segunda-feira, 7 de setembro de 2020

7 DE SETEMBRO






 7 de setembro, dia da Pátria, dia de parada militar.

Lembro que era um dia esperado com ansiedade pelas crianças. Saíamos de casa, em Copacabana, no grande Chevrolet preto do "velho", ali pelas 8 horas. Dias da Rocha, N.S.Copacabana, praias de Botafogo e Flamengo, Lapa, Mem de Sá, Rua de Santana e estacionávamos perto da Presidente Vargas.
Junto com meus irmãos, todos com uma bandeirinha do Brasil e um chapéu feito de papel, na forma de "bibico", ouvíamos o barulho dos soldados marchando sobre a areia depositada no asfalto. Não sei como aguentávamos até o final, mas só íamos embora depois do nosso tio passar num jipe do Exército e do desfile dos soldados montados a cavalo.

Há tempos que tudo mudou. É feriado, mas poucos ligam para a data comemorativa.

Relembro uma das últimas mensagens do General Miranda ao ver estas fotos antigas:

“São fotos dos tempos em que os companheiros de farda e o povo em geral tinham admirável espírito cívico e porte moral invejável, algo em falta no momento atual.

Agradeço por esta homenagem aqui se dar, neste espaço preservador da história secular desta Cidade. Quando já não se veem manifestações, em tempo, de certo e especial respeito e instinto de conservação para com os marcos artísticos ou repletos de tradição, é um deleite aqui comparecer diariamente. Quanto foi impiedosamente destruído para construir, muita vez, um novo sem alma e sem estilo.

Por isso, nossa cidade encontra-se desfalcada de muitas construções (e de tradições, como as paradas militares do Dia da Pátria), que poderiam refletir e documentar fases de épocas pretéritas ou manifestações do belo.

Lamento constatar que nos afastamos dos ideais de antigamente. Não há mais civismo e poucos pensam realmente no bem da Pátria”.

Fotos: acervos Francisco Patricio, Carlos Paiva, LIFE, Correio da Manhã.

10 comentários:

  1. Bom dia, Dr. D'.

    Hoje é o centenário da UFRJ, antiga Universidade do Brasil. Parabéns a todos os envolvidos, como o gerente do espaço.

    Participei de alguns desfiles escolares em Madureira durante o primeiro grau. Hoje é chamado ensino básico ou fundamental.

    Os desfiles este ano estão cancelados, mas na estranha cidade do planalto haverá às 10 horas a exibição da esquadrilha da fumaça. Pelo menos estava previsto...

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  2. Em tempo: há 75 anos, com um desfile militar, era inaugurada a Presidente Vargas.

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  3. Perfeita a postagem. Os tempos mudaram e mudaram para pior, já que o sentimento patriótico da população tem sido corrompido com falsas afirmações e diluído com ideais perniciosos há mais de 35 anos. Atualmente existe uma "reconstrução gradativa" do sentimento ufanista do cidadão brasileiro mas o caminho é longo. João Batista de Figueiredo, o mais brando dos generais presidentes, foi profético em suas declarações quando afirmou o que aconteceria no futuro do país. Tinha razão. Em 2020 não teremos desfile militar devido à pandemia, um fato inédito.

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    1. Acredito que - já a algum tempo - vivemos uma época em que por diversos motivos impera um olhar cínico de tudo, como se ideais, valores, cidadania, etc fossem bobagens.
      Nossa sociedade atual reflete esta visão.

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  4. So lembro de ter participado de um desfile no Sete de Setembro e ainda estava no ginásio.Outros desfiles,como espectador,foram raros.Nesta data,quando mais jovem,pé na estrada,especialmente porque em Vix é novo feriado:dia da cidade.

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  5. O Exército sempre exerceu fascínio sobre as classes populares, principalmente após a Guerra do Paraguai. Muitos jovens de classes menos abastadas às quais era franco a acesso ao oficialato, buscavam a segurança e o prestigio da carreira militar. Ao contrário do Exército, na Marinha de Guerra só era permitido acesso ao oficialato a indivíduos "bem nascidos e de boa família". O resultado disso foi a criação de um "núcleo monarquista" que mesmo após a proclamação da República pretendeu manter alguns privilégios. A Revolta da Armada em 1893/1894 reprimida a "ferro e fogo" por Floriano Peixoto, foi resultado da "inconformidade da Marinha com o novo Status quo". Os acontecimentos ocorridos em Novembro de 1910 foram uma prova de que as velhas feridas ainda não estavam cicatrizadas. Atualmente a harmonia entre as três forças mantém o "ambiente militar" em plena harmonia. Ainda bem.

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  6. é minha gente.....
    tudo mudou, e para pior.
    Eu lembro que parava o carro alí junto da Igreja de São Jorge e ia ver o desfile.
    SEM ser saudosista, mas ERA MUITO BOM
    rezemos pelos nossos filhos e netos, esses sim vão "pagar o pato".

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  7. Eu cheguei a assistir um ou dois desfiles de Sete de Setembro, mas só me atraíam a estética e ordem dos desfilantes. Longe de mim segurar bandeiras do Brasil ou ser tomado por patriotismo. Afinal, patriotismo é sentimento, e não obrigação. Ele é fruto do orgulho pelas realizações de um povo, e não vejo nada que me gere esse orgulho. Por isso acho inútil essa história de exigir patriotismo dos outros.

    Para me castigar, eu era o aluno encarregado hastear a bandeira na escola primária. E no CPOR eu era o porta-bandeira. Nada disso me fez sentir algo especial pelo Brasil.

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  8. Lembrei de quando morava em Madureira e os caças passavam na volta a caminho do Campo dos Afonsos (ou Santa Cruz).

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  9. O patriota brasileiro pode ser definido a partir de uma característica muito curiosa: ele adora odiar seu próprio povo. Para grande parcela dos valorosos brasileiros de bandeira adesivada no carro e camiseta verde e amarela, o povo brasileiro é formado por vagabundos, preguiçosos, incompetentes e bandidos em potencial. Para ele, os valores motivadores do tal patriotismo são substantivos, como a Amazônia, os minerais, as forças armadas e a economia, símbolos de um Brasil gigante. Valores culturais, como a beleza e sofisticação da nossa música, o nosso folclore e as qualidades do nosso povo não representam, para eles, quesitos para o patriotismo.

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