Esta foto de 1922, publicada na revista Fon-Fon e garimpada pela Conceição Araújo, mostra um palacete da Villa América, grande empreendimento no bairro do Andaraí, há 100 anos. Palacete este que sobreviveu até nossos dias na Rua Conde de Bonfim.
Segundo a revista Fon-Fon, “se vendem atualmente terrenos próprios para
edificações e, o que é melhor, a prazo, em prestações mensais ao alcance de
todas as bolsas.
O pitoresco bairro do Andaraí é um dos que melhores vantagens e mais encantos oferece para edificações modernas por possuir a delícia de um clima excelente e ameno, sendo um centro de elegância preferido pelas famílias.
Num ponto soberbo deste bairro admirável, na Villa América, se vendem
terrenos próprias para edificações.”
Segundo o J.A.C. Maia a Villa América foi um empreendimento para competir
com o da companhia do Engenheiro Richard. Pegava da Rua Borda do Mato, lado
ímpar, até a Rua Ferreira Pontes. Toda esta área faz parte do bairro do Grajaú.
A indicação para ver os terrenos dizia para saltar à Rua Barão de
Mesquita, esquina da Rua José Vicente e, a poucos passos, uma grande tabuleta
indicará o endereço do escritório à Rua do Bom Retiro nº 826 (bondes do Uruguay
e Engenho Novo).
O Rafito (nosso prezado Rafael Netto) foi o primeiro a dizer que o palacete ainda existe e é o Centro Municipal de Referência da Música Carioca Artur da Távola, na Rua Conde de Bonfim nº 824, esquina com Rua Garibaldi.
Os jornais da época davam destaque à venda dos terrenos e faziam propaganda da salubridade do local e da facilidade de transportes pelos bondes.
Em 1935 o Correio da Manhã publicou anúncio para a venda do palacete. Não sei informar sobre os moradores do palacete até os anos 90, quando o prédio foi tombado (depois foi destombado, para finalmente ser novamente tombado já neste século).
O imóvel foi tombado pelo DECRETO DE 11 DE DEZEMBRO DE 2009:
“Determina o tombamento definitivo do imóvel sito à rua Conde de Bonfim, 824 – Tijuca – VIII R.A. – e cria área de entorno de bem tombado.
O PREFEITO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, no uso de suas atribuições legais e CONSIDERANDO que o palacete situado na Rua Conde de Bonfim nº 824 constitui um excepcional exemplo do ecletismo na arquitetura, manifestação típica e recorrente no Rio de Janeiro nas primeiras décadas do século XX; CONSIDERANDO que o imóvel é exemplar representativo das construções e da ocupação urbana desse tradicional bairro residencial burguês, constituindo um dos últimos exemplares desta tipologia de parcelamento, implantação, solução arquitetônica e tendência estilística no bairro e um marco na paisagem local; CONSIDERANDO que o referido casarão abriga hoje o Centro Municipal de Referência da Música Carioca, importante equipamento cultural da Cidade; CONSIDERANDO a existência, no seu entorno, de conjunto arquitetônico remanescente da primeira metade do século XX e a necessidade de salvaguardar o bem de ações que prejudiquem sua integridade e sua ambiência; e, CONSIDERANDO o pronunciamento favorável do Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro, que consta do processo nº 12/000.524/92;
DECRETA: Art. 1º Fica tombado definitivamente, nos termos do art. 1º da Lei nº 166, de 27 de maio de 1980, a edificação situada na Rua Conde de Bonfim, 824, Tijuca, VIII R.A.. 2 Art. 2º Fica criada a Área de Entorno de Bem Tombado definida pelos limites dos lotes 822, 824, 830 e 832 da Rua Conde de Bonfim, 5, 11, 13, 19 e 21 da Rua Garibaldi e 1723 da Avenida Maracanã, na forma do Anexo I deste Decreto. Art. 3º Ficam preservados os imóveis de números 822, 830 e 832 da Rua Conde de Bonfim e 5, 11 e 13 da Rua Garibaldi, situados dentro dos limites da Área de Entorno de Bem Tombado criada por este Decreto e definida no art. 2º. Parágrafo único. Preservam-se as fachadas, os telhados e a volumetria originais das edificações supracitadas. Art. 4º Ficam tutelados todos os demais imóveis situados dentro dos limites da Área de Entorno de Bem Tombado criada por este Decreto e definida no art. 2º."
Nunca tinha ouvido falar nesta Villa America e fiquei surpreso também pelo palacete ter sido preservado.
ResponderExcluirHá 100 anos foram criados muitos empreendimentos deste tipo com o loteamento das grandes chácaras existentes tanto na zona sul quanto na zona norte. E inúmeras aberturas de novas ruas.
Tem algo estranho: a localização da Villa America é completamente diferente da do tal palacete. Este fica na Muda; a Villa, no Grajaú.
ResponderExcluirOs conhecedores da região poderão esclarecer. Não é o meu caso, que confundo partes da Tijuca, Grajaú, Andaraí, etc.
ExcluirÉ uma vergonha, mas é a realidade.
A foto do palacete é a que ilustra a matéria da revista Fon-Fon de 1922.
O casarão realmente existe e fica na esquina das ruas Conde de Bonfim e Garibaldi, bem próximo da antiga garagem de bondes da Muda. Mas a Villa America ficava no Grajaú, próximo da Praça Verdun, a quilômetros da Muda. O bonde para a Villa era o Uruguay x Engenho Novo, como diz o anúncio; para o casarão, seriam o Tijuca, o Alto da Boa Vista ou o Muda x Marquês de Abrantes, cujo ponto final era justamente na garagem que citei acima.
ExcluirProvavelmente a foto do casarão na matéria da revista é só para ilustrar o tipo de construção que poderia / se esperava que fosse edificado na Villa América.
ExcluirOlá, Dr. D'.
ResponderExcluirÁrea fora da minha jurisdição. Acompanharei os comentários.
Atualmente tombamentos e destombamentos ficam sujeitos aos caprichos das autoridades "competentes". Mas destombamentos polêmicos não são de hoje. Alguns, em breve, completarão 50 anos.
Em tempo, hoje é dia do motorista e de São Cristóvão.
ResponderExcluirPelo que se pode perceber de acordo com o mapa, a Villa América compreendia o espaço ocupado atualmente entre as ruas Uberaba, Borda do Mato, Ferreira Pontes, Sá Viana, e suas transversais, tendo como limites as fraldas dos morros do Andaraí e da Divinéia. O "Largo do Verdun" fica entre as ruas Barão do Bom Retiro, Duquesa de Bragança, Castro Barbosa, e José Vicente, e era o trajeto obrigatório para as linhas de bonde em direção ao Engenho Novo e Meyer. No n°13 da rua José Vicente funciona o "Bar do 13", um conhecido restaurante que possui boa fama devido aos pratos de seu cardápio, mas no passado (1964) ocorreu um fato curioso. ## Quanto ao Palacete da Tijuca, nele funciona atualmente um centro cultural. Como curiosidade, ele fica a cerca de cem metros da estação inicial da Cia. Estrada de Ferro da Tijuca, que operou entre 1898 e 1907 e levava turistas em bondes elétricos para o Alto da Boa Vista. O Hélio pode confirmar essa informação....
ResponderExcluirMuita gente ignora que no passado a região da Tijuca até a esquina da rua Uruguai era conhecida como "Andarahy pequeno", e a Tijuca propriamente começava a partir desse ponto, que fica a uns 200 metros desse palacete.
ResponderExcluirBom dia Saudosistas. Ao ver o palacete imediatamente identifiquei o Centro Musical Arthur da Távola. Já os diversos bairros que existiam onde hoje se chama de grande Tijuca, se tornou um balaio de gato, qualquer dia os Tijucanos irão pedir emancipação e criar um novo Município.
ResponderExcluirO palacete ao lado desse, que aparece parcialmente na primeira foto, também está de pé até hoje. É uma clínica médica. Em frente a esses dois imóveis, do outro lado da Conde de Bonfim, era a garagem da Viação Carioca que fazia a extinta linha 413 - Muda - Copacabana. Depois virou um condomínio da Encol que ficou muito tempo abandonado e depois conseguiram concluir.
ResponderExcluirEntão podemos considerar exemplos como:
ResponderExcluirRua 2 = Rua Botucatu;
Rua 4 = Rua Campinas;
Rua 5 = Rua Sá Viana;
Rua 9 = Rua Uberaba;
Rua 11 = Rua Juiz de Fora.
E a praça retangular se chama Nobel.
É de praxe mostrar nos mapas de loteamento para que lado fica o norte, mas isso não aconteceu nesse caso, o que confunde um pouco.
Meio fora de foco: o Arthur da Távola foi um cronista muito bom.
ResponderExcluirUma crônica sua dos anos 80, sobre a cor do céu em uma tarde de primavera em Copacabana, merece figurar em qualquer coletânea das melhores crônicas brasileiras, colocando-o na companhia de Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, Vinicius de Morais, Fernando Sabino, por aí ..
A crônica dele com título AFINIDADE também é linda.
ExcluirObrigado pela indicação, vou procurar para (re)ler.
ExcluirNem tão fora de foco assim, afinal deram o nome de Arthur da Távola ao centro cultural de música que funciona no palacete das fotos postadas hoje.
Excluir"Paulo Alberto Monteiro de Barros" era um cronista/escritor "das antigas".
ExcluirO empreendimento Villa America foi construído no terreno da antiga fazenda da Viscondessa de Alcântara.
ResponderExcluirAfinal isso foi lançado ou ficou no projeto. Está muito assimétrico para ser no Rio?
ResponderExcluirNão conheço a área, mas o trabalho de Luiz e Conceição é especial. São pesquisadores que merecem o Golfinho de Ouro! Conheci Artur da Távola, grande figura. O Instituto Pereira Passos tinha muitos dados sobre a cidade. Não visito o site faz tempo.
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