sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

OBRAS EM COPACABANA (III)





 
Completando a série sobre o alargamento da Praia de Copacabana temos fotos dos trabalhos. Para o aterro foi usado um sistema misto, sucção e recalque, para o lançamento de areia na praia. As obras começaram pelo Leme e foram feitas por trechos.
Depois do alargamento de um trecho da praia começou a construção de um muro de cais assentado sobre enrocamento, por etapas: escavação de vala com 12 metros de largura média, execução do núcleo de enrocamento em duas camadas de meio metro de espessura – a primeira de pedras de 1 a 10 quilos e a segunda de pedras de até 100 quilos. A seguir construção de uma muralha em concreto com 2,80m de altura e 3,2m cúbicos de concreto por metro linear a 50 metros do cais existente. Camada de reforço do enrocamento de 1,30m de espessura, aterro da vala, cobrindo as camadas de enrocamento e parte do muro do cais.
Na faixa entre o cais e a muralha projetada, duas pistas de tráfego de 10,50 metros, separadas por um canteiro central de 14 metros, estacionamento e passeio. Nas calçadas junto aos prédios e junto à praia pavimentação em pedra portuguesa, com desenho de ondas em preto e branco. No canteiro central, pedra portuguesa branca. Nas áreas de estacionamento pavimentação de concreto de 0,10m de espessura, sobre base de asfalto com 0,10 de espessura.
O custo do alargamento da Praia de Copacabana estava previsto em NCr$ 20.000.000,00, ou seja, 5% do orçamento do Estado, mas no final o custo foi maior. A largura média da areia seria de 90 metros e as calçadas de 41 metros de largura, no total.
Após o aterro foi a vez de Burle Marx fazer o acabamento das calçadas e o ajardinamento. A iluminação implantada foi com lâmpadas de mercúrio.
 

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

OBRAS EM COPACABANA (II)





 
Continuando nossa pequena série vemos fotos do andamento do projeto do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) junto com a SURSAN, para um grande aterro hidráulico para duplicação da Avenida Atlântica e passagem do interceptor oceânico.
Isto serviu também para evitar as recorrentes ressacas que acometiam o bairro de Copacabana (tal fato também aconteceu quando da construção do Aterro do Flamengo).
Já em 1963 a engenheira Bertha Leitchiv, que esteve em Lisboa acompanhando os estudos que o LNEC fizera para o Aterro do Flamengo, dava entrevista que os portugueses se ofereciam para fazer também um estudo para a Praia de Copacabana. Em 1964 um convênio foi firmado, oficialmente, entre a SURSAN e LNEC. Em 1965 técnicos portugueses desembarcaram aqui com o material necessário para os estudos da grande obra. Foram 500 quilos de material, que foram levados para a sede da Administração Regional de Copacabana, onde os técnicos vão estudar os elementos “in natura”, para reproduzi-los artificialmente na maquete da Praia de Copacabana feita em Lisboa. A previsão era de um ano de estudos, com uso de aparelhos como teodolitos, taqueômetros, níveis, sextantes e sondas.
Em 1968 o engenheiro Fernando Abecasis, do LNEC, informou que seriam necessários 6 milhões de metros cúbicos de areia para se proceder ao alargamento de 100 a 150 metros da Praia de Copacabana. Considerou que o bombeamento de areia dos depósitos da Enseada de Botafogo seria o mais viável para o carreamento da areia necessária, do que utilizar a “Draga Hopes” que retira areia do alto-mar.
A primeira fase das obras seria a construção do enrocamento próximo à Pedra do Leme, a fim de evitar que a areia dragada fosse carregada pelas ondas. Nesta época se previa mesmo a construção das passarelas que vimos em fotos de ontem.
Em 27/04/1969, reportagem do Correio da Manhã dá conta das críticas do arquiteto D. Lobo, professor da Faculdade de Arquitetura da UFRJ, e do engenheiro P. Coutinho, ex-presidente da Comissão de Urbanismo do Clube de Engenharia. Enquanto o primeiro acha que o projeto “está errado desde o início”, o segundo conclui que “é uma monstruosidade se construir um canal de tráfego entre a praia e o bairro, verdadeiro fosso, para permitir apenas o tráfego de passagem longitudinal”.
Também em 1969 foi montada uma exposição na Praça do Lido que mostrava o interceptor que seria colocado ao longo da Praia de Copacabana e do lançador submarino que sanearia as praias da Zona Sul.
Em 22/10/1969 com a presença do Governador Negrão de Lima e do Secretário de Obras, Raimundo de Paula Soares, foram iniciadas, oficialmente, em frente ao Leme Palace Hotel, as obras de alargamento da Avenida Atlântica.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

OBRAS EM COPACABANA





 
Continuando a pequena série iniciada ontem vemos hoje projetos feitos para a duplicação da Avenida Atlântica e construção do interceptor oceânico nos fins dos anos 60 (na segunda foto podemos até ver que este projeto incluía o túnel Leme-Praia Vermelha).

A Avenida Atlântica foi construída, ainda como uma rua de serviço, em 1904/1906, por Pereira Passos. Foi ampliada em 1911 por Bento Ribeiro. Recebeu melhorias em 1919 por Paulo de Frontin. Em 1938 os postes do centro da avenida foram retirados.

O Prefeito Negrão de Lima, por sugestão de Lucio Costa e com projeto do Engenheiro Raimundo Paula Soares, fez a sua duplicação entre 1969 e 1971, quando foi construído, sob suas pistas, o Interceptor Oceânico da Zona Sul, a maior obra de construção de esgotos no Rio, até então, que iria recolher o esgoto de quase todo o Centro e toda a Zona Sul, inclusive São Conrado, encaminhando este esgoto para o emissário submarino.

A Avenida Atlântica, desde que foi concluída no início do século XX, sofreu diversas destruições por conta das ressacas, como nos anos de 1915, 1918, 1921, 1958, 1963, entre outros. Somente na década de 60, com o alargamento da faixa de areia e a duplicação das pistas, houve o fim das grandes ressacas.

As duas últimas fotos mostram máquinas usadas na obra, sendo que a última foto mostra o famoso Parafuso de Arquimedes.

Este parafuso foi objeto de um “post” do Tumminelli:

O Interceptor termina na “Elevatória do Parafuso”, que fica defronte à Rua Almirante Gonçalves, no Posto 5 (em frente ao Hotel Debret). Só para explicar rapidamente, a elevatória é mesmo um parafuso gigantesco que funciona como um Parafuso de Arquimedes. O parafuso de Arquimedes é helicoidal e gira em seu próprio eixo, com isso fazendo a elevação de qualquer liquido. O Interceptor, como toda rede de esgoto, funciona por gravidade, o parafuso da elevatória traz à quase altura da rua o esgoto. Ou seja, há uma leve inclinação do Interceptor para que o esgoto fique concentrado e possa subir pelo parafuso.

Então, o parafuso da elevatória do Interceptor faz com que o esgoto entre na galeria que vai para dentro de Copacabana em direção a outra elevatória, a do Cantagalo. Daí parte para Ipanema em direção à Caixa de Confluência e depois em direção ao emissário submarino de Ipanema.

O sistema de dispersão de esgoto e as correntes marítimas da área foram alvo de exaustivo estudo, na época, pelo pai do Pikyto, o Almirante Paulo Castro Moreira da Silva, que era cientista chefe do Departamento de Pesquisa Oceanográfica da Marinha. Ele em seu estudo jogava ao mar cartões de deriva que, quando chegavam às praias, eram recolhidos e anotados os dados. Com isso pode se fazer um mapeamento das correntes e quanto tempo elas chegavam às praias.

Em seu estudo de dispersão do esgoto ele escreveu: “Um esgoto lançado ao mar tem, como característica bacteriológica, um determinado teor de colibacilos. Não é o colibacilo, é evidente, a única coisa que o esgoto contém, mas como o colibacilo provém sempre de fezes humanas - ou de mamíferos - é usado como indicador e índice da poluição e de sua bacteriologia.

Pois bem: o oceano, além de um poder diluidor (que se facilita lançando o esgoto em profundidade através de difusores ou expansores) tem um poder bactericida. Poder que também se afere pela sua ação sobre os colibacilos. E poder que se mede por um índice, o chamado T-90, que é precisamente o tempo que leva o mar a reduzir de 90% o teor de colibacilos. Assim, se o teor inicial é, por exemplo, 1.000.000 de colibacilos por milímetro, em uma hora de permanência no mar ele será reduzido a 100.000, em duas horas a 10.000, em três horas a 1.000, em quatro horas a 100, em cinco horas a 10. A esta eliminação se acrescenta o efeito físico da dispersão - que evidentemente reduz ainda mais o teor ou concentração - e que pode ser estimulado por difusores. E desta diluição se subtrai, por prudência, o efeito da hora inicial, em que, segundo alguns estudiosos e observações nossas, o teor de colibacilos não cai e pode mesmo aumentar ligeiramente.

Experiências realizadas pelo Estado da Guanabara, sob minha orientação e baseadas em operação bem rara, senão inédita no mundo, o seguimento do esgoto real da Guanabara lançado do Vidigal, estabeleceram que o T-90 das águas da região era de cerca de uma hora apenas.”

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

OBRAS ATERRO COPACABANA



 
Uma estupenda postagem do prezado Achilles Pagalidis dará início a uma pequena série sobre o aterro da Praia de Copacabana para a duplicação das pistas da Avenida Atlântica e para a construção do interceptor submarino.
“(...) A areia de Botafogo foi conduzida em tubulações, pelas dragas Ster, Sergipe até a Praia de Copacabana. Os canos passaram pelo Iate Clube, atravessaram a Av. Pasteur sob o asfalto, seguiram sob os prédios do Ministério da Saúde e Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, cruzaram a Av. Lauro Sodré e, ao atingir o canteiro central, separaram-se: cada ramo seguiu um túnel.
Mais adiante, ligaram-se na Av. Princesa Isabel, após passar pelos retornos em frente às ruas Barata Ribeiro e Ministro Viveiros de Castro, Av. Copacabana, Av. Atlântica e, finalmente, atingindo a praia.
Pelas tubulações passaram 1.200.000 m3 de areia. E através da holandesa Transmundum II foram trazidos 2.000.000 m3.
As imagens mostram os tubos cortando as avenidas Lauro Sodré e Princesa Isabel. O mapa mostra a extensão da obra de alargamento conforme prévio estudo de como a areia se espalharia com o movimento das marés e como os terminais se distribuíram na praia nos quatros pontos equidistantes.
Espera-se que a nova praia possua amplos estacionamentos e os pedestres possam desfrutar de uma bela paisagem, com jardins e árvores, como em Ipanema”.
(Fonte: Revista O Cruzeiro, 05/05/1970)

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

1º DE JANEIRO

 
Já que sobrevivemos a mais um final de ano, após o espetáculo de fogos na Praia de Copacabana, acompanhado desde a mansão do Conde di Lido, o programa para hoje, neste lindo dia, é ir a São Conrado para um almoço leve.
 
Embora, como sempre, o serviço providenciado pela Condessa estivesse impecável (Caviar Frais Blinis, Crème Baltimore, Crème de cresson au caviar Sevruga, Salade de Coquilles Saint-Jacques à la Maraîchère, Boudin de homard, Andouillette de pied de porc aus truffes, Cassolette de langoustines bretonnes, Suprème de Cherne Paris, Chateaubriand avec une bouquetière de legumes, Pigeon rôti, Selle d´agneau farcie au jus de truffes, Canette aux miel et citron, Tarte aux fraises, Nougatine glacée aux poires Wiilliams, Fondant lacté au thé fumé, Dacquoise au café, Mille-feuille tiède à la vanille, Marquise au chocolate et à la pistache, Soufflé chaud au pain d´épices et à l´orange amère, alguns convidados preferiram descer para assistir de perto ao "show" da Anitta.
 
Com bom-senso preferi ficar desfrutando da imensa opção de bebidas do Conde di Lido, que com sua aposentadoria reajustada para "6 paus", ofereceu uma soberba champagne da casa G.H. Mumm, a Gordon Rouge, além do tradicional JW Black Label ( o preferido do anfitrião ). Durante o jantar foram servidos o tinto Château Margaux e o brano Meursault Blanc Clos de la Baronne du Château Labouré. 
 
 
 
 

 

domingo, 31 de dezembro de 2017

2017 - 2018

Há uns 10 anos o nosso saudoso AG escrevia:  
"Meninos e meninas,
É véspera do Ano-Novo e sei que não passo de um vulto na janela. Mas, apesar de tudo, quero desejar a todos vocês do S.E.M.P.R.E. um ano novo com todos aqueles votos piegas, derramados e cheirando a Edições Paulinas. Não abro mão do piegas; chega de manifestações originais e marqueteiras, para vender o Itaú, a Fiat e o Bradesco. Quero desejar, sim, um ano novo "com muito dinheiro no bolso; saúde pra dar e vender" (se possível com corinho e mãozinhas balouçantes).
O ano foi de muito trabalho, algumas alegrias e muitas decepções, mas como dizia o mestre Júlio Cézar de Mello e Souza, o Malba Tahan, "não se mede a caminhada pelos grãos de areia na tua sandália, ó beduino! Levanta os olhos e caminha pois há muito horizonte que te espera ao longe.
Uassalã".
Com esta foto do prezado Manolo, dos anos 70, o "Saudades do Rio" deseja a todos um feliz 2018!
Que fotografias inéditas apareçam por aqui, que os tesouros esquecidos em fundos de baús sejam enviados para publicação, que cada vez mais a história e as estórias do Rio de antigamente sejam resgatadas, que, a exemplo de anos passados, tenhamos a oportunidade de transformar amigos virtuais em amigos reais.
Agradeço a todos que colaboraram com comentários durante este ano e convido-os a participar cada vez mais em 2018.
Tudo de bom para vocês e que não falte saúde para todos nós. O resto a gente dá um jeito.