Nesta bela
colorização do Reinaldo Elias vemos o ônibus elétrico da linha 16, Largo do
Machado-Ipanema, via Copacabana (circular). Ele tinha um "irmão", o
Largo do Machado-Ipanema, via Botafogo, que fazia o percurso inverso, na linha
E-15.
Estas duas linhas
eram as únicas que atendiam a Lagoa (da Rua Montenegro, atual Vinicius de
Morais, até a Rua Fonte da Saudade).
A Lagoa, nesta
época, tinha um tráfego muito reduzido, pois o Túnel Rebouças só seria aberto
em 1967. Na década de 1960 havia um grande número de colégios em Botafogo
(Santo Inácio, Santa Rosa, Jacobina, Brasil-América, Pedro II, Padre Antonio
Vieira, Resende, Virgem de Lourdes, Andrews, Anglo-Americano, Imaculada Conceição,
etc) e quase todos os alunos que moravam em Ipanema e Lagoa usavam este ônibus.
Como o trajeto era relativamente pequeno, estas linhas tinham poucos veículos e
conhecíamos os motoristas.
Os ônibus elétricos
foram um salto de qualidade no transporte da época. Eram padronizados, novos e
só trafegavam com as portas fechadas, parando somente nos pontos - uma raridade
na época, onde os demais ônibus e lotações paravam em qualquer lugar e pareciam
cair aos pedaços. O motorista e o cobrador trabalhavam uniformizados, com
camisa de manga comprida e gravata. Era gostoso escorregar no couro
lustrosíssimo dos bancos ônibus elétricos. Quando o ônibus entrava na curva a
gente suichhhhh, deslizava às gargalhadas.
A primeira viagem
do "via Copacabana" iniciava-se às 5h45min no Largo do Machado. Ao
passar pela Praça General Osório pegava o Rogério, o Oscar e o Márcus (Santo
Inácio), além das meninas do Jacobina (Andreia, Lulude, Solange). Ia pela
contra-mão na Visconde de Pirajá, dobrava na Farme de Amoedo onde subiam o
Renato e o Paulo Renato (Santo Inácio). Na Alberto de Campos, a Suzana e Beth
(Imaculada Conceição). E o Guilhon (acho que do Brasil América). Dobrava na Rua Montenegro por volta das 6h25min e, no 1º
ponto na Lagoa, Flávia e Verinha (Sion). No 2º ponto, antes de chegar na Gastão
Bahiana, Michael, Doug e eu (Santo Inácio), Lilian (Jacobina), Silvia
(Imaculada Conceição).
Passava, então,
pela Favela da Catacumba, onde entravam os operários, porteiros, empregadas
domésticas, que iam para o trabalho (nunca houve nenhum assalto ou qualquer
incidente - eram tempos de paz). A zona mais próxima
a Ipanema era chamada de Passarinheiro, a do meio conhecida por Maranhão e a
terceira, mais perto da Curva do Calombo, era chamada de Café Globo. O acesso a
favela da Catacumba se dava por 15 entradas que levavam às suas 1500 casas, 80%
das quais de madeira. Lembro de um simpático morador, muito forte, que levava
uma caixa de ferramentas onde sobressaía um enorme serrote, e que sempre
cumprimentava a nós todos.
Na Lagoa, perto da
garagem do Botafogo, Vanda e Vandinha (Pedro II). Na Fonte da Saudade, Sonia e
Zenir (Imaculada Conceição) e outro Renato (Santo Inácio). Dobrava no Humaitá
para pegar as "três mosqueteiras", musas de muitos, Helia, Tininha e
Regina (Santa Rosa de Lima). Às vezes alguém se atrasava e o motorista dava um
jeito de fazer hora no ponto, dando um tempinho. Nos conhecia a todos.
Na volta, a farra
era maior ainda. Alguns que pegavam carona com os pais na ida para o colégio,
voltavam no ônibus. A farra era tanta que alguns que moravam em Copacabana
pegavam o ônibus via Lagoa para não perder a paquera. Faziam toda a volta por
Ipanema até chegar em casa! Como a maioria dos colégios femininos terminavam as
aulas às 11h30min e o Santo Inácio às 11h45min, dávamos uma gorjeta para o
motorista de modo que não passasse pelo Santo Inácio antes das 11h50min, para
podermos encontrar com as meninas... Muitos namoros aconteceram - tempos bons.
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Karak,para fazer este relatório o gerente deve estar movido a Ritalina...Grande espanto!!!!
ResponderExcluirMemória é memória, não se discute. Eu gostava muito dos ônibus elétricos no começo. Mas depois, não sei o motivo, os chifres passaram a sair do lugar a toda hora e virou um transtorno com o motorista descendo para recoloca-los no lugar. Terá sido falta de manutenção?
ResponderExcluirConheci as chamadas pelo Dr. D´de 3 Mosqueteiras. Andavam sempre juntas e frequentavam a praia de Ipanema no posto 8.
Depois dessa autobiografia completa - só faltou contar os resultados... - nada mais pode ser dito. Ainda mais por mim, que usei muito pouco os elétricos. E não escorreguei no banco lustroso.
ResponderExcluirA foto colorizada está com a proporção diferente da PB. Creio que a PB está correta.
Onde andam as 3 Mosqueteiras?
ResponderExcluirEsse ônibus foi um dos primeiros "Trolley-bus" a operar na zona sul. Isso pode ser comprovado pela faixa vermelha pintada, que tarde foram pintadas de amarelo. O depoimento do "gerente" não deixa qualquer dúvida de que "alguma coisa mudou". Entre Dezembro de 1964 e Janeiro de 1965 eu morei na Voluntários da Pátria, época que muito andei nesses ônibus. A erradicação desses ônibus foi um golpe da dupla Lacerda/Negrão para beneficiar a máfia dos ônibus que inferniza a cidade até hoje. Eu me lembro desse ponto da Lagoa que aparece na foto, que era realmente "precário" mas seguro. Como consta na postagem, nunca houve ali roubos ou assaltos. E se fosse hoje em dia? Para começar haveria um "cidadão" em cada uma das entradas fortemente armado "guardando cada boca de fumo". Mais adiante haveria um ponto de motoboys para "serviços diversos" como atender aos pedidos do "disk-droga", transportar criminosos e mesmo "pessoas de bem", ou então fazer manifestações de protesto pela morte de algum "trabalhador". A pista que aparece na foto ficaria cheia de vans de transporte clandestino, fazendo do local um inferno. Mas o principal é que haveria sedes de diversas ongs semelhantes à que aparece no filme Tropa de Elite I e obviamente "centros sociais" pertencentes a algum deputado ou vereador, certamente o "dono do negócio". Alguém duvida?
ResponderExcluirComplementando: no lado da rua oposto à favela haveria um Brizolão, uma Vila Olímpica e uma Clínica da Família, tudo sucateado. Haveria camelôs nas entradas da favela e barracos com gigantescas caixas de som tocando funk ou forró. Sem falar nos cracudos deitados nas calçadas.
ExcluirJaneiro de 1966
ExcluirCom certeza quem morava aí devia gostar muito, qualidade de vida sueca. Que bons tempos aqueles....
ExcluirForam citados 26 nomes. De 16 tenho notícias. Fora de ordem estão em:
ResponderExcluirSão Paulo, Ipanema, Copacabana, Barra, Alemanha, Ipanema, Ipanema, Ipanema, Ipanema, Ipanema, São Conrado, Barra, São Paulo, Bahia, Brasília, Barra.
Uma das moças, talvez a mais bonita de todas, infelizmente faleceu jovem num desastre indo para Petrópolis com os pais.
Em comparação com excelente serviço prestado pra CTC da época, existe o "revolucionário e eficiente" BRT, cujo funcionamento está sob intervenção da Prefeitura. Com pistas seletivas esburacadas, ônibus articulados depredados, uma evasão de receita em torno de 30% devido aos "calotes", e parte das estações e do trajeto desativados devido a estarem em áreas altamente perigosas e degradadas. Quem observa a rotina dessas estações tem a impressão de estar no Iraque, Moçambique, Ruanda, ou Somália. Quem teve o privilégio de nascer entre os anos de 1940 e 1960 deve ter uma sensação que sopra em seus corações a seguinte frase: "Como era verde o meu vale"...
ResponderExcluirBom dia, Dr. D'.
ResponderExcluirSó vi ônibus desse tipo ao vivo quando fui na "estranha cidade". Até hoje eles rodam por lá. Aqui, nem dez anos...
FF: o que está acontecendo com os jovens? Todo dia agora pelo menos um caso envolvendo ameaça ou ato de violência em escola. O boato de hoje envolveu ameaças a duas escolas na Praça da Bandeira. Ontem foi em Marechal Hermes e dias atrás de novo na Praça da Bandeira e em Campo Grande.
Em tempo: outro caso hoje, agora em Niterói envolvendo o colégio onde fiz prova do vestibular quase 30 anos atrás e possivelmente o Plaza Shopping.
ResponderExcluirNinguém vai comentar o que disse o Bispo sobre a cidade?
ResponderExcluirPara uma plateia de cerca de 80 servidores, o prefeito Marcelo Crivella fez um discurso ontem em que afirmou que o Rio é “uma esculhambação completa”. Ele chegou a dizer que PMs sobem o morro para pegar arrego, o que chamou de “o troco da cocaína”. Referiu-se ao VLT como “porcaria”. E voltou a atacar o carnaval.
ExcluirPergunta que resta: Mentiu ? Exagerou ?
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A resposta à indagação do Augusto no comentário das 9:31 está estampada em inúmeros comentários proferidos durante anos por mim e por outros aqui "neste sítio" mas que não custa repetir: No passado havia respeito aos mais velhos, às instituições, aos símbolos nacionais, ao ser humano, aos princípios morais, e muito. Isso fazia com que em nossa sociedade "cada um literalmente conhecesse o seu lugar". Tal assertiva tinha inúmeras aplicações na vida prática. Há determinadas coisas como o chamado "ordenamento social" que não podem ser alteradas artificialmente nem abruptamente para atender à conveniências politicas ou ideológicas sob pena de deslocar o eixo de uma sociedade. Isso tem sido feito sistematicamente nos últimos 30 anos e tem tomado proporções imprevisíveis. Uma constituição federal que retirou direitos de quem tinha, os arrogou à quem não os tinha e concedeu foro privilegiado para políticos e juízes, tornando-os "iguais entre os desiguais", e contrariando a própria "Carta Magna", que reza a plena igualdade em seu artigo 5, foi um fator determinante para o caos vivido pelo Brasil. Nesse periodo o Brasil passou a ser o campeão mundial dos homicídios e do tráfico de drogas. Políticos desonestos pregam uma luta de classes onde incitam negros dizendo que existe uma "dívida social" para com eles que precisa ser cobrada e ao mesmo tempo lhes dá direito à "cotas raciais", ainda que ao "arrepio da Lei". Com tal convulsão social, não admira que o Brasil viva uma guerra civil não declarada.
ResponderExcluirBoa noite a todos. A foto colorizada está recortada. Bons tempos em que conhecíamos todos os nossos amigos e onde moravam, hoje se quer conhecemos nossos vizinhos de prédio. O que mudou, até 1970 eram 90 milhões, em 2020 serão 210 milhões, logo são 120 milhões a mais, num País que só piorou as condições econômicas, políticas, educação e sociais. E tudo tende a piorar daqui pra frente, caso não seja feito nada.
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