terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

CORTE DO CANTAGALO




 
O ano de 1967 foi muito complicado na área do Corte do Cantagalo. Sucessivos desmoronamentos iniciados com as chuvas do início do ano se prolongaram por todo o primeiro semestre, mantendo a ligação entre Copacabana e Lagoa, pelo Corte, interditada.
O transtorno foi grande durante meses, com o tráfego desviado para a Rua Gastão Bahiana, que não dava vazão.
A Escola Cantagalo, pública, teve suas aulas prejudicadas. O Boliche Play-Bol também deixou de funcionar, face a ameaça de desabamento. Uma enorme quantidade de lama permaneceu defronte ao Edifício Chantecler por meses.
O trabalho realizado pela Prefeitura incluiu a fixação de várias rochas e retirada de outras, após serem dinamitadas. Contingentes de PMs evitavam a passagem de pedestres, além de impedir a saída dos residentes nos prédios nos horários das explosões. Estes eram aconselhados a deixar os vidros abertos para evitar que se quebrassem.
Foi um grande trabalho feito pela Secretaria de Obras e pela Geotécnica, que removeu ou estabilizou pedras que ameaçavam cair. Nos fundos de meu prédio foram meses de barulho e parte da garagem interditada.
Somente no final do mês de maio os engenheiros conseguiram abrir uma das pistas para facilitar o trânsito. A abertura completa do Corte do Cantagalo se deu, finalmente, na última semana de julho daquele ano, após vários meses interditado.

17 comentários:

  1. O brasileiro é supersticioso e místico e isso se mostrou em algumas situações. Ao assumir o governo da Guanabara em Janeiro de 1966, Negrão de Lima extinguiu o feriado de São Sebastião que ocorreria em 20 de Janeiro, dia de São Sebastião, padroeiro da cidade. No dia 10 abateu-se sobre a cidade o maior temporal de que se tem notícia, cujos estragos são de conhecimento geral. No ano seguinte 1967, ano das fotos, Negrão não restabeleceu o tradicional feriado e nova tormenta de igual proporção desabou sobre a GuGuanabara. Negrão de Lima percebeu a "coincidência", restabeleceu a tradicional data e tragédias dessa proporção não mais ocorreram. FF Ao gerente: sobre o último comentário não publicado ontem, acrescento uma sugestão: não publique comentários de "auto-promoção" e de "culto à própria personalidade". Garanto que "este sítio" ficará mais leve...

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    1. Entre o céu e a Terra...27 de fevereiro de 2018 às 11:10

      Em 1988 o feriado do Dia de Finados foi transferido, salvo engano, para uma segunda feira. O que aconteceu de ruim também foi considerado como uma vingança dos mortos.
      A destruição dos jazigos perpétuos por falta de pagamento do IPTU também criou um temor por parte dos místicos. Mas, de lá para cá, a coisa ficou muito ruim no RJ.
      Mais uma leva de políticos presos, embora os responsáveis diretos estejam "livres, leves e soltos".
      O jazigo não era perpétuo?
      Com ou sem família para pagar, sepulturas foram vilipendiadas.
      O livro do Apocalipse e Nostradamus previram.

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    2. Observador de comentários27 de fevereiro de 2018 às 11:15

      É uma boa sugestão. Pode-se aproveitar e evitar a postagem de comentários de outros tipos como os que divulgam fatos sobre a violência da cidade encontrados normalmente nos noticiários e dispensáveis de serem reverberados pelo blog.

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  2. Fácil imaginar o auê.É um acesso que sempre uso quando vou ao Rio.Gostei das informações.
    Em tempo: foi além da fumaça.Se jogasse ontem na Mega....

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  3. Lembro bem dessa obra, pois tinha um amigo que morava na Gastão e era complicado chegar lá.
    Transito intenso e quando eu vinha da Toneleros também passava pelo corte com o meu fusca vinho 1.3 litros 68. Bons tempos.

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  4. Pela história contada pelo Joel,São Sebastião ficou injuriado e pediu ajuda a São Pedro.Grande espanto!!!

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  5. Bom Dia! Estava acostumado ver nos cinemas aquelas explosões que voava pedra para todo lado. Nesta obra, um dia,eu com mais dois colegas resolvemos ir lá assistir uma explosão ao vivo.Não pudemos chegar perto como queríamos Para nós foi só uma explosãozinha mixuruca que só deu para rachar a pedra no meio.

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  6. Gostaria de ressaltar o brilhante trabalho da Geotécnica na ocasião. Fizeram um trabalho de alto nível, não se registrando novas ocorrências na região.
    Na época, certo dia achei que o prédio estava caindo. Na verdade foi uma enorme pedra que caiu sobre o Dodge do Almirante Álvaro Alberto, meu vizinho. Estava estacionado junto ao morro, entre os prédios 2120 e 2142 (numeração atual), bem no local onde havia um gol desenhado na pedra e jogávamos futebol. A pedra destruiu completamente o carro. Depois um funcionário da Geotécnica ficou meses trabalhando no morro, perfurando-o e enfiando um tubos de aço para sustentar as pedras. Às vezes uma das pedras tinha que vir abaixo. Era um barulho infernal, mas nunca mais houve problemas.

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    1. Mestre,agora fiquei curioso.O Almirante ficou tranquilo?Recebeu outro Dodge e em caso positivo demorou?Ou ficou na saudade?

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    2. Almirante ficou a ver navios.

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  7. Boa tarde a todos.

    Dr. D', só um pequeno reparo: em 1967 não havia prefeitura.

    Postei nos finados fotologs fotos da abertura do Corte do Cantagalo e tenho no meu acervo revistas de Engenharia da Guanabara com fotos do trabalho de contenção de encostas.

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  8. Na minha visão de criança na época, essas tragédias de 1967 foram piores do que as do ano anterior, pois, além dos efeitos diretos em bairros do Rio, o que aconteceu na Serra das Araras foi assustador pelas fotos mostrando o drama dos sobreviventes nos morros da serra, até porque parentes e amigos nossos passavam muito por lá na época e mudou a nossa rotina no Rio e pela falta de água e principalmente luz racionada pelo acontecido na usina da Light.
    O feriado de S. Sebastião também foi antecipado para a segunda feira em 1988 e a maior chuva foi entre o Carnaval daquele ano e o fim de semana seguinte, o que provocou o cancelamento do desfile das campeãs, justamente quando a Vila Isabel venceu pela primeira vez.

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    1. Feriados religiosos são imutáveis! Os mistérios da espiritualidade são insondáveis. Tomara que o Crivella não se atreva a cometer mais uma de suas imbecilidades. O Rio de Janeiro não aguentaria um dilúvio...

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  9. Joel, boa noite.

    Eu já acho que tinha que acabar os feriados religiosos.

    Vivemos num país laico.

    Abraço.

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    1. Wagner Bahia, por esse lado eu concordo com você. O do padroeiro até que se justifica e é o suficiente. Pior é o da "consciência negra".

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  10. ...interessante a matéria!
    Alias a CONSTRUÇÃO deste parece ter sido um marco na cidade. Tanto para o TRÂNSITO como PARA À EPOCA.
    Na 3a imagem, parece algo tipo 'temporal'.
    Saliento as CONTENÇÕES no morro próximo/na época os recursos eram até precários. Passava quando menor e achava bárbaro.
    Costumo pensar que se a maior não houvesse: o pedregulho talvez cairia e dentro da lagoa. Causando um estrago.

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