sábado, 3 de agosto de 2024

LOCUTORES E APRESENTADORES

 

 LOCUTORES E APRESENTADORES, por Helio Ribeiro

Atendendo a insistentes pedidos, aqui vai mais uma postagem sobre locutores e apresentadores de rádio e TV. Desta feita são muitos, por isso o texto sobre cada um será bastante resumido. É deveras frustrante ter de descartar tantos fatos da vida dessas pessoas. Todas foram importantes para a história do rádio e da TV no país. Mas não daria para listar suas biografias aqui nesse espaço. .

 

BLOTA JR (03/03/1920 – 22/12/1999)


José Blota Jr era extremamente eclético. Foi advogado, empresário, político, apresentador, jornalista, locutor, roteirista e produtor de rádio e TV.

Iniciou a carreira aos 12 anos de idade, escrevendo para o jornal “Correio d’Oeste”, da sua cidade natal de Ribeirão Bonito. Em 1943 foi contratado pela Rádio Record, onde exerceu praticamente todas as funções, inclusive diretor de esportes e diretor artístico.

Foi locutor da CBS e da NBC de Nova Iorque. Dirigiu a Rádio Pan-Americana (atual Jovem Pan) e foi vice-presidente da fábrica de bicicletas Calói.

Ao longo de seis décadas de atuação apresentou quase duzentos programas de rádio e TV diferentes. Foi o criador e mestre de cerimônias da entrega do Troféu Roquette Pinto.

Além da TV Record, trabalhou nas TV’s Gaúcha, Rio, Bandeirantes, Tupi e SBT.

Na vida política, foi deputado estadual durante três mandatos e deputado federal (1975-1979), sendo líder do governo na Câmara.

Morreu de insuficiência respiratória provocada por uma pneumonia.

 

CÉLIA BIAR (10/03/1918 – 06/11/1999)


Célia Rafaela Martins Biar foi atriz e apresentadora de TV.

Iniciou como atriz em várias peças amadoras, tendo se profissionalizado em 1949 após curso no Teatro Brasileiro de Comédia, onde atuou em diversas comédias sofisticadas. Fez rápidas apresentações na Companhia Brasileira de Comédia, Pequeno Teatro de Comédia e na Companhia Nydia Lícia, tendo se especializado no gênero de comédia. Fez também alguns filmes na década de 1950.

Sua carreira na TV começou na década de 1960, sendo apresentadora de vários programas, como Sempre Mulher, Oh! Que Delícia de Show, Quem é Quem e Sessão das Dez, este último produzido por Walter Clark e levado ao ar pela recém-inaugurada TV Globo, e no qual se apresentava fumando uma piteira e tendo ao colo um gato angorá, de nome Zé Roberto.

Em 1970 estreou como atriz na TV Globo, única emissora em que trabalhou, interpretando personagens chiques e sofisticados que caíram no gosto do público.

Morreu de câncer de pulmão.

 

MURILO NÉRI (12/09/1923 – 26/05/2001)


Murilo Néri foi ator, apresentador, locutor e dublador da TV brasileira. Sua carreira como ator começou com o filme Com o Diabo no Corpo, seguindo-se É a Maior.

Trabalhou em várias novelas, como Sinal de Alerta, Dancin’ Days, A Dama das Camélias. Foi apresentador do programa O Rio é Nosso, na então TV Corcovado, canal 9 do Rio de Janeiro. Entrevistou personagens importantes, como Fernando Collor de Mello, Luís Eduardo Magalhães (filho do Antônio Carlos Magalhães) e Allyson Paulinelli.

Também apresentava o concurso Miss Brasil, ocasião em que conheceu sua esposa Letícia Néri, que havia ganho o concurso de Miss Rio de Janeiro e que virou dançarina nos seus programas.

Morreu de insuficiência respiratória em virtude de um enfisema pulmonar.

 

J. SILVESTRE (14/12/1922 – 07/01/2000)


João Silvestre foi ator, escritor e apresentador de TV. Começou a carreira em 1941 na Rádio Bandeirantes de São Paulo, onde desempenhou as funções de ator, sonoplasta, contra-regra, ensaiador e autor.

Em 1945 foi para a Rádio Tupi do Rio de Janeiro e no ano seguinte voltou para São Paulo, na Rádio Cultura, onde se tornou apresentador de programa de calouros.

Retornou em 1950 para a Rádio Tupi e participou no ano seguinte da inauguração da TV Tupi, num programa estrelado pelo padre e cantor mexicano Frei José Mojica.

Em 1952 apresentou o programa Essa é a Sua Vida, fonte de muita choradeira das pessoas entrevistadas e de seus parentes e amigos e que até hoje tem sucedâneos.

Em 1955 estreou na Tupi a versão carioca do programa O Céu é o Limite, que tinha uma versão homônima na Tupi de São Paulo, apresentada por Aurélio Campos. Foi o precursor dos programas de perguntas e respostas na TV brasileira, fazendo enorme sucesso na época e batendo todos os recordes de audiência. Ficou famoso seu bordão “Absolutamente certo!”.

Com a inauguração da Embratel, lançou o primeiro programa em rede nacional, o Domingo Alegre da Bondade, pela TV Tupi do Rio de Janeiro.

Entre 1972 e 1976 ausentou-se da TV, escrevendo o livro Como Vencer na Televisão, e foi diretor da Radiobrás, nomeado pelo presidente João Figueiredo.

No SBT apresentou os programas Show sem Limite, A Mulher é um Show e Carnê da Girafa. Em 1983 passou para a TV Bandeirantes, onde apresentou o Programa J. Silvestre, o primeiro no estilo talk show da TV brasileira.

Após dez anos afastado, voltou em 1997 à TV Manchete, com o programa Domingo Milionário, que ficou pouco tempo no ar.

Morreu em consequência de uma doença degenerativa dos pulmões, após internamento de três meses, sendo que nos últimos dias já não se movimentava e respirava com auxílio de aparelhos.

 

HERON DOMINGUES (04/06/1924 – 09/08/1974)


Heron de Lima Domingues foi um jornalista e radialista.

Fato curiosíssimo: no dia 7 de dezembro de 1941 Heron se dirigiu à Rádio Gaúcha para participar de um programa de calouros. Foi quando chegou a notícia do ataque japonês a Pearl Harbour. Na ausência do locutor da rádio, Heron foi convocado a dar no ar a notícia bombástica (literalmente) em primeira mão. Não participou do programa de calouros mas saiu da rádio já contratado.

Em 1944 transferiu-se para a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, transmitindo o Repórter Esso “como se estivesse numa trincheira”, como costumava dizer.

Relato comovente: "Trabalhei no Repórter Esso de 1944 a 1962, sem um dia de folga. Levantava-me às 6h45min e voltava para casa à 1h30min da madrugada. Nos períodos críticos dormia na rádio, que tinha uma cama na redação. Para se ter uma ideia da época conturbada em que vivíamos, no período em que fui locutor do Esso houve no Brasil dez presidentes da república. Durante a guerra dormia na Rádio Nacional com um fone no ouvido, diretamente ligado à UPI. Sempre que havia uma notícia importante eles me despertavam, eu mesmo colocava a emissora no ar e transmitia a notícia. Para o fim da guerra preparamos uma audição especial do Repórter Esso, em que a notícia seria dada fundida com o repicar de sinos. Com medo de me emocionar muito diante do microfone, gravei o início da transmissão: "Atenção! Atenção! Acabou a guerra".

Profunda decepção: Aguardando a cada momento o fim do conflito, Heron passou acampado na rádio as datas de Natal de 1944, Ano Novo de 1945 e Páscoa. Queria fazer jus ao apelido a ele atribuído, de “o primeiro a dar as últimas”. Os colegas insistiam em que ele fosse para casa, descansar. Após muita insistência, resolveu atendê-los. E em casa ouviu a notícia do fim do conflito, anunciada pela emissora rival. Mas era voz corrente que “se o Repórter Esso não deu, não aconteceu”. Correu para a rádio, empostou a voz e deu a retumbante notícia. Só aí ela criou credibilidade e se espalhou pelo país.  

Na TV Rio apresentou o Telejornal Pirelli, junto com Léo Batista. De 1971 a 1974 trabalhou na TV Globo, apresentando o Jornal da Noite e o Jornal Internacional.

Em 9 de agosto de 1974, após anunciar o impeachment de Richard Nixon, foi jantar com amigos. Durante a madrugada faleceu de infarto fulminante.

 

PAULO MONTE (27/02/1921 – 13/02/2014)


Paulo Monte foi cantor, produtor, apresentador, dublador e ator. Apesar de todas essas atividades, sua vocação e à qual se dedicou mais foi a de cantor.

Iniciou a carreira de cantor interpretando músicas norte-americanas nas rádios Mayrink Veiga, Cruzeiro do Sul e Educativa. No começo dos anos 1940 ingressou na Orquestra de Carlos Machado, apresentando-se em vários cassinos. Em 1945 foi para os EUA, contratado pelo Copacabana Night Club de Nova Iorque, e depois entrou para o Lecuona Cuban Boys. Em 1946 foi para o México, onde permaneceu por oito meses, retornando em 1947 para Los Angeles. Ali ingressou na universidade e fez o curso de fonética da língua inglesa. Estudou arte dramática com a atriz russa Maria Ouspenkaya, muito em evidência na época. Participou de alguns filmes da Paramount, da Columbia e da MGM.

Sua participação na TV começou em 1956, ao ingressar no elenco do Teatro Moinho de Ouro, da TV Rio. Em 1959 inaugurou a TV Continental, onde atuou como ator, produtor, apresentador e escritor. Em 1960 foi para a TV Tupi, apresentando vários artistas internacionais famosos na época, como Les Paul, Mary Ford, Dorothy Dandridge, Julie London e Sammy Davis Jr.

Trabalhou em várias TV’s: Tupi, Rio, Excelsior (de SP e do RJ) e Bandeirantes.

Em 1965 inaugurou a TV Globo, sendo contratado como apresentador, ator e produtor.

Em 1971 passou a apresentar pela TV Rio seu programa mais famoso, Show de Turismo, também levado ao ar pela TV Bandeirantes em 1978.

Foram incontáveis os programas nas quais ele teve algum tipo de participação, como produtor ou apresentador. Seria muito extenso listá-los aqui.

Entre 1983 e 1990 foi relações públicas da empresa aérea Swissair, tendo em 1987 recebido dela o título de melhor relações públicas do mundo.

Morreu de parada cardíaca aos 92 anos de idade, no Rio de Janeiro.  

 

HILTON GOMES (23/05/1924 – 17/10/1999)


Hilton Gomes de Sousa gostava de acompanhar o pai quando ele ia trabalhar no jornal A Noite e foi lá que um dia conversou com Roberto Marinho, que também trabalhava ali.

Seu primeiro trabalho foi como office boy na Companhia Telefônica Brasileira, mas logo passou para uma agência de propaganda. Também escrevia textos para rádio e televisão. Foi contratado pela Rádio Tupi e logo depois pela TV de mesmo nome.

Em 1951 começou a apresentar o Telejornal Brahma. Migrou para a TV Rio, anunciando com sucesso o Telejornal Bendix.

Quando da morte do presidente Kennedy foi ao funeral representando o telejornalismo brasileiro e narrando a cerimônia pelo programa de rádio Voz da América. Voltou consagrado e depois ingressou na TV Globo, cujo diretor de jornalismo na época era Mauro Salles. Hilton entrou para a primeira fase do Jornal da Globo, ao lado de Luiz Jatobá e Nathalia Timberg. Uma de suas narrações famosas foi a do primeiro pouso do homem na Lua, em 1969.

Fato curioso: no dia seguinte àquela narração, Hilton foi tomar café no bar onde costumeiramente o fazia. Os funcionários que o atendiam o chamaram de mentiroso, pois não criam que o homem havia realmente descido na Lua. Mais fregueses se juntaram ao coro de descrentes e Hilton acabou desistindo de tomar o café e saiu do bar.

Em 1º de setembro de 1969 foi escalado para o Jornal Nacional, ao lado de Cid Moreira.

Entrevistou o Papa Paulo VI, de quem recebeu um bracelete, durante a primeira entrevista via satélite do Brasil.

Foi narrador de futebol e do desfile de escolas de samba do Rio de Janeiro. Era o apresentador oficial do FIC – Festival Internacional da Canção.

Esteve no Japão e trabalhou na TV Bandeirantes nos anos 1980.

Morreu de parada cardiorrespiratória no Rio de Janeiro.

 

HAROLDO DE ANDRADE (01/05/1934 – 01/03/2008)


Haroldo Andrade Silva foi locutor, radialista, empresário, apresentador e publicitário. Nascido em Curitiba, sempre que possível ia até a Praça Tiradentes, onde no Serviço de Alto-Falantes Iguaçu fazia anúncio dos produtos dos comerciantes da área. Sua dicção e voz muito clara chamaram a atenção e ele ingressou na Rádio Clube Paranaense, como locutor do Grande Programa RCA Victor, de músicas clássicas e eruditas.

Aos 20 anos veio para a então Capital Federal e ingressou na Rádio Mauá, onde sua voz logo chamou a atenção. Na época estavam em voga os programas de auditório, com grandes plateias, porém a rádio não dispunha de espaço para isso. Haroldo resolveu inovar criando o programa Musifone, no qual os ouvintes podiam solicitar músicas, além de participarem de pequenos jogos e concorrer a prêmios. Esse programa inaugurou a interatividade no rádio brasileiro e logo atingiu o primeiro lugar na audiência.

O sucesso do programa chamou a atenção de outras emissoras, e em 1961 Haroldo passou para a Rádio Globo, comandando o programa Alvorada Carioca das seis às oito horas da manhã e o Musifone na parte da tarde.

Em 1962 recebeu seu primeiro prêmio no Rio, o Microfone de Ouro na categoria Melhor Locutor.

Nos anos seguintes trabalhou na Rádio Eldorado, na TV Globo e em 1968 foi para a TV Excelsior comandando o programa Haroldo de Andrade Show no qual estreou um dos quadros que mais o celebrizaram, o Bom Dia.

No rádio o grande destaque do Programa Haroldo de Andrade passou a ser a mesa de debates, onde convidados de vários campos discutiam fatos do noticiário. Foi líder de audiência durante 30 anos, fazendo com que em 1977 o programa recebesse o título de Melhor Programa Radiofônico da América Latina. No mesmo ano a revista americana Billboard considerou Haroldo como Maior Personalidade no Ar.

Seu público era composto principalmente por donas de casa, taxistas, estudantes e aposentados.

No final de 1990 a Rádio Globo resolveu nacionalizar a programação. Embora tivesse ouvintes em outros Estados, Haroldo tinha um público majoritariamente fluminense e resistiu a transmitir seu programa para outras localidades. Em julho de 2002 a Globo o demitiu, num episódio doloroso para o apresentador, pois ele só ficou sabendo disso quando indagou a um funcionário de RH o motivo de a emissora não ter renovado seu contrato. No mesmo dia o programa saiu do ar, sem que Haroldo pudesse se despedir de seus ouvintes.

Inconformado, ele fundou em 2005 a Rádio Haroldo de Andrade na mesma frequência AM da antiga Rádio Mauá, que ele adquiriu. Logo ela atingiu a terceira colocação em audiência entre as emissoras AM. Porém a falta de recursos de propaganda e dificuldades técnicas derrubaram a rádio.

Haroldo sofria há anos de diabetes, de problemas cardíacos e renais, tendo colocado marcapasso e sido submetido a hemodiálise. Em janeiro de 2008 levou um tombo em casa e teve de amputar uma perna por motivo de gangrena, sendo colocado em coma induzido, do qual não retornou.

Morreu em 1º de março de 2008.

O prefeito César Maia prometeu inaugurar uma rua com seu nome, promessa cumprida pelo Decreto 29.061, que batizou de Largo Haroldo de Andrade o logradouro na rua do Russel, perto da ladeira do outeiro da Glória.

Em 5 de maio de 2008 a Rádio Haroldo de Andrade foi extinta, sendo vendida para o grupo de emissoras religiosas Canção Nova.

Em 12 de setembro de 2011 foi inaugurado um busto dele na estação Glória do metrô. Em 5 de fevereiro de 2015 uma rua na Cidade Nova foi batizada com seu nome.


JACINTO JUNIOR (04/12/1927 – 27/12/2005)



Jacinto Figueira Junior, mais conhecido como O Homem do Sapato Branco, foi um apresentador de TV.

Nos anos 1950 fez sucesso no meio musical com sua banda country de nome Junior e seus Cowboys, chegando a se apresentar no Copacabana Palace.

Em 1963 ingressou na TV Cultura, com seu programa Fato em Foco, e depois com Câmera Indiscreta, na mesma emissora.

Nos anos 1960 e 1970 ingressou na Rádio Nacional de São Paulo (futura Rádio Globo de São Paulo). Na época gravou a música Charreteiro, que se tornou sucesso por ser tocada diariamente no programa de rádio do Sílvio Santos. Graças a esse sucesso, participou de uma fotonovela e de uma telenovela. No seu próprio programa havia dramatizações radiofônicas.

Mas sua fama nacional surgiu quando em 1966 estreou na TV Globo o programa O Homem do Sapato Branco, no qual só era visível a parte de baixo de suas pernas, ostentando sapatos brancos. A ideia desses sapatos brancos surgiu por ser a cor usada pelos médicos e psiquiatras, e Jacinto dizia que no seu programa ele era um “médico” para os problemas do povo.

O programa era uma espécie de mundo cão, ao trazer casais em conflito que às vezes brigavam diante das câmeras.

Logo a censura proibiu o programa, que voltou ao ar novamente na década de 1980, passando pelas TV’s Record, SBT e Bandeirantes.

Em 1966 elegeu-se deputado estadual paulista pelo MDB, sendo cassado em 13 de março de 1969 pelo regime militar e acusando perseguição por parte do Ministro da Justiça Gama e Silva.  

Jacinto alegava que os programas de apelo popular atuais, de Ratinho, João Kleber e Márcia Goldschmidt eram cópias do seu.

Nos anos 1990 fez parte do telejornal Aqui e Agora, do SBT. Sua última aparição em TV foi no programa TV Fama, da Rede TV.

Após um derrame em 2001 ficou com sequelas na audição e locomoção, vindo a falecer em 2005 após mais de um mês internado por problemas pulmonares.

 

---------  FIM  DA  POSTAGEM  -----------

O "Saudades do Rio" agradece mais uma colaboração do Helio.

 

sexta-feira, 2 de agosto de 2024

OS ESTAGIÁRIOS DO RIO ANTIGO

Os "estagiários" levam a culpa de tudo que dá errado. Hoje temos alguns exemplos com fotografias do Rio Antigo. Se houver algum erro na postagem a culpa é do "estagiário".


FOTO 1: Este quebra-cabeça garimpado pelo Rouen deve ser difícil mesmo de montar, pois a foto está espelhada. E o título ainda parece ser "Butafoga Bay Rio de Janeiro Brazil".


FOTO 2: Outra espelhada. Garimpada pelo Nickolas Nogueira vemos a Rua Hermenegildo de Barros em Santa Teresa.


FOTO 3: Esta foto encontrada num "site" de Leilão tem a descrição de ser um "registro incomum". Fotografia da Lagoa Rodrigues (?) de Freitas. Não é Rodrigues, nem é a Lagoa.


FOTO 4: O anúncio da Exposição "Lente Pioneira", de Judith Munk no "MAR - Museu de Arte do Rio", está claramente "espelhada".


FOTO 5: Do excepcional acervo do Sergio Coimbra, através da tia Lu, recebi esta foto da Praia de Copacabana em 1928. A rua ao fundo é a Bolivar. Mas a foto também está "espelhada".


FOTO 6: A capa do LP do  disco "Dois americanos no Rio", de Alan Gordon e Hugo Lander, lançado em 1958 mostra a Lagoa Rodrigo de Freitas em foto "espelhada". 

Pesquisando na Internet, no "site" Loronix, há a seguinte informação: "This is Alan Gordon & Hugo Lander - Dois Americanos no Rio (1958), for Radio, featuring Alan Gordon (piano) and Hugo Lander (voice, drums), performing a repertoire of American standards and a single Brazilian song, Foi a Noite (Antonio Carlos Jobim / Newton Mendonca).

 However, they were not born in the US, Alan Gordon was born in China and Hugo Lander in Romania. I got all this information from Alan Gordon's son, which is the legendary Brazilian guitarist Lanny Gordin, available at Jornaleco. It is not everyday we gather such info and I invite you all to read Lanny Gordin interview at Jornaleco, where he speak about his father (Alan Gordon) and also about this album".


FOTO 7: A foto 6 na posição correta.


FOTO 8: Até no acervo do IMS encontramos fotos "espelhadas".

FOTO 9: Nesta foto garimpada pelo Augusto no Arquivo Nacional vemos a igreja de N.S. do Carmo da Lapa do Desterro também "espelhada".

FOTO 10: Esta foto foi uma das várias que motivaram demissões de estagiários do "Saudades do Rio". Foi publicada em um dia de "Onde é?". Nosso prezado e atento Colaborador Anônimo rapidamente a identificou como sendo em São Paulo, aparecendo a Av. Franklin Roosevelt e a Igreja da Consolação.

FOTO 11: Esta foto do Arquivo Geral do Rio de Janeiro, garimpada pelo Augusto, mudou meu prédio de lado. Parece que ficou depois do Corte do Cantagalo. À esquerda, lá no alto, o Panorama Palace Hotel parece que está perto do Humaitá...


quarta-feira, 31 de julho de 2024

NOS DOMÍNIOS DO CONDE DI LIDO


Esta foto mostra a fachada da cervejaria Bierklause, imitando um chalezinho da Baviera. A Bierklause foi aberta onde funcionava o Top Club e hoje, em seu lugar, funciona o Carretão Lido, do Pedrinho, amigo fraterno do Conde di Lido.

A Bierklause, na Praça do Lido, na Rua Ronald de Carvalho nº 55-A, inaugurada em 1967, era um misto de boate, cervejaria e restaurante, com um serviço de primeira qualidade e sempre bem frequentada. Em certa época foi apelidada como o “Solar da Canja”, já que muitos artistas apareciam por lá e davam uma “Canja”.

Tinha dois andares. Quando da abertura da Bierklause houve ali o lançamento no Rio de Janeiro do chope “Ouro Branco”, de Belo Horizonte.

A lotação era de quase 300 pessoas. A decoração foi criada por Betty Maussner. O “maitre era Herr Stauber, antigo gerente do Katakombe.

A Bierklause na Praça do Lido deve ter durado uns 20 anos. Depois abriu com este nome uma cervejaria no centro da cidade.


Um dos donos chamava-se Elias Abifadel. No 2º andar, que vemos na foto acima, inicialmente funcionou o “Terrasse”, com shows mais intimistas. 

Foi lá que despontou a cantora Waleska, quando o local se transformou na “Fossa”. 

Abifadel participou de inúmeros empreendimentos na noite carioca, inclusive no “Grinzing”, um restaurante pequeno em Ipanema, também com música ao vivo para dançar.

Este anúncio do Grinzing me lembra uma inesquecível noite. Lembro quando o "crooner" cantou uma música que se tornou sucesso do Simonal, chamada "Meia Volta - Ana Cristina".

Abria às 19 horas e às 22 horas começava a tocar a “Bandinha do Alemão”, com o maestro Bank.  Depois da bandinha entravam em cenas crooners como Everardo, Paulo Marquês (outro que poderia ter figurado nos “pouco famosos” do Helio, pois estava sempre na TV), Erika Norimar, Maria Helena e Dina Gonçalves.

Na cozinha brilhava o chef Volkmar, austríaco. Pela Bierklause passaram “maitres” como Pedro Popovaz, Ramon, Volkmar, Orlando, Tony, Melo. Na “Fossa”, além da Waleska brilharam Marisa Gata Mansa e Tito Madi, além do pianista Ribamar. Johnny Alf, Luiz Carlos Vinhas, Waldyr Calmon e muitos outros também.

No livro de ouro do Bierklause o governador Negrão de Lima escreveu uma verdade: “Quem vem ao Bierklause, volta”.

Em 1968 a Bandinha do Alemão, do Bierklause, lançou um LP. O grupo era integrado por Rodolpho Stauber (cantor), Maria Helena (cantora), Giras Bank (pianista), Mario Gomes (contrabaixo), Antonio Salgado Filho (Bateria) e participação especial de Fritz Seibel no acordeon elétrico. As músicas eram:

Barril de Chopp (Beer Barrel Polka)

Liechtensteiner Polka

Jetzt Trink Ma Noch A

Dra Ma Um

Hava Nagila

Tristeza

Voltei

Mundo encantado de Monteiro Lobato

Bom dia meu amor

Até quarta-feira

Em 1971 fez sucesso nas dependências do Bierklause o baile carnavalesco chamado de “Baile do Kabuletê”. A cervejaria abrigava diversos eventos, como formaturas, bailes de carnaval, de debutantes, etc.


Nesta ocasião o evento era uma premiação de carnavalescos. A presença desses carnavalescos foi porque o Bierklause promovia bailes de carnaval de muito sucesso no início da década de 70. A Bandinha do Alemão tocava músicas carnavalescas e artistas eram convidados para cantar ao vivo. Entre eles João de Barro, Marlene, Blecaute, Carmem Costa, entre outros grandes nomes que receberam o troféu “Imortais do Carnaval”.

Na foto consigo identificar com certeza, à esquerda, o Ciro Monteiro. Em frente a ele seria o Gontijo Teodoro, do "Repórter Esso"? Ou um outro cantor de carnaval (Nuno Roland?). A moça ao lado do Ciro tem um rosto bastante conhecido, mas não consegui identificar.

Nota: enquanto o Conde di Lido, no primeiro encontro, convidou a futura Condessa para jantar em Paris no Tour d´Argent, eu modestamente levei a futura Mme. D´ para um chopinho no Bierklause.

segunda-feira, 29 de julho de 2024

LADEIRA DO LEME

 

Vemos a Ladeira do Leme, um dos três primitivos acessos ao bairro de Copacabana, sendo os outros dois o caminho que começava na Rua Real Grandeza, em Botafogo, descendo pela rua e pela ladeira do Barrozo, atual Rua Siqueira Campos e Ladeira dos Tabajaras, e outro o que passava pela Lagoa Rodrigo de Freitas passando pela Fonte da Saudade, pela Praia Funda e galgandoa garganta entre os morros dos Cabritos e do Cantagalo.

 

No alto da ladeira se instalava o “Reduto do Leme”, ali construído no tempo do vice-reinado do Marquês do Lavradio, Luiz de Almeida Portugal Soares Alarcão d´Eça Melo Silva Mascarenhas, com a finalidade de opor resistência a tropas inimigas que, conseguindo desembarcar na Praia de Copacabana, procurassem atingir o coração da metrópole.


Os arcos que vemos nas fotos ficam no alto da Ladeira do Leme são resquícios do velho forte. Nas ruínas do forte existiu a Favela do Leme, que foi removida pelo Exército na primeira metade do século XX. Ali existe agora uma Vila Militar.


Nesta foto de Marc Ferrez temos uma vista de Copacabana a partir da Ladeira do Leme. Hoje em dia vemos a Praça Cardeal Arcoverde e uma quantidade enorme de arranha-céus. 


Esta foto de Uriel Malta, de 1940, mostra a Ladeira do Leme vista a partir da Praça Cardeal Arcoverde.  


Em foto garimpada pelo Andre Decourt vemos um aspecto da Ladeira do Leme, que ainda hoje serve de atalho para os que conhecem bem a cidade. Vindo de Botafogo, subindo a ladeira, evita-se o engarrafamento do Túnel Novo e do início da Rua Barata Ribeiro. A ladeira tem várias casas e inclusive um prédio de apartamentos perto dos arcos. E é, também, através da ladeira que se acessa o Parque da Chacrinha, criado em 1969 e pouco conhecido da maioria dos cariocas.


Nesta foto de Gyorgy Szendrodi vemos a descida da Ladeira do Leme, chegando à Praça Cardeal Arcoverde. O Posto Atlantic agora é da Petrobrás. N

Durante muito tempo comprei um excelente pão na loja de conveniência deste posto de gasolina. 

E não há como deixar de lembrar da subida da ladeira com fuscas, chevettes, gordinis, quando vínhamos embalados de Botafogo, apertando fundo o acelerador, dar aquele "quique" na curva sentindo o assoalho do carro bater no chão, engrenar uma segunda ou terceira e ultrapassar os outros carros.

Tinha um amigo, que tinha um Gordini "envenenado", que subia e descia a ladeira feito um louco. Para terem ideia, ele afirmava que só conseguia parar o carro na Tonelero esquina com Paula Freitas...