sábado, 2 de novembro de 2024

DO FUNDO DO BAÚ: AUTÓGRAFOS

A postagem de hoje é um verdadeiro achado para o “Do fundo do baú”. Foi conseguida através de nosso prezado Gustavo Lemos com sua amiga Regina  Cascão.

Regina, como muitas meninas do final dos anos 50, tinha como “hobby” colecionar autógrafos. A tia dela trabalhava na Prefeitura, onde era colega da Daysi Lúcidi, que já naquela época era também atriz de rádio e TV.

A tia da Regina comprou um pequeno caderno espiral e pediu que a Daysi Lúcidi conseguisse autógrafos de colegas da TV Tupi e da Rádio Nacional lá em 1958.

É o que vemos abaixo.

DAISY LÚCIDI: começou a trabalhar no rádio ainda criança, depois no cinema, no teatro e na TV, sempre fazendo sucesso. Enveredou pela política, sendo vereadora e deputada. Seu programa de rádio “Alô, Daisy” ficou no ar por décadas. Foi casada com Luiz Mendes.

LUIZ MENDES: foi um dos grandes jornalistas esportivos do Rio. Era o “Comentarista da palavra fácil”. Durante décadas começava seus comentários com o “Minha gente...”. 

Além do grande sucesso no rádio, Luiz Mendes comandou o icônico “TV Rio Ring” nas noites de domingo, direto dos estúdios do Posto 6. Ele irradiava as lutas, Teti Alfonso comentava e o Leo Batista era o locutor que apresentava os lutadores dentro do ringue.

NEYDE APARECIDA: atriz e garota-propaganda de sucesso. No autógrafo assina com “Y”, embora em vários outros locais seu nome apareça como “Neide”. 

Viveu os tempos dos comerciais “ao vivo”, o que propiciava, às vezes, cenas engraçadíssimas. As propagandas da “Tonelux” e das “Perucas Lady” são logo lembradas quando seu nome é citado.

Apresentou vários programas na TV. Inclusive um que poucos se lembram: aos domingos, por volta do meio-dia, um programa de mímica, onde dois grupos disputavam o troféu.

GONTIJO TEODORO: o famoso apresentador do “Repórter Esso”, na TV Tupi, programa informativo de maior audiência durante muitos anos. 

Curiosidade: o nome Gontijo tem origem em sobrenome da Península Ibérica e começou a circular pelo Brasil quando um espanhol para cá veio e foi adaptado para nome próprio. Assim como aconteceu com o sobrenome do meu bisavô, irlandês, que trouxe o “Darcy” para o Brasil e que acabou sendo adotado como nome próprio tanto para homens como para mulheres.

PAULO PORTO: grande ator brasileiro que tive o prazer de conhecer pessoalmente. Era tio de um grande amigo e irmão de um dos meus preceptores na Ortopedia. Um dos grandes filmes que fez foi “Toda nudez será castigada”, de Arnaldo Jabor, onde contracenava com Darlene Glória.

AYDÉE MIRANDA: atriz de rádio e TV, foi a primeira dupla do saudoso programa “Alô Doçura”, onde contracenava com Paulo Maurício. Esta dupla depois foi substituída pelo então casal Eva Wilma e John Herbert, com muito sucesso. 

Aidée foi também a “Lady Bela”, heroína do seriado “Falcão Negro”, de Péricles Leal. 

HELOÍSA HELENA: grande e bela atriz de cinema, teatro e TV, brilhou em várias novelas. Também atuou como cantora, principalmente cantando em inglês.


GILBERTO MARTINHO: era o ator que representava o herói Falcão Negro que lutava, com sua espada invencível, contra os vilões interpretados por Dary Reis e Jece Valadão, além de proteger sua amada Lady Bela. 

Este certamente era um autógrafo muito cobiçado, tal o sucesso deste herói.

Como o programa era ao vivo, às vezes aconteciam cenas hilariantes como quando caiu o cenário durante uma briga e os atores ficaram alguns minutos parados, simulando uma luta, enquanto o intervalo não chegava. 

Dois outros episódios são também clássicos daqueles tempos: com medo de ser atingido para valer pela espada mortal do Falcão Negro, um dos figurantes escapou do golpe antes que a arma o atingisse. Mesmo sem ser alvejado, no entanto, caiu "morto". Martinho, vendo que a cena ia ficar sem sentido, não pensou duas vezes em alterar sua fala: "Quer dizer que, além de miserável, és cardíaco?". 

Em outro programa, Jece Valadão acertou um banco na cabeça de Gilberto Martinho, fazendo os telespectadores pensarem que o ator tinha morrido.

Atuou também em muitas novelas que fizeram sucesso.



HILTON GOMES: o “Papinha”, famoso por ajudar o Conde di Lido a penetrar em um baile de carnaval do Teatro Municipal, foi locutor de primeiro time. 

Formou com Cid Moreira a dupla do primeiro “Jornal Nacional”. Narrava de tudo, de jogos de futebol a concursos de misses. Grande figura.


HEMILCIO FROES: trabalhou no rádio e na TV, como radioator, apresentador, locutor, radialista e diretor de elenco. Foi um daqueles atores coadjuvantes muito importantes.

MARIO LAGO: foi grande em várias atividades. Compositor, letrista, ator, poeta, radialista, jornalista, escritor, Mario Lago destacou-se por sua ação política. Fez muito sucesso.

RODOLFO MAYER: ator de cinema e TV, casado com a também conhecida atriz Lourdes Mayer, fez grande sucesso no teatro com o monólogo “As mãos de Eurídice”, apresentado por todo o Brasil.


MILTON RANGEL:  locutor, rádio-ator, narrador, escritor, diretor e, como grande destaque, foi o Jerônimo de “O Herói do Sertão”. Com o Moleque Saci e Aninha. Era um seriado no final da tarde, começo da noite, diário, na Rádio Nacional.

Canção De Jerônimo

“Quem passar pelo sertão

Vai ouvir alguém falar

No herói desta canção

Que eu venho aqui cantar

Se é pro bem vai encontrar

Um Jerônimo protetor

Se é pro mal vai enfrentar

O Jerônimo lutador

Filho de Maria-Homem nasceu

Serro Bravo foi seu berço natal

Entre tiros e tocaias cresceu

Hoje luta pelo bem contra o mal

Galopando está em todo lugar

Pelos pobres a lutar sem temer

Com Moleque Saci pra ajudar

Ele faz qualquer valente tremer”


ALVARO AGUIAR: grande ator e dublador, destacava-se em “As Aventuras do Anjo", na Rádio Nacional. O seriado era transmitido colado no “Jerônimo”. O Anjo era um detetive que atuava sempre junto com seus companheiros Jarbas, Faísca e Metralha. Chegava sempre na frente e resolvia os casos antes do Inspetor, que era a parte atrapalhada do seriado, juntamente com o Sargento.

FLORIANO FAISSAL:  Fez rádio, fez cinema, fez teatro e não apenas como ator. Ele foi também autor de peças teatrais, e compôs músicas, tendo sido um dos maiores nomes do cenário artístico brasileiro. Brilhou na Rádio Nacional e na TV Rio.

EMILINHA BORBA: foi uma das cantoras mais populares do Brasil no século XX. Atingiu o ápice de sua carreira artística nos anos em que fazia parte da Rádio Nacional. Seu fã-clube era extraordinário. Teve uma rivalidade épica com a cantora Marlene, a ponto de Emilinha ser a “favorita da Marinha” e Marlene ser a “favorita da Aeronáutica”. Aparentemente o Exército não tinha favoritas...


CESAR LADEIRA: um dos ícones da era de ouro do rádio brasileiro. Locutor famoso, foi casado com Renata Fronzi. Foi o criador da “Rádio-Relógio”.


ISIS DE OLIVEIRA: Nascida Ivete Savelli, na cidade de Niterói, Rio de Janeiro, em 18 de março de 1922, ela foi radialista e atriz. Não se trata da Isis de Oliveira irmã da Luma.


TIO PAULO ROBERTO: não consegui identificar quem era.

NOTA: quem não viveu aquela época em que a TV ainda era iniciante não pode imaginar a força do rádio. A Rádio Nacional tinha uma audiência impressionante com "Jerônimo" e o "Anjo" no começo da noite. Mais tarde um pouco, depois da hora do jantar, as famílias se reuniam para ouvir novelas como "O direito de nascer".

Aqui no Rio tinham grande audiência, nos anos 1950, a Rádio-Relógio, a Nacional, a Continental, a Metropolitana, a Jornal do Brasil, a Rádio MEC, a Mayrink Veiga, a Roquete Pinto, a Globo, a Tupi, a Tamoio, a Mundial. Alguma outra? 

O “Saudades do Rio” agradece ao Gustavo Lemos e à Regina Cascão pela oportunidade de relembrar toda essa gente.


sexta-feira, 1 de novembro de 2024

POSTAIS DE COPACABANA

FOTO 1: A praia praticamente deserta, aparentemente com algumas "línguas negras". Na verdade a água que vinha até o mar era uma mistura de água da chuva com esgoto, pois tinha um aspecto amarelado. Era difícil caminhar pela beira-mar e conseguir escapar incólume.

FOTO 2:  Vemos os barcos da colônia de pescadores que sobrevive até hoje no Posto 6, embora o posto 6 não exista mais. A antiga lancha com dois banhistas que patrulhavam o mar de Copacabana deixou saudades.

FOTO 3:  Mar de almirante, banho liberado. A areia sem ambulantes, caixas de som, cadeiras. Barracas coloridas, bastante espaço.

FOTO 4:  Destaque para o Edifício OK, depois Edifício Ribeiro Moreira, na Praça do Lido. 

FOTO 5:  Observem o desenho do calçamento de pedras portuguesasa. As "ondas" estão paralelas ao mar. E a "língua negra" também aparece nesta foto.

FOTO 6:  Aqui as "ondas" da calçada já estão perpendiculares ao mar. De novo estamos perto da Praça do Lido. O ônibus é o de número 6, talvez da linha "Leme-Leblon".


FOTO 7:  Que diferença da largura da calçada de antigamente para a de hoje.

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

ATLETISMO NO RIO

 

Esta é uma imagem do Estádio de Atletismo Celio de Barros. Fazia parte do projeto da construção do Maracanã, mas só foi oficialmente inaugurado em 1974. Porém, a partir dos anos 50, neste espaço já havia uma pista de atletismo, precária, onde se realizam competições.


Esta foto é uma curiosidade, garimpada pelo J.A.C. Maia. Vemos a sede do "Sport Club Brasil", fundado por funcionários do Ministério da Agricultura. Ficava na Praia Vermelha e tinha em sua diretoria o jornalista Celio Negreiro de Barros, figura importante do atletismo carioca e que deu o nome ao Estádio de Atletismo do Maracanã. Este "Sport Club Brasil" existiu de 1912 a 1936.


Os grandes clubes de futebol do Rio tinham boas equipes de atletismo. Nesta foto vemos atletas do Fluminense, na pista do estádio das Laranjeiras. Tempos de uniformes recatados.


Nas Laranjeiras os atletas, além da pista de terra para as corridas, utilizavam parte do campo de futebol para seus treinamentos e competições. A atleta é Theodora Braitkof. 


No campo do Flamengo, que nos anos 50 não tinha nem alambrado, havia uma pista de terra ao redor do campo. Lá se destacava o grande atleta José Teles da Conceição, que vi treinar muitas e muitas vezes. 


Teodora Breitkof, Liliam Poetscher, Ary Façanha de Sá e Hannelore Poetscher se exercitam no gramado do estádio das Laranjeiras.


Ary Façanha de Sá pula uma barreira nas Laranjeiras. A barreira tem perto de um metro de altura.



Gildinha Vieira treinando o lançamento de disco nas Laranjeiras.


Este é o Sebastião Mendes, outro que eu via treinando na Gávea. Era especialista em corridas de longa distância.


Infelizmente não lembro do nome do atleta da esquerda, que treina junto a José Teles da Conceição e Sebastião Mendes.


Durante uma certa época o bicampeão olímpico e recordista mundial do salto triplo, Ademar Ferreira da Silva, competiu pelo Vasco da Gama na precária pista no entorno do Maracanã.

Medalha comemorativa da inauguração do Estádio Celio de Barros em 1974. Como já mencionado acima, a pista de atletismo do Maracanã foi inaugurada em 1957, como parte das comemorações do primeiro aniversário da administração do Prefeito Negrão de Lima.

Naquela época as grandes competições de atletismo do Rio eram realizadas nas Laranjeiras (Fluminense) ou em São Januário (Vasco da Gama).

Como estádio de atletismo a inauguração oficial se deu em 1974. Foi quando se construíram as arquibancadas e se modernizou a pista. 

Grandes atletas passaram pelas pistas do Celio de Barros, desde os anos 50. Além dos já citados acima, a grande Aída dos Santos (4ª no salto em altura nas Olimpíadas de Tóquio), Joaquim Cruz (campeão dos 800m e 1500m), Sergei Bubka (salto com vara), Michael Johnson (200m e 400m), João do Pulo, Maurren Maggi, Robson Caetano, Nelson Prudencio, entre outros, também competiram no Celio de Barros.

Os ingressos para a inauguração em outubro de 1974 custavam: arquibancadas Cr$ 20, cadeiras  Cr$ 40 e cadeiras especiais Cr$ 50. 

Celio de Barros trabalhou na seção esportiva do "Jornal do Brasil" de 1920 a 1962, onde acompanhou o desenvolvimento do esporte brasileiro, tendo participado da direção de clubes e entidades. 

Foi presidente da Comissão de Assuntos Internacionais da CBD, presidente da Confederação Sul-America de Voleibol, da Federação Metropolitana de Atletismo, da Federação de Atletismo do Rio de Janeiro, da Federação Carioca de Ciclismo e presidente da Associação de Jornalistas Esportivos. 

Conta-se que foi bem sucedido em todos esses empreendimentos, sendo derrotado apenas quando defendeu que o futebol não fosse profissionalizado. Embora dissesse que um jogador que recebia dinheiro deixava de ser um esportista, foi amigo de Jules Rimet e teve grande participação na decisão do Brasil sediar a Copa de 1950.

Com as obras para a Copa do Mundo de 2014 o Estádio de Atletismo Celio de Barros foi abandonado e uma grande luta começou para sua reconstrução.





segunda-feira, 28 de outubro de 2024

ESTÁDIO DO MARACANÃ

 

FOTO 1: Neste postal vemos como era o projeto para o estádio do Maracanã, que ocupou a área do antigo Derby Club, visando a disputa da Copa do Mundo de 1950. Mas, na realidade, em 1950, não havia as construções no entorno do estádio de futebol, como veremos abaixo.


FOTO 2: Na verdade era assim que estava o Maracanã em 1950. As legendas na foto mostram onde seriam construídos o Parque Aquático Julio Delamare, o Maracanãzinho e o Estádio Celio de Barros para o Atletismo.

FOTO 3: Placa comemorativa da inauguração do Maracanã.

A partida inaugural no estádio o Maracanã foi em 16 de junho de 1950, num jogo entre cariocas e paulistas, com vitória dos paulistas. Didi, para os cariocas, marcou o primeiro gol no novo estádio. Logo depois foi palco de um dos dias mais tristes do futebol brasileiro, em 16 de julho de 1950, com a perda do título de campeão do mundo para o Uruguai. 

Durante muitos anos foi o maior estádio do mundo. O dia em que recebeu maior público foi 31/08/1969, num jogo Brasil x Paraguai, pelas eliminatórias da Copa de 70, com 183.341 espectadores. O jogo com maior público entre dois times brasileiros foi o Fla x Flu, no qual o Flamengo sagrou-se campeão em 1963, com 177.656 espectadores (eu espremido entre eles). 

FOTO 4: Palanque montado nos terrenos do Derby Club para o lançamento da Pedra Fundamental do Estádio Municipal (Maracanã ou Estádio Mario Filho), em 20/01/1948. Fonte: AGCRJ


FOTO 5: No concurso de projetos para a construção do Maracanã, em 1947, venceu o apresentado por Waldir Ramos, Raphael Galvão, Miguel Feldman, Oscar Valdetaro, Orlando Azevedo, Pedro Paulo Bernardes Bastos e Antônio Dias Carneiro. O projeto de Oscar Niemeyer foi um dos derrotados.

O que pouca gente sabe é que havia sido estabelecido que também deveriam ser construídos os estádios de Atletismo, de Esportes Aquáticos, o ginásio do Maracanãnzinho(para basquete, vôleis e ginástica), um velódromo, um estádio de Tênis, um estande de Tiro.  

O Maracanã original foi inaugurado em 1950, o Maracanãzinho em 1954, o Parque Aquático no final dos anos 70 e o Estádio de Atletismo em 1974 (dele falaremos em outra postagem, pois funcionou uma pista para competições desde os anos 50).

O Maracanã recebeu, anos depois, o nome de Estádio Mario Filho, o Maracanãzinho o nome de Ginásio Gilberto Cardoso, o Parque Aquático o nome de Julio Delamare e o Estádio de Atletismo recebeu o nome de Celio de Barros.

FOTO 6: O Prefeito do Rio naquela época era Angelo Mendes de Moraes. Tal como nas inúmeras reformas do Maracanã, realizadas em administrações posteriores, circularam muitos rumores sobre eventuais irregularidades na prestação de contas da obra.

FOTO 7: Nesta foto vemos que o espaço destinado ao Parque Aquático era um grande estacionamento, que ficou desta forma por mais de vinte anos. À direita, na parte de baixo, vemos o prédio onde funcionou o Museu do Índio.

FOTO 8: O projeto vencedor previa um estádio para 155.250 pessoas, com 31.000 em pé, 93.000 na arquibancada, 30.000 cadeiras, 500 lugares na tribuna de honra, além de camarotes, tribuna de imprensa, 32 banheiros e 32 bares. 


FOTO 9: Postal de meados dos anos 70 onde vemos o Maracanãzinho, à direita vemos a entrada da estátua do Bellini, obras no antigo estacionamento para a construção do complexo aquático Julio Delamare (que durou pouco tempo), e, à esquerda, ao lado da entrada conhecida como "do Esqueleto" ou"da Estrada de Ferro", vemos o estádio de atletismo Celio de Barros. 

Para terminar aí vão algumas fotos do AGCRJ sobre etapas da construção do Maracanã.



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