Nesta
imagem da “Aviação Naval” vemos a região do Posto 6, com as ruas Francisco
Otaviano e Joaquim Nabuco. Bem à direita vê-se, parcialmente, a Rua Rainha
Elizabeth. À esquerda, o Cassino Atlântico junto à Francisco Otaviano e, à
direita, o Hotel Riviera perto da Rainha Elizabeth.
Desde 1936 já se viam anúncios do Hotel Riviera, na Av. Atlântica nº 1046 (numeração antiga). É o prédio à direita, de propriedade do Sr. Aldo Rosso. Foi inaugurado em janeiro de 1938.
Em destaque, bem à direita, o Hotel Riviera em terreno recuado. O Andre
Decourt chama a atenção para o fato de que vemos na imagem dois prédios na Av
Atlântica. O primeiro, à direita, já está construído e ao seu lado outro prédio
sobe nas estruturas. Reparem que na frente dos dois vemos jardins. No prédio
pronto este detalhe é flagrante. Vemos os jardins e a entrada do prédio com pé
direito maior e marquise. No em construção vemos só árvores e um portão, não há
casa, o que significa que o prédio também será alinhado com o seu vizinho.
O mais impressionante é que, certamente logo depois de o Plano Agache ser
revogado, esses jardins rapidamente foram ocupados por novos prédios,
possivelmente já nos anos 40.
A impressão do Andre é que na frente do prédio que aparece em construção há
hoje um prédio bem antigo revestido de pastilhas verdes, e o que já está pronto
tem na sua frente o hotel hoje chamado de Orla Rio, totalmente reformado, mas
seu imóvel sempre foi ocupado pelo Hotel Riviera.
Em 2006 o Rafael Netto fez esta foto a fim de esclarecer o que o Andre
havia comentado. Conta
ele: “O Plano Agache previa que os prédios da orla de Copacabana fossem
recuados para que não projetassem sombra na areia, que na época ficava onde
hoje estão as pistas de rolamento. Os (poucos) prédios construídos na época
ficaram então com grandes jardins entre a fachada e a Av. Atlântica, e com a
revogação do Plano, nos anos 40, estes terrenos acabaram sendo ocupados,
encobrindo a fachada dos edifícios, que foram feitos para ter vista para o mar.
O caso mais famoso (e que pensávamos que fosse o único) foi o Ed. Guarujá, já amplamente
mostrado nos FRA-Fotologs do Rio Antigo, cujos jardins sobreviveram até os anos
60.
Com a foto anterior o Decourt descobriu que ainda
sobrevivem mais dois prédios "emparedados" no Posto 6, que tiveram os
jardins ocupados já nos anos 40. Hoje, seus endereços e fachadas "de
facto" ficam na Av. Nossa Senhora de Copacabana.
Na Av. Atlântica, como vemos nesta foto, hoje existem um grande edifício na
esquina da Rua Joaquim Nabuco (que fica no lugar de uma grande casa com dois
torreões), os dois prédios que foram construídos sobre os antigos jardins, e o
Orla Hotel, ocupando o lugar do Hotel Riviera. Os outros dois prédios não
aparecem na foto antiga.
Nesta foto de 1936 podemos já ver, ao fundo, o prédio do Hotel Riviera, na
altura do Posto de Salvamento nº 6.
O
M. Zierer fez uma montagem de duas fotos separadas, as quais foram publicadas no
nº 3, de 1936, do periódico “Brasil Revista”. Podemos apreciar a predominância
de casas e poucos edifícios na Av. Atlântica desde a esquina com a Rua
Francisco Otaviano, passando pela Joaquim Nabuco, Rainha Elizabeth até a Júlio
de Castilhos. Podemos ver o prédio do Hotel Riviera na "meia-direita" da foto.
Diz o texto: "O presente de Anno Bom do Posto Seis, em Copacabana, foi seguramente o otel Riviera. Inaugura a 3 do corrente, o novo hotel da praia começa possibilitando a estação de verão num ponto maravilhoso, que incompreensivelmente, não tinha ainda sido descoberto pelos hoteleiros. Installado em predio novo, frente ao mar, quasi na ponta da Avenida Atlantica, domina esta e a Rua de Copacabana. Dirige-o o Sr. Aldo Rosso, um homem que se fez, que se criou no meio hoteleiro, com profundo conhecimento do metier e que durante longos annos foi o Chefe de Recepção do Copacabana Palace Hotel. Isto tudo se revela, na mais ligeira visita, na entrada, mesmo, do Hotel Riviera. Seu hall elegantissimo amplo, com seu mobiliario requintado, sua recepção, tudo patenteia que a Direcção conhece o que é um grande hotel moderno, que sabe realizar um ambiente de conforto como o turismo contemporaneo exige."
Foto
do acervo de M.C. Oliveira. Vemos o Hotel Riviera na década de 40. Reparem o
agradável bar-restaurante ao lado. Segundo o Andre Decourt, este espaço
existia, tal como aquele que ficava ao lado do Edifício Guarujá, na esquina da
Constante Ramos, por seguir as regras do Plano Agache, que determinava que os
prédios com mais de 5 andares na orla de Copacabana deveriam ir recuando para o
fundo do terreno, até o gabarito máximo que era de 8 andares. Quando o Plano
Agache foi revogado, por esta época, logo os arranha-céus tomaram conta dos
terrenos vazios.
Foto de Kurt Klagsbrun mostrando o Hotel Riviera por volta de 1950. O Hotel Riviera, além de turistas, recebia muitas delegações de esportistas estrangeiros, autoridades e artistas internacionais, bem como servia de concentração para times de futebol brasileiros. Era considerado um dos mais importantes da orla de Copacabana nos anos 40 e 50.
Uma
explicação para o “mistério” dos prédios emparedados é que todo o terreno
pertencia a um só proprietário. Em 1946 o “Correio da Manhã” noticiava que o
empresário Aldo Rosso iria construir o “Grande Hotel Rosso”, apelidado de “Palácio do
Turista”, numa área de 2000 metros quadrados, estendendo suas frentes sobre a
Av. Atlântica, Rainha Elizabeth e Av. N.S. de Copacabana, sendo a superfície de
construção de 30 mil metros quadrados.
Teria 330 apartamentos, já com ar
condicionado, dotado de serviços e instalações acessórias das mais modernas. O
enorme edifício conteria casas comerciais, lavanderias, cabeleireiros, tinturarias,
agência de bancos e de turismo, ginásio, vários salões para noivados e
casamentos, e um luxuosíssimo salão para refeições a “la carte”, além de uma
boate. No 13º andar haveria um grande salão para banquetes e festas, com
capacidade para mil pessoas. Uma verdadeira cidade em miniatura levada a efeito
pela firma Hotel Riviera S.A., da qual é presidente o Sr. Aldo Rosso,
proprietário do terreno e seu maior acionista.
Seria
um hotel do padrão do Statler e do Waldorf Astoria, de Nova York, erguido
no Rio, por uma grande companhia encabeçada pelo Sr. Aldo Rosso, proprietário
do Hotel Riviera, em Copacabana, e do Grande Hotel de Petrópolis.
Comunicação
dos edifícios que seriam demolidos para a construção do grande empreendimento
do “Hotel Rosso”. O arquiteto Luiz Fossati era bem conhecido por seu
envolvimento no projeto do Hotel Quitandinha, em Petrópolis.
Comunicação
ao público da possibilidade da subscrição de ações por aumento de capital da
empresa. Diversos anúncios na Imprensa falavam da busca de acionistas para a
construção deste empreendimento, sendo proposto um aumento de capital do Hotel
Riviera. A empresa "Hotel Riviera S.A. foi fundada em 1945.
A
Imprensa publicava com frequência anúncios sobre como seria bom investir em
ações do Hotel Riviera. A edição de 06/10/1946 do “Correio da Manhã” continha
anúncio que dizia: “O Grande Hotel Rosso oferece vantagens exclusivas aos
portadores de suas ações: terreno valiosíssimo terreno com face para a Av.
Atlântica. Dividendo mínimo garantido de 9% ao ano para as ações preferenciais.
Favores concedidos pelo Governo para a construção de hotéis, pelo Decreto nº
8295, de 21/11/1945, assegurando grande rendimento ao capital invertido.
Cotação normal das ações nas Bolsas de Valores. Facilidade e rapidez para a
liquidação, resgate ou reembolso. Inscrições e depósitos: Banco Andrade Arnaud,
Banco do Comércio, Banco de Crédito Pessoal, Banco Nacional da Cidade de São
Paulo.”
Para a construção do Grande Hotel Rosso, em abril de 1945 constituiu-se a Hotel
Riviera S.A. e em apenas 8 meses auferiu Cr$ 801.711,70 de lucro. No balanço de
junho já alcançava Cr$ 802.794,20, o que faz prever para o ano um saldo
aproximado de Cr$ 1.700,000,00.
Em 1947 foi pedida a Concordata Preventiva da "Hotel Riviera S.A.", segundo notícia do "Jornal do Commercio".
Entretanto,
como se pode ler no anúncio acima, foi decretada a falência da empresa no ano
de 1949.
Anúncio publicado no "Jornal do Commercio" sobre Leilão Judicial. Não achei outros detalhes, mas o hotel continuou funcionando.
Anúncio
do ano de 1951 já indicando a Av. Atlântica com nova numeração. O nº1010 passou
a nº 4122. O telefone 27-0010 permaneceu inalterado. E o Sr. Aldo Rosso continuava na direção do hotel.
Em
1955 o Hotel Riviera passou a funcionar sob nova direção, tendo assumido o Sr. João
da Silva Valente Filho, presidente do Banco Agro Industrial e Mercantil.
Cartão postal do Hotel Riviera.
Cartão de visita do Hotel Riviera.
Caixa de fósforo com propaganda do Hotel Riviera.
PS: não consegui descobrir quando mudou o nome de Hotel Riviera para Orla Hotel.