Engarrafamento num dia chuvoso na Rua dos Arcos.
Ao fundo o arco duplo aberto no século XIX. O outro arco, na direção da Rua Mem de Sá, é do século XX.
Ao fundo o arco duplo aberto no século XIX. O outro arco, na direção da Rua Mem de Sá, é do século XX.
Nosso prezado colaborador Carlos Paiva nos fala hoje sobre uma fábrica
de tecidos que existiu em Botafogo: A Fábrica de Tecidos Botafogo, fundada pelo
Senador e Empresário Jorge Street, morador na Rua São Clemente, e que se
localizava junto à Rua Visconde de Caravelas. Tinha também outra sede na Rua
Barão de Mesquita. Vemos acima referenciais no bairro de Botafogo.
O Senador Street, em determinado momento resolveu ficar só com a fábrica
da Rua Barão de Mesquita e vendeu a fábrica de Botafogo para o Sr. Manoel
Capella, dono da Fábrica de Chapéus Braga Costa, que lá se instalou até
meados dos anos 1930 quando fechou.
Segundo informações colhidas na Internet esta fábrica foi inaugurada em
15 de novembro de 1907, pelos srs. dr. Jorge Street e dr. Joaquim de Lamare,
para tecelagem de lãs, com a produção anual de 60.000 metros. A 1º de março de
1909, foi a empresa constituída em sociedade anônima, com o capital de Rs.
600:000$000 dividido em 3.000 ações de Rs. 200$000 cada. O seu capital atual é
de Rs. 1.200:000$000, tendo mais em circulação um empréstimo por debêntures no
valor de Rs. 1.200:000$000, ao juro anual de 7%.
A sua produção anual era de 300.000 metros de panos diversos, entre os quais casimiras, sarjas, diagonais de todas as cores, xales para senhora, palas, cobertores etc.
Os seus edifícios fabris estavam situados nos bairros de Botafogo, à Rua Visconde de Caravelas, 52; e Andaraí, à Rua Barão de Mesquita, 314, havendo mais, neste último local, uma vila operária e ocupando tudo uma área de 80.000 metros quadrados. A sede social da empresa ficava à Rua 1º de Março, 66.”
Fonte original: LLOYD, Reginald et al (1913). Impressões do Brazil no Século Vinte. Londres: Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd.”
Imagem da Fábrica de Tecidos Botafogo situada na Rua Barão de Mesquita.
As casas das fotos foram compradas pelo Sr. Capella para ele e para os filhos. Esta é na Rua Visconde de Caravelas nº 180.
Esta é na Rua Visconde de Caravelas nº 190-192. Na área foi
aberta a Rua Desembargador Burle e o loteamento.
PS: Carlos conta ainda, sobre o Senador Street, que ele se mudou para São Paulo e juntou-se à Guinle, Gaffreé e outros e se dedicaram à fabricação de sacos de juta devido a enorme necessidade para ensacar o café para exportação. E lá ficou até o fim da vida sempre muito dedicado às necessidades sociais dos operários.
Foi construído por José Buarque de Macedo. Consta que em 29 de março de 1930 o Prefeito Antônio Prado Júnior mandou desapropriar as casas de números 148 e 158, na Rua São Clemente, com vistas a abrir uma nova rua de acesso. Como a residência de nº 158 tinha sido até 1913 a moradia do Barão de Lucena, a nova via foi assim batizada. Este edifício tem semelhanças imensas com outro ícone de Botafogo, o Edifício Pimentel Duarte.
Foi então construído no lote do
antigo nº 148 o edifício de apartamentos Barão de Lucena, com fachada dando
para a Rua São Clemente e garagem, lazer e serviços com acesso pela nova rua.
Este edifício é um dos grandes clássicos em se falando de prédios de
apartamentos da cidade. Respeitando o Plano Agache, pois fica totalmente em
centro de terreno, tendo o recuo na frente e um simpático jardim nos fundos,
embora sem garagem. O prédio é o que os prédios construídos nas décadas
seguintes deveriam ter sido. Construções que não asfixiassem a rua nem as
construções fronteiras e que permitissem a livre circulação do ar e a
propagação da luz na cidade. O abandono do Plano Agache foi extremamente
prejudicial para os bairros da Zona Sul, muito mais que para o Centro.
Segundo o Andre Decourt a São
Clemente usava uma iluminação pública que adaptava o poste NY às bases oriundas
da Expo de 1908, num arranjo relativamente raro, que só existia, segundo seus
registros, nas ruas Voluntários da Pátria, parte da Senador Vergueiro, São
Clemente e parte da Marquês de Abrantes.
Conta o Georges Mirault, meu
contemporâneo no Santo Inácio, através de conversa com o GMA, que o pai dele,
quando menino em Botafogo, depois de sair do Colégio Santo Inácio ( na década
de 1920), costumava pular o muro da residência do Barão de Lucena para pegar
frutas com outros colegas, entre os quais seu primo Dom Inácio Acciolly, depois
Abade de Nossa senhora de Montserrrat (São Bento).
Os apartamentos eram inicialmente
alugados pelo dono do edifício, Dr. Buarque de Macedo, que foi vendendo os
apartamentos pouco a pouco. Sua filha Bessie residiu no 804. Era uma espécie de
apart-hotel daquela época, com serviços mínimos, mas já com interfone e
multicomunicação entre os apartamentos.
Nunca teve garagem. Acreditava-se
que a Rua Barão de Lucena seria sempre uma rua sem saída, mas nos anos 60
inaugurou-se a Rua Theodor Herzl, que saía da Rua Assunção, o que aumentou o
tráfego na região. Como era caminho do
JBAN para o Santo Inácio, após ele tocar a campanhia de todas as casas da Barão
de Lucena e sair correndo, ele brincava de se equilibrar sobre a mureta dos
jardins deste prédio.
As louças de banheiro são
americanas, os mármores de Carrara, os lustres da Inglaterra. Os jardins atrás
tinham uma fonte luminosa francesa de dar inveja a algumas de nossas pobres
praças. Os elevadores OTIS, canadenses de origem, ainda são os originais.
Moraram ali: Plínio Salgado, o
jóquei Luis Rigoni, o "nightman" Carlos Machado, Jacques Klein, o
crítico e literato Roberto Alvim Corrêa, Mozart Amaral (fundador das afamadas
Casas Olga), muitas famílias de diplomatas estrangeiros e o próprio Georges.
Outra moradora, Laura Rónai, comenta que "o prédio é belíssimo, cheio de
detalhes charmosos (sancas, parquet no chão, janelas de ferro trabalhado no
banheiro e na cozinha, banheiro de mármore, harmonia de espaços). É muito mais
bonito na vida real do que na foto. Paulo Pires foi professor da Escola de
Arquitetura da UFRJ. O que não existe mais (e faz falta!) são os toldos."
As cisternas do edifício podem
prover água para uma semana de uso normal: são auto-comunicantes e ocupam boa
parte do piso do jardim. Nos anos 60, quando ainda não havia o Guandu, todos os
prédios em volta sofriam com a falta de água, exceto o Barão de Lucena.
Aliás o engenheiro Roberto Veiga
Brito, um dos Secretários de Lacerda e construtor do Guandu morou ali por
muitos anos.
Como se vê, um edifício com muita
história.
Nota: As fotos coloridas do
interior do prédio são de autoria de G. Tarabini e foram publicadas no FB do R.
Bokor. O texto e a foto em P&B são da publicação do SDR no Terra, de
25/11/2009.
O local é a rua Conde de Bonfim, esquina com Almirante Cochrane. O prédio colonial era na época uma
repartição do Departamento de Correios e Telégrafos, mas antes, já no século
XX, foi convento provisório tanto para as monjas da Ajuda como para os
Capuchinhos, ambos despejados pela avalanche de reformas no Centro (Cinelândia
para a Ajuda e Morro do Castelo para os Capuchinhos). Este prédio, na esquina oposta à Granado, foi
demolido pelo Metrô.
Ao lado vê-se parte do antigo Mercado
São Lucas.
A Casa Granado foi inaugurada aí há
quase 100 anos. Era uma farmácia nos moldes antigos, com aviamento de receitas
e comercialização de alguns produtos já preparados com marca própria. Até os
anos 80, continuou a funcionar desta mesma maneira. A Casa Granado entrou em
demorado processo de falência. Houve concordata. Hoje quem explora a marca são
outros, que não os descendentes de seus fundadores. O prédio continua no mesmo
local, mantendo suas características externas, alguns de seus balcões originais
e o piso. Na parte interna, não há mais nada dos apetrechos usados para aviamento
de receitas. Foi transformada em drogaria, como tantas outras.
No segundo pavimento do sobrado funcionou a
clínica de radiologia Alvaro e Silvio Cortes. Mas a farmácia continuou mantendo
um serviço que sempre prestou. Atende 24 horas, fornecendo medicamento pela
portinha lateral, que fica na Rua Almirante Cochrane. Presta esse serviço desde
sua fundação. Ao lado da Granado funcionava também a Perfumaria Carneiro, que
comercializava produtos de perfumaria de qualidade, revendendo a linha Kanitz,
perfumes e maquilagem importados. Depois, em seu lugar, abriu uma loja de bijuterias.
Esta foi mais uma das áreas da
cidade devastadas pelo Metrô. Na Tijuca, a construção cortou a região entre as
ruas Conde de Bonfim e Almirante Cochrane, estendendo a Heitor Beltrão, que
hoje é uma via árida e cercada de muros, praticamente sem construções.
A época da foto é primeira metade
da década de 1970.
Nesta foto, do acervo Rouen, vemos o prédio da TV
Continental, canal 9, em 1959, ano de sua fundação. Acho
que a estreia da TV Continental foi com a transmissão do jogo Brasil 2x0
Inglaterra, em 1959, em que o Julinho entrou vaiado (porque "barrou"
o Garrincha) e saiu aplaudidíssimo (porque foi o melhor jogador em campo).
Quando foi anunciada fiquei entusiasmado com a perspectiva de que fosse o que são hoje o Sportv e a ESPN, exibindo na TV toda a excelente programação da Rádio Continental, uma das líderes das transmissões esportivas, com Waldyr Amaral, Benjamin Wright, Clóvis Filho, Carlos Marcondes, Teixeira Heizer, cujo primeiro nome era Hitler, Raimundo Mendonça e muitos outros. Mas, confesso, foi uma decepção, pois não havia tanto esporte transmitido ao vivo. Não foi páreo para a TV Tupi, canal 6, nem para a TV Rio, canal 13, as outras estações existentes na época. O endereço era na Rua das Laranjeiras nº 291, onde fui algumas vezes para responder sobre regras de futebol no programa do Armando Marques. Cheguei a ser sorteado e acertando a resposta ganhei um rádio de pilhas. O Conde di Lido também tem alguns casos interessantes a contar sobre a TV Continental. Assim como o Docastelo e o Eraldo.
O estúdio era enorme e abrigava até uma piscina, onde se apresentou a equipe de balé aquático do Fluminense, sob o comando de Eloá Dias. A equipe de reportagem, tal como na rádio, era comandada por Carlos Pallut. Havia muitos programas musicais. A transmissão de jogos de futebol pela TV criou um problema para o Waldir Amaral, cuja locução sempre foi bastante atrasada em relação aos lances que se desenvolviam no campo. Lá em casa o "velho" assistia sempre ao programa do cantor português Francisco José, que toda vez cantava "De quem eu gosto nem às paredes confesso..." Gilson Amado também teve um programa que fazia sucesso na TV Continental. Salvo engano aos domingos à noite era exibido “Ivanhoé”. Quando apareceu o vídeo-tape era exibido o jogo de futebol da rodada.
Como Rubem Berardo era do PTB, após 1964 a coisa complicou para o lado dele e, no início dos anos 70, a TV Continental desapareceu.
Aos domingos a mesa-redonda
chamava-se "Prova dos 9", salvo engano.
Comandada por Carlos Marcondes, o comentarista que tira a prova dos nove, tinha
o locutor Clóvis Filho, que ao contrário do Waldir Amaral, seguia o lance de
perto, Avelino Dias e o ótimo "Repórter que Sabe de Tudo", o Luiz
Fernando.
Tinha transmissão de futebol, luta de boxe com o Tércio de Lima e outros
esportes.
Luiz Bonfá tinha um programa na Continental e suas instalações eram ótimas. Por exemplo, seu grande estúdio contava com ar condicionado (os artistas não apareciam brilhando de suor sob refletores como nas outras emissoras) e até piscina para realização de programas que exigissem água (balé aquático, cenas de teatro e seriados foram alguns casos). Seus equipamentos eram avançados para a época (por exemplo, captavam em estéreo, um luxo!) e sua programação, pioneira. Apresentava Hebe Camargo como "animadora de auditório" no “Hebe comanda o espetáculo” e “O mundo é das mulheres”, Jô Soares como entrevistador-comediante, o humorista Miele, e o locutor Heron Domingues, a Nicete Bruno como protagonista de um seriado (Dona Jandira).
Tinha dramaturgia de excelente qualidade e atores idem (Francisco Milani, Joana
Fomm, Paulo Goulart). Nos musicais, foi imbatível, com sensacionais shows
comandados por Agnaldo Rayol, Elizeth Cardoso, Ivon Cury, Caubi Peixoto,
Vicente Celestino e outros tanto quanto.
A TV Continental fez
uma das melhores coberturas dos temporais de 66 e 67, pois ela estava
exatamente no meio da destruição. Em 1966 uma câmera foi colocada na porta e
mostrava carros, árvores, pedaços de construção descendo a Rua das Laranjeiras
Já em 1967 sua equipe de reportagem foi a primeira a chegar na tragédia do
desabamento dos prédios no fundo da General Glicério, novamente por estar do
lado da emissora.
Vemos a entrada de um bloco no Programa Silvio
Mendonça, transmitido pela TV Continental. Possivelmente o bloco era do
Jacarepaguá Tênis Clube. Foto garimpada pelo Tumminelli na feira da Praça XV.
A Continental foi uma das 3 primeiras emissoras de televisão depois da TVTupi, canal 6, e da TV Rio, canal 13. Pertencia a Rubens Berardo e seus irmãos Carlos e Murilo. Foi ao ar a partir das 19h do dia 30 de junho de 1959. A TV Continental desligou suas antenas em 1972, quando não estava mais neste local, mas no Boulevard 28 de Setembro nº 258, em Vila Isabel.
Até os primeiros anos da década de 1960, com um trânsito de automóveis mais tranquilo, era comum ver passeios a cavalo pela Lagoa e por Ipanema e Leblon. Os cavalos que ficavam alojados nas
cocheiras da Sociedade Hípica Brasileira, do Jockey Club, do setor de equitação
do Flamengo ou mesmo em algumas cocheiras que existiam em casas particulares,
principalmente no bairro do Jardim Botânico. Foto do acervo do Francisco Patricio.
A Lagoa, antes da abertura do Túnel Rebouças, era um dos lugares onde mais se viam cavaleiros. Esta foto foi tirada em frente a uma das casas existentes na Av. Epitácio Pessoa, quase na esquina da Rua Montenegro (Vinicius de Morais atualmente). Acervo da família Alencar.
O mesmo casal de irmãos cavaleiros agora na altura da Rua Fonte da Saudade.