sábado, 21 de setembro de 2024

JOGOS DE MESA PARA ADULTOS

 

JOGOS DE MESA PARA ADULTOS, por Helio Ribeiro

Há disponíveis para adultos uma série imensa de jogos de mesa. Alguns são milenares, outros são mais modernos.

********  JOGOS ANTIGOS  *******

 

BARALHO


Baralhos são milenares, tendo havido vários tipos ao longo do tempo. Há muitos jogos usando as cartas, a saber:

1)        Jogos de apostas: pôquer, sete e meio, vinte e um, ronda.

2)        Jogos em dupla: sueca, buraco, canastra.

3)        Jogos individuais: uno, truco, pif-paf, mau mau.

É comum se verem grupos de jogadores, normalmente aposentados, jogando baralho nas mesas das praças das cidades.  

Difícil saber a origem do baralho, mas a referência mais antiga vem da China do século X, tendo sido introduzido na Europa pelos árabes no século XIV, daí se difundindo por diversos países, com composição e formas diferentes. A versão mais adotada mundialmente é a britânica, com 52 cartas distribuídas em 4 naipes, desenvolvida pelos franceses em 1480.

O coringa não existia originalmente, tendo sido incorporado ao baralho no século XIX a partir de um jogo alemão chamado Euchre, por sua vez derivado de outro chamado Juckerspiel, no qual o coringa era o topo da hierarquia, Imigrantes alemães instalados na Pensilvânia levaram o Euchre para a América do Norte e consequentemente o coringa, que caiu na aceitação geral. O valor do coringa depende muito do tipo de jogo.

 

DAMAS


Também muito jogado nas mesas das praças das cidades, sendo comum ver o tabuleiro já desenhado originalmente na própria mesa.

Há tabuleiros de 64 casas e de 100 casas, sendo este o mais comum internacionalmente. As regras variam entre países, havendo as brasileiras/portuguesas, as inglesas, as turcas, as italianas, as russas. Há também a variante perde-ganha, em que o vencedor é o jogador cujas peças sejam todas “comidas” pelo adversário.

A origem é controversa, havendo precursores na cidade de Ur, em 3.000 a.C., no Antigo Egito, na Grécia Antiga, na Roma Antiga e até na Idade do Bronze do Mediterrâneo, embora o formato do tabuleiro divergisse bastante do atual.

 

XADREZ


Por ser um jogo de regras mais complexas e de duração por vezes demorada, não é de disseminação generalizada.

Sua origem é um jogo denominado em sânscrito Chaturanga (“Os quatro membros”), praticado na Índia no século VI. Há vários tipos de xadrez, sendo que o ocidental surgiu no sudoeste da Europa durante o Renascimento, na segunda metade do século XV, após ser desenvolvido a partir de suas antigas origens, evoluindo do Chaturanga indiano para o persa Shatranj ou Xatranje no século VII e daí para a forma ocidental conhecida até hoje.

Outros tipos de xadrez são o Xatranje, Shogi, Janggi, Xiangqi, Chaturaji, Makruk, Senterej, entre outros. Todos se assemelham, denotando uma possível origem comum.

 

DOMINÓ


Também muito popular e frequente nas mesas das praças, jogado normalmente em duplas.

Há várias teorias a respeito do surgimento desse jogo, cujo nome deriva da expressão latina “Domino gratias” (Graças ao Senhor), dita pelos padres ao vencerem uma partida do jogo. A origem mais aceita é que ele surgiu na China, inventado por um soldado de nome Hung Ming, entre os anos 243 e 181 a.C. Na Europa a primeira referência ao jogo é no século XVIII, onde era praticado nas cortes de Veneza e Nápoles. As peças eram de ébano com os pontos em marfim.

Na China só havia 21 combinações de valores, exatamente os possíveis de acontecer ao se lançarem dois dados, o que sugere ter o dominó nascido justamente de jogos de dados. Na Europa foram acrescidas mais 7 combinações, ao se usar também o zero ou branco como valor válido.

 

VÍSPORA e BINGO

Ambos os jogos possuem semelhanças: são compostos por cartelas contendo determinada quantidade de números, de 1 a 90. Na víspora, cada cartela possui três linhas e nove colunas, contendo 15 números (cinco números por linha). Vide abaixo.


No bingo as cartelas possuem cinco linhas e igual número de colunas, com 24 números nelas distribuídos, sendo a quadrícula central sem número. O bingo foi inventado pelo fabricante de brinquedos americano Edwin Lowe. Vide cartela de bingo abaixo.


Em ambos os jogos, alguém é designado para sortear os números, armazenados dentro de um saco ou de um globo giratório, e que variam de 1 a 90. Cada número sorteado é “cantado” em voz alta e os jogadores cujas cartelas tiverem esse número marcam-no como já saído. O que acontece daí em diante varia muito e seria longo explicar aqui.

Eventualmente se usam apelidos para determinados números, com o fito de enganar o jogador que não conhece sua correspondência com o número e portanto deixa de marcá-lo como já saído na sua cartela. Alguns exemplos de apelido: orelha de macaco para o número 3; ronco do porco para 18; dois portugueses atracados para 55; dois bicudos não se beijam para 44; idade de Cristo para 33; óculos de padre Inácio para 88; acabou o jogo para 90; com as trouxas na cabeça para 14; despe-te e cai n’água para 10.

 

********  JOGOS MODERNOS  *******

 

SCOTLAND YARD



Compõe-se de 120 casos de assassinatos, descritos em um livreto. O tabuleiro possui 14 locais em que se encontra uma pista ou do assassino, ou do motivo ou da arma usada. Cada jogador lança dados e caminha pelo tabuleiro, entrando nos locais que deseja e lendo num livreto uma pista sobre o caso. Essas pistas são meio vagas e exigem do jogador uma capacidade de dedução. Vence o jogador que lançando dados entra no local denominado Scotrland Yard e diz quem foi o assassino, o motivo e a arma. Se tiver acertado, ganhou a partida; se tiver errado, sai do jogo.


DICIONÁRIO

Este jogo exige apenas um dicionário de Português, folhas de papel e lápis ou canetas. É aconselhável haver pelo menos cinco jogadores, que atuarão individualmente. Cada jogador recebe uma folha de papel e um lápis ou caneta. É obrigatório que as folhas sejam rigorosamente iguais para todos. Antes da partida, estabelece-se a quantidade de pontos que o vencedor deverá obter.

Cada um em sua vez, um jogador pega o dicionário e escolhe a seu bel-prazer uma palavra, enunciando-a em voz alta para os demais. A seguir, ele copia na sua folha a definição existente no dicionário. Os demais jogadores, que normalmente desconhecem a palavra, dão tratos à bola para escrever em suas folhas uma definição que procure convencer os demais de ser ela a correta. Conforme cada jogador termina de escrever sua definição, repassa a folha a quem está com o dicionário.

Quando todos já entregaram suas folhas, o jogador com o dicionário lê cada uma das definições escritas, inclusive a sua própria, sem declinar o autor dela. Então cada jogador diz qual das definições ele acha que é a correta. A pontuação pode ser combinada antecipadamente, mas uma sugestão é a seguinte: se alguém acertar a definição correta, ganha 5 pontos; se ninguém acertar a correta, quem está com o dicionário ganha 2 pontos; cada definição errada que merecer voto ganha 1 ponto por voto. Ao final da votação da rodada, computa-se a quantidade de pontos de cada jogador. Então o dicionário passa para o jogador seguinte e o processo se repete até alguém conseguir acumular a pontuação considerada vitoriosa.

Este jogo é interessante porque nem sempre o jogador com maior cultura vence, pois quem consegue fazer definições convincentes também ganha pontos, mesmo que não saiba qual é o significado correto da palavra.


INTERPOL



Podem participar de 3 a 6 jogadores. Um deles assume o papel de Mister X, cujo objetivo é roubar as joias da Coroa inglesa. Os demais jogadores são os detetives da Interpol que precisam capturar Mister X antes que ele consiga seu intento. O jogo admite um mínimo de três jogadores, sendo um Mister X e dois detetives, mas por experiência minha é necessário haver pelo menos três detetives para se conseguir capturar Mister X. Menos que isso, fica quase impossível.

As regras são um pouco longas para explicar aqui. O tabuleiro é uma representação do mapa de Londres. De forma simples, tanto Mister X quanto os detetives se deslocam pelo tabuleiro, de acordo com fichas que estabelecem o tipo de transporte usado: táxi, ônibus ou metrô, além de um barco no Tâmisa. Cada vez que um detetive usa uma ficha para se deslocar, ele a entrega a Mister X. Desta maneira, os detetives vão ficando cada vez com menos fichas e Mister X com mais fichas. Os detetives se deslocam de modo a cair na mesma casa em que Mister X está. Se isso acontecer, os detetives ganharam; se as fichas destes se acabarem ou se em 24 rodadas não conseguirem capturar Mister X, este vence a partida.

O problema é que Mister X se desloca escondido, só aparecendo em determinadas rodadas da partida. Nas demais, os detetives têm de tentar adivinhar onde ele foi parar após seus deslocamentos. Os detetives jogam em conjunto, combinando o que fazer o tempo todo, sem Mister X ouvir. Não existe um vencedor entre os detetives: ou eles ganham ou Mister X ganha.  

 

MASTER


Existem várias versões deste jogo, com capas e tabuleiros diferentes. A que aparece nas fotos é a original, da década de 1980.

Master é um jogo de conhecimento. Existem nove tipos de assuntos: Geografia, História, Cotidiano, Esportes, História Natural, Ciência, Variedades, Artes e Entretenimento. E uma determinada quantidade de cartelas, cada qual contendo uma pergunta sobre cada um desses assuntos num lado e as respectivas respostas no verso.

Há variantes de jogo: ou os assuntos são escolhidos sorteando peças com o nome deles ou cada jogador escolhe sobre o que deseja responder. Cada jogador pega uma peça com o nome do assunto básico sobre o qual vai responder.

As regras não são difíceis mas seria longo explicá-las aqui. De modo simples, cada jogador tem de responder acertadamente sobre quatro perguntas do seu assunto básico, após o que entra no meio do tabuleiro e vai circundá-lo, tendo de responder a uma pergunta sobre cada um dos demais assuntos. O jogador que completar o círculo respondendo corretamente a cada assunto vence a partida.

 

WAR



Também houve várias versões deste jogo, que se classifica na categoria de estratégia.

As regras são complexas. De modo simples, cada jogador terá um objetivo a conquistar, usando determinada quantidade de exércitos para tal. Vence aquele que atingir seu objetivo primeiro.

É um jogo de longa duração, sendo muito comum os participantes desistirem no meio da partida, por não divisarem um fim próximo para ela, dada a dificuldade de os jogadores atingirem seu objetivo, com marchas e contra-marchas.

 

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quinta-feira, 19 de setembro de 2024

METRÔ DO RIO


FOTO 1: As fotos de hoje são de obras para a construção do metrô do Rio. Acima vemos o projeto de 1971 desta linha tipo “linguiça”. É de lamentar esta situação já que o metrô é, há muito tempo, um excelente modo de transporte mundo afora.

A primeira linha foi inaugurada em Londres em 1863, mais de cem anos antes do Rio. Depois vieram Istambul (1875), Chicago (1892), Glasgow (1896), Budapeste (1896), Paris (1900), Berlim (1902), Nova York (1904). Aqui perto, o de Buenos Aires data de 1913. O excelente de Madri é de 1919. O de Moscou é de 1935 e o mais bonito do mundo, o de São Petersburgo, é de 1955.

Aqui, nem é bom falar. Basta lembrar que o “tatuzão” parado em algum lugar entre o Leblon e a Gávea tem um custo de manutenção mensal estimado em 3 milhões de reais...

FOTO 2: Vemos obra da construção do metrô perto da Central do Brasil. 

A primeira tentativa de se estabelecer o metrô no Rio de Janeiro foi a do engenheiro Alvaro José de Oliveira que, em abril de 1911, requereu junto ao Conselho Municipal e ao Ministério de Viação e Obras Públicas, a autorização para construir uma linha férrea subterrânea por onde trafegariam locomotivas elétricas, ligando a Avenida Central (Av. Rio Branco) a Cascadura, com pontos de parada em todas as estações dos subúrbios da Central do Brasil. O projeto foi rejeitado no Conselho e também pelo Clube de Engenharia. 


FOTO 3: Obra do metrô na Tijuca.

A Light, na década de 1920, propôs a construção de linha subterrânea de Botafogo até a Tijuca, denominada "transporte rápido", apresentada ao Prefeito Prado Junior, incluindo o projeto do "mergulho" dos bondes no Centro, visando ao descongestionamento daquela área.


FOTO 4: Aspecto da obra que devastou a região do Catete no final dos anos 70.

Em 1947 houve estudo para tráfego mútuo do metrô com trens suburbanos da Central, mas foi vetado por Mendes de Morais.

Em 1968 o Senado autorizou o Governador Negrão de Lima a contrair empréstimo de 10 milhões de marcos na Alemanha para a construção do metrô carioca.

Em 1969 foram iniciadas as obras da primeira linha do metrô, inaugurada em 05/03/1979, no trecho entre a Praça Onze e a Glória, oferecendo cinco estações ao público, na Linha 1. 



FOTO 5: Nesta foto de 1978 vemos as obras do metrô na que seria a Estação Uruguaiana. Foi uma época de caos no trânsito da Avenida Presidente Vargas, que teve parte de suas pistas interditadas. 

A área no entorno desta estação do metrô está, atualmente, tomada pelo Camelódromo, com todos os problemas já várias vezes citados por aqui. Observa-se, também, que nestes últimos 30 anos muitos arranha-céus tomaram o lugar destas construções baixas da Av. Presidente Vargas. No alto, à esquerda, a estação de trens da Central do Brasil.


FOTO 6: No Centro houve muita dificuldade por conta do terreno. Basta lembrar que quando da construção do Teatro Municipal, tendo em vista a desigualdade de resistência do terreno e a existência de um lençol d´água subterrâneo, foi adotado o sistema de estacada para as fundações do edifício do teatro. Foram fincadas 1180 estacas de madeira de lei, cujos comprimentos variavam entre 4 e 11 metros.


FOTO 7: Vemos, em foto de 1975, a obra do metrô se aproximando do Palácio Monroe. Houve uma grande polêmica na época sobre o trajeto, mas o metrô contornou o Monroe. De nada adiantou, pois no ano seguinte, por ordem da dupla Geisel/Golbery, o Palácio Monroe foi demolido.


terça-feira, 17 de setembro de 2024

RESTAURANTE TOQ???

Há 5 anos foi publicada a foto acima como sendo do Restaurante TOQ, em São Conrado. Parecia tudo certo, com os automóveis estacionados e as placas certinhas (a do fusca escuro à esquerda termina em 3475 e a do fusca escuro à direita termina em 2204).

Eu não conhecia, nem me lembrava deste restaurante. O Augusto, o Lino, o Wagner e o Waldenir também não conheciam. O Masc e o GMA lembravam do POT e do BEM, este também lembrado pelo Joel. O Anônimo disse que o BEM era na esquina esquerda da subida da Estrada da Canoa e o POT na esquina da direita.

Isto posto, não é que recebo domingo passado uma mensagem de outro "Anônimo", dizendo que o TOQ nunca existiu? E a explicação está na segunda foto de hoje.


"Espelhei" a foto para justificar a explicação. O cartaz que parecia "TOQ" estaria sendo visto pela parte traseira. Assim, "espelhando" a foto, vemos que seria "POT" mesmo.

Existiu ou não existiu o "TOQ"?


As posições dos automóveis é a correta. As placas mostram isto. Esta foto não está espelhada.



O Restaurante POT é citado em reportagem sobre "pegas".


O Restaurante TOQ em foto do "Jornal do Brasil", garimpada pelo GMA, que matou a charada.


segunda-feira, 16 de setembro de 2024

PENSÃO SUISSA / HOTEL SUIÇO / PRAÇA CABRAL


FOTO 1: Postal colorizado de uma foto de Malta ou de A. Ribeiro, da coleção de meu amigo Klerman W. Lopes. A Praça Cabral, na Glória, com a estátua de Pedro Álvares Cabral, obra de Rodolfo Bernardelli, no seu primitivo local. Ao fundo, contra o maciço vegetal, a “Pensão Suissa”, depois “Hotel Suíço”, originariamente residência familiar, na esquina da Rua Cândido Mendes, ex-Dona Luíza. 

A "Pensão Suissa" é da primeira década do século XX, tinha 60 apartamentos, banheiros com água quente e um salão de jantar. Em 1917 mudou o nome para "Hotel Suíço" por ordem da Prefeitura. 

Na casa anexa funcionou, no final do século XIX, o "Clube Beethoven", do qual fez parte Machado de Assis, em que tinha lugar concertos de música erudita e também reuniões sociais, casa essa transformada em pensão antes de ser incorporada pelo Hotel Suíço, como anexo.

O “Clube Beethoven” foi fundado por Kinsman Benjamin, em 1882, sendo que ali muito se fez pela música. Foi fechado em 1889. O objetivo do clube era cultivar o gosto do público pela música de câmera e sinfônica. Inicialmente era exclusivamente para homens. Além de numerosos concertos que tiveram até a presença de Suas Majestades e Altezas Imperiais e alcançaram grande sucesso. Machado de Assis foi um dos diretores e tinha uma cadeira fixa na sala de concertos, vizinha à do Visconde de Taunay. No frontispício do prédio, no alto, havia um medalhão com a esfígie do compositor, esculpido pelo artista Rodolfo Barnadelli.

Não há mais vestígio de nada disso, inclusive do prédio que, um pouco à esquerda, abrigava o externato Sacré-Coeur de Jésus. Os tílburis conviviam com bondes a tração elétrica. Os jardins denotavam a marca do estilo Grandjean de Montigny. À direita o antigo cais da Lapa e obras do aterro para a Avenida Beira-Mar.

A “Pensão Suissa” ainda na primeira metade do século XX virou o Hotel Suíço, na Rua da Glória, esquina de Candido Mendes, antiga D. Luiza. Ao lado desse edifício, como seu anexo se encontra, bem ao fundo, um pavilhão onde funcionou o “Clube Beethoven”, em cujo frontispício, no alto, há um medalhão esculpido pelo artista Rodolfo Barnadelli.

O “Clube Beethoven” foi fundado por Kinsman Benjamin, em 1882, sendo que ali muito se fez pela música. Foi fechado em 1889. O objetivo do clube era cultivar o gosto do público pela música de câmara e sinfônica. Inicialmente era exclusivamente para homens. 


FOTO 2: Defronte ao monumento a Pedro Álvares Cabral e ao prédio da "Pensão Suissa" situa-se um antigo muro datado do século XVIII, que recebeu em 1905 uma balaustrada em granito removida da Praça Tiradentes pelo Prefeito Pereira Passos. Na mesma ocasião, ele implantou o primeiro relógio elétrico do Rio de Janeiro, situado no final da balaustrada.



FOTO 3: O prezado José Alberto C. Maia (um dos grandes pesquisadores do Rio Antigo e a quem o “Saudades do Rio” agradece) fez uma pesquisa aprofundada sobre a “Pensão Suissa/Hotel Suiço”, que vem parcialmente descrita a seguir.

Em 18 de junho de 1959, o jornal Correio da Manhã noticiava: "Hotel Suíço: Pedaço do Rio Antigo que vai desaparecer"

No corpo da matéria, Luiz Edmundo, relatava:

"Vão demolir o Hotel Suíço e assim desaparecerá um pedaço do Rio dos saraus, dos homens de chapéu de côco e das damas de vestido de filó.

O prédio onde funciona o Hotel Suíço é dos mais antigos do Rio. Não me recordo bem da sua história, mas estou bem certo que por seus salões desfilaram as mais ilustres personalidades do passado e aqueles cômodos hospedaram famílias tradicionais."

Segundo a reportagem o hotel ao longo de sua vida recebeu inúmeros artistas de renome como Caruso, Tita Rufo, Clara Bow e escritores como Humberto de Campos e Xavier Marques, além de políticos da Velha e da Nova República. Famílias inteiras se hospedaram ali, como a família de Ruy Barbosa. A derrubada de tão significativa edificação, ainda tão viva na memória dos antigos moradores da Glória, está bem definida e clara, será de Dezembro de 1959 até Fevereiro de 1960."


FOTO 4: Vemos alunas do Colégio Sacré-Coeur de Jésus próximas ao famoso e belíssimo relógio do bairro da Glória, quando se preparavam para tomar o bonde. O colégio funcionava em prédio ao lado da “Pensão Suissa”, depois “Hotel Suíço”, com os alunos do Externato. Durante certo tempo havia um bonde especial que levava alunas do Sacré-Coeur para o Internato, no Alto da Boa Vista, mas não sei se a partida era desta "ilha" na Glória ou se era do Centro.

Nos anos 50 o Prefeito Mendes de Morais mandou retirar aquela "ilha" de embarque em bondes da Cia. Jardim Botânico, perto do relógio da Glória. Então, para tomar-se bonde para a cidade ou se ía até à Rua do Catete, defronte da Santo Amaro, ou se era obrigado a ir até ao Largo Paula Cândido.

O Colégio Sacré-Coeur de Jésus no Rio de Janeiro teve sua origem no colégio criado no início do século XIX em Amiens, na França. 

O objetivo do colégio era "transformar meninas em damas com forte capacidade reflexiva", baseado nos princípios da religião católica e com grande influência francesa (todas que ali fizeram todo o curso saíam falando fluentemente o francês, língua estrangeira que dominou o Rio até meados do século XX). O externato do Sacré-Coeur de Jésus se mudou por volta de 1930 para o Morro da Graça, perto da Rua das Laranjeiras. 

FOTO 5: Uma imagem de meados do século XX com o "Hotel Suíço". A inauguração do relógio da Glória, um "Krussman" de quatro mostradores, tem uma história interessante:

Conta Dunlop que, como não havia eletricidade no bairro ainda, quando o relógio foi instalado no início do século XX, a Prefeitura apelou para a Cia. Ferro Carris do Jardim Botânico. Entretanto, a Companhia verificou que todo o dispositivo do relógio foi estabelecido de maneira a receber subterraneamente a corrente, o que diferia do modo pelo qual a eletricidade chegava aos bondes. 

Querendo colaborar com a Prefeitura, mas resguardando seus interesses, mandou a seguinte comunicação: 

"Para não atrapalhar a inauguração a Empresa fará uma exceção, em caráter provisório, uma vez que fique estabelecido que se houver algum transtorno na nossa linha, resultante da derivação subterrânea de energia elétrica para aquele ponto, reserva-se a Companhia o direito de desligar a corrente, avisando-vos, oportunamente, para que vos digneis providenciar a fim de que seja feita de outra qualquer maneira a iluminação do referido relógio.”

FOTO 6: Na "Pensão Suissa" moravam famílias, profissionais diversos, visitantes da cidade. Este anúncio de uma professora de inglês saiu no "Correio da Manhã".


FOTO 7: Anúncio publicado no "Correio da Manhã" em 1959. Prédio extremamente bem localizado, perto do Centro, apartamentos de dois quartos, dependências de serviço completas, vaga na garagem, em 80 prestações a preço fixo.

COMPLEMENTO: Em 1896, após o fechamento do "Clube Beethoven" por dívidas, Machado de Assis, nas páginas de “A Semana”, de 18 de julho, escreveu:

"Mas tudo acaba, e o Clube Beethoven, como outras instituições idênticas, acabou. A decadência e a dissolução puseram termo aos longos dias de delícias".

Após a devolução o prédio foi alugado para Silvestre Campos que aproveitando o nome do clube e a esfígie de Beethoven inaugurou a "Pensão Beethoven", que hospedou por um tempo, após o término de seu mandato, o ex-presidente Prudente de Moraes.

Silvestre aproveitou o pavilhão musical construído ao fundo e o transformou em restaurante aberto ao público.

No mesmo ano de 1897, Urbano alugou o sobrado da esquina da ´Rua de Dona Luisa para a suíça Bertha F. David que ali fundou a Pensão Suissa.

Em 1909, Bertha comprou a Pensão Beethoven que funcionou ainda bastante tempo com esse nome, pois era bem conhecido.

Posteriormente em 1915 ela uniu as duas e manteve o nome de “Pensão Suissa”. Por determinação da Prefeitura, Bertha em 1917 alterou o nome para “Hotel Suíço”.

Em 1922, já sob a administração de Carlos Peixoto, com projeto e supervisão dos engenheiros Rodolfo de Souza Dantas e Arthur Montresor, iniciou-se a ligação física entre os dois sobrados e a criação de um quarto piso, obra terminada em 1926, pois não houve paralisação das atividades do hotel.

Foram mantidos alguns acabamentos originais dos sobrados como escadas em mármore, vitrais franceses, azulejos e louças francesas, colunas em ferro e estátuas.

A partir de meados dos anos 40 o hotel começou a declinar tanto em termos de sua manutenção quanto no nível dos hóspedes que o buscavam até que em junho de 1959, foi anunciada a venda do imóvel, quando o hotel possuía apenas um hóspede.

Sua demolição ocorreu entre Dezembro de 1959 e Fevereiro de 1960. O Jornal do Brasil anunciava nos primeiros dias de fevereiro, a venda de objetos oriundos da demolição iniciada.

Quando foi vendido para a Construtora Camizão, o prédio pertencia à Equitativa do Brasil e sua venda feita de modo irregular foi motivo de inquérito criminal envolvendo toda a diretoria da empresa, que nessa época pertencia à União.

Hoje no local existe o edifício “Parque da Glória”.