A postagem de hoje é um verdadeiro achado para o “Do fundo do baú”. Foi conseguida através de nosso prezado Gustavo Lemos com sua amiga Regina Cascão.
Regina, como muitas
meninas do final dos anos 50, tinha como “hobby” colecionar autógrafos. A tia
dela trabalhava na Prefeitura, onde era colega da Daysi Lúcidi, que já naquela
época era também atriz de rádio e TV.
A tia da Regina comprou um pequeno caderno espiral e pediu que a Daysi Lúcidi conseguisse
autógrafos de colegas da TV Tupi e da Rádio Nacional lá em 1958.
É o que vemos abaixo.
DAISY LÚCIDI: começou a
trabalhar no rádio ainda criança, depois no cinema, no teatro e na TV, sempre
fazendo sucesso. Enveredou pela política, sendo vereadora e deputada. Seu
programa de rádio “Alô, Daisy” ficou no ar por décadas. Foi casada com Luiz Mendes.
LUIZ MENDES: foi um dos grandes jornalistas esportivos do Rio. Era o “Comentarista da palavra fácil”. Durante décadas começava seus comentários com o “Minha gente...”.
Além do
grande sucesso no rádio, Luiz Mendes comandou o icônico “TV Rio Ring” nas
noites de domingo, direto dos estúdios do Posto 6. Ele irradiava as lutas, Teti
Alfonso comentava e o Leo Batista era o locutor que apresentava os lutadores
dentro do ringue.
NEYDE APARECIDA: atriz e garota-propaganda de sucesso. No autógrafo assina com “Y”, embora em vários outros locais seu nome apareça como “Neide”.
Viveu os tempos dos comerciais “ao vivo”, o que propiciava, às vezes, cenas engraçadíssimas. As propagandas da “Tonelux” e das “Perucas Lady” são logo lembradas quando seu nome é citado.
Apresentou vários programas na TV. Inclusive
um que poucos se lembram: aos domingos, por volta do meio-dia, um programa de
mímica, onde dois grupos disputavam o troféu.
GONTIJO TEODORO: o famoso apresentador do “Repórter Esso”, na TV Tupi, programa informativo de maior audiência durante muitos anos.
Curiosidade: o nome Gontijo tem origem em sobrenome
da Península Ibérica e começou a circular pelo Brasil quando um espanhol para cá veio e foi adaptado para nome
próprio. Assim como aconteceu com o sobrenome do meu bisavô, irlandês, que trouxe o “Darcy”
para o Brasil e que acabou sendo adotado como nome próprio tanto para homens
como para mulheres.
PAULO PORTO: grande ator
brasileiro que tive o prazer de conhecer pessoalmente. Era tio de um grande
amigo e irmão de um dos meus preceptores na Ortopedia. Um dos grandes filmes
que fez foi “Toda nudez será castigada”, de Arnaldo Jabor, onde contracenava
com Darlene Glória.
AYDÉE MIRANDA: atriz de rádio e TV, foi a primeira dupla do saudoso programa “Alô Doçura”, onde contracenava com Paulo Maurício. Esta dupla depois foi substituída pelo então casal Eva Wilma e John Herbert, com muito sucesso.
Aidée foi também a “Lady Bela”, heroína do seriado “Falcão Negro”, de Péricles Leal.
HELOÍSA HELENA: grande e bela atriz de cinema, teatro e TV, brilhou em várias novelas. Também atuou como cantora, principalmente cantando em inglês.
GILBERTO MARTINHO: era o ator que representava o herói Falcão Negro que lutava, com sua espada invencível, contra os vilões interpretados por Dary Reis e Jece Valadão, além de proteger sua amada Lady Bela.
Este certamente era um autógrafo muito cobiçado, tal o sucesso deste herói.
Como o programa era ao vivo, às vezes aconteciam cenas hilariantes como quando caiu o cenário durante uma briga e os atores ficaram alguns minutos parados, simulando uma luta, enquanto o intervalo não chegava.
Dois outros episódios são também clássicos daqueles tempos: com medo de ser atingido para valer pela espada mortal do Falcão Negro, um dos figurantes escapou do golpe antes que a arma o atingisse. Mesmo sem ser alvejado, no entanto, caiu "morto". Martinho, vendo que a cena ia ficar sem sentido, não pensou duas vezes em alterar sua fala: "Quer dizer que, além de miserável, és cardíaco?".
Em outro programa, Jece Valadão
acertou um banco na cabeça de Gilberto Martinho, fazendo os telespectadores
pensarem que o ator tinha morrido.
Atuou também em muitas
novelas que fizeram sucesso.
HILTON GOMES: o “Papinha”, famoso por ajudar o Conde di Lido a penetrar em um baile de carnaval do Teatro Municipal, foi locutor de primeiro time.
Formou com Cid Moreira a dupla do
primeiro “Jornal Nacional”. Narrava de tudo, de jogos de futebol a concursos de
misses. Grande figura.
HEMILCIO FROES: trabalhou
no rádio e na TV, como radioator, apresentador, locutor, radialista e diretor
de elenco. Foi um daqueles atores coadjuvantes muito importantes.
MARIO LAGO: foi grande em
várias atividades. Compositor, letrista, ator, poeta, radialista, jornalista,
escritor, Mario Lago destacou-se por sua ação política. Fez muito sucesso.
RODOLFO MAYER: ator de
cinema e TV, casado com a também conhecida atriz Lourdes Mayer, fez grande
sucesso no teatro com o monólogo “As mãos de Eurídice”, apresentado por todo o
Brasil.
MILTON RANGEL: locutor,
rádio-ator, narrador, escritor, diretor e, como grande destaque, foi o Jerônimo
de “O Herói do Sertão”. Com o Moleque Saci e Aninha. Era um seriado no final da
tarde, começo da noite, diário, na Rádio Nacional.
Canção De Jerônimo
“Quem passar pelo sertão
Vai ouvir alguém falar
No herói desta canção
Que eu venho aqui cantar
Se é pro bem vai
encontrar
Um Jerônimo protetor
Se é pro mal vai
enfrentar
O Jerônimo lutador
Filho de Maria-Homem
nasceu
Serro Bravo foi seu berço
natal
Entre tiros e tocaias
cresceu
Hoje luta pelo bem contra
o mal
Galopando está em todo
lugar
Pelos pobres a lutar sem
temer
Com Moleque Saci pra
ajudar
Ele faz qualquer valente
tremer”
ALVARO AGUIAR: grande ator e dublador, destacava-se em “As Aventuras do Anjo", na Rádio Nacional. O seriado era transmitido colado no “Jerônimo”. O Anjo era um detetive que atuava sempre junto com seus companheiros Jarbas, Faísca e Metralha. Chegava sempre na frente e resolvia os casos antes do Inspetor, que era a parte atrapalhada do seriado, juntamente com o Sargento.
FLORIANO FAISSAL: Fez
rádio, fez cinema, fez teatro e não apenas como ator. Ele foi também autor de
peças teatrais, e compôs músicas, tendo sido um dos maiores nomes do cenário
artístico brasileiro. Brilhou na Rádio Nacional e na TV Rio.
EMILINHA BORBA: foi uma
das cantoras mais populares do Brasil no século XX. Atingiu o ápice de sua
carreira artística nos anos em que fazia parte da Rádio Nacional. Seu fã-clube
era extraordinário. Teve uma rivalidade épica com a cantora Marlene, a ponto de
Emilinha ser a “favorita da Marinha” e Marlene ser a “favorita da Aeronáutica”.
Aparentemente o Exército não tinha favoritas...
CESAR LADEIRA: um dos ícones da era de ouro do rádio brasileiro. Locutor famoso, foi casado com Renata Fronzi. Foi o criador da “Rádio-Relógio”.
ISIS DE OLIVEIRA: Nascida
Ivete Savelli, na cidade de Niterói, Rio de Janeiro, em 18 de março de 1922,
ela foi radialista e atriz. Não se trata da Isis de Oliveira irmã da Luma.
TIO PAULO ROBERTO: não consegui identificar quem era.
NOTA: quem não viveu aquela época em que a TV ainda era iniciante não pode imaginar a força do rádio. A Rádio Nacional tinha uma audiência impressionante com "Jerônimo" e o "Anjo" no começo da noite. Mais tarde um pouco, depois da hora do jantar, as famílias se reuniam para ouvir novelas como "O direito de nascer".
Aqui no Rio tinham grande audiência, nos anos 1950, a Rádio-Relógio, a Nacional, a Continental, a Metropolitana, a Jornal do Brasil, a Rádio MEC, a Mayrink Veiga, a Roquete Pinto, a Globo, a Tupi, a Tamoio, a Mundial. Alguma outra?
O “Saudades do Rio”
agradece ao Gustavo Lemos e à Regina Cascão pela oportunidade de
relembrar toda essa gente.