quarta-feira, 19 de abril de 2023

GLÓRIA - EDIFÍCIO IPU

Em foto de Gyorgy Szendrodi, de 1971, vemos, assinalado pela seta, o atual Edifício Ipu.

Conforme informa o "Guia de Arquitetura Art-Déco do Rio", foi construído em 1935, com projeto de Ari Leon Rey e Floriano Brilhante, para ser um hotel de luxo. Implantado em terreno de forma irregular e construído em duas etapas, o edifício supera essas dificuldades apresentando uma solução de surpreendente unidade. A inspiração náutica é evidente nas superfícies planas, na progressão sinuosa das varandas e volumes salientes, nos guarda-corpos em tubos dos balcões e terraços, e na explícita citação das janelas em forma de escotilha.


À época da construção do Hotel Glória, por volta de 1923, a região tinha este aspecto.


Em meados da década de 1930 foi construído, ao lado do Hotel Glória, o Pax Hotel.


Este hotel sobreviveu por muito pouco tempo, pois no início da década de 1950 fechou suas portas e transformou-se num prédio de apartamentos, o Edifício Ipu. Segundo M. Rouen, o Pax Hotel tinha inicialmente como o endereço a Praia do Russel nº 108, mas atualmente é o Edifício Ipu, de nº 496. Devido aos sucessivos aterros em frente a este local passamos de Praia para Rua do Russel.

É formado por duas construções, com um pequeno hiato entre elas, mas a que predomina é certamente a da esquina, pois foi erguida em um pequeno terreno e em aclive onde nos fundos encontra-se o final da ladeira de Nossa Senhora da Glória.


Podemos notar que mesmo já naquela época possuía instalações semelhantes aos atuais "flats'. Proprietário Original: Cia. Imobiliária e Hotelaria Sul do Brasil.



O desaparecido Waldenir, chamou a atenção para um contraste incrível nesta foto. Apesar de poucos anos entre eles (1923/1935), como são diferentes o Hotel Glória, ainda mais Eclético do que é hoje, e o Ipu, arquétipo do Art-Déco náutico, inspirado na construção dos grandes transatlânticos da época, como o Normandie e o Queen Mary. Podemos ver estes mesmos motivos em vários prédios de apartamentos em Copacabana, incluindo a tradicional "ponte de comando" no terraço, que ajudava a prover o escalonamento então exigido em lei. Também é forte característica Art-Déco o uso de nomes indígenas (Ypu - assim mesmo, com Y - é um deles).



Mme. Frusca já teve um apartamento no Edificio Ipu. Segundo ela, “As unidades do prédio são de dois tipos: Quarto e Sala e Quitinete. Alguns com varanda, outros sem. O dela tinha varanda, mais para o lado da esquerda, para o lado do Hotel Glória. Era, porém, descaracterizada por um telhado e janelas de vidro com esquadrias de madeira.

O imóvel é foreiro, isto é: paga-se laudêmio. A porta e o hall de entrada do prédio, assim como a porta dos elevadores, são muito bonitos, em ferro fundido, mármores, latão dourado, tudo em inconfundível estilo art-déco.”

NOTA: O "Saudades do Rio" agradece a colaboração de M. Rouen.




 

15 comentários:

  1. Apesar de não ter sido planejado originalmente para tal, esse tipo de imóvel é exíguo, mais parecendo um projeto assinado por "Jonathan Swift". É óbvio que não dispõe de garagem. Mas no passado uma vaga de garagem era um "luxo desnecessário".

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  2. Muito simpático este prédio. Extremamente bem localizado, com uma vista linda e perto do Centro, do Catete e do Flamengo.
    Ideal para quem mora sozinho ou para um casal e trabalha no Centro.
    Bem servido de transporte, com Uber e similares, a garagem não faz falta. Aliás, boa parte das novas gerações não têm muito interesse em ter carro.

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  3. Apesar da Quitinete ter ressuscitado
    e possuir o neologismo de "Studio", o problema é e sempre será a exiguidade desse tipo de imóvel. O Centro do Rio é o alvo principal das incorporadoras especializadas em um tipo de construção que pretende conjugar vários fatores, estre os quais a proximidade do suposto local de trabalho. Particularmente acho difícil que tais "condomínios" prosperem sem que haja uma degradação, já que o perfil do "público-alvo" desses imóveis é o de pessoas solitárias e de baixa renda. No passado e "guardadas as devidas proporções", conjuntos residenciais no centro do Rio como "Balança mas não cai"e o "Minha casa, minha vida" na Frei Caneca", são exemplos funestos desse tipo de empreendimento.

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  4. Bom dia, Dr. D'.

    Chove desde o fim da noite de ontem, com reflexos pela cidade.

    Sobre a postagem, alguns prédios são exemplos de arte, enquanto outros deixa para lá...

    Quando fui no centro cultural do "cabeção" passei pelo prédio. O Hotel Glória acho que ainda não havia sido desfigurado.

    Hoje é aniversário do Roberto Carlos. 82 anos.

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  5. Da antiga penitenciária da Frei Caneca só restam os portões. O conjunto residencial construído em seu lugar teve a pretensão de unir a proximidade do emprego e o baixo custo do imóvel, mas na realidade se tornou uma espécie de "puxadinho" do tráfico de drogas dos morros de São Carlos e do Querosene.

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  6. Bom dia Saudosistas. O Ypu é um prédio arquitetonicamente falando muito bonito, porém com plantas de apartamentos horríveis. Alguém sabe dizer quanto o bispo recebeu para alterar a legislação da construção civil na cidade? Ainda vai demorar para sabermos os estragos que ela irá realizar na cidade.

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  7. Além do SDR, também o Arqueologia do Rio, do Rouen, ensinou muito para vários visitantes dos fotologues do Rio Antigo, inclusive sobre esse interessante estilo náutico em foco, de construções que muitos olhavam, mas não enxergavam, os detalhes que fazem a diferença arquitetônica.
    Muito boa a reedição de assuntos como esse.
    Na década de 30 não era um problema sério, mas atualmente a proximidade da Ladeira com algumas janelas e varandas desvaloriza parte das quitinetes e apartamentos dos "fundos".

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  8. Outro porém é que, olhando daqui, possivelmente das varandas no "pequeno hiato" os vizinhos podem apertar as mãos sem sair de suas respectivos apartamentos.
    Saindo do prédio, para caminhar pelas redondezas, podemos ver o campo na praça do Russel onde os jogadores dissidentes do então campeão Fluminense FC fizeram os primeiros treinos em 1912, agora por um clube de regatas localizado ali perto e que resolveu aceitá-los e formar um departamento de futebol, mesmo contrariando alguns sócios tradicionalistas do remo.

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  9. FF. Hoje é dia do Índio. Aliás como diz a musica, todo dia é dia de índio.

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    1. A data foi "atualizada" para dia dos povos indígenas. Mas complica para os "mais antigos" se acostumarem.

      Hoje também é dia do Exército, com solenidade no CML. O que uma data tem a ver com a outra? Nada, ao que parece.

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    2. Ah, hoje também é dia de Santo Expedito...

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  10. Esse "aperto de mãos fraterno mencionado no comentário das 11:21 já é uma realidade no "lado C do Rio de Janeiro (leia-se favelas). Quem já transitou ou já viu na maioria das favelas os "mini-becos" que compõem o arruamento desses locais percebe que esse aperto de mãos pode ser facilmente concretizado é por pigmeus.

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  11. Bom Dia ! Interessante , volto mais tarde.

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