segunda-feira, 31 de maio de 2021

NAS MARGENS DA LAGOA



Antigamente, antes da conclusão da “Belém-Brasília” que foi o trecho que concluiu as pistas no entorno da Lagoa (entre o Flamengo e o Piraquê não havia a avenida), este trecho da Borges de Medeiros era quase sem trânsito. Nas fotos de hoje vemos o areal que existia perto do Piraquê e que tinha alguns brinquedos comuns das praças cariocas.

As três primeiras fotos mostram alunas da ENIAA - Escola Normal Inacio Azevedo Amaral num momento de folga, onde hoje é o estacionamento do Clube Piraquê. Esta Escola Normal ficava na Lagoa, junto da Rua J.J. Seabra. Há muito tempo a ENIAA mudou de local e funciona em seu lugar o CAP – Colégio de Aplicação da UFRJ.

Até o final da década de 60, acho eu, era um sonho das meninas fazer a Escola Normal para serem professoras primárias. Era uma das carreiras mais escolhidas pelas moças de classe média. Muitas começavam a lecionar nos subúrbios, sendo famoso o “trem das normalistas” que saía da Central do Brasil. Como era frequentado também por muitos militares que serviam na Zona Norte, eram muito comuns os namoros e casamentos.



Esta última foto, no mesmo trecho, mostra a pose dos quatro irmãos, moradores da Lineu de Paula Machado, que viviam no Piraquê, que aparece ao fundo. A qualidade da foto, dos anos 50, deve-se à revelação do filme nos Estados Unidos, para onde viajava o pai deles, piloto da Varig.

Ainda no final dos anos 60 toda a área entre o Piraquê e a Hípica tinha “corrida de submarinos” todos os dias da semana. Definitivamente outros tempos.

20 comentários:

  1. Olá, Dr. D'.

    Hoje, na medida do possível, irei acompanhar os comentários.

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  2. As Escolas Normais eram o destino de muitas jovens, já que o magistério era uma atividade valorizada e bem remunerada. Minha mãe cursou o ginásio e curso normal no Instituto de Educação do Distrito Federal. Depois de formada "escolhia uma escola" para lecionar obrigatoriamente nas "zonas de difícil acesso ou rural". Ela saía de casa em Vila Isabel às 05:15, tomava um lotação até a Central do Brasil, onde embarcava no "Trem das Professoras" até Campo Grande, e em seguida em um outro transporte até o "Largo do Monteiro", para finalmente estar na sala de aula às 07:30. Mas a remuneração era excelente, bem diferente dos dias atuais.

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  3. Ah, as normalistas. Eram um fetiche masculino naquela época e imortalizadas em canções como a cantada pelo Nelson Gonçalves e nos textos de Nelson Rodrigues. Talvez por conta do Instituto de Educação na Mariz e Barros sempre relacionei as normalistas com o bairro da Tijuca embora as que que conheci e até namorei algumas eram dos colégios católicos da zona sul como o Santa Rosa de Lima e Imaculada Conceição. Acho que hoje nem há mais curso Normal.

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  4. Era praticamente impossível uma professora recém-formada lecionar em escolas situadas em regiões próximas. Mas os tempos eram outros e a viagem no "Trem das Professoras" transcorria sem qualquer problema. Além disso muitos militares lotados em quartéis da zona oeste viajavam nesses trens. Já a rotina mensal do pagamento dos funcionários das escolas era simples: em determinado dia um funcionário da Prefeitura do Distrito Federal ou do Estado da Guanabara, dependendo da época, chegava às escolas acompanhado por um guarda armado carregando dezenas de envelopes lacrados identificados com o nome do funcionário e a respectiva quantia. Eu me lembro dessa rotina quando estudava no Instituto de Educação e o horário era sempre ao Meio-dia. Apesar da segurança frágil dessas operações nunca se soubesse qualquer roubo ou furto. E ainda existem pessoas que discordam quando se comenta que "andamos para trás". Dentro das crendices populares que permeiam as práticas espíritas populares, vulgarmente denominadas de "macumba", seus praticantes não utilizam em seus rituais galos ou galinhas fato de "ciscarem para trás". Faz sentido...

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  5. Exatamente neste trecho da Lagoa, estendia-se a antiga Feira da Providência, no final dos anos 60 e início dos anos 70. Ia do Clube Piraquê até alguns metros após o Posto Ipiranga, de nome Posto Pônei, em frente a sede da Hípica. Aliás, ali, era a melhor lavagem de motos da zona sul.

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  6. Joel, veja como a demanda para professoras era grande em Campo Grande, já bastante populoso, nas décadas de 60 e 70, pois mesmo tendo sido criada a Escola Normal Sarah Kubitschek naquele bairro em 1957, ainda assim necessitava-se de professoras oriundas de outros bairros, como foi o caso da tua mãe.

    A propósito, há tempos que não ouço falarem de mortandade de peixes na Lagoa; será que resolveram o problema?

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    1. Não era só minha mãe, mas era uma norma estabelecida pela Secretaria de Educação para que todas as recém-formadas fossem lotadas na zona oeste ou em Jacarepaguá. Minha mãe mais tarde foi transferida para outras escolas distantes como na Estrada do Cafundá e no Pechincha. Só mais tarde em 1963 é que ela finalmente foi lotada no Instituto de Educação. Minha avó também se formou professora pelo Instituto de Educação, que na época funcionava no Largo do Estácio, no prédio onde funcionou mais tarde o Colégio Pedro Varella após o prédio da Rua Mariz e Barros ter ficado pronto em 1930.

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  7. As dragas do Jardim de Alá têm trabalhado diariamente desobstruindo o canal. Isto renova as águas da Lagoa.
    E o grande trabalho do Moscatelli com o manguezal no entorno fez com que muitas espécies de aves retornassem à lagoa.
    Há duas semanas fotografei um casal de capivaras com vários filhotes.
    A Lagoa anda bem cuidada.

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  8. Essa normalista da segunda e terceira fotos é (era) um pitéu.

    Por falar nisso, e aquele tal "bordel das normalistas" do qual muito se falava mas ninguém jamais soube onde ficava? Mera lenda urbana a povoar os sonhos e desejos de muita gente.

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    1. Hum, espero não ser sua esposa. Mas sendo, cumprimento-o pelo bom gosto.

      Aproveitando a oportunidade, o tipo de penteado dela estava em moda por volta de 1965. É mais ou menos este o ano das fotos?

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    2. É uma amiga. A foto deve ser de 1963/1964

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    3. Este tão citado "bordel de normalistas" foi, tão-somente, uma criação de Nelson Rodrigues na sua peça "Perdoa-me por me traíres", de 1957 (filmado por Braz Chediak em 1980 e [creio que ainda] disponível no Youtube).
      O autor, como sabemos, era pródigo em metáforas e até hipérboles: para citar apenas algumas, a "unanimidade burra”, a “baba elástica e bovina”, a “saúde de vaca premiada”, a "pátria constelada de Garrinchas" quando da conquista da Jules Rimet de 1962.

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  9. Minha primeira esposa era dublê de professora do supletivo e funcionária CLT do IBGE. Desistiu rapidamente de lecionar.

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  10. Lecionar no Brasil em escolas públicas é para uns poucos abnegados. Pouco conteúdo didático, péssima retribuição moral, ausência de um devido respeito por parte da sociedade, salários aviltantes, e condições de trabalho "subsaarianas". Uma realidade diametralmente oposta a de um passado não tão distante. Lembro bem da diretora do Instituto de Educação nos anos 60, D. Helena. Alta, imponente, cabelos grisalhos presos em coque no alto da cabeça à moda da "Belle Epoque", parecia um camafeu. Morava em uma casa de "altos e baixos" na rua Moura Brito e dirigia um DKW alemão. Sua presença impunha respeito e admiração, bem diferente com o que ocorre atualmente com a maioria das educadoras, muitas delas dignas de figurar no "Big Brother" ou em "A Fazenda"...

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    1. Verdade. Escola pública atualmente é ponto de venda de drogas, local de bullying aos colegas, de agressão física e moral aos professores, de bagunça generalizada tanto dentro das salas quanto no recinto externo. De vez em quando, para quebrar a monotonia, temos um tiroteio vitimando alunos e professores. E não é pela PM. Ah, sim: temos também furtos e roubos de equipamentos, de computadores e de mobiliário.

      Ah, esqueci: hoje os alunos mandam na escola e nos professores. Com o respaldo dos pais, é lógico. Afinal, quem esses educadores acham que são para chamar a atenção dos seus filhinhos anjinhos?

      Nada como os tempos modernos.

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  11. Nessa época a lagoa tinha favelas em volta inclusive com palafitas, acredito a coisa mais tercermundista que exista.
    Sobre a água da lagoa, apesar das pessoas acharem que um dia foram transparentes isso nunca aconteceu. A lagoa junta sedimentos de todos os rios que nela desembocam, porém, nos dias de hoje ela é limpa. Basta ver que a mortalidade de peixes quase não ocorre. Uma das poucas vitórias da cidade do Rio. Não podemos dizer isso da baia da guanabara. ABS.

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    1. No entorno da Lagoa havia a favela da Catacumba, hoje um lindo parque com o mesmo nome, e a favela do Pinto, colada no clube dos Caiçaras, esta com as mencionada palafita.

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  12. Na época das fotos das simpáticas normalistas, a avenida ainda se chamava Epitácio Pessoa. Só mais tarde é que houve a divisão entre Epitácio e Borges.

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