vinham até mesmo de fora da Ilha para momentos de alegria nesta praia.
Dos anos 50 aos 70 a Praia do Galeão foi o que se pode chamar de autêntico balneário carioca: finais de semana cheio, garotada correndo para um mergulho na volta da escola durante a semana.
No entanto, a poluição levou à degradação destas praias. Há poucos anos houve uma tentativa de recuperá-las. Não sei como estão hoje em dia. O professor Jaime Moraes poderá dar notícias delas.