QUEBRA-QUEBRA,
por Helio Ribeiro
Já houve muitos episódios
de quebra-quebra no Rio. Nessa postagem de hoje vamos citar talvez o mais
grave, ocorrido nos dias 30 e 31 de maio de 1956.
O estopim foi o aumento do
preço da passagem dos bondes, de Cr$1,00 para Cr$2,00. Estudantes da UNE se
revoltaram e avisaram que forçariam a paralisação do tráfego dos bondes a
partir das 18:30h do dia 30. Porém, desde a manhã daquele dia começaram as
depredações dos bondes. Como sempre, houve entreveros entre a polícia e os estudantes,
com políticos envolvidos. O presidente Juscelino voltou de Belo Horizonte e se
reuniu com o chefe de Polícia, os comandantes da 1ª Região Militar e da Polícia
Militar, e outras altas autoridades. O Exército entrou em prontidão. As
depredações e quebra-quebra se estenderam por muitos bairros: Tijuca, Méier,
Engenho Novo, Botafogo, Humaitá, Copacabana, Praça da Bandeira, Leopoldina,
Flamengo, Catete, Praia Vermelha, Laranjeiras, Central do Brasil, Largo de São
Francisco, etc.
Seria extenso narrar isso.
Quem desejar saber detalhes, consulte na hemeroteca da Biblioteca Nacional as
edições do Correio da Manhã dessas datas. Não consegui descobrir como ficou
afinal o preço das passagens para os estudantes, que reivindicavam pagar apenas
Cr$1,50 por elas.
As fotos abaixo mostram
vários flagrantes de bondes sendo depredados, incendiados ou já avariados.
Esse tipo de ação só prejudica o usuário. Não era sem razão que as autoridades tinham sua atenção voltada para os estudantes, já que no passado eram considerados (com razão) desordeiros em potencial. Na década seguinte e por outrs motivos a situação se tornaria dramática.
ResponderExcluirNa foto 4, o mopar me chamou a atenção porque percebi que seria possível identificá-lo completamente. E deu, é um Plymouth 1941, com três frisos estampados no paralamas e lanternas verticais. Único, fiquei satisfeito. Ao fundo aparece um Packard dos anos 40, se eu estiver melhor de chute do que certos atacantes.
ResponderExcluirO bonde custava nos anos 60, enquanto durou, sete cruzeiros; portanto, os protestos não tinham embasamento econômico.
Olá, Dr. D'.
ResponderExcluirBaderneiros sempre existiram, de todas as matizes. Em 2013, supostamente por um aumento de 20 centavos na tarifa de ônibus nas duas maiores cidades do país, baderneiros promoveram incêndios e depredações, causando inclusive a morte de um cinegrafista.
A imagem da partida de pingue-pongue na frente do bonde mostra que protestos podem ser inteligentes.
Em 2013 a motivação era outra: era um "avant premiere" do golpe...
ExcluirMuitas vezes como em 2013 os baderneiros eram minoria. São agitadores ou radicais que sabotam movimentos legítimos. Sinto falta dos estudantes participarem da vida política do país. Sem eles não há renovação dos quadros políticos.
ResponderExcluirCorretíssimo Plínio! Os estudantes do nosso tempo eram bem diferentes.
ExcluirPartidos políticos atualmente são quadrilhas. Gente honesta reluta em entrar para eles. Ou já sabe de antemão que não conseguirá mudar nada. Então não vale a pena se iludir ou perder tempo. Sinal verde para bandidos ocuparem os cargos. Como estamos vendo.
ExcluirHoje em dia acontece esse tipo de baderna quase sempre e as conotações são bem mais graves, pois envolvem mortes, depredações de patrimônio público e privado, promovidas pelo "crime organizado", mas seus líderes nunca são responsabilizados, já que possuem "imunidades legais". O fato é que no passado (a quantidade de fotos disponíveis é imensa) as Forças Armadas ocupavam estações ferroviárias e assumiam a segurança dos locais. Ainda no Governo J.K a chamada "Revolta das barcas" ocorrida em 1959 em razão do péssimo serviço da "Frota Carioca", tomou proporções alarmantes e Niterói ficou fora de controle. A Polícia do "Antigo Estado do Rio" não foi capaz de "conter os ânimos" e as Forças Armadas conseguiram sufocar o tumulto. Diga-se de passagem que foram trabalhadores insatisfeitos em sua maioria que promoveram a baderna, embora outros segmentos estivessem presentes.
ResponderExcluirNão justificando, o reajuste foi de 100%, um índice abusivo em qualquer época. Hoje, por exemplo, é o primeiro dia útil da nova tarifa do metrô. Ela iria de R$5,80 para R$6,80, mas ficou em R$6,50. Muito por ser ano eleitoral...
ResponderExcluirO aumento da tarifa da Supervia já virou novela. O serviço prestado é tão ruim que o aumento foi adiado várias vezes. A tarifa atual é R$5,00 e inicialmente iria para R$7,00. Só que o protesto foi generalizado e "baixaram" para R$5,30, mas sem data definida.
Hoje o ramal Belford Roxo está parado depois de a estação terminal ter sido vandalizada. A desculpa foi o lixo acumulado na via férrea depois das enchentes impedindo o trem de seguir viagem.
A Light disse que foram avariados 900 bondes. Achei exagerado, porque a frota era de aproximadamente 1200 bondes.
ResponderExcluirBom dia Saudosistas. Sou a favor de qualquer movimento de protesto de forma ordeira, porém totalmente contra a baderna e depredação de instalações públicas ou privadas, quase sempre os maiores prejudicados são os próprios usuários e toda a população de um modo geral, seja pela impossibilidade de usar o que foi depredado, seja por ter os seus impostos pagos usados para consertar ou repor o que foi danificado. Porém neste caso o brasileiro não é único, em tomar estas atitudes. Quanto ao movimento estudantil atual, as suas principais lideranças são ligadas aos partidos de esquerda, estão em sua maioria buscando outras oportunidades que não é a formatura na carreira cursada, sendo seus principais objetivos fazerem carreira num partido político.
ResponderExcluirLino, você está totalmente enganado. As lideranças estudantis atuais foram cooptadas pelo Governo. São "chapa-branca".
ExcluirEsse ping-pong em mesa de escritório é um bom exemplo de protesto pacífico.
ResponderExcluirEm 1987 teve quebra-quebra e incêndio de ônibus, principalmente na Av. Rio Branco, devido ao aumento de 50% nas passagens, liberado por um Juiz da Vara da Fazenda Pública, uns 15 dias depois do congelamento de preços por 90 dias do Plano Bresser, o segundo dos três ou quatro grandes "pacotes" econômicos do Governo Sarney.
Na verdade a classe operária nunca participou de grandes protestos a nível nacional no Brasil. Na primeira metade do século 20 se concentraram mais na cidade de São Paulo e na década de 70 e 80 no ABC paulista e um pouco de quantidade em Volta Redonda, porém de muita repercussão.
No mais, outros, com ou sem razão, como em 1968 e 2013, foram muito mais estudantes e trabalhadores de bancos, escritórios em geral e do comércio.
Tudo muito diferente do que acontece na Argentina, por exemplo.
Trabalhadores do campo (camponeses se preferirem) nem nos tempos de Brasil quase totalmente só de produção rural protestavam, talvez uma ou outra liderança pudesse "levantar a massa" do campo até 1964. Não conseguiram mostrar se tinham potencial ou não.
O movimento que mais se aproximou de uma revolução a nível nacional foi o de 1930. Percebendo isso, 2 generais e 1 almirante, mesmo tirando a liderança dos Barões do Café, visaram manter os privilégios dos "Barões" em geral, deram um golpe em 24 de outubro, antes que as tropas de revoltosos chegassem a São Paulo e ao Rio e ficasse ainda maior a participação popular.
A recepção popular na passagem por várias cidades, já sem luta, das lideranças rebeldes do Rio Grande, de Minas e do Nordeste, mostraram o quanto o povo queria as mudanças de status da caquética república de então. Até em bairros do Rio, principalmente da Central, houve boa recepção.
Tudo isso não deu chance à Junta Militar de ficar no poder mais do que uns 10 dias.
Me lembro de quebra quebra de 1987, estava no Centro, foi pesado. No Japão os operários fazem greve trabalhando com uma fita preta no braços como protesto. Há maneiras mais eficazes que a truculência. Tensão mundial e individual alta. SE fosse escolhido novamente o enredo da atual conjuntura, Sergio Porto ia rebolar. Concentração de renda altíssima, pobreza idem , classe média sustentando o mundo.
ResponderExcluirA palavra "golpe' quando pronunciada indevidamente mostra profundo desconhecimento dos fatos ou uma evidente má fé, principalmente quando a palavra é proferida por alguém que "em tese possui alguma instrução formal". Nesse caso "só Deus resolve", mesmo que para esses ele não exista. As atuais manifestações e depredações que ocorrem quase diariamente quando morre algum marginal, tem como único objetivo promover a desordem, desqualificar as forças de segurança, e principalmente para "servir de palanque" para partidos de esquerda. Chega a ser risível, apesar da gravidade do assunto, acreditar que centenas de pessoas oriundas de favelas de altíssimo risco onde residem em exíguas taperas e são "espezinhadas" por traficantes armados de fuzis e bandidos da pior espécie, irem às ruas protestar contra a presença da Polícia e "pedir justiça". Não seria mais lógico e "honesto" protestar na frente das casas dos traficantes ou "incendiar as bocas de fumo?" E depois do "palanque formado, o discurso é livre'. E por falar em protesto e baderna, tempos sombrios estão por vir...
ResponderExcluirE por falar em bonde, foi acertada a construção de um trecho do VLT Carioca entre a Estação de Praia Formosa e a estação que fará a interligação com o futuro BRT Transbrasil e que ficará no local onde existiu o antigo Gasômetro.
ResponderExcluirVai ficar pronto com o BRT da avenida Brasil, calculo que por volta de 2065.
ExcluirJá vimoa isso com outros models, só prejudica o usuário.
ExcluirSobre a greve da Comlurb que prejudicou a população quero aqui relatar a greve mais inteligente que presenciei. Em 1985 o garis de Montividéu no Uruguai entraram em greve, dispejaram todo o lixo da cidade em volta da casa presidencial. Lógico que resolveram rápido, afinal politico não é burro.
ExcluirPoderiam fazer isso la na casa do Dudu.
José Rodrigo de Alencar, concordo com você em quase tudo menos no ano: o certo seria 2085!
ExcluirA greve da Comlurb foi retomada hoje. Mas o lixo foi recolhido. A ideia ainda está de pé?
ExcluirObiscoitomolhado tem uma incrível capacidade de identificar modelos de carro através da observação de detalhes sutis, que escapam ao ser humano normal.
ResponderExcluirTenho um amigo, de 96 anos de idade, que é tão maluco por bondes como eu. Em virtude da idade, ele esquece o que falou há dois minutos, mas lembra características de bondes observadas por ele nas décadas de 1940 em diante. Como ele andava muito nas mesmas linhas, lembra até o nome de alguns motorneiros.
Eu digo o número de ordem de um bonde qualquer e ele lembra se chegou a ver aquele bonde e se o viu ele descreve características do dito cujo. E como tenho mais de 1600 fotos de bondes, eu confiro e vejo que bate a descrição dele com as fotos.