quarta-feira, 25 de julho de 2018

VOO DO AMICITIA


 
A foto mostra o avião “AMICITIA” no Rio. Ele tem uma história interessante.

O “Correio da Manhã” de 16/05/1939, uma terça-feira, tinha uma grande manchete:

“CHEGOU DOMINGO AO RIO A FAMILIA VOADORA” – um vôo de amizade de cincoenta mil milhas através vários paizes”.

O aeroporto Santos Dumont teve um domingo bastante movimentado. A chegada do artista cinematographico Henry Fonda attraiu á estação de hydros, uma verdadeira legião de curiosos.

Entretanto, outro acontecimento não commum, era motivo de intensa curiosidade. Devia chegar a familia Hutchinson, que está realizando um vôo em torno do mundo. De facto, cerca de 5 horas da tarde, o ruído forte dos motores dum avião attraiu as atenções geraes. Era o bimotor Lookhead-Electra que, após uma curva feita com segurança, pousava na pista.

É comandante do Lookhead, que foi denominado “AMICITIA”, o tenente-coronel George Hutchinson, espirito completo de amante pelas aventuras. Trouxe toda a familia (a esposa Blanche e as filhas Katlyn e Janet), conhecida como “Familia Voadora”. É a que possue maior numero de quilômetros voados e horas de vôo, bem como paizes percorridos por via aérea.

A familia está empenhada num vôo pelo mundo, a começar pelas Americas, iniciada em 24 de abril. Pretende percorrer em 50 mil milhas cerca de 70 paizes, com o objetivo de amizade e confraternização.

Trás o tenente-coronel um álbum contendo uma mensagem de amizade a ser assinada por todos os chefes de governo dos paizes em que passarem. A mensagem é a seguinte:

“Nós, os leaders de todas as nações da terra, cujas assignaturas e fotografias apresentamos, reunidos pela primeira vez num mesmo documento, convencionamos firmar aqui a inteira solidariedade dos nossos desejos e da nossa boa vontade, para que a presente mensagem sirva para estreitar mais solidamente os laços do nosso bom entendimento, contribuindo, dessa fórma, para a maior gloria e grandeza do Mundo e da Humanidade”.

Vemos também o caminhão da gasolina Energina, que abastece o avião AMICITIA.
Os anúncios da época diziam: “Encha o tanque do seu carro com gasolina ENERGINA e V.S. notará immediatamente maior suavidade na marcha, facilidade na sahida, rapidez na acceleração e força nas rampas. ENERGINA evita o batido do motor e depósitos de carbono”.

Num edifício da Praça XV ficava a matriz no Brasil da Anglo-Mexican Petroleum Company Ltd., distribuidora da famosa gasolina ENERGINA. A Anglo-Mexican fazia parte do poderoso Grupo Shell.

11 comentários:

  1. Creio que sejam restos do Morro do Castelo, com uma casa e ruínas de uma edificação maior, talvez próximas à ladeira que sobreviveu. A torre atrás é o Ministério da Agricultura?
    O caminhão-tanque é uma graça, bem no estilo dos anos 30 de adaptar a linha à aerodinâmica. E este tem o parabrisa basculante e uma porta suicida ótima para refrescar durante o movimento. O FNM era assim, nas subidas, sempre lento, o motorista mantinha a porta aberta com a perna.

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  2. Pena que as boas intenções não tenham se concretizado pois a Grande Guerra aconteceu.
    Acho que a cúpula é mesmo do Ministério da Agricultura.
    É preciso muita coragem para viajar com toda a família naquela época. Tal como muitos fazem atualmente como a família Schürmann do Brasil.
    Aliás, tiro meu chapéu para todos os grandes exploradores de todos os tempos.

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  3. Bom dia a todos. A foto além do registro histórico do voo da família, nos mostra também alguns locais que hoje só fazem parte da história da cidade, a cúpula do Minist. da Agricultura, a Ladeira da Misericórdia, parte da demolição do Morro do Castelo, creio que as paredes vistas deviam pertencer a Fortaleza de São Sebastião, acho que vemos também parte da Igreja de Nossa Senhora de Bonsucesso. Deixo a confirmação destas minhas suspeitas ao Sr. DoContra, aquele que não gosta do Rio antigo.

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  4. Bom dia.

    Menos de seis meses depois explodiria na Europa a II Guerra Mundial. Será que a empreitada foi afetada?

    Daqui a pouco estarei em trânsito para o centro. Ficarei fora boa parte de dia e voltarei à noite para acompanhar os comentários.

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  5. Como disse o Plínio, o projeto não se concretizou. A II Guerra ainda não tinha sido declarada, mas o clima de conflito já existia e a eclosão era iminente. Em cima do caminhão da Energina podemos ver a cauda dupla de hidroavião Sikorsky S-40.

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  6. Vou aceitar a provocação do comentarista Lino e dizer que gosto do Rio Antigo mas não gosto de velharias,cheiro de naftalina,prédios mal cuidados e atraso na vida.Não gosto das fubicas e dos serviços inexistentes de agua e luz como outrora.Tv com chuvisco e Bombril na antena não é da minha admiração e telefone com espera deixo para os admiradores.Não vou falar da penicilina e do Emulsão de Scott e do velho carburador.Prefiro a modernidade e tudo que ela nos oferece de prático deixando as velharias para as viúvas de antanho.Na foto aparece um resquício daquela grande imundície que era o Morro do Castelo adorado por muitos deste sítio.Gosto de lembrar que sou de fato Do Contra.

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    1. Fica difícil não perceber o esvaziamento deste blog e a razão principal são as presenças de indivíduos destoantes do objetivo do blog. Já não bastassem os comentários que fazem apologia à regimes discricionários, esse cidadão "Do Contra" ainda não percebeu que seus comentários não são hilários como imagina. Hilária e digna de chacota a sua é a sua sofrível grafia.

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  7. E não é que o Decourt já havia publicado esta foto! Transcrevo o enfoque dele, muito mais no Rio do que no avião.

    "O que a primeira vista mostra-se um abastecimento de um pequeno avião com a gasolina Energina da Shell, na realidade nos revela um detalhe muito interessante.

    No fundo vemos os restos do Pavilhão das Grandes Indústrias da Expo de 1922 que antes das reformas neo-coloniais de 1922 era o velho Forte do Calabouço um dos fortins primais na defesa da velha cidade colonial.

    Podemos observar, nas ruínas da velha amurada que cai que, ao contrário do que muitos pintam em suas cabeças que a ponta do calabouço fosse apenas um bico de terras e pedras junto ao mar no mesmo nível da várzea da Piaçaba, onde se construiu um outeiro de artilharia rente ao mar e que depois foi fortificado vemos que pela quantidade de terra, que surge com o desmonte dos velhos muros que a Ponta do Calabouço na realidade era um apêndice do Morro do Castelo, separado por um pequeno trecho de areia, por onde se traçou a saída do Largo da Misericórdia para a Rua de Santa Luzia, vias iniciais, junto com o Beco do Guindaste e a Rua da Misericórdia, esses dois desaparecidos, da parte plana da cidade.

    Portanto a posição era muito mais privilegiada que se poderia imaginar, pois dessa pequena ponta elevada poderia se bombardear as praias da Piaçaba e de Santa Luzia, primeiros portos da cidade, algo que o forte de São Sebastião no topo do morro não teria como fazê-lo, pela proximidade das encostas do morro com a antiga orla.

    Sensacional detalhe.

    Por fim ainda vemos a cúpula do Ministério da Agricultura, antigo Pavilhão dos Estados, o resto da Casa do Trem, hoje Museu Histórico Nacional, ainda com a fachada neo-colonial e na esquerda um dos portões, em estilo art-déco da Feira de Amostras."

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  8. Naquele tempo a gasolina era barata, apesar de não a produzirmos. Hoje temos uma empresa petrolífera saqueada pela quadrilha governanental e a gasolina mais cara do mundo.FF O livro psicografado "Brasil, pátria do evangelho", explica grande parte dos males que nos assolam. Não é sem razão que temos a mais torpe genética do planeta, já que aqui tem reencarnado os espíritos mais perversos que esta dimensão pode suportar...

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  9. A biografia na Wikipédia confirma o fim da aventura em família por culpa da guerra, vide:
    https://en.wikipedia.org/wiki/George_R._Hutchinson
    Detalhe interessante é que a filha passou a ser instrutora de voo aos 18 anos, justamente por conta do conflito mundial.

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  10. O conteúdo deste caminhão da Energina deveria ser bem utilizado lá em Brasilia pegando aquela turma que gosta de voar com nossos impostos.Nunca ouvira falar desta "marca" associada a Shell.Uma historia bem interessante a da "família voadora".

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