Algumas
fotos da região do Morro da Viúva. Este trecho era conhecido como Praia da
Olaria e o primeiro nome dado a este morro foi "Mont Henry", assim
batizado pelos franceses de Villegaignon (diz o JBAN que ali ainda é o refúgio
do último francês da esquadra de Villegaignon, Monsieur Rouen).
O
nome Morro da Viúva deve-se ao fato desta área ter pertencido, no século XVIII,
a D. Joaquina Figueiredo Pereira de Barros, viúva de Joaquim José Gomes de
Barros. Em 1863 foi construída neste morro uma bateria, para defender a Enseada
de Botafogo e a Praia do Flamengo, até o Passeio Público. Pertenceu, durante
muitos anos, ao comendador e construtor Antonio Jannuzzi, que dali retirou
pedras para suas obras na cidade, até 1920. O obelisco da Av. Rio Branco foi
confeccionado com pedras deste morro.
Vemos
as obras para a construção da Avenida do Contorno (Av. Rui Barbosa), com o
terreno ganho às custas de parte do Morro da Viúva, em 1921/1922. Conforme nos
conta Claudia Gaspar, esta zona era um depósito de lixo. Depois, abrigou o
Hotel Sete de Setembro, de padrão internacional, feito para hospedar visitantes
estrangeiros nas comemorações do Centenário da Independência. O prédio do hotel
ainda existe: durante muito tempo foi sede da Escola de Enfermagem Ana Nery, da
antiga Universidade do Brasil, depois Casa do Estudante Universitário e chegou a abrigar uma Casa Cor.
Conforme
conta Maria Helena da Fonseca Hermes, o antigo Hotel Sete de Setembro foi
construído na cidade do Rio de Janeiro no contexto das comemorações do
Centenário da Independência do Brasil em 1922, e pertence à Universidade
Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Tombado pelo INEPAC em 1987, sua arquitetura
singular lhe confere um destaque especial, não apenas pelo partido adotado ou
por sua localização privilegiada às margens da baía de Guanabara e em frente ao
Pão de Açúcar, mas também pelas circunstâncias especiais de sua construção à
época, e por sua tipologia balneária. O antigo Hotel Sete de Setembro teve uma
existência efêmera na função de hotel, praticamente desconhecida. Inaugurado em
15 de julho de 1922, sábado, num chá dançante beneficente embalado pelos
acordes da Orquestra do Country Club, foi fechado e teve seus prédios
desmembrados em 1924 para que parte deles passasse a abrigar um hospital
infantil denominado Hospital Abrigo Arthur Bernardes. Em 1926, outra parte dos
prédios foi cedida e adaptada para abrigar o Internato da Escola de Enfermagem
Anna Nery, que ali permaneceu até 1973.
E,
para encerrar, a última foto, garimpada pelo J. Alberto Maia, mostra um projeto
de aterro para esta região, em 1920, onde criariam uma espécie de restinga e
uma grande lagoa de água salgada, no espaço entre o Morro da Viúva e a Ilha de
Villegaignon. Seria feito com a terra do Morro do Castelo.
|
Boa noite.
ResponderExcluirSobre o projeto do último desenho, ainda bem não foi adiante. Era tanta terra vindo do Castelo que não sabiam onde colocar. Foi parar até no aterro da lagoa, dando origem ao JCB.
Essa história da Avenida do Contorno devia ser contada na escola. E a lagoa interna estaria hoje no lugar do Aterro; a gente achando que era coisa do Lacerda e era uma ideia de 1920. certamente canalizariam o Rio Carioca para fora, ou o cheiro seria insurportável. Ou talvez se educassem as pessoas para não sujarem os rios.
ResponderExcluirQuanto ao belo prédio, é certamente um imóvel inútil nas mãos do Estado, um dos 700 mil enumerados pelo Paulo Guedes ontem.
Bom dia Luiz, pessoal,
ResponderExcluirAs fotos do hotel são excelentes, mostrando os últimos momentos do Ecletismo, já com elementos neocoloniais.A elevação da fachada, então, é um documento precioso,mostrando o cuidado de usar nanquim azul e vermelho nos detalhes.
Se a lagoa artificial saísse do papel, teria vida curta, em pouco tempo seria aterrada para fazerem prédios, dada a valorização do local.
Fico pensando como devia ser bom ter "amigos" naqueles tempos de "D.João Charuto". Desde o tempo do Governo de Tomé de Souza, amigos, correligionários, "amantes", ordens religiosas, e outros interessados, receberam enormes extensões de terras no território do futuro Estado do Rio de Janeiro. Eram os "Amigos do Rei", que desde então formaram patrimônios de valor incalculável. A cultura da exploração do semelhante praticada pelos portugueses vem dessa época, já que escravos e empregados de "baixa remuneração" cuidavam desses domínios. Essas pessoas viviam em senzalas e cortiços, para deleite e regozijo de uma "elite lusitana". Pode até parecer discurso de algum "doutrinado pela esquerda" que porventura possa estar incrustado nas sombras "deste sítio", mas é a pura realidade. Muito canalha ou malfeitor que se aventurou nestas paragens no Século XVI foi donatário de grandes propriedades adquiridas dessa forma.
ResponderExcluirExcelente série de fotos e informações. E este blog permite boa visualização das fotos. Pena que todo o acervo do antigo Terra do SDR não esteja aqui.
ResponderExcluirBoas informações e interessante o tempo de vida do hotel.Sem dúvida foi um empreendimento arrojado,mas acho que valeu.E a piscina (???)de ontem?
ResponderExcluirBom dia a todos. A série do morro da Viúva, trazendo fotos, fatos e detalhes interessantes, que desconhecia. O grande problema do RJ e do Brasil é que não temos projetos de longo prazo, fato este que faz com que nosso desenvolvimento seja como vômitos, ficam a mercê da conjuntura internacional favorável. Para quem estuda e acompanha os principais períodos de crescimento econômicos corridos no País, desde o seu descobrimento, poderá observar que todos foram perdidos pela falta de um planejamento de longo prazo, visando tirar proveito do momento, para irrigar e desenvolver projetos de desenvolvimento do País. Talvez nos governos militares com os projetos plurianuais, havia um projeto de longo prazo, porém veio a naufragar pelo excesso de nacionalismo e pela condução errada dos seus executores, principalmente por se acharem os donos da verdade e subestimarem os principais eventos internacionais que ocorreram, vide o caso das 2 crises do Petróleo, em um País que na época dependia de mais de 60% da sua importação. Mas o pior de tudo, é ver mais de 40 anos depois, a mídia e alguns setores da economia dar ouvidos ao seu principal articulador econômico "Delfim Neto" que foi o causador das principais crises que ocorreram no País. E o Brasil continua a ser o País do futuro, assim é se lhe parece uma promessa ou um castigo.
ResponderExcluirSe fosse vereador iria elaborar um projeto para alterar o nome deste morro para Morro das Viúvas como homenagem aos comentaristas deste sítio que passam a vida a enaltecer o mofo,o atraso e o arcaico.Essa gente parou no tempo e no espaço para ficar lembrando de antanho porém não abre mão da modernidade numa incoerência total.Eu gosto da evolução e ponto final.Eu sou Do Contra.
ResponderExcluirO Malta adorava fotografar o seu Fordeco.
ResponderExcluirDelfim Neto é um "entendido" em muitos assuntos mas em economia sempre foi um "bola fora". Quanto ao Brasil ser o eterno país do futuro, vou aproveitar "a bola quicando", vou "encher o pé" e que me perdoe o "gerente", mas o que foi bem explanado em linhas gerais pelo Lino, o "eterno atraso" do povo brasileiro, tem tudo a ver com duas declarações de dois notórios personagens de nossa história contemporânea com 50 anos de diferença: A primeira em 1968 por Sergio Porto, quando falou algo parecido com "seus lugares" e a segunda em 2018 quando o General Mourão falou em "indolência". São ambas pertinentes à situação e absolutamente aplicáveis. Fica o registro...
ResponderExcluirA disciplina Rio Antigo deveria constar do currículo das escolas primárias municipais.
ResponderExcluirBoa tarde ! Super interessante e instrutiva a postagem de hoje do Dr.D., aliás, como muitas outras já colocadas, diga-se de passagem. Já aprendi muito sôbre o Rio de Janeiro antigo, desde que comecei a seguí-lo, lá pelos idos de 2009, se não me falha a memória. Assim, concordo inteiramente com o Carlos, quando diz que "A disciplina Rio Antigo deveria constar do currículo das escolas primárias municipais". Só o "Saudades do Rio" já seria um celeiro e tanto para essa disciplina.
ResponderExcluirNo que se refere à postagem de hoje, a Avenida Rui Brabosa foi criada na mesma época em que também o foi o bairro da Urca, na administração do prefeito Carlos Sampaio. Gente muito empreendedora a daquela época, bem diferente dos seres abjetos que integram a política carioca nos dias atuais...
Prezado Luiz, senti falta em seu brilhante relato de citção ao Instituto Fernandes Figueira e fui pesquisar como o mesmo se encaixaria nessa história. Com o desmembramento do hotel, foi a parte destinada à moradia dos funcionários que foi transformada no Hospital Arthur Bernardes, hospital esse que entrou em decadência, chegando a ser desativado, permanecendo funcionando apenas um pequeno ambulatório de pediatria. Em 1939 ele foi reaberto com o nome de Instituto de Higiene e Medicina da Criança que foi reformulado no ano seguinte, passando a se chamar Instituto Nacional de Pediatria. Em 1946 o antigo INP passou a ser chamado de Instituto Fernandes Figueira, posteriormente incorporado à FIOCRUZ.
ResponderExcluirExcelente adendo. O IFF faz um trabalho formidável. Inúmeros amigos trabalham ali. Ainda semana passada fui a uma festa que arrecadou doações para as obras sociais do IFF. Obrigado.
ResponderExcluirPois é, depois de tantos elogios em posts dos últimos anos, as obras do período Carlos Sampaio entraram para a lista de "mofo, atraso e arcaico", assim como já foi a do também anteriormente elogiado Pereira Passos, quando se falou da Av. Mem de Sá.
ResponderExcluirQuando a vontade de aparecer é forte, corre-se o risco de cair em contradição.
E não adianta falar em prédios mal conservados, o Porto do Rio também passou por fase bem decadente e agora é Maravilha.
1/2 FF: após uma temporada nos cinemas, estreia hoje às 22:30 no canal Curta! o documentário "O Desmonte do Monte" com histórias do arco da velha sobre o morro do Castelo. Especialmente a envolvendo o prefeito responsável pelo desmonte...
ResponderExcluirApenas para contextualisar o post, Joaquim Jose Pereira de Barros foi primeiro casado com Januaria Maria Ferreira de Figueiredo. Essa faleceu em 1827 (sao os pais do Barao da Fonseca e do Barao do Icarai), e depois casou com sua irmao Joaquina Maria Ferreira de Figueirdo (depois de casada Joaquina de Figueiredo Pereira de Barros). Joaquim Jose Pereira de Barros faleceu logo depois no dia 4 de Mario de 1830.
ResponderExcluir